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terça-feira, 2 de julho de 2024

Moisés Mendes: a extrema direita se apoderou dos jovens?

Por Moisés Mendes, no Extra Classe: Essa sequência de informações abaixo é de um apanhado de notícias dos últimos meses. Todas tratam de fenômenos em que os jovens são protagonistas. Quase todas acionam algum sinal de alarme. Leiam o que segue.

www.seuguara.com.br/jovens/extrema-direita/Moisés Mendes/

O ativismo moralista pelo fechamento de áreas de nudismo, que se dissemina por vários países da Europa, é liderado por jovens. A extrema direita francesa avançou nas eleições parlamentares com o suporte de eleitores de até 30 anos. 

Os jovens da Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, não sabem usar o computador, ou o que ainda chamam de desktop, porque a vida digital deles é no celular. E computador é coisa de velho.

Os jovens no mundo todo são mais infelizes do que os idosos, mas no Brasil essa comparação é pior ainda. Segundo pesquisado Gallup, a população do Brasil com 60 anos ou mais figura na 37ª posição do ranking de felicidade mundial. Jovens de até 30 anos ocupam a 60ª colocação. 


Há uns quatro anos, mobilizações mundiais de jovens nas ruas acionaram o alerta da destruição da Amazônia. O Brasil ficou quase indiferente às manifestações. E a Amazônia é nossa. 

Pesquisas recentes mostram que os jovens não confiam nas instituições e muito menos na representação política formal. Em 2022, uma amostra realizada por pesquisadores de várias universidades, para o Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI), revelou que 82% deles não confiam nos partidos. 


A extrema direita argentina chegou ao poder com o fascista Javier Milei com o apoio da maioria dos jovens. A base do fascismo argentino é de jovens. E se dizia que a Argentina era o melhor exemplo latino-americano de como um país se livra de extremismos e da ameaça de retorno a uma ditadura.

São jovens de menos de 30 anos os ativistas nazistas, localizados principalmente no sul do Brasil. Reações radicais de xenofobia contra imigrantes na Europa, em especial contra os refugiados africanos, partem de jovens ligados ou não a organizações extremistas. É um fenômeno que cresce em Portugal, inclusive contra brasileiros.


Mas as notícias que envolvem jovens e as tentativas de reflexão em torno deles geralmente são produzidas por quem não é jovem. Assim, como aparece nessa miscelânea (uma palavra velha), misturam-se informações sobre desalentos e infelicidade, incapacidade de lidar com o computador, alheamento político e ativismo reacionário. Porque o centro disso tudo é o jovem.

Mas e o outro lado, a juventude defende o meio ambiente, engaja-se a movimento sociais, ainda admite a relevância da representação política e importa-se com ações coletivas? Esse é o lado que estaria perdendo hoje ou estaria em clara situação de desvantagem.


Mas essa pode ser uma conversa de boomer, ou de idoso da chamada geração baby boom, como é chamado o contingente nascido no pós-guerra e que tem hoje em torno de 70 anos? Pode. São adultos na velhice falando de jovens.

É esse o problema, o de velhos analisando jovens, sem o lugar de fala da juventude, ou sempre foi assim? Não foram sempre os adultos maduros que refletiram sobre o mundo, enquanto os jovens conduziam ações políticas e faziam o mundo evoluir aos trancos e barrancos, como acontece a partir de 68? 


A afronta, a capacidade de mobilização, a transgressão, sempre foi coisa de jovem. Não é mais, como fenômeno de massa? Os jovens perderam a capacidade de revolucionar, porque até essa palavra perdeu o sentido?

Mais uma pergunta incômoda, de uma realidade próxima: é possível que as manifestações de 2019 no Chile tenham sido as últimas grandes expressões de ativismo político da juventude na vizinhança?

É possível que por muito tempo o Chile não tenha algo igual, depois do fracasso do sonho de uma nova Constituição e, no fim, da manutenção das leis do tempo de Pinochet?


Foram os boomers que destruíram os sonhos dos jovens e tiraram deles, pela primeira vez na História, o sentimento de vida eterna e de condução do próprio futuro?

Os boomers que construíram tudo o que veio depois da guerra e depois de 68 e de Woodstock, esses boomers mataram, com os fracassos de capitalismos e socialismo, os sonhos dos seus netos? Os boomers mataram a política e pedem ativismo político? 


Mas será que os boomers teriam mesmo o poder de tirar dos jovens a capacidade de ser rebelar contra o que é velho e oferecido como certo e consagrado?

Se é assim, como Jordan Bardella, com apenas 28 anos, chegou à presidência do Reunião Nacional, o partido da extrema direita de Marine Le Pen, grande vitorioso nas eleições francesas? Se é assim, como ele pode vir a ser, antes dos 30 anos, o novo primeiro-ministro francês?


Se é assim, como Javier Milei reforça sua aposta nos jovens e vaio propor ao Congresso que a idade mínima para votar na Argentina seja reduzida de 16 para 14 anos?

Milei quer crianças votando na extrema direita, por ter certeza de que o fascismo vem prosperando na infância. E agora? O homem que ataca a política "tradicional", as instituições e o que chama de castas tenta formar sua própria casta com a participação até das crianças. Como faziam quando da ascensão do nazismo.


A extrema direita que pisoteia a política e a democracia sabe usar melhor do que as esquerdas os mecanismos da democracia, para destruí-la por dentro como a ajuda dos jovens? Franceses e argentinos podem ter as melhores respostas.

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quarta-feira, 19 de junho de 2024

O corpo fechado de Arthur Lira. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Amigos de Eduardo Cunha mandaram espalhar pela imprensa amiga, pouco antes de cassação do sujeito em setembro de 2016, que ele tinha 80 deputados na mão. Comiam e bebiam o que ele determinava que comessem e bebessem. Era um blefe. Não tinha tanta gente para que pudesse contar com pelo menos uma base na casa, diante do cerco da Justiça por envolvimento com corrupção.

www.s euguara.com.br/Arthur Lira/Câmara dos deputados/

Não tinha nada. Foi sacrificado pela própria Câmara por 450 votos a 10, poucos dias depois do golpe contra Dilma Rousseff, que ele deflagrou e que abriu a porteira para o que temos aí.

Cunha não tinha o que Aécio Neves parece ter ainda hoje, dentro do Congresso e dentro do sistema de Justiça. É o que Arthur Lira pensa ter e Sergio Moro planeja que, se não tem, ainda terá.


Querem ter o suporte do espírito de corpo no Congresso, porque não interessa aos outros que um ou outro parceiro tombe diante deles, e o reconhecimento de que têm força política, por parte do Judiciário.

Aécio tinha o corpo fechado no Supremo que o protegeu. Moro tem uma armadura cheia de furos, mas está certo de que pode escapar. O sistema escolhe os que vão a guilhotina e os que escapam, dependendo do momento.


Um congressista a caminho da morte política é ele e suas circunstâncias dentro da casa e no Ministério Público e no STF. Arthur Lira tem todo jeito de ser o melhor de todos, a mais bem acabada criatura entre as que se movem com a arrogância dos que acham que não correm riscos.

É um personagem acabado do velho toma lá, me dá cá, em sua versão século 21 das emendas secretas. A criatura que tem uma base que Cunha não tinha. Lira é profissional único, o craque que Cunha gostaria de ter sido. 

Já foi poupado pelo sistema de Justiça e está limpo no Supremo. Escapou de poucas e boas (Kits de robótica e caso do assessor-mula com dinheiro na mala) e nem precisa mandar dizer a quem interessa que tem um  poder que nenhum outro teve. 

Tem a capacidade de arregimentar sua turma dentro e fora também do Senado para manter Alexandre de Moraes sob ameaça de um impeachment. 


Arthur Lira, que depende de quem vai sucedê-lo na Câmara para continuar manobrando todo tipo de manobra, é a força do novo coronelismo a ser ainda testada. 

Lira sabe que o futuro dele não é o da maldição de Cunha, porque seus domínios são mais estruturados, em tempos que não são os mesmos de oito anos atrás.

Mas tem um desafio que se presenta a todos os que se metem em pântanos, fazem todas as concessões a seus monstros e patrocinam, mesmo que às escondidas, coisas do nível do PL do estupro e da anistia para os manés do 8 de janeiro.



O Congresso que degolou Delcídio do Amaral e Demóstenes Torres há horas não degola ninguém, nem vai degolar. Talvez dê um susto em Carla Zambelli.

E nós vamos continuar nos perguntando? Do que mais Arthur Lira será capaz, quando estiver fora da presidência da Câmara, mas com a ambição de continuar gerindo demandas diversas das facções do Centrão e da extrema direita e extorquindo o governo?

O que ainda não sabemos das fraquezas de Arthur Lira que talvez venhamos a saber ou depois de ele deixar o trono, no início de 2025? Ou Arthur Lira é um homem sem fraquezas?


VIA

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sábado, 1 de junho de 2024

Os limites da Justiça para vencer o fascismo. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Está sendo disseminada, inclusive pelos jornalões americanos, e não só pela extrema direita republicana, e tese segundo a qual Donald Trump condenado fica mais forte. Se for preso, fica imbatível. É a mesma teoria do medo que explica a impunidade de Bolsonaro no Brasil. E não só de Bolsonaro, mas de todos os que têm poder econômico e algum poder militar.

www.seuguara.com.br/Donald Trump/Jair Bolsonaro/Justiça/política/fascismo/

Todos os grandes empresários participantes da estrutura do fascismo, não só no financiamento do gabinete do ódio, estão impunes. Todo os militares golpistas de alta patente estão impunes.

Todos os que financiaram os bloqueios de estradas depois das eleições não foram alcançados pela Justiça até agora. Todos os participantes das facções da estrutura paralela do Ministério da Saúde na pandemia, encarregados de sabotar as tentativas de prevenção da doença, estão soltos. Porque têm ou tiveram muito poder real ou aparente.


Todos os que tentaram vender vacinas inexistentes, incluindo coronéis do entorno de Bolsonaro, estão impunes. Porque Bolsonaro, seus generais e seus empresário golpistas continuam intocáveis até agora.

São investigados, sofrem busca e apreensão, se submetem a inquéritos intermináveis, mas não sofrem nada além do constrangimento da exposição pública e das sindicâncias e das pedaladas nas casas e escritórios.


Bolsonaro nunca foi denunciado nem julgado porque, é óbvio mais do que ululante, o sistema de Justiça não tem a garantia de que possíveis condenações do líder da extrema direita seriam politicamente sustentáveis.

Vale para todos os do entrono dele, beneficiados pela mesma tese propagada nos Estados Unidos para o caso Trump. Se forem além das investigações das ações do fascismo, o fascismo irá se levantar. A política irá entortar de novo o que a Justiça tentar corrigir.

www.seuguara.com.br/Alexandre de Moraes/STF/

No Brasil, conta ainda para reforço dessa tese a ameaça de retaliação por parte do Congresso, que mantém de prontidão o alerta de que pode abrir ações de impeachment contra membros do Supremo, e de Alexandre de Moraes em especial.

Trump não será preso antes da eleição de 5 de novembro. Como Bolsonaro não será preso antes das eleições municipais de6 de outubro. Como talvez não venha ser preso antes da eleição presidencial de 4 de outubro de 2026, ou nunca mais.


O que se espalha nos Estados Unidos e aqui é que o respeito às leis e sua aplicação a todos os cidadãos, incluindo ex-presidentes, não são verdades capazes de provocar os efeitos desejados. 

Os efeitos seriam a aceitação da imposição do que é legal e da reparação, para que a democracia viesse a ser fortalecida pela punição de envolvidos em casos exemplares. Pode valer para manés, mas não para manezões.

A Justiça, ao contrário do que dizem a direita, os jornalões e os juristas críticos do que seria o ativismo do Supremo, vem sendo dobrada pela política, ou, para ser mais preciso, pelo fascismo.


VIA

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sábado, 23 de março de 2024

Mauro Cid volta a falhar como mandalete. Por Moisés mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Aconteceu o que até o estagiário do gabinete do golpe poderia prever. Mauro Cid caiu na armadilha de advogados e ex-chefes que tentaram usá-lo para confundir o cerco da Polícia Federal e de Alexandre de Moraes.

www.seuguara.com.br/Mauro Cid/áudios/polícia Federal/Moisés Mendes/

Cid está preso de novo, depois de espalhar gravações com acusações à PF e ataques ao ministro do Supremo. É um sujeito fragilizado e ainda sob o comando dos que o usaram como mandalete no Palácio do Planalto.


O que Mauro Cid poderia ganhar, ao dizer que sua delação havia sido manipulada pela Polícia Federal,, porque os interrogadores o obrigaram a confirmar o que seria uma narrativa?

O que ele ganharia estendendo os ataques a Alexandre de Moraes, apontado como autoritário e fabricante de sentenças prontas?


Faltou alguém que o alertasse de que ele não ganharia nada. Que estava apenas fazendo o trabalho sujo de tentar embaralhar as investigações e colocar as informações das elações sob suspeita.

Mauro Cid se prestou de novo a fazer o que os outros mandam que faça. É o mesmo coronel que se submetia a todas as ordens sujas de Bolsonaro e até ao comando de Michelle como pagador de continhas. Mauro Cid prova mais uma vez que é um bem mandado.


Não há como perceber como um desabafo, num cenário que em nada o favorece, a decisão de atacar a PF e Moraes. Não pode ter sido um impulso a produção de áudios com os ataques.

Mauro Cid procurou jornalistas amigos e cumpriu mais uma vez o que determina sua vocação como subserviente. Foi orientado a atrapalhar, para que PF e Supremo sejam olhados com desconfiança e seus chefes tentem escapar.


É a índole de Mauro Cid a subserviência, como está provado em suas trapalhadas com as muambas das arábias, a fraude dos cartões da vacina e a intermediação de conversas para a articulação do golpe. 

O coronel talvez só não tenha fracassado na tarefa de bom pagador das contas da mulher do seu empregador. No resto, foi sempre um perdedor, que deixou rastros por onde passou. 

Cid é um faz-tudo trapalhão que estava a caminho do generalato, o que conduz a muitas interrogações sobre a qualidade dos nossos altos oficiais.


O coronel volta para a solitária por descumprimento de medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mais uma vez, paga todos os custos por ter sido obediente. 

Cid jogou para a torcida da extrema direita e tentou fazer média com seus superiores, levando a muamba para dentro do inquérito que investiga os golpistas.

Sua situação se complica, enquanto Moraes, o Ministério Público e a Polícia Federal se preparam para outras tentativas de invertidas dos que esperam que as sindicâncias tropecem em novas armadilhas.

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sábado, 16 de março de 2024

À espera do grande furo e da rapadura especial. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Foi uma sexta-feira daquelas, com novas revelações sobre o golpe, a partir de delações dos generais que afrontaram Bolsonaro e agora o denunciam como chefe do esquema. Mas a conclusão, ao final do dia, é essa: quase todos os jornais têm as mesmas informações, como se todos vendessem as mesmas rapaduras.

www.seugara.com.br/depoimentos/generais/quebra de sigilo/Moisés Mendes/

Claro que hoje melhorou muito a qualidade das rapaduras. Mas são as rapaduras que todos têm. Mudam, mas em casos raros, só o tamanho, a doçura e a crocância.

Por que tudo parece igual num dia de denúncias fortes? Porque Alexandre de Moraes levantou o sigilo de 27 depoimentos de personagens do golpe. 


O esforço do jornalismo foi de tentar, na correria, dar hierarquia ao que cada um disse de relevante.

A guerra pelo furo, pela informação que só um tem ou acha que tem, vai melhorar muito o jornalismo nos próximos dias, a partir dessas revelações. Aí o bicho vai pegar.


Pena que as rapaduras de hoje tenham chegado às vésperas de um fim de semana, o que pode indicar que só teremos novas rapaduras a partir de segunda-feira, ou não, como diria Caetano Veloso.

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quarta-feira, 6 de março de 2024

Alguém tem a minuta do plano de fuga de Bolsonaro. Por Moisés Mendes

Publicado originalmente no blog do Moisés Mendes: Delirantes que acreditaram no 8 de janeiro, enquanto Bolsonaro fugia para os Estados Unidos, estão pegando 17 anos de cadeia. Os que ainda não pegaram, porque não foram julgados, estão presos ou na sala da casa vendo novela com tornozeleira.

www.seuguara.com.br/plano de fuga/Bolsonaro/Moisés Mendes/

Mesmo assim, outros delirantes acreditam que Augusto Heleno pode tomar o controle das Forças Armadas, com a ajuda de Eduardo Vilas Bôas, enquanto o que pode estar acontecendo mesmo é o planejamento de mais uma fuga de Bolsonaro. 


E a maioria dos delirantes ativistas é de machos brancos de classe média, com mais de 50 anos, com diploma universitário, como mostram as pesquisas feitas na Paulista.

Gente cristã, que acredita que Israel é um país cristão e que os militares, que concediam registros de CACs a bandidos, são caçadores de bandidos. 


Eles sabem, mas fingem não saber, que Bolsonaro pode fugir de novo, como fugiu no fim de dezembro de 2022 para os estados Unidos. como se não soubesse nada da invasão que aconteceria depois em Brasília.

Bolsonaro aguentaria mais de 70 anos de condenação, pelos vários crimes de cada processo, mesmo que o limite de pena a ser cumprida seja de 40 anos? E com possibilidade de redução por bom comportamento. 


Bolsonaro aguenta cinco anos de cadeia? Suporta dois? Aguenta ficar preso enquanto Romeu Zema e Tarcísio de Freitas se adonam do eleitorado dele?

Aguenta ficar imobilizado por dois anos, enquanto Michelle pode se liberar para construir sua carreira política, com o argumento de que irá substituir o marido? Não aguenta.


Bolsonaro deve ter um plano de fuga, mesmo com o passaporte retido. A possibilidade de eleição de Trump pode inspirar o seguinte raciocínio: foge, ganha tempo e espera mais adiante a proteção política do fascista americano.


Não faz sentido? Tudo que envolve Bolsonaro não faz sentido. Até que o improvável se realize, como vem acontecendo desde 2018, ou alguém imaginaria que um tenente expelido pelo Exército pelos generais da ditadura seria depois líder e empregador de um grupo de generais medíocres? 

Um auxiliar deve ter em alguma gaveta, em versão impressa (como eles gostam), a minuta do plano de fuga de Bolsonaro. Há porteiras abertas em quase todas as fronteiras.

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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O machismo da extrema direita rejeita Michelle? - Por Moisés mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Michelle chorou várias vezes ao defender o marido no discurso de domingo na Avenida Paulista. Disse que é preciso misturar política e igreja e explicou: "Por um bom tempo fomos negligentes a ponto de falarmos que não poderia misturar política com religião, e o mal tomou espaço. Chegou o momento da libertação".

www.seuguara.com.br/Michelle Bolsonaro/discurso/manifestação/Bolsonaro/Avenida paulista/

Michelle habilitou-se a conduzir a libertação, misturando a pregação contra o diabo com o alerta sobre o comunismo. Teve uma performance de pastora e ativista bolsonarista e emocionou manés e patriotas.


Mas não é Michelle que eles e elas querem para substituir Bolsonaro. Tios e tias do zap presentes na Paulista querem outro homem como substituto do líder inelegível.


O Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, ouviu os militantes presentes: 61% querem Tarcísio de Freitas como candidato ao Planalto em 2026.

Michelle ficou muito atrás e foi citada por apenas 19%. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi escolhido por 7% como melhor nome à presidência da República. Todos por citação espontânea. 

Os citados a seguir tiveram 1% das menções: Eduardo Bolsonaro, Damares Alves, Flávio Bolsonaro e general Braga Netto (mesmo que Braga Netto também esteja inelegível).


Um dado é preocupante para a família. Nem a mulher e nem os filhos de Bolsonaro aparecem com força eleitoral na amostragem feita com 575 pessoas da 15h às 17h na avenida. 

É bom lembrar que o público consultado durante o ato estava sob o impacto do discurso religioso e emotivo de Michelle, que abriu a festa, e da fala frouxa de Tarcísio de Freitas.


Por que, mesmo nessas circunstâncias, Michelle saiu-se tão mal, apesar de tr sido a segunda mais citada? Tarcísio foi favorecido porque a pesquisa foi feita em São Paulo?

Talvez porque, mesmo com a fidelidade a Bolsonaro e expressando o que de fato é a mistura de religiosidade e fascismo, Michelle não seja aceita pelo machismo da extrema direita como sucessora do marido.


Pode ser candidata ao Senado pelo Distrito Federal, com liderança nas pesquisas, e até se eleger senadora pelo Paraná na vaga de Sergio Moro, se o justiceiro for cassado pela Justiça Eleitoral. Mas não pode substituir o marido. 

Michelle terá de ralar muito para conseguir protagonismo e levar adiante a ambição de ser mais do que a mulher de um político que a qualquer momento pode ser preso.

Será difícil a vida da ex-primeira-dama num ambiente em que tentará juntar, pela mistura proposta, os mundos de Silas Malafaia e de Valdemar Costa Neto.

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VIA

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O país de Tim Maia: sionistas, bolsonaristas, nazistas, judeus e neopentecostais. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Este é cada vez mais o Brasil de Tim Maia. O sujeito inelegível tirava fotos sorridente ao lado de nazistas, como essa acima [abaixo] com a deputada alemã Beatrix von Storch, no Palácio do Planalto, em julho de 2021.

www.seuguara.com.br/O país de Tim Maia/Moisés Mendes/

Ex-assessores do inelegível pregavam supremacismo no governo, com ostentação, e estão sendo processados como neonazistas.

Evangélicos bolsonaristas, adoradores do inelegível amigo de nazistas, passaram a se comportar como se fossem judeus e adoradores de Israel.


Um fascista judeu convoca agora evangélicos contra Lula. O fascistão genocida Benjamin Netanyahu, amigo do inelegível, que é amigo de nazistas, também ataca Lula. 

www.seuguara.com.br/Benjamin Netanyahu/

Já não se sabe mais o que é nazista, bolsonarista, antissemita e judeu sionista de extrema direita, porque todos se misturam em torno do inelegível.


E no meio disso tudo está o neopentecostal pobre e reacionário que se considera judeu, mas judeu rico. 

E quem se espanta diante dessa aparente confusão, com todos na mesma foto, corre o risco de ser chamado de antissemita.

Só por mostrar que amigos de nazistas se dizem amigos de Israel e dos líderes judeus sionistas que se orgulham por serem amigos de inelegíveis fascistas amigos de nazistas.


(O título desse texto é uma referência a uma declaração antológica de Tim Maia sobre os paradoxos do Brasil. "Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita")

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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

O Ano de combate ao ódio. Por Moisés Mendes

Publicado originalmente por Moisés Mendes, em seu blog: Quando Lula disse que 2024 será o ano da pacificação, ele não sugeriu, de jeito nenhum, que os brasileiros saiam por aí erguendo bandeiras brancas para os chefes da fabricação e da disseminação do ódio. Não há trégua com essa gente. É inimaginável que alguém possa chamar um líder fascista para um chá da tarde, em nome o fim de desavenças que vão muito além das diferenças políticas.

www.seuguara.com.br/combate ao ódio/2023/Lula/Moisés Mendes/

O que Lula disse é que devemos tentar pacificar relações de convivência, incluindo as institucionais, depois de quatro anos de crueldades, agressões e violências bolsonaritas.

Com os líderes, com as vozes de comando do bolsonarismo, não há conciliação possível. Lula não disse, mas não precisa dizer que chefes impunes das engrenagens do ódio não são contemplados pelo seu apelo.


Mesmo assim, os jornalões tentaram jogar o presidente contra a própria ideia da conciliação, com o pretexto de que ele havia atacado seu antecessor, dias antes da fala de Natal, definindo-o como facínora.

Alguém pode imaginar que Lula enviaria um emissário com recados de conciliação para Bolsonaro? Para Sergio Moro? Para Braga Netto? E que deixaria de chamá-los pelo que são?

www.seuguara.com.br/Jair Bolsonaro/disseminação/ódio/

Não há conciliação com os que comandaram a estrutura negacionista da pandemia. os que sonegaram vacinas e mataram milhares, propagaram difamações e mentiras e incentivaram a violência contra gays, trans e indígenas.


A pacificação proposta por Lula renova a tentativa de distencionamento de conflitos cotidianos em ambientes familiares, de trabalho e de vizinhança, por mais que a maioria dos seguidores de Bolsonaro considere essa pacificação improvável.


Mas a conciliação não pode ser usada contra os que combatem o fascismo intermitente. Não há pacificação onde houver a mínima insinuação de que as penas para os criminosos da extrema direita podem ser atenuadas.

São inconciliáveis, de um lado, as prerrogativas e as obrigações de quem deve buscar reparação por quatro anos de arbitrariedades, e de outro, os interesses de quem se nega a reconhecer que foi arbitrário.


Não teremos distensão se houver afrouxamento da vigilância diante das violências do bolsonarismo, que persistem e são reproduzidas por seus imitadores com mandatos no Congresso.

Não são conciliadores os que continuam agredindo o Supremo e mesmo os que, por covardia, decidiram silenciar e insinuar que agora estão no mesmo barco e submissos às ordens do comandante Lula. 


Esses, os que falaram e agiram muito durante quatro anos contra a democracia, mas estão quietos depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro, serão excluídos desde já de qualquer aceno pela pacificação.

O emudecimento deles é parte da tática dos que tentam sobreviver como extremistas fingindo-se de mortos. As eleições municipais podem ressuscitá-los, com todo o estoque de ódio armazenado desde a derrota para Lula


VIA

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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Os dois pés no esgoto. Por Moisés Mendes

Publicado originalmente no "Blog do Moisés Mendes": Quem consegue traduzir esse título de artigo de Eliane Catanhêde na capa do Estadão? "Lula almoça com Forças Armadas e janta com STF sem pé atrás e dentro da boa democracia". O Estadão, que cercou Lula por todos os lados e é hoje mais reaça do que foi na ditadura, aposta até em chamadas dúbias para obter cliques e não desagradar a direita.

www.seuguara.com.br/Lula/Estadão/Moisés Mendes/

O que eles fazem desde o início do governo é bater sem parar, com algumas concessões para finfir imparcialidade.

Com o Estadão, não tem pé atrás. O jornal enfiou os dois pés no esgoto do fascismo e ali se diverte.


O artigo pode até fazer média com Lula, mas deixa no título a dúvida sobre a possibilidade de ser mais um ataque. 

Como se houvesse conflito no fato de que o governante do país interage com juízes da mais alta Corte e com o chefes militares.


O Estadão acha que Lula não deveria conversar com eles no fechamento do ano? Vê contradição?

O Estadão é hoje, como não foi nem logo depois de 64, o principal porta-voz da extrema direita.


Jornal da construção

O Estadão é o maior fabricante de notícias ruins. Mas faz concessões à especulação e à classe média.

Essa manchete é, vergonhosamente, uma chamada do mercado imobiliário.

Está no alto da página da versão online, como se fosse o veículo da construção civil. 

"O que esperar do mercado imobiliário em 2024? Veja expectativas do setor".


VIA

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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

O Tempo. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Em duas semanas completa um ano a fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos. E o 8 de janeiro em Brasília também faz um ano daqui a menos de um mês. A decisão de Eduardo Cunha de abrir processo de impeachment contra Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, fez oito anos no início de dezembro.
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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A confraria do fascismo em Buenos Aires. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: A posse de Javier Milei, no domingo, terá a maior aglomeração de todos os tempos da extrema direita com grife da América latina. Lula está certo ao decidir que não vai e que o representante do Brasil será o chanceler Mauro Vieira. Não será uma festa de fascistas comuns, é a confraria de grandes fascistas que se agarram à esperança de que Milei irá inspirar outros países a seguir o mesmo caminho.

www.seuguara.com.br/Javier Milei/fascismo/

E por que Bolsonaro vai à posse e leva sua turma? Porque precisa dizer ao Supremo e ao sistema de Justiça que continua andando por aí, impune, e ainda resiste. E para manter a base acordada.

Milei não ganha nada com a presença de Bolsonaro, que não tem, como as pesquisas feitas lá já mostraram, influência alguma no eleitorado da direita argentina.

Bolsonaro é que tenta se aproximar de Milei e dos que irão aparecer na festa, por estar em busca de trincheiras para fingir mais um pouco que é um político forte.


O fascista argentino tem o apoio de ex-presidentes da região, começando por Mauricio Macri, que participa ativamente da montagem do governo.

Luis Caputo, futuro ministro da economia, foi presidente do Banco Central no governo Macri. Patricia Bullrich, candidata de Macri à presidência, será a ministra da Segurança, o mesmo cargo que ocupou no governo Macri. E Luis Petri, futuro ministro da Defesa, foi vice na chapa de Patricia.


Além de Macri, poderão estar na festa em Buenos Aires os ex-presidentes Felipe Calderón e Vicente Fox, do México; Iván Duque e Andres Pastrana, da Colômbia; Jorge Quiroga, da Bolívia; e Sebastián Piñera, do Chile. 

Todos assinaram, co Mario Vargas Llosa, pouco antes do segundo turno, um manifesto de apoio a Milei. Esse manifesto foi revelador de que Milei não tem nada a ganhar com a presença de Bolsonaro, mesmo que os dois tenham conversado pela internet depois da eleição.


A prova da desimportância de Bolsonaro é que o sujeito não foi convidado a assinar a declaração de apoio de ex-presidentes latino-americanos a Milei.

O grupo não quis Bolsonaro por perto e é provável que o brasileiro não tenha em Buenos Aires a recepção que espera ter.

A caravana brasileira pode ter os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Romeu Zema, de Minas; Jorginho Mello, de Santa Catarina; Ronaldo Caiado, de Goiás; e Ratinho Júnior, do Paraná.


Bolsonaro também vai levar Michelle, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o advogado e ex-ministro Social Fábio Wajngarten e os filhos Eduardo e Flavio. Outros deputados bolsonaristas podem integrar a excursão.

Espera-se que alguém evite que todos embarquem no mesmo avião. Ninguém imagina uma situação em que Carluxo, que não viaja, venha ser o único herdeiro e de peso do bolsonarismo.


Esconderam

JR Guzzo, o colunista preferido dos fascistas, publica seus textos em Zero Hora, mas o jornal decidiu esconder o colaborador.

Há pelo menos um mês os artigos do sujeito não têm chamada de capa na versão online do jornal, que nunca teve, nem na ditadura, um colunista tão reacionário quanto o jornalista do Estadão.


Tetravô

Está na capa do Estadão há quatro dias o alerta de que a família de Flávio Dino está no poder no Brasil desde o Império e que o tetravô do ministro ajudou Pedro II a combater uma rebelião.

Está lá em destaque a notícia, que já foi manchete do jornal, alertando que uma família poderosa domina o Brasil desde o Império, mas ninguém faz nada.

Depois não sabem por que este é o país da impunidade. O jornalismo remexe arquivos escondidos e descobre que uma família detém o poder no Brasil desde Pedro II, mas a descoberta é tratada com desdém.


A volta do negacionista

Eric Clapton retorna ao Brasil para três shows no ano que vem, em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Quem vai encarar?


Tem cada uma

Essa é de Eliane Cantahêde, também do Estadão:

"Tarcísio nega candidatura, mas lapida a imagem e já mira um partido: o PSD". Imaginem se a imagem não estivesse sendo lapidada.

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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Estadão pede foro privilegiado para o jornalismo que bajula a extrema direita. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: É bem bobinha a tentativa de transformar em controvérsia ética a divulgação de críticas ao Estadão com fotos da jornalista Andreza Matais. Andreza é editora do jornal e lidera a equipe encarregada de dar vida, fazer andar e transformar em ameaça à humanidade a agora famosa dama do tráfico.

www.seuguara.com.br/Andreza Matais/Estadão/

É boba, é colegial, é infantil, porque é mais uma controvérsia rasa e falsa. Tudo o que os jornais mais fazem é expor pessoas anônimas ou famosas em fotos e em textos. Muitas vezes de forma sumária e implacável.


As TVs também vivem de expor a cara de alguém em situações diversas, meramente informativas, edificantes, bajulatórias ou constrangedoras. O jornalismo expões, critica, ataca e julga Jesus Cristo, artistas, jogadores de futebol, políticos, engenheiros, empresários, o Papa e pessoas comuns.

É do que sempre viveu a imprensa das corporações, enquanto descansa de golpes e conspirações. O risco aumentou porque os grandes grupos cada vez mais misturam jornalismo e entretenimento para enfrentar a competição da internet.


Andreza não pode ser questionada pelo que faz? Não podem publicar suas fotos (como essa acima) junto com as críticas? O que é condenável no farto de publicarem fotos de Andreza, se o Estadão e todos os veículos de mídia vivem da exposição de imagens da vida alheia?

Ah, mas ela é jornalista.  E nessa condição, que alguns presumem ser superior, a jornalista deve ter alguma imunidade ou foro privilegiado? Por que Teria? Andreza pertence a alguma casta?


Publicar a foto de uma jornalista é um delito? Criticá-la é um crime? Questionar a veracidade das suas histórias sobre damas bandidas é perseguição?

Podem dizer também que Andreza não é uma figura pública. A maioria dos expostos pelo jornalismo das corporações é de pessoas sem vida pública. E poucas atividades são mais públicas do que o jornalismo.


Notícias que criminalizam pobres e negros têm fotos de pobres e negros. Já melhorou bastante, com a evolução dos códigos de ética, mas pobres e negros continuam expostos. 

A grande imprensa já expôs conversa privada de uma presidente do Brasil com um ex-presidente. Nunca pediu desculpas pelo crime. E nenhum deles estava cometendo delitos.

Nenhum deles homenageou damas de milicianos, não teve milicianos como vizinhos, não empregou parentes de milicianos, não recebeu cheques de milicianos para damas presidenciais. E os dois foram expostos.


I Estadão que se queixa de perseguição nas redes, e acusa até o governo de jogá-lo contra o que seria a turba das esquerdas, nunca escreveu uma linha, uma só, sobre a perseguição sistemática a jornalistas que atuam fora das corporações. 

São profissionais sem a proteção dos grandes grupos, ameaçados e caçados pelo assédio judicial de poderosos, porque dizem a verdade. Caçados e condenados em paróquias dominadas pelos endinheirados caçadores de cabeças.


O Estadão nunca defendeu os perseguidos pelo poder econômico porque é parte desse poder. É cúmplice de desmandos políticos desde a ditadura, com a qual acabou se desentendendo por interesses contrariados.

A imprensa que o Estadão representa não pode se considerar imune a críticas e nem a ataques mais duros por parte também de jornalistas. É do jogo.

É assim que joga parte dos seus quadros, alguns com posições declaradamente fascistas. Muitos dissimuladamente bolsonaristas. Do que o jornalão se queixa, se lincha publicamente quem considera inimigo?


O que o Estadão não admite é que a história da dama do tráfico é exagerada e foi construída como farsa para tentar conectar o governo à criminalidade. Poderia ser uma informação sobre um descuido.

Mas é um tentativa de insinuar que Flavio Dino e Lula convivem com mulheres de traficantes. A história da dama do tráfico é uma das mais escabrosas invenções recentes do jornalismo.

Inventada para inviabilizar Flavio Dino como alternativa de poder, para manter Lula acossado e para jogar para a extrema direita que sustenta e se lambuza com esse tipo de jornalismo.


Os mais antigos se lembram de uma entrevista de Otávio Frias Filho, quando o diretor da Folha recomendou, dando conselhos ao concorrente, que o Estadão se mantivesse conservador e austero, para preservar a faixa de público em que atuava. 

Otávio achava que só a Folha poderia se remoçar e ser atrevida e que o Estadão deveria continuar usando fraque e galochas e falando para o conservadorismo, no tempo em que os reacionários ainda não haviam sido absorvidos pelo fascismo. 

Otávio morreu em 2018. O conservador austero Estadão desprezou seus conselhos e hoje se dedica a inventar criaturas para atacar Lula. Otávio não poderia desconfiar que a extrema direita bolsonarista acabaria sendo o público preferencial do Estadão. 

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[Após atacar assessor da Secom, editora do Estadão sai do Twitter: "Andreza Matais, editora-executiva do Estadão, que divulgou nas redes sociais o salário do jornalista George Marques, assessor da Secretaria de Comunicação do geverno federal (Secom), depois que ele desmascarou uma mentira disseminada pelo jornal, desativou sua conta no X, antigo Twitter.

Andreza postou o valor do salário delem de 11;306,90, numa espécie de ameaça velada do tipo "de onde veio isso tem mais". Ou para mostrar que o dela é mais alto. Marques é servidor público e seu salário também. Mas a maldade irresponsável é visível. 

Ela havia publicado uma nota em suas redes desmentindo o Estadão sobre um empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco de Desenvolvimento da América Latina, CAF, à Argentina por suposta ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A reportagem diz que Lula teria atuado para facilitar esse empréstimo da CAF à Argentina, auxiliando assim o país em sua renegociação de dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Tal ação teria como objetivo favorecer o candidato peronista Sergio Massa nas próximas eleições argentinas, marcadas para o dia 22, contra o fascista Javier Milei."] 

[Clique aqui, para ler a matéria completa, publicada por Iurick Luz no DCM, em 05/10/2023]

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sábado, 18 de novembro de 2023

Política: 'Só um lugar pode conter o ímpeto do imbrochável arrependido'. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Os perguntadores podem continuar perguntando: por que Bolsonaro ainda ataca publicamente Alexandre de Moraes, para chamá-lo de mentiroso, como fez essa semana em entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre? 

www.seuguara.com.br/Jair Bolsonaro/imbrochável/Moisés Mendes/

Bolsonaro ataca Moraes ao vivo, aos brados, porque está solto. Se estivesse preso, poderia até dizer a algum interlocutor que o visitasse na cadeia que o ministro mente.

Mas ninguém além do entrono fascista ficaria sabendo. Como está em liberdade e circula por toda parte com desenvoltura, Bolsonaro ataca Moraes com a naturalidade dos impunes que precisam transmitir a sensação de que controlam pelo menos o futuro de curto prazo.


Outros da turma dele continuam atacando Moraes e o sistema de Justiça, e nem vale a pena dizer aqui os nomes dos agressores, alguns foragidos nos Estados Unidos.

Atacam porque se sentem fora do alcance da Justiça. Alguns estão certos de que o tempo passou e de que não serão enquadrados, ou se forem escaparão mais adiante. 


Já pegaram os manés, os terroristas amadores e até os financiadores de vans, lanches e banheiros químicos dos acampamentos e do 8 de janeiro. Mas ainda não chegaram a ninguém da turma da linha intermediária para cima.

Estão soltos e impunes os grandes financiadores do golpe, incluindo empresários milionários, entre os quais renomados sonegadores e lavadores de dinheiro, os militares e os filhos de Bolsonaro.


Estão livres e soltos os 79 citados no relatório da CPI da pandemia, com pedidos de indiciamento encaminhado há mais de dois anos ao Ministério Público.

Estão livres os listados pela CPI do Golpe. Estão soltos e faceiros os grandes transportadores e varejistas que bloquearam estradas para tentar impedir a posse de Lula.

Não foram alcançados até agora os planejadores e financiadores dos atentados a 16 linhas de transmissão de energia, com o objetivo de criar o caos para o golpe - ou alguém acredita que aquilo foi coisa de manés avulsos? 


Bolsonaro ataca Moraes porque precisa manter a base mobilizada. É o jeito de dizer que não teme o ministro, não tem medo de todo o Supremo e se adonou da certeza de que irá escapar.

Por isso, Bolsonaro disse na entrevista à Rádio Gaúcha que não afirmou, no palanque do 7 de setembro do ano passado, ao lado do véio da Havan e de Michelle, que era imbrochável.

O sujeito contestou a autoria da afirmação pública sobre sua condição de macho que não falha e aproveitou para atribuí-la a Moraes.


Esse é o trecho em que respondeu ao repórter Paulo Germano, ao ser questionado sobre a tentativa de fazer um coro com o público, repetindo aos gritos a palavra imbrochável naquele 7 de Setembro:

"Em primeiro lugar, quem falou imbrochável. É mentira, eu não falei em lugar nenhum isso. Se tem, por favor, vote no ar. Mentira do presidente do TSE. Mentiroso, parcial, defendeu o PT o tempo todo por ocasião das eleições. Então, é mentira essa questão de imbrochável".


Moraes seria responsável, segundo Bolsonaro, pela 'mentira' de que ele é imbrochável? E aí, se faz o quê? O que fazer se 30% dos brasileiros podem fingir acreditar que Moraes foi quem atribuiu ao sujeito a condição de infalível?  

O que fazer para que os outros 70% mantenham pelo menos a suspeita de que um dia Bolsonaro será contido, não só como inelegível, mas como criminoso comum e golpista?

Vão continuar entrevistando o imbrochável arrependido, porque ele está disponível e ainda fala pela extrema direita. E esse é o dilema dos que acham que um dia poderão pegá-lo.


A força política de Bolsonaro é uma incógnita que talvez só tenha a ser parcialmente desfeita nas eleições municipais do ano que vem. Que influência ele terá na reacomodação do poder municipal, das capitais às pequenas cidades?

Até lá, o cenário pode ficar imutável. Bolsonaro, segundo Bolsonaro, não disse que é imbrochável, não tentou dar o golpe, não mandou fraudar o cartão de vacina, não ficou com as joias das arábias, não deu ordens para que vendessem as joias, não negou vacina à população, não mandou exterminar com os yanomamis, não chefiou o gabinete do ódio.


É o que está valendo, enquanto o sistema de Justiça decide se não e bem assim. Por isso, por continuar solto e impune, o sujeito ataca Alexandre de Moraes, mais de um ano depois de perder a eleição para Lula.

O brasileiro democrata, que ainda confia nas instituições e continua esperando sem resignação, não pode ser levado a desistir de ver Bolsonaro na cadeia.

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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Barroso procura o centro que o gato comeu. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: O ministro Luis Roberto Barroso é o mais novo aliado dos que tentam resgatar o centro político brasileiro perdido, desiludido ou extraviado em meio à expansão do fascismo. É como a brincadeira sem fim do cadê o toucinho, o gato comeu, cadê o gato, fugiu pro mato, cadê o mato, Bolsonaro queimou, cadê Bolsonaro, está engolindo o centro.

www.seuguara.com.br/Luis Roberto Barroso/STF/centro/Moisés Mendes/

Cadê tudo o que sumiu no Brasil, e não só o centro? Cadê a universidade militante? Cadê os estudantes? E os sindicatos? E a Igreja Católica? E os empresários liberais?

Cadê a dinâmica política decisiva na luta contra a ditadura, que só foi em frente porque também ecistia um centro estabilizador?


Barroso disse em palestra no seminário promovido pelo Estadão sobre O Papel do Supremo nas Democracias:

"O pensamento conservador no mundo foi capturado pela extrema direita e por um discurso de intolerância, misógino, homofóbico, antiambientalista. O centro precisa recuperar esse espaço, recuperar essas pessoas".


Essas pessoas, ministro, perderam referências de centro porque o gato comeu o centro e ainda se lambuza com o banquete.

Não foi o pensamento conservador que murchou ou acabou ao ser capturado pela extrema direita.


O pensamento ainda existe, mas foi jogado em algum canto. O que o fascismo capturou foi o vasto contingente de líderes conservadores que se aliaram à extrema direita no Brasil e em outros países, entre os quais os Estados Unidos.

Eles abandonaram o pensamento conservador, que perdeu serventia. Aqui, líderes de todas as áreas, e não só os políticos, deixaram-se capturar pelo bolsonarismo.


Barroso sabe que na semana passada morreu Claudio Bardella, um dos empresários que puxaram o questionamento da ditadura pelas elites, no fim dos anos 70.

Bardella liderava a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) e as falas e ações de grupos liberais no Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

Foram daquela turma, alguns com mentes brilhantes, Antônio Ermínio de Moraes, Severo Gomes, Luís Eulálio Vidigal, Paulo Villares, Jorge Gerdau Johannpeter, Mario Amato, José Mindlin, Laerte Setúbal Filho, Paulo Vellinho, Paulo Cunha.


Muitos eram assumidamente anticomunistas, outros eram terrivelmente conservadores em questões políticas e econômicas. Mas não eram fascistas nem reacionários nos costumes a ponto de negar a arte, a ciência, a vacina, os avanços civilizatórios.

Hoje, nenhum deles chamaria para um cafezinho o véio da Havan. Pois o líder do empresariado brasileiro, em tempos de hegemonia da extrema direita bolsonarista citada por Barroso, foi o véio da Havan.

www.seuguara.com.br/Véio da Havan/Luciano Hang/

Mais do que uma base social de extrema direita, porque a maioria da população não tem lastro para embasar suas atitudes e escolhas em posições ideológicas, o que temos é uma elite assumidamente fascista ou cúmplice do fascismo pelo silêncio.


É uma situação generalizada. Na semana passada, o jornalista Alfredo Zaiat perguntou em artigo no jornal Página 12: por que o poder econômico argentino está silencioso diante da ameaça representada por Javier Milei?

Estão em silêncio os líderes das grandes entidades empresariais do país, começando pela União Industrial Argentina. Calam porque Milei comeu o toucinho da velha direita que vinha sendo representada pelo macrismo.


E assim a direita sem forças vai sendo engolida todos os dias pela extrema direita. O 'liberal' Mario Vargas Llosa puxou um manifesto pró-Milei, com a assinatura de oito ex-presidentes latino-americanos.

A direita entregou o que restava de reputação ao fascismo regional. Vargas Llosa não se envergonha de assinar uma carta aberta em que o extremista argentino é apresentado como defensor das liberdades.


O centro político hoje vacilante, que entrou em colapso e pode estar a caminho do fim, é parte da explicação do poder da extrema direita.

Bolsonaro e Milei só existem porque os conservadores desistiram de ser o que sempre foram para agora se submeter à missão de serviçais de fascistas. 

Não é uma tarefa, não é mais uma empreitada, é uma missão subalterna, mas com visão e objetivos de médio e longo prazos.

Poderemos estar descobrindo, ministro Barroso, que boa parte do antigo centro era a extrema direita enrustida à espera de vozes que a fizessem falar.


VIA

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sábado, 11 de novembro de 2023

Anne Frank não entenderia. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: Grupos neonazistas são monitorados e muitas vezes presos por delegacias especializadas em todo Brasil. São contidos e processados. Há também uma brava gente dedicada à compreensão das ações e da militância criminosa de células neonazistas em expansão no Brasil. Todos, dos policiais a promotores, juízes e pesquisadores de várias áreas, que tentam conter ou analisar o neonazismo no Brasil, correm riscos. Mas qual é o interesse dos judeus nessas abordagens?

www.seuguara.com.br/Anne Frank/judeus/neonazistas/Moisés Mendes/

Entre judeus de direita, é possível que o interesse seja quase zero. Mesmo que existam, como há em Porto Alegre, neonazistas condenados e presos por agressão a judeus nas ruas. Mesmo que ele continuem organizados para atacar judeus, negros, gays e indígenas.


O Brasil perdeu este ano duas bravas mulheres dedicadas ao combate ao nazismo. A antropóloga e pesquisadora Adriana Dias, que provou a conexão do bolsonarismo com neonazistas, e a delegada Andréa Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre.

Mas o pesquisador e historiador Michel Gherman, do Centro Vital Sasson de Estudos de Anti-Semitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém, sabe que o neonazismo que preocupava Adriana e Andréa não é uma das preocupações prioritárias de judeus alinhados aos bolsonaristas.


Gherman também estuda essa relação neonazismo-bolsonarismo e o alcance de ideias e ações racistas aplicadas à tentativa de destruição dos povos yanomamis, por exemplo.

Mas ele e outros pesquisadores sabem bem que a preocupação majoritária das comunidades judaicas há muito tempo é com a "ameaça muçulmana ", em especial a da identificada com os palestinos.

Por isso, uma explicação possível e obviamente ululante, para o fato de judeus de direita sentarem-se ao lado de fascistas ligados a neonazistas no Brasil, é essa mesma: judeus se aliam a supremacistas que se dizem inimigos dos palestinos.


Neonazistas juramentados, alguns sob investigação, são terrivelmente ligados ao bolsonarismo. São militantes do nazismo e do bolsonarismo, porque os ativismos se confundem.

Judeus de extrema direita sentam-se com eles porque a retórica desses grupos é a do ataque aos palestinos. O fascista brasileiro, que joga para a torcida neopentecostal, fideliza esse contingente religioso que adora Jerusalém como a terra santa dos judeus, e só deles, e para onde Jesus irá voltar. 

www.seuguara.com.br/Jair Bolsonaro/embaixador de Israel/

O neonazista bolsonarista vende essa farsa para os judeus e consegue o que deseja com facilidade. São antipalestinos, porque isso significa ser contra as posições da maioria das esquerdas, e são pró-Israel para fazer média com judeus e evangélicos.

Mas eles são mesmo neonazistas que dizem amar Israel e os judeus. Parece complicado, mas é simples. Não se lê uma linha, não se ouve um comentário de um judeu de direita atacando o nazismo bolsonarista. Não há nada que questione esse apoio da extrema direita brasileira a Israel e aos judeus.


Judeus históricos já mortos, marcados pela resistência ao nazismo, não entenderiam hoje essa relação. Anne Frank ficaria constrangida e com medo ao ver seu povo sendo cortejado por neonazistas aliados de Benjamin Netanyahu.


VIA

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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Os tios do zap de Bolsonaro e os jovens do TikTok de Milei. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: O fenômeno Javeir Milei oferece um consolo aos brasileiros, nas tentativas de comparação entre o argentino e Bolsonaro e entre as bases da extrema direita lá e cá. Algumas coisas nos favorecem quanto ao tamanho das ameaças. Numa das simplificações possíveis, para que algumas abordagens sejam aprofundadas, pode ser dito que o bolsonarismo nasce e se mantém sobre um eleitorado já envelhecido. E que o mileinismo tem seu alicerce nos jovens.

www.seuguara.com.br/Jair Bosonaro/Javier Milei/eleitores/Zap/TikTok/

É o que reafirmam pesquisas mais recentes sobre intenção de voto no segundo turno, que acontece dia 19 de novembro. Os jovens mantêm Milei competitivo e é deles que o extremista depende para o curto e o médio prazos.


Para relembrar, às vésperas da eleição no primeiro turno, em 22 de outubro, uma pesquisa da consultoria Analogia revelou que 40,6% dos eleitores de 16 a 29 anos estariam dispostos a votar em Milei. Com uma maioria de homens, como acontece em relação ao eleitorado total.

O diretor do Grupo de Estudos de Desigualdade e Mobilidade do Instituto Gino Germani, Eduardo Chávez Molina, analisou o perfil desse eleitor de Milei e concluiu que em cada quatro jovens da sua base há apenas uma mulher.


Também na Argentina o lastro da extrema direita é de machos, e há detalhes interessantes. Molina mostra que, se restringir o que chamam de jovens à faixa de 16 a 23 anos, os que declaram vínculos e fidelidade a Milei são apenas 21% do total, contra 32% de peronistas.

Quanto Mais jovem, menos o argentino seria ligado às ideias do extremista. O jovem argentino que simpatiza ou confia em Milei estaria mais perto dos 30 anos do que dos 20. É um jovem maduro, mas é jovem.

www.seuguara.com.br/Javier Milei/Eduardo Bolsonaro/

A mais recente pesquisa de intenção de voto da Analogia para o segundo turno, que acontece em 19 de novembro, foi resumida assim pelo jornal Página 12:

Sergio Massa, segundo os resultados desse levantamento, lidera com 42,4%, com maioria de votantes mulheres entre 45 e 59 anos. Milei obteve 34,3%, com uma maioria de votantes homens dos segmentos jovens entre 16 e 29 anos. 


O jornal destaca as mulheres de Massa e os jovens de Milei. No Brasil, uma pesquisa hoje poderia destacar os homens velhos de Bolsonaro, porque seu contingente de jovens é baixo, quase precário, segundo divisão por estratos feita pela DataFolha em julho de 2022. No grupo de 16 a 24 anos, Bolsonaro contava com apenas 24% do eleitorado. Lula tinha 54%.


A base do eleitorado de Bolsonaro é o macho branco, com curso superior, de classe média, com idade acima de 40 anos. É uma base com forte participação de neopentecostais. O eleitor que dá lastro a Milei é o jovem de até 30 anos, sem influências religiosas relevantes.

Não há jovens entre a militância que foi às ruas no 8 de janeiro e invadiu Brasília. Manés e terroristas presos eram em maioria homens (60% do total, segundo o Ministério Público Federal) e com idades predominantes entre 36 e 55 anos.


A radicalidade da afronta bolsonarista é coisa de quase-idosos, o que não fecha com o perfil médio histórico de participantes de ações políticas agressivas antissistema.

Eles estão, quanto à faixa etária, mais próximos do invasor trumpista do Capitólio em 2021, já indiciado e processado, que tem idade média de 42 anos.


Comparações entre perfis econômicos e de classes sociais são mais complexas e arriscadas, tento em relação aos americanos quanto aos argentinos, no confronto com brasileiros simpatizantes da extrema direita.

Mas na comparação com a Argentina, a idade é um bom indicador, nas tentativas de espelhar Milei e Bolsonaro e suas bases sociais. Ambos são fenômenos acionando machos que se dizem antissistema, desiludidos e/ou com índole fascista, mesmo que com frágil sustentação ideológica.


O resto, principalmente quanto às posições e expectativas que provocam e provocaram na economia e nos costumes, não é tão simples. 

Para o eleitor tiozão de Bolsonaro, o moralismo é uma verdade ou uma farsa fundamental para sua inserção na extrema direita, como ativista ou apenas como eleitor. Ele também é na essência um antilulista.


O eleitor jovem de Milei é alguém compressa para encontrar um novo milagre para suas misérias e desilusões, como foram os 10 anos de dolarização de Carlos Menem, que ele nem viveu, e com preocupações secundárias com temas (aborto, drogas, gays, armas, militares) que mobilizam o ódio, o preconceito e o reacionarismo bolsonaristas.


As diferenças se acentuam na capacidade de ativismo, de militância real. Milei levou jovens pobres às ruas, Bolsonaro levou seus homens carecas ricos e de classe média às motociatas.

www.seuguara.com.br/Javier Milei/Argentina/eleitorado/

Milei tem forte apoio virtual da geração TikTok na internet. Bolsonaro tem os tios do Zap e dos tuítes. Dizer que ambos são bons no manejo das redes sociais é reduzir esse mundo a algo homogêneo. Bolsonaro nem sabe o que é TikTok.


Pesquisadores têm à disposição um bom material para investigar muitas suspeitas, como a de que o eleitorado jovem de Bolsonaro pode ter encolhido entre 2028 e 2022.

Como elemento para traçar perspectivas de futuro, a base jovem oferece ao mileinismo bem mais chances do que a base velha do bolsonarismo. Milei, mesmo que perca a eleição, tem um eleitorado com a vitalidade da juventude e da renovação.

Bolsonaro tem seus tios, que podem cansar diante de novas derrotas e desencantos e da possibilidade real de vê-lo na prisão.


VIA

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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Uma família pode buscar a trégua com as milícias do Rio. Por Moisés Mendes

Originalmente publicado por Moisés Mendes, em seu blog: Setores da política com vínculos ou com conhecimento sobre o funcionamento das facções milicianas do Rio têm um desafio que devem enfrentar, como a parte dos esforços para pacificar a cidade. Líderes políticos, com ou sem mandato, podem convocar uma reunião de cúpula dos chefes do crime, como os mafiosos faziam em Chicago. É só querer agir em nome do fim da guerra. 

www.seuguara.com.br/milícias/Rio de Janeiro/vínculos/Moisés Mendes/

Parece, mas não é ironia. Nessa terça-feira, na entrevista ao Roda Viva, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação do governo, lembrou das conexões da família Bolsonaro com milicianos.

"São notórias as investigações que demonstram a relação histórica do Bolsonaro e dos familiares com o crime organizado e com a milícia no Rio de Janeiro", disse Pimenta. 


fatos e farta documentação sobre esses vínculos. A família Bolsonaro pode não ter mais o poder que chegou a ter, mas detém reservas de influência numa área que está no lastro político de muita gente no Rio.

Os Bolsonaros já não têm mais condições de manobrar com a estrutura militar. Não têm o que oferecer  ao Centrão. Daqui a pouco não terão o que retribuir ao PL. Mas ainda podem ter pontos de contato com as milícias.


A família Bolsonaro já homenageou milicianos. Bolsonaro visitava na cadeia o miliciano Adriano da Nóbrega, executado na Bahia. Há exemplos de negociações dos Bolsonaros com criminosos.

A jornalista Juliana Dal Piva contou no UOL no ano passado que em 2004 Bolsonaro e o filho Flavio negociaram com policiais criminosos presos amotinados no Rio. 


Adriano era um dos participantes do motim e depois iria virar miliciano. O sociólogo Paulo Baía, que havia sido subsecretário de Direitos Humanos do Rio, foi chamado pelo então deputado estadual Flavio Bolsonaro para as negociações.

"O principal interlocutor do Flavio era o Adriano", contou o sociólogo a Juliana Dal Piva. Segundo Baía, o motim teria sido uma farsa para que o filho de Bolsonaro brilhasse como negociador com policiais que agiam como bandidos. "Um  circo armado para projetar Flávio Bolsonaro", disse o sociólogo.


Os Bolsonaros entendem do assunto, têm expertise. A origem das milícias está nas polícias que eles conhecem bem há muito tempo.

Podem estar desatualizados, pela concentração de atividades em Brasília a partir de 2018, mas sabem como funciona a partilha de territórios em guerras internas e em conflito permanente com o Estado. 


A extrema direita brasileira, e não só os Bolsonaros, têm desqualificado as tentativas de Lula de fazer a intermediação da paz na ONU para conter a matança em Gaza.

Os líderes dessa extrema direita têm a chance de chamar uma reunião de cúpula das milícias e apresentar resoluções pela paz no Rio.

Líderes respeitados pelos milicianos podem oferecer sua contribuição para conter o terror na cidade. Que chamem os chefes e negociem. Que cada um cuide da ONU que lhe cabe.


Abaixo, um vídeo em que Bolsonaro revela o que pensa sobre as milícias.



E aqui elogios, na tribuna da Câmara, um discurso em defesa de Adriano da Nóbrega.



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