sábado, 2 de agosto de 2025
Confira a lista de quase 700 produtos que não serão taxados pelos EUA
domingo, 27 de julho de 2025
Tarifaço: Eduardo Bolsonaro rebate falas de Ratinho Júnior
terça-feira, 22 de julho de 2025
EUA poderiam bloquear GPS no Brasil? Entenda como funciona sistema de geolocalização
Reportagem de Rute Pina, da BBC News Brasil: A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos subiu mais um degrau com o anúncio de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelo Departamento de Estado americano. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação do visto do ministro do STF para entrar nos Estados Unidos citando "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a Folha de S.Paulo, bolsonaristas disseram ter sido informados por membros do Departamento de Estado dos EUA que a revogação de vistos de Moraes e outros integrantes da Corte seria "apenas o começo".
Entre as novas sanções cogitadas, disseram aliados do ex-presidente ao jornal, estariam aumentar as tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% p\ara 100%, adotar punições em conjunto com a aliança militar Otan e até mesmo o bloqueio do uso de satélites e GPS.
Como é e como funciona o GPS?
O sistema de Posicionamento Global, mais conhecido pela sigla em inglês GPS (Global Positioning System) oferece com rapidez e precisão a localização de um ponto na superfície terrestre.
Ele é utilizado em celulares, carros, aeronaves, embarcações e sistemas de monitoramento, como tornozeleiras eletrônicas, e é essencial para áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental.
Criado pelo Departamento de Defesa dos EUA no final do século 20, o sistema foi desenvolvido originalmente com fins militares, como o direcionamento de mísseis, localização de tropas e execução de manobras táticas.
A corrida espacial impulsionou a sua criação. Em 1957, a então União Soviética lançou o Sputnik, primeiro satélite artificial da história. Já o Primeiro satélite operacional do GPS foi lançado em 1978, e o sistema atingiu sua configuração plena em 1995, quando tinha 24 satélites em funcionamento.
Nos anos 1990, a tecnologia passou a ser amplamente aplicada para usos civis, que vão do controle do tráfego aéreo a aplicativos de informações para rotas em celulares.
Atualmente, o sistema conta geralmente com 31 satélites em operação, que estão distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra, de forma quer, em qualquer ponto do planeta, pelo menos quatro deles estejam sempre visíveis a um receptor GPS. Esse é o número mínimo necessário para o sistema funcionar corretamente.
Cada satélite transmite continuamente um sinal de rádio com informações sobre sua posição e o horário exato de emissão, baseado em um relógio atômico.
O receptor, ao captar esse sinal, registra o tempo de chegada da mensagem e o compara com o horário indicado pelo satélite. A diferença de tempo permite calcular a distância entre o receptor e o satélite.
Como a onda de rádio se desloca à velocidade da luz, mesmo variações de frações de segundo representam milhares de quilômetros.
Com os dados de quatro satélites distintos, o receptor consegue triangular sua posição com alta precisão. Se os sinais forem captados somente de um ou dois satélites, a localização estimada seerá menos confiável ou ambígua.
O sistema oferece dois tipos de serviço: o Standard Positioning Service (SPS), disponível a todos os usuários civis do mundo, e o Precise Positioning Service (PPS), de uso restrito às forças armadas norte-americanas e seus aliados.
É possível bloquear o GPS em um país?
Os sinais transmitidos pelos satélites do GPS são unidirecionais: saem do espaço e alcançam, ao mesmo tempo, receptores em qualquer parte do mundo, explica o engenheiro Eduardo Tude, especialista nas áreas de Redes Ópticas, Sistemas Celulares e Comunicações por Satélite e presidente da Teleco, consultoria em Telecomunicações.
Por isso, ele afiram ser improvável cortar o sinal do GPS somente para um país ou território, sem afetar regiões vizinhas.
"Esse satélites ficam transmitindo continuamente um sinal para todo mundo. E o dispositivo que temos em Terra, pega o sinal desses satélites e calcula sua posição. É muito difícil bloquear isso para um país porque o sistema transmite para todo mundo, quem quiser pegar aquele sinal", explica.
"É como a TV aberta, eu poderia bloquear o acesso a ela numa casa se ela fosse projetada para ter um código, como a TV por assinatura tem para receber", continua o engenheiro. "Se os EUA resolvessem fazer isso, ele teria que mexer, primeiro, na forma como é transmitido esse sinal. Em termos práticos, seria praticamente inviável fazer isso, ainda mais no curto prazo."
"Não dá para cortar esse sinal sem atingir outros países e mesmo os EUA. Não acredito que eles estejam realmente cogitando isso."
Poderiam existir maneiras, no entanto, de interferir localmente no funcionamento do GPS. Algumas dessas técnicas já foram usadas em zonas de conflito ou de interesse estratégico.
A principal é o jamming, um bloqueio de sinal feito com dispositivos que emitem ondas de rádio para neutralizar o sinal original dos satélites.
"O jamning consiste em prejudicar a recepção do sinal do GPS com um transmissor na mesma frequência, mais forte. Para fazer isso para atingir o Brasil, por exemplo, seria necessário estar aqui para criar essa interferência, o que prejudicaria muita gente", diz Tude. "Seria um ato de sabotagem."
Em maio de 2024, a Rússia provocou interrupções em sistemas de navegação por satélite que afetaram milhares de voos civis, segundo especialistas ouvidos pela BBC News.
Naquele ano, um avião da Força Aérea Real britânica que transportava o secretário de Defesa do país chegou a ter seu sinal de GPS bloqueado ao sobrevoar áreas próximas ao território russo.
Na guerra com a Ucrânia, o país tem utilizado sistemas avançados de guerra eletrônica, como o Zhitel and Pole-21, para bloquear sinais de GPS em áreas próximas às áreas de conflito. A tática serve para "cegar" mísseis guiados, neutralizar dorones e dificultar a movimentação de tropas inimigas.
Outra técnica é o spoofing, que consiste em enganar o receptor, substituindo sinais legítimos por falsos, indicando uma localização incorreta.
A engenheira mecânica Luísa Santos, especialista em Indústria e Sistema Aerospaciais pela Universidade de Buenos Aires (UBA), também acredita que a possibilidade de os americanos restringirem ou degradarem o sistema é remota.
"Embora o sinal civil seja fornecido 'gratuitamente' ao mundo (pago indiretamente por impostos), os EUA mantêm a capacidade de negar ou degradar o acesso a dete4minadas regiões. No entanto, particularmente, acredito ser muito difícil devido questões diplomáticas de longo termo que temos com os EUA", afirma.
Alternativas ao GPS
Uma hipotética restrição do GPS afetaria diversos setores civis como transportes, com interrupções na aviação, navegação marítima e logística; telecomunicações e energia, já que as redes precisam do tempo preciso do GPS para sincronização; e até em bancos e finanças - o sistema é usado para fornecer o tempo em transações eletrônicas.
"Em caso de conflito, as forças dos EUA manteriam acesso aos sinais militares criptografados, enquanto civis e possíveis adversários poderiam ser bloqueados. Haveria impacto global, mas existem outras fontes de geoposionamento hoje", afirma Santos.
Como alternativa ao GPS, é possível desenvolver sistemas próprios, como o sistema russo GLONASS, o chinês BeiDou e o Galileo, da União Europeia. Há também sistemas regionais, como indiano NavIC e o QZSS, no Japão.
"Esses sistemas são interoperáveis e, em muitos dispositivos modernos, funcionam em conjunto com o GPS. Há também sistemas de backup terrestres, com o eLoran, Navegação de Longo Alcance Aprimorada, em uso em alguns países, para garantir posicionamento e tempo mesmo sem satélites", explica Santos.
A divulgadora científica Ana Apleiade, mestranda em Astrofísica na Universidade de São Paulo (USP), afirma que, em uma hipotética queda do sistema GPS, seria possível usar outras redes.
"Embora improvável, tecnicamente os Estados Unidos poderiam restringir ou degradar o sinal civil do GPS em determinadas regiões, por motivos militares ou estratégicos", diz.
"Ainda assim, o Brasil e o mundo não ficariam completamente no escuro. Há outros sistemas disponíveis, e a maioria dos celulares, aviões navios e equipamentos modernos já são compatíveis com múltiplas constelações de satélites. Ou seja, o GPS não é o único sistema disponível."
"Mas é um assunto mais delicado do que apertar um botão para desligar", finaliza.
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sábado, 19 de julho de 2025
As mentiras, o cinismo e o desespero de Bolsonaro
Originalmente publicado por Miguel do Rosário, em O Cafezinho: Respondemos aqui às principais mentiras de Bolsonaro em sua entrevista à Band News. É extremamente importante desmentir as mentiras de Bolsonaro. Na entrevista à Band News, realizada ontem após comparecer à Polícia Federal e colocar a tornozeleira eletrônica, o ex-presidente se enrolou em contradições que revelam seu desespero e total descompromisso com o interesse nacional e as instituições democráticas brasileiras.
MENTIRA 1: "Eu e o Eduardo temos nada a ver com os 50% do Tarifaço. Nada a ver. Nada a ver. Exatamente nada."
A negação é desmentida pelos próprios fatos. Jair transferiu 2 milhões de reais para Eduardo, recursos utilizados para atividades de lobby e possível corrupção visando acesso à Casa Branca. O sistema político americano, apesar da riqueza do país, opera com esquemas de propina acessíveis - 50 mil dólares são suficientes para comprar favores de funcionários governamentais ou congressistas. Eduardo não apenas admitiu suas articulações como celebrou publicamente o tarifaço, agradecendo a Trump. A medida representa um pedido direto de Bolsonaro, executado através de seu filho, em troca da submissão do Brasil aos interesses americanos.
MENTIRA 2: "Ele tá lutando pela nossa liberdade, pela nossa independência e contra a ditadura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes."
A hipocrisia é gritante. Bolsonaro sempre foi defensor da ditadura militar brasileira, chegando a elogiar publicamente o coronel Ustra, notório torturador. Se realmente vivêssemos sob uma ditadura, ele não estaria concedendo entrevistas livremente. Eduardo desenvolve nos Estados Unidos um trabalho de chantagem contra o Brasil, explorando a relação construída com Trump durante o mandato presidencial e aproveitando-se do desprezo do líder americano pelas instituições democráticas brasileiras. Trump demonstra apreço apenas por quem o bajula, caso da família Bolsonaro, utilizando essa proximidade para pressionar e chantagear o país.
MENTIRA 3: "Até o inquérito do golpe de estado é uma peça de fantasia. o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe."
O cinismo da declaração é evidente. O 8 de janeiro integrou um processo amplo de desestabilização democrática. Bolsonaro contribuiu diretamente ao recusar-se a reconhecer o resultado eleitoral e manter, através de intermediários, a instigação dos manifestantes acampados. Os invasores não portavam armas porque funcionavam como massa de manobra - o objetivo era gerar caos e instabilidade para justificar uma eventual intervenção militar. A estratégia de desestabilização persiste hoje, com Eduardo articulando sanções contra ministros do STF e medidas econômicas prejudiciais ao país.
MENTIRA 4: "Eu esta nos Estados Unidos. Não tenho nada a ver com isso."
A alegação ignora propositalmente o conceito de autoria intelectual. Bolsonaro poderia ter utilizado suas redes sociais para repudiar os atos antes, durante ou após os eventos, mas optou pelo silêncio cúmplice. Durante horas de invasão, manteve-se ausente das plataformas digitais. Seus interlocutores mantinham contato direto com as lideranças dos manifestantes, evidenciando conhecimento prévio dos planos. A responsabilidade decorre fundamentalmente de sua recusa sistemática em aceitar a derrota eleitoral e reconhecer a vitória de Lula, alimentando permanentemente o clima de contestação.
MENTIRA 5: "A nossa taxa média é 60% (referindo-se às tarifas que o Brasil cobra dos produtos americanos)
Esta mentira de Bolsonaro é particularmente grave porque tenta justificar ataques e tarifas devastadoras para a economia nacional. Ao propagar essa desinformação, ele busca legitimar uma tarifa de 50% que significaria praticamente o fim das relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos. Trata-se de uma mentira inacreditável que revela a total incompetência, a absoluta indigência intelectual e a completa desonestidade moral de Bolsonaro. Em questão de importância central para nossa soberania econômica, ele mais uma vez se coloca contra o Brasil, contribuindo com falsidades e desinformação para favorecer o agressor que ataca nosso país.
Os dados oficiais desmentem categoricamente essa farsa. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil aplicou tarifa real média de apenas 2,7 % às importações americanas em 2023. Já a FGV estima que a tarifa efetiva brasileira sobre produtos americanos seja ligeiramente superior, de 4,7% em 2022, ainda assim muito diante dos alegados 60%. Em contrapartida, antes da tarifas de Trump, os Estados Unidos cobravam apenas 2,2% sobre produtos brasileiros. A alegação dos "60%" constitui desinformação grosseira que demonstra total desconhecimento da realidade econômica ou deliberada tentativa de enganar a população para justificar as chantagens de Trump contra o Brasil.
MENTIRA 6: "São centenas de ordens ilegais para perseguir a direita no Brasil. Somente a direita foi prejudicada."
A alegação carece de fundamento factual. O Tribunal Superior Eleitoral atua com critérios técnicos e imparciais, aplicando sanções a candidatos de todas as correntes políticas. Uma análise histórica das decisões do TSE revela que políticos de esquerda também enfrentaram penalidades similares. A inexistência de hegemonia esquerdista no Brasil é demonstrada pelo próprio caso de Lula, que foi preso e ficou inelegível. Se as instituições fossem controladas pela esquerda, como alega Bolsonaro, nem Lula nem outros políticos progressistas teriam enfrentado tais consequências.
MENTIRA 7: "Você praticamente não ouviu falar em corrupção no meu governo".
A realidade contradiz frontalmente essa versão. O governo Bolsonaro enfrentou múltiplas acusações de corrupção, muitas ainda sob investigação. O esquema de desvio de recursos previdenciários, prejudicando aposentados através de entidades fraudulentas, teve origem durante sua gestão. Surgiram denúncias graves sobre tentativas de desvio de verbas destinadas à compra de vacinas. Além disso, a privatização da BR Distribuidora e refinarias da Petrobras, seguida pelo recebimento de presentes dos mesmos grupos árabes que adquiriram esses ativos a preços questionáveis, configura situação no mínimo suspeita.
MENTIRA 8: "Criamos o Pix, que é algo que é algo que nenhum país do mundo tem."
A atribuição de autoria é falsa. O PIX foi desenvolvido pelo Banco Central, instituição independente, através do trabalho técnico de sues servidores ao lingo de anos de pesquisa. Bolsonaro não participou da criação do sistema. A "confusão" que ele minimiza refere-se às ameaças do governo Trump ao PIX brasileiro, pressionando pela substituição do sistema nacional por cartões de créditos americanos - configurando nova forma de chantagem econômica.
As declarações de Bolsonaro na Band News expõem o desespero de quem vê suas articulações antidemocráticas sendo progressivamente desmascaradas pela Justiça brasileira.
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quarta-feira, 19 de março de 2025
Bolsonaro chora e diz que Eduardo se afasta do mandato para "combater o nazifascismo" - vídeo
Redação/GGN: O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu na tarde desta terça (18) à notícia de que Eduardo Bolsonaro decidiu pedir licença não remunerada da Câmara dos Deputados para morar indefinidamente nos Estados Unidos. Chorando, cercado por figuras como Damares Alves e Sergio Moro, Bolsonaro afirmou que o afastamento do filho foi necessário para combater "algo parecido com o nazifascismo".
"Marcante para mim, o afastamento de um filho. Mas um filho que se afasta mais do que por um momento de patriotismo, se afasta para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança em nosso país. A liberdade não tem preço. Ouso dizer que a liberdade é mais importante que a própria vida", disse Bolsonaro.
As imagens foram capturadas e divulgadas na conta do ex-ministro Eduardo Pazuello, nas redes sociais.
PR Jair Bolsonaro @jairbolsonaro em suas primeiras palavras, após o afastamento do filho Eduardo Bolsonaro @bolsonarosp. A liberdade não tem preço.
— General Pazuello (@PazuelloGeneral) March 18, 2025
O exemplo de Israel está vivo em nossos corações, de um povo que explica a sua sobrevivência como um milagre de D’s. 🇧🇷🇮🇱… pic.twitter.com/UsgjClh7g3
No X, antigo Twitter, Bolsonaro afirmou que Eduardo foi "forçado" a escolher entre o exílio ou a prisão, e que, por isso, o "país já não pode mais ser chamado de democracia".
- Se o deputado federal mais votado da história do Brasil é forçado a escolher entre o exílio ou a prisão, este país já não pode mais ser chamado de democracia.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 18, 2025
- Quando a lei dá lugar à perseguição, o que temos é uma tirania escancarada - e agora o mundo todo está prestando…
Jair Bolsonaro tem julgamento marcado no Supremo Tri8bunal Federal para o próximo dia 25 de março, quando a corte decidirá se aceita a denúncia apresentada contra o ex-presidente e mais de 30 indiciados por tentativa de golpe de Estado.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18) que vai se licenciar do mandato parlamentar para residir temporariamente nos Estados Unidos. A decisão foi divulgada apenas uma semana antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar se seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, se tornará réu pela tentativa de golpe de Estado de 2022.
Segundo o discurso de Eduardo Bolsonaro, ele tratará nos EUA para buscar punição para as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Na mensagem, o filho de Jair Bolsonaro não informa quando retornará ao País. "Irei me licenciar, sem remuneração, para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos", disse Eduardo Bolsonaro.
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sábado, 15 de março de 2025
Eduardo Bolsonaro ameaça jornalista
DCM: O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) usou as redes sociais na última quinta-feira (13) para ameaçar o jornalista Guilherme Amado, após a publicação de uma matéria que afirmava que o parlamentar realizava uma live em Washington, nos Estados Unidos, enquanto o Congresso discutia emendas. Em resposta à publicação, o "bananinha" afirmou que o jornalista "está se borrando de medo" do trabalho que ele está realizando nos EUA e que "tem razão de ficar com medo".
O deputado tem viajado frequentemente aos EUA para articular conspirações contra o Brasil, enquanto seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe e está prestes a se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Esse é um truque retórico velho, Guilherme Amado. Você está se borrando de medo do trabalho que estou fazendo aqui, por isso está tentando jogar minha base política contra mim", escreveu o parlamentar no X, antigo Twitter.
E continuou: "Viram que não adianta ameaçar prender meu passaporte, agora estão tentando ver se a direita começa a me pressionar para eu voltar e interromper o que estou fazendo aqui, deixando insinuado que é sem importância."
Em seguida, Eduardo Bolsonaro fez uma ameaça ao jornalista, mencionando que uma das matérias de Guilherme Amado, sobre Felipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), teria sido discutida durante sua visita à Casa Branca.
"Estive na Casa Branca, sua matéria da inserção falsa da entrada do Filipe Martins foi um dos assuntos. Você tem razão de ficar com medo", declarou o deputado.
Confira:
Esse é um truque retórico velho, @guilherme_amado. Você está se borrando de medo do trabalho que estou fazendo aqui, por isso está tentando jogar minha base política contra mim
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 13, 2025
Viram que não adianta ameaçar prender meu passaporte, agora estão tentando ver se a direita começa a… pic.twitter.com/d5iwruk51c
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quarta-feira, 12 de março de 2025
Eduardo Bolsonaro, o patriota americano, por Fernando Castilho
Por Fernando Castilho, no GGN: Ah, Eduardo Bolsonaro, o "exemplar" deputado federal por São Paulo, que eu classifico carinhosamente como PL-EUA. Não é à toa, claro. O rapaz praticamente vive nos Estados Unidos, já comprou uma mansão por lá e, claro, matriculou sua filha em uma escola local, porque, né, quem precisa da bagunça do Brasil quando se tem um lar acolhedor no exterior?
Rumores dizem que ele não voltará, mas caso ele se aventure a pôr os pés em solo brasileiro novamente, seu passaporte será retido. Afinal, quem não gostaria de sair de um país onde a política é só uma maneira de faturar através de rachadinhas, não é mesmo?
Muita gente já fez o favor de escrever sobre a vergonhosa traição que Eduardo comete contra o Brasil, então, vou evitar me repetir aqui. Vou focar na parte que realmente nos faz roer as unhas: a lentidão e a, por que não, leniência da justiça. E não falo só dele, mas do seu querido pai, o Jair. O STF já se esqueceu de consultar a PGR sobre a necessidade de mandar de Eduardo de volta ao Brasil? Ou será que o Supremo está esperando ele inaugurar mais umas casinhas em Miami?
E o Jair, ah, o Jair... ainda está por aí, dando entrevistas praticamente todo dia, despejando fake news a troto e a direito, enganando o povo e tentando construir seu caminho para a anistia, o que ajuda muito, claro, nas investigações sobre o 8 de janeiro. Uma verdadeira ajuda, não é?
O presidente da Câmara, Hugo Motta, pelo jeito, acha que é muito divertido ver Eduardo Bolsonaro passeando por terras estrangeiras, gastando nosso dinheiro enquanto o Brasil assiste de camarote. Não tem nada melhor que um representante que não se dá ao trabalho de aparecer para trabalhar, mas que segue recebendo a grana. A gente ama, né?
Aliás, é bom ressaltar que Eduardo Bolsonaro não é exatamente o "herdeiro" da facção bolsonarista. Ele e seus irmãos não são as estrelas da extrema-direita para o futuro da nossa amada nação. Os planos de sucessão já foram reservados para outras figuras, como Caiado, Zema, Marçal e, claro, o ícone nacional Gusttavo Lima. Porque, afinal, quem mais poderia ser o novo rosto do Brasil, não é?
Portanto, nossa justiça não precisa ter medo de ratos. Eles fazem barulho, transmitem doenças, mas também são frágeis e não é muito difícil acabar com eles.
A verdade é que já estamos com paciência de sobra. A justiça precisa, urgentemente, colocar um fim nessa novela. E, se possível, com o mínimo de dignidade para o povo brasileiro. Porque, sinceramente, já passou da hora.
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sábado, 1 de março de 2025
O bate-boca de Trump e Zelensky marca o divórcio na OTAN entre Estados Unidos e Europa
DMC: A cena na Casa Branca poderia ser apenas mais um episódio da diplomacia teatral que virou praxe na política internacional, mas a humilhação a que Donald Trump submeteu Zelensky simboliza algo muito maior. Foi o momentos em que o casamento turbulento entre Estados Unidos e Europa começou a exibir, sem disfarces, os sinais do divórcio litigioso que se aproxima.
A tensão entre Washington e Kiev não foi apenas crise pessoal entre dois líderes de extrema-direita. Ela expôs o desgaste profundo na relação entre os EUA e seus aliados europeus, um relacionamento que por décadas foi considerado inabalável. Desde a Segunda Guerra Mundial, americanos e europeus vinham operando como dois polos do mesmo império global. Agora, esse império racha, e a separação pode ser uma das maiores mudanças geopolíticas do século 21.
A Casa Branca montou o cenário perfeito para Trump sair como o grande líder que resolve a guerra da Ucrânia em 245 horas. Tudo estava armado para uma assinatura simbólica de um acordo mandrake para explorar minérios, uma aliança forçada, um jogo de cena para os noticiários. Mas Zelensky estragou a festa. Ele se recusou a seguir o script, questionou as exigências de Washington e reagiu com raiva à postura imperial de Trump.
O presidente americano já havia dado sinais de que considerava a aliança EUA-Europa um fardo. A guerra na Ucrânia se tornou um negócio ruim para os americanos, que gastam bilhões sem retorno direto, enquanto europeus tentam manter um papel de coadjuvantes relevantes. A explosão do palhaço Zelensky deixou claro que Kiev - e por extensão a Europa - já não pode mais contar com o respaldo incondicional de Washington. Putin venceu.
O divórcio da OTAN e a nova geopolítica
A OTAN foi criada como um pacto de proteção mútua contra ameaças externas, mas nos últimos anos se tornou um projeto que só beneficia um lado: a elite militar-industrial americana. Trump já percebeu isso e prefere investir em ralações mais diretas e transacionais com atores como Rússia, Israel e Arábia Saudita a manter o compromisso vago com uma Europa que não consegue se sustentar sozinha.
Se os EUA reduzirem sua presença militar no continente europeu, a União Europeia terá que escolher entre duas opções igualmente ruins:
- Assumir sua própria defesa, criando um exército europeu independente - o que custaria trilhões e exigiria um alinhamento político que o bloco simplesmente não tem.
- Aceitar uma nova realidade em que a Rússia volta a ser a principal força militar na Europa continental, obrigando países como França e Alemanha a negociar com Moscou.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Moraes é alvo de ação nos EUA por ordem contra Allan dos Santos
Redação/Migalhas: O ministro Alexandre de Moraes, do STF, é alvo de uma ação na Justiça dos Estados Unidos, movida pela empresa Trump Media e pela plataforma de vídeos Rumble, sob a alegação de violação da soberania americana. O processo tramita em um dos distritos do Tribunal Federal na Flórida e contesta a ordem do ministro para a suspensão da conta do blogueiro Allan dos Santos na plataforma. As informações são da Folha de S.Paulo e do jornal americano The New York Times.
Ordens de derrubada
O imbróglio teve início em outubro de 2021, quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva do blogueiro Allan dos Santos, além da suspensão de suas contas em redes sociais, incluindo a plataforma de vídeos Rumble.
Allan dos Santos é investigado pelo STF por disseminação de desinformação e ataques a ministros da Corte. Apesar da ordem de prisão, os Estados Unidos, país em que reside o youtuber, negou seu pedido de extradição em março de 2022.
Além disso, a Rumble, plataforma de compartilhamento de vídeos semelhante ao YouTube, recusou-se a cumprir a ordem de suspensão da conta de Allan dos Santos, alegando não possuir representação no Brasil e que as determinações violavam a legislação americana.
Em fevereiro de 2025, o ministro voltou a expedir determinações contra a empresa, exigindo que a conta de Allan dos Santos fosse encerrada de forma permanente em todo o mundo.
A nova decisão fez com que a Trump Media, empresa de mídia ligada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se alinhasse à Rumble para mover uma ação conjunta na Justiça dos Estados Unidos em fevereiro de 2025.
Os advogados das empresas alegam que as decisões de Moraes violam a soberania dos EUA e a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão. A Trump Media também afirma que restrições à Rumble no Brasil afetam a Truth Social, que depende de seus serviços.
Fonte: https://www.migalhas.com.br/quentes/424930/moraes-e-alvo-de-acao-nos-eua-por-ordem-contra-allan-dos-santos
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Taxação dos EUA busca controle do jogo comercial no mundo. Como fica o Brasil?
Por Patrícia Faermann, no GGN: O aumento da tarifa sobre o aço brasileiro por Donald Trump nos Estados Unidos é um tipo de pressão comercial norte-americana que visa, entre outras coisas, permitir melhores condições para o mercado norte-americano e o domínio dos EUA nas regras do jogo comercial no mundo. Diante desta estratégia, o governo brasileiro entre no jogo de articulações e tenta diplomaticamente reverter o cenário.
Em última instância e na prática, o aumento de 25% nas taxas de importação destes materiais brasileiros não é benéfico nem para os Estados Unidos. As estatísticas revelam que as indústrias norte-americanas sairão prejudicadas, porque dependem das matérias-primas importadas, incluindo o aço brasileiro.
Por isso, o objetivo de Trump vai além. E ele deixou isso claro no próprio decreto que aumentou a taxação de 25% sobre os produtos. No decreto publicado nesta segunda-feira (10), intitulado "Ajustando as importações de aço para os Estados Unidos", Trump faz um balanço mundial sobre as exportações e importações de aço, com exemplos em cada um dos países, expondo o que ele xonsidera como injusto economicamente para os EUA.
Ele dá exemplos de como as importações de aço de alguns países aumentaram, ao mesmo tempo que a compra de aço pelos EUA diminuiu. "De 2022 a 2024, as importações de países sujeitos a cotas (Argentina, Brasil e Coreia do Sul) aumentaram em aproximadamente 1,5 milhão de toneladas métricas, mesmo com a demanda dos EUA diminuindo em mais de 6,1 milhões de toneladas durante o período", escreve.
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Igrejas evangélicas dos EUA esvaziam com deportações de Trump e pastores se desesperam
Diário do Centro do Mundo: A onda de medidas rigorosas de deportação e operações para capturar imigrantes irregulares nos EUA tem gerado um impacto visível em espaços centrais para a comunidade brasileira, com destaque para o esvaziamento progressivo de igrejas evangélicas.
Relatos ouvidos pela BBC News Brasil revelam que fiéis estão evitando cultos por medo de serem detidos, mesmo em ambientes tradicionalmente considerados seguros.
"Os cultos estão bem mais vazios. As pessoas estão com medo até de ir para a igreja", afirma uma estudante brasileira em uma cidade americana com alta concentração de imigrantes do Brasil.
O temor aumentou após a administração Trump autorizar, em janeiro, a detenção de imigrantes em locais como igrejas, escolas e clínicas. A medida, parte de 21 ações executivas para endurecer a imigração, ampliou a atuação de agente federais, incluindo operações em áreas antes vistas como refúgios.
Em Nova York, uma igreja chegou a colar um aviso na porta alertando que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) só pode entrar no local com autorização judicial. A ação simboliza a tensão que permeia esses espaços. Fernanda, que frequenta uma igreja em Massachusetts, conta que até ela reduziu a presença nos cultos: "A gente nunca sabe o que pode acontecer".
O clima de apreensão é alimentado por relatos de deportações de imigrantes sem antecedentes criminais, contrariando o discurso oficial de que o foco são "criminosos". Rafael, evangélico sem documentos na Flórida, revelou que sua advogada orientou evitar não apenas mercados e festas, mas até aglomerações religiosas: "O medo aumentou, mas seja feita a vontade de Deus", resigna-se.
Embora o governo afirme priorizar deportações de pessoas com crimes graves, a definição ampla de "criminoso" - incluindo quem violou leis migratórias - e a prática de detenções em massa em residências ou locais públicos geram o chamado "dano colateral".
Dinorah, da Carolina do Norte, resume: "Se você estiver perto de alguém com problemas, vai ser levado junto".
Pastores também sentem o impacto. Um líder de igreja em Orlando, que preferiu anonimato, admitiu que o fluxo de fiéis diminuiu e reforçou que a comunidade não incentiva imigração irregular. "Não oferecemos auxílio jurídico a quem está legal", disse, em um sinal de como o tema se tornou tabu até em espaços religiosos.
Além de evitar igrejas, brasileiros relatam isolamento social. Junior Pena, influenciador com milhares de seguidores, orienta: "Andamos pisando em ovos". Ele cancelou uma viagem ao Alasca por medo de voos domésticos, enquanto outros evitam até supermercados étnicos.
Para Fernanda, o fenômeno nas igrejas evangélicas é sintomático: "O templo está mais vazio, e isso reflete o desespero de quem vive na sombra". Enquanto a Casa Branca defende suas políticas como "proteção nacional", a comunidade brasileira enfrenta uma realidade onde até a fé é abalada pelo medo de estar "no lugar errado, na hora errada".
Um vídeo está circulando pelas redes sociais, onde uma jovem brasileira que atualmente vive nos EUA mostra o momento em que a polícia chega na casa de seus vizinhos imigrantes para levá-los à deportação.
— Porto Alegre 24 Horas (@portoalegre24h) January 28, 2025
Nos comentários, feitos na rede social TikTok, diversas pessoas afirmaram… pic.twitter.com/AtQrloFK0E
Em suas redes sociais, o Pastor Silas Malafaia, líder da ADVEC, abordou o tema dizendo que ele "concorda em parte" com as medidas de Trump.
"Deportar gente que tem ficha criminal está certo", diz o extremista religioso, que entretanto cita versículos bíblicos para fundamentar que os "estrangeiros trabalhadores" não deveriam ser atingidos com a política de imigração do republicano.
A diferença entre o imigrante trabalhador e o criminoso. Concordo em parte com o Trump pic.twitter.com/kgErtzDrT4
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) January 28, 2025
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terça-feira, 21 de janeiro de 2025
"Nós não precisamos deles", declara Trump sobre o Brasil e América Latina
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: Na sua primeira coletiva de imprensa, após tomar posse como o 47º presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump fez questão de menosprezar o Brasil e as América Latina como um todo. Segundo ele, os EUA "não precisam" dessas nações, enquanto "todo mundo" precisa do seu país.
No salão Oval da Casa Branca, enquanto assinava decretos na tarde de ontem (20), Trump avaliou a relação com o Brasil e países da América Latina como "boa", mas ressaltou: "Eles precisam de nós, mais do que precisamos deles. Nós não precisamos deles, eles precisam da gente. Todo mundo precisa da gente", declarou.
A declaração foi dada em resposta a um questionamento feito pela jornalista brasileira, Raque Krähenbühl, da GloboNews, que incialmente perguntou se os EUA iria responder à proposta de paz na Ucrânia elaborada pela China e o Brasil.
Trump, no entanto, disse desconhecer a iniciativa, em tom de desinteresse. "Acho ótimo, estou pronto para discutir [propostas de paz]. O Brasil está envolvido nisso? Não sabia. Você é brasileira?, respondeu.
Lula torce por uma "gestão profícua" de Trump
Em contrapartida, o presidente Lula cumprimentou Trump, logo após o republicano tomar posse do cargo. "As relações entre o Brasil e os EUA são marcadas por uma trajetória de cooperação, fundamentada no respeito mútuo e em uma amizade histórica", escreveu Lula no X.
"Estou certo de que podemos seguir avançando nessas e outras parcerias. Desejo ao presidente Trump um mandato exitoso, que contribua para a prosperidade e o bem-estar do povo dos Estados Unidos e um mundo mais justo e pacífico", disse Lula.
Já em declaração dada em reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, o presidente brasileiro disse que torce por uma "gestão profícua" do republicano. "Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore", afirmou. "Da nossa parte, não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a Rússia", completou Lula.
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domingo, 12 de janeiro de 2025
Financial Times cita Moraes e diz que Musk e Suckerberg berram e bajulam Trump por fraqueza, não força
Por Kiko Nogueira, no DCM: X e Meta estão sentadas no colo de Donald Trump não por causa de seu penteado combover. Em um artigo do Financial Times, o advogado e escritor britânico David Allen Green diz que essas empresas precisam do apoio dos EUA para combater ações regulatórias, como na União Europeia e no Brasil.
Segundo ele, as big techs "não são tão fortes e poderosas quanto seus torcedores e críticos parecem acreditar. De fato, os provedores de plataformas de mídia social americanos são fracos diante de um obstáculo específico. Pois é a fraqueza, e não a força, que explica seu comportamento recente".
Alguns trechos:
Só porque alguém quer que algo seja regulado, isso não o torna capaz de realmente ser regulado. Se algo é desagradável ou indesejável, a demanda instantânea é que algo seja feito, e que a coisa indesejada possa ser regulada para que não aconteça.
A noção de que tudo o que precisamos para tornar o mundo um lugar melhor é "mais regulamentação" está profundamente enraizada em nossa cultura. E uma coisa pela qual o clamor por regulamentação é feito são as plataformas de mídia social. Se ao menos elas fossem "mais bem reguladas", diz o sentimento popular, então vários problemas políticos e sociais seriam todos resolvidos.
Mas há dois problemas com a regulamentação de plataformas de mídia social. O primeiro vem da própria tecnologia que deu origem a esse fenômeno relativamente recente, mas agora quase onipresente. O segundo é que impor regulamentação eficaz contra plataformas relutantes exigirá ação governamental determinada e inabalável, além de vontade política - a possibilidade da qual as plataformas agora estão fazendo o que podem para evitar.
Basicamente, a mídia social é sobre a capacidade de qualquer pessoa com uma conexão de internet usar uma plataforma online para dizer qualquer coisa que quiser sobre qualquer pessoa para qualquer pessoa. Assim que o que eles querem dizer é digitado - ou gravado em vídeo e áudio - tudo o que eles precisam fazer é pressionar enter e é publicado - ou transmitido - para o mundo. (...)
Como esse balbucio constante seria regulado? Seria possível Ou seria tão fútil quanto tentar regular conversas cotidianas em casa ou na rua?
As plataformas fizeram lobby com sucesso para que a responsabilidade legal fosse incorrida somente se uma solicitação de remoção válida não fosse concedida. E, em qualquer caso, essa abordagem só funcionou quando havia causas de ação jurídica individuais preexistentes: fazia sentido em relação à difamação de um indivíduo específico identificável.
O obstáculo é a regulamentação por jurisdições fora dos EUA - principalmente na União Europeia mas também em outros lugares, como o Brasil e a China
Mas a desinformação em massa e a desinformação muitas vezes não violam nenhum direito privado dos indivíduos. A verdadeira vítima, em vez disso, é o discurso público saudável. Outro desafio foi a informação perigosa em relação à automutilação e ao suicídio. E também a promoção de atividade criminosa, como abuso infantil ou terrorismo.
Esses problemas eram gritantes e exigiam mais do que meros avisos de retirada por parte dos reclamantes. De fato, muitas vezes não haveria reclamantes cientes de tal material, apenas aqueles que buscavam consumi-lo. Vigilância constante seria necessária.
Uma maneira de lidar com isso seria as plataformas de mídia social empregarem sistemas complexos e caros. Isso seria uma imposição de custo imensa para plataformas que queriam principalmente monetizar dados e vender publicidade no verso das postagens de usuários nas mídias sociais. Mas seria uma imposição que as plataformas só aceitariam se não houvesse alternativa. (...)
Figuras impulsivas como Elon Musk, o dono do X (anteriormente Twitter), e tomadores de decisão inconsistentes como Mark Zuckerberg, da Meta, podem nos desviar do que suas empresas estão racionalmente buscando alcançar.
E houve alguns eventos que indicam que tais empresas não são tão fortes e poderosas quanto seus torcedores e críticos parecem acreditar. De fato, os provedores de plataformas de mídia social americanas são fracos diante de um obstáculo específico. Pois é a fraqueza, e não a força, que explica seu comportamento recente.
O obstáculo é a regulamentação por jurisdições fora dos EUA - principalmente na União Europeia, mas também em outros lugares, como Brasil e China. As plataformas de mídia social perceberam que não podem vencer as batalhas com governos estrangeiros e sistemas legais sozinhas. Elas não são poderosas o suficiente para resolver seus próprios problemas. Elas precisam de ajuda.
Um exemplo aqui é como X e outros interesses comerciais dirigidos por Musk passaram pelos movimentos de se opor à ordem do Supremo Tribunal Federal brasileiro para retirar material ofensivo, apenas para capitular e cumprir as obrigações impostas pelo sistema judicial brasileiro e pela lei local.
Essa fraqueza corporativa da ação estatal determinada não deveria ser surpreendente. Em qualquer batalha final, o estado prevalecerá sobre uma corporação pela simples razão de que uma corporação como pessoa jurídica só tem existência legal e direitos na medida estabelecida pela legislação. Aqueles que controlam a lei podem, se quiserem, controlar e domar qualquer corporação em sua jurisdição.
É por isso que, por exemplo, a corporação mais poderosa que o mundo tinha visto até então - a East India Company - foi sumariamente dissolvida pelo parlamento britânico em 1874. É também por isso que o Bell System de empresas de telecomunicações foi desmembrado pela lei e política antitruste dos EUA na década de 1980. As empresas podem ser muito poderosas - mas sempre há algo mais forte do qual elas dependem para reconhecimento legal.
Grandes empresas, portanto, depositam grande confiança em serem capazes de influenciar políticas públicas e legislação. Isso explica o que a Meta fez, por exemplo, com a nomeação do ex-vice-primeiro-ministro pró-europeu do Reino Unido Nick Clegg como vice-presidente de assuntos globais e comunicação. Essa foi uma boa escolha para uma empresa que busca influenciar construtivamente a formulação e implementação da política da UE.
Como demonstra a rendição de Musk e X aos tribunais brasileiros, o poder estatal provavelmente sempre vencerá as plataformas se for testado
(...) A reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos proporcionou à Meta uma oportunidade gloriosa de mudar a cooperação fútil com a UE para o confronto e a coerção. Se a Meta conseguisse colocar o governo dos EUA do seu lado em suas batalhas com a UE e outras jurisdições, então maximizaria suas chances de sucesso.
Em seu anúncio no Facebook desta semana sobre mudanças em várias políticas, Zuckerberg disse abertamente que queira "trabalhar com o presidente Trump para pressionar governos ao redor do mundo. Eles estão indo atrás de empresas americanas e pressionando para censurar mais. Os EUA têm as proteções constitucionais mais fortes para a liberdade de expressão no mundo... A única maneira de pressionarmos contra essa tendência global é com o apoio dos governo dos EUA."
Isso foi listado em sua declaração pré-preparada como a sexta mudança de política, mas era declarante a mais importante - pois também explicava os outros cinco pontos, que incluíam abandonar a verificação de fatos e mover a moderação de conteúdo da Califórnia para um Texas "menos tendencioso". Tudo naquela declaração foi para alinhar o Meta com os valores e prioridades da nova administração. (...)
E não é a única tática a serviço dessa estratégia comercial mais ampla. Os líderes de muitas empresas de tecnologia têm todo o interesse em promover o novo governo dos EUA e em enfraquecer a determinação na UE. Estados-membros com líderes simpáticos a Trump, como a Hungria e Itália, estão sendo cortejados igualmente para que a politica da UE possa ser enfraquecida de dentro.
Os gigantes da tecnologia estão adotando essa estratégia robusta não porque são forte - eles sabem que, como o X no Brasil, não podem enfrentar nenhum governo ou sistema legal determinado em um mercado significativo e vencer. Eles estão fazendo isso porque sabem que são fracos e que precisam de aliados. Seu modelo de negócios depende disso.
E como os modelos de negócios da maioria das plataformas de mídia social exigem engajamento acima de tudo - pois em engajamento não é possível ter mineração de dados, monetização e publicidade - realmente não importa que o engajamento seja gerado e amplificado por desinformação e fake news.
Moderação e checagem de fatos são caras. Se as plataformas de mídia social fossem obrigadas, sob pena de sanção legal, a fazer tal moderação e checagem de fatos funcionarem, então essa seria maneira comercial de avançar. Corporações internacionais tenderão a cumprir com a lei aplicável, e a despesa de conformidade é um custo de negócios.
Mas não ter tais procedimentos e políticas em vigor é muito mais barato e lucrativo. Então, se eles puderem evitar tais obrigações, eles o farão - e se o lobby "suave" não funcionar, então eles procurarão os governos para fazer coerção.
Se a Meta e X estivessem confiantes em evitar as imposições regulatórias da UE, do Brasil e de outros lugares, eles não precisariam apoiar Trump e a nova administração. O fato é de que eles estão fazendo isso aberta e sem pedir desculpas - na verdade, sem vergonha - significa que eles sabem que têm um desafio. Eles sabem que certos governos estrangeiros e sistemas legais são capazes de vencer qualquer batalha regulatória frente a frente.
Pois, como mostra a rendição de Musk e X aos tribunais brasileiros, o poder estatal provavelmente sempre vencerá as plataformas se testado. Mas essa foi uma situação externa: a regulamentação é um fenômeno contínuo, e casos judiciais emocionantes e dramáticos devem ser uma exceção.
As recentes nomeações no nível do conselho da Meta parecem que ela está se preparando para uma batalha, e uma na qual seu atual modelo comercial exige que ela derrote os objetivos de governos estrangeiros. As novas nomeações fazem muito sentido estratégico.
E se essa situação for bem interpretada, com o governo dos EUA intimidando outros estados em benefício das plataformas, essa é uma batalha e uma guerra que as empresas de tecnologia podem vencer - não por como exploram seus pontos fortes, mas por como cobriram suas fraquezas.
A questão agora é se a UE, o Brasil e outros têm determinação e estômago para o que se tronará uma disputa pública multinacional feia. (...)
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quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Conheça a dupla de Trump que protagonizará ampla desregulamentação nos EUA
terça-feira, 21 de maio de 2024
Quanto a Câmara gastou para bolsonaristas ouvirem ataques a Moraes nos EUA
Por Augusto de Sousa, no DCM: Os deputados bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF) requisitaram diárias para uma viagem aos Estados Unidos que ocorreu entre os dias 6 e 10 de maio. Ao todo, a Câmara dos Deputados desembolsou cerca de R$ 32,7 mil para a estadia do trio. Lá, eles acompanharam uma audiência no Congresso estadunidense que discutia uma suposta perseguição a lideranças de direita no Brasil.
Segundo o sistema da Câmara, Gustavo Gayer e Bia Kicis receberam cinco diárias no valor de R$ 2.259,84 cada, totalizando R$ 11,3 mil por deputado. Nikolas Ferreira recebeu quatro diárias e meia, totalizando R$ 10,1 mil. Até o momento, não há registro de gastos com passagens aéreas por parte dos três parlamentares no sistema de viagens da Casa.
A viagem também contou com a presença dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Filipe Barros (PL-PR), atual líder da oposição na Câmara. Diferentemente dos colegas, Eduardo não solicitou diárias nem passagens aéreas pagas pela Câmara, assim como Barros, que alegou ter usado dinheiro do próprio bolso para arcar com os custos.
A comitiva bolsonarista foi aos EUA para participar de uma comissão no Congresso americano que discutia supostas violações da liberdade no Brasil, atribuindo parte da responsabilidade ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A audiência foi marcada por declarações polêmicas, incluindo a da deputada dos EUA María Elvira Salazar, do Partido Republicano, que atacou Moraes.
"Não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais", afirmou Salazar durante a sessão.
Segundo Guilherme Amado, do Metrópoles, os deputados informaram à Câmara que participaram de "reuniões de intercâmbio parlamentar organizadas pelo Conservative Caucus", um grupo de lobby que defende pautas ultraconservadoras. De acordo com os bolsonaristas, a viagem teve caráter oficial e visava estreitar relações e discutir questões de interesse mútuo entre Brasil e Estados Unidos.
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