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terça-feira, 15 de outubro de 2024

A quem interessa apequenar o Supremo?

Por Paulo José Cunha*, colunista do Congresso em Foco: Nem precisa ir muito longe. Basta abrir a Constituição e logo em seu artigo 2º lê: "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário". Ou seja, os poderes têm autonomia para atuar. Mas o Supremo, como diz o nome, é o poder com competência para interpretar a Constituição. Portanto é dele a última palavra sobre qualquer pendência jurídica. E mais: a divisão dos poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - é um critério de organização que não pode ser abolido, pois é cláusula pétrea da Carta Magna. Só pode ser alterado por uma Constituinte legal e formalmente convocada para tal fim.

www.seuguara.com.br/ameaça/STF/

Portanto, qualquer mudança na própria Constituição terá de ser respaldada pelo... Supremo! Inclusive as que pretendem reduzir os poderes do... Supremo!

Justamente por isso a tentativa de alterar a Constituição com a finalidade de reduzir o grau de competência do STF, como preveem diversas propostas em análise no Congresso, tem jeito, gosto e fedor de golpe. De golpe e retaliação ao Supremo e seus integrantes, notadamente ao ministro Alexandre de Moraes, que virou pedra no sapato dos bolsonaristas depois de mandar pro xilindró os golpistas do 8 de janeiro e alguns dos autores de atos atentatórios ao estado de direito, como o deputado Daniel Silveira, que, entre outras imbecilidades, publicou vídeo nas redes sociais defendendo a volta do AI-5, o documento mais violento da ditadura de 64. Além do mais, foi Moraes quem presidiu a sessão do TSE que declarou a inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos. Tudo dentro da lei e das competências dele e do Supremo Tribunal Federal.


Não por acaso, alguns projetos aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (de maioria de bolsonaristas e presidida por uma bolsonarista declarada, a deputada Carolini de Toni), facilitam a abertura de pedidos de impeachment de ministros do Supremo. Adivinha para qual deles está apontada a mira? Um dos projetos, de autoria do deputado-pastor Sóstenes Cavalcante, (PL-RJ), estabelece o prazo de 15 dias para a Mesa Diretora do Senado - leia-se: o Presidente do Senado - decidir o que fará com pedido de impeachment protocolado na Casa.


Curioso, né? Só pra refrescar a memória: ainda em setembro passado, um pedido de impeachment contra, sabe quem? Ele mesmo: Alexandre de Moraes!, aguarda parecer da Mesa do Senado. Seu presidente, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vem sendo duramente criticado por se recusar a por em tramitação o pedido de impeachment de Moraes. E vem sendo acusado de omissão e de não dar "uma resposta ao país".


Além disso, há propostas limitando as decisões monocráticas de ministros do STF, classificadas como autoritárias. O detalhe é que elas existem justamente para dar maior celeridade ao Judiciário, evitando que a procrastinação beneficie o réu em detrimento da parte atingida. Se as decisões monocráticas forem mesmo autoritárias, nada mais monocrático do que o poder dos presidentes da Câmara e do Senado para por pra andar ou para brecar iniciativas de impeachment de ministros do Supremo. E aí, como ficamos no meio desse puxa-estica? 


Os constituintes de 1988 demoraram um ano e meio para escrever a "Constituição Cidadã", como foi batizada no dia de sua promulgação pelo deputado e presidente da Câmara Ulysses Guimarães. A própria Constituição já previa uma revisão dela, que veio a ocorrer em 1993. Mas, à época sequer se tocou no tema das decisões monocráticas, que só vieram à baila agora, 36 anos depois, justamente quando decisões monocráticas de ministros do Supremo estão ferindo interesses dos grupos bolsonaristas, exatamente os que atingiram em cheio as prerrogativas do estado democrático de direito. 


Por tudo isso, o Presidente do Supremo, Ministro Luís Roberto Barroso, mandou um recado claro ao Congresso quando afirmou que "no mundo plural, não existem unanimidades. Porém, não se mexe em instituições que estão funcionando e cumprindo bem sua missão por injunção dos interesses políticos circunstancias e dos ciclos eleitorais". 


E é precisamente o que está acontecendo, seja na tomada de decisões que defendem a democracia, contra a qual se insurgem bolsonaristas golpistas. Seja por sentirem seus interesses pessoais feridos, como foi o caso da paralisação dos repasses de emendas parlamentares. Paralisação determinada - em decisão monocrática posteriormente referendada pelo pleno do Supremo - pelo ministro Flávio Dino. Esses interesses ficaram muito claros no resultado das últimas eleições. 


Na maioria dos municípios beneficiados com emendas parlamentares seus prefeitos forma reeleitos. E os deputados, autores dessas emendas, se aproveitarão delas para engordar os discursos nas campanhas em que estarão envolvidos daqui a dois anos. Emendas parlamentares, principalmente as tais de emendas pix, aquela que o autor não precisa identificar o destino dos recursos, só servem para engordar o capital eleitoral dos autores. Simples assim.


De resto, o chamado "pacote anti-STF" não passa de um conjunto de propostas eivadas de ressentimentos, retaliações e orgulhos próprios feridos. Basta conferir a autoria, ou seja, de onde elas vêm e o perfil dos que as elaboram e apresentaram, par perceber o objetivo oportunista e fascista embutido em cada vírgula. Ainda bem que os plenários tanto da Câmara como do Senado não têm o mesmo perfil ideológico da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde a bancada bolsonarista permitiu que essas propostas passassem com muita facilidade. Nem por isso é hora de ensarilhar as armas. 


É hora, isto sim, de as forças democráticas novamente ocuparem os palanques, as ruas e as redes sociais em pressão pela derrubada delas, a fim de que se preserve a "plantinha frágil e tenra", como Otávio Mangabeira se referia à preciosa democracia. Sem esquecer que se o preço da liberdade é a eterna vigilância, como dizia Thomas Jefferson, o preço da democracia... também.


*Paulo José Cunha é escritor, jornalista e professor da UnB. Foi repórter da Rede Globo, do Jornal do Brasil, de O Globo e também trabalhou na Rádio Nacional e na TV Câmara. Entre outros livros, escreveu A Noite das Reformas, sobre a extinção do AI-5.

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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Ministros do STF mandam alerta a Congresso sobre PEC contra decisões

Por Igor Gadelha, colunista do Metrópoles: Ministros do STF mandaram um alerta a lideranças do Congresso Nacional sobre a PEC que limita as decisões monocráticas de integrantes da Corte. A proposta, que já passou pelo Senado, foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do Deputados nesta quarta-feira (9/10). 

www.seuguara.com.br/STF/Supremo/Congresso nacional/decisões monocráticas/PEC/

Em conversas reservadas, ministros do Supremo alertaram parlamentares do quem veem como um "risco": o fato de a PEC não ter nascido no Judiciário, e sim do Senado.

Os magistrados lembram que a Constituição Federal exige que as mudanças nas regras do Judiciário devem ser propostas pelo próprio poder e enviadas ao Congresso.


Ministros do STF veem cenário "temerário"

 

Esse vício de origem da PEC é visto por integrantes do STF como "temerário" e deve levar a própria Corte a decretar a inconstitucionalidade da proposta.

Nesse cenário, ministros do Supremo admitem que a PEC analisada pelo Congresso tem grande potencial para gerar uma nova crise entre os poderes Legislativo e Judiciário.

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sábado, 20 de janeiro de 2024

TSE cria canal direto com Anatel para agilizar bloqueio de fake news durante elieções

Por Augusto de Sousa, no DCM: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes, estabeleceu um marco importante na luta contra conteúdos criminosos na internet ao fechar um acordo de cooperação técnica com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A parceria visa criar um canal direto e ágil para o bloqueio judicial imediato de sites com conteúdo ilícito e fake news, principalmente em período eleitoral. 

www.seuguara.com.br/TSE/Anatel/bloqueio/fake news/eleições/

O acordo, assinado entre o TSE e a Anatel, estabelece um fluxo de comunicação eletrônica célere e direto entre os órgãos. O objetivo é facilitar o cumprimento de decisões judiciais relacionadas ao bloqueio de sites com conteúdo criminoso em tempo real.


Ao site do governo, Mores enfatizou a importância de aplicar as mesmas regras no mundo virtual que são aplicadas no mundo real. "Não basta a prevenção. Não basta a regulamentação prévia. Há a necessidade de sanções severas", ressaltou Moraes.

Carlos Baigorri, presidente da Anatel, destacou que o acordo visa integrar os sistemas para que a Anatel possa cumprir as decisões da Justiça Eleitoral de maneira mais rápida, protegendo assim o eleitor e o processo eleitoral. O compromisso conjunto á agir com eficácia e celeridade diante de ameaças virtuais.


Além de seguir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), o acordo estabelece que os órgãos devem fornecer apoio técnico e logístico para alcançar os objetivo propostos. Informações e orientações também serão compartilhadas para garantir o cumprimento das obrigações estabelecidas.

A parceria entre Anatel e TSE encontra fundamento legal no Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014). Esse marco estipula a responsabilização por publicações de conteúdos criminosos nas redes sociais, deixando claro que o usuário que elaborou e publicou tal conteúdo é passível de responsabilização legal.


Durante a 13ª edição do Fórum da Internet no Brasil, em Uberlândia (MG), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, destacou a capacidade técnica da Anatel para regular as plataformas digitais. A agilidade da Anatel é crucial para oferecer respostas imediatas, evitando demoras na criação de novos órgãos reguladores.

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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Senado aprova restrição ao poder do STF: ministros não poderão votar sozinhos

Por Patrícia Faermann, no GGN: O plenário do Senado conseguiu aprovar, nesta quarta-feira (22), a PEC que limita o poder dos ministros do STF, ao proibir o chamado voto monocrático. A medida é uma ofensiva da oposição e do centrão ao Supremo Tribunal Federal.

Os votos monocráticos são aqueles nos quais o ministro relator, responsável por determinado processo, toma uma decisão única, individual, que já passa a valer juridicamente. Somente quando um outro ministro, presidente da Corte ou o próprio relator considera necessário é que a ação é julgada por todos os ministros do STF.


O que diz o texto

Aprovada em dois turnos, a jato, no Senado, o texto seguirá agora para a Câmara, antes de começar a valer. Com ela, os ministros e também desembargadores não poderão suspender contrariar leis e atos do Executivo e do Congresso.

De autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e relatoria de Esperidião Amin (PP-SC), a proposta de emenda proíbe que os ministros tomem decisões sozinhos em uma serie de casos, incluindo a suspensão de lei ou ato do presidente da República, do Senado, da Câmara ou do Congresso.


Embate entre Poderes?

Apesar de limitar o poder do Judiciário, para o autor da PEC, Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), a proposta não teve como objetivo prejudicar a relação entre os Poderes ou embate de competência.

A proposta permite que decisões monocráticas sejam tomadas pelos ministros da Corte exclusivamente em situações de grave urgência ou risco de dano irreparável durante recessos do Judiciário. O texto também estabelece prazos para pedidos de vista em julgamentos do colegiado do Supremo.

A pauta será analisada, agora, pelos deputados, que também precisam aprovar em dois turnos antes de entrar em vigência.


A "anti-política"

Na TVGGN, o cientista político e historiador Carlito Neto comentou este e outros embates que os parlamentares estão gerando e caracterizou como um movimento da "anti-política" bolsonarista no Congresso.

"A gente está num governo de coalizão não por opção, mas por necessidade. O bolsonarismo ainda é forte, a prova é a quantidade de parlamentares que eles conseguiram eleger tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal. (...) E eles continuam fazendo o uso da anti-politica."


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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Toffoli, que impediu Lula de ir a velório do irmão, diz que prisão foi um erro. Por Leonardo Sakamoto

Publicado originalmente por Leonardo Sakamoto, em sua coluna no Uol: Dias Toffoli vem buscando uma reaproximação desde que Lula venceu as eleições. Indicado por ele ao STF, o ministro engou que o petista fosse ao velório do irmão, em 2019, enquanto estava preso. Agora, diz que a prisão de Lula foi "um dos maiores erros judiciários da história do país". Toffoli aproximou-se do bolsonarismo, oferecendo pontes. Acreditava que, dessa forma, ele estaria evitando a tentativa de um golpe - tentativa que aconteceu, mesmo assim, no último dia 8 de janeiro.

www.seuguara.com.br/Lula/Dias Toffoli/

As pontes foram explícitas. Em evento sobre os 30 anos da Constituição Federal, em outubro de 2018, quando a vitória de Jair era eminente, o ministro afirmou que preferia chamar o golpe de 1964 de "movimento" - uma minimização grosseira do que foi o Estado de Exceção e uma falsa equivalência entre as responsabilidades da ditadura e dos contrários a ela.

Também disse que o erro das Forças Armadas foi não terem saído após o golpe e não o golpe em si, o que representa um bullying pesado contra os familiares daqueles que perderam a vida lutando contra o regime. E uma passada de pano naquilo que veríamos nos anos seguintes.


Pessoas próximas a Toffoli lembram que foi ele que autorizou, como presidente do STF na época, a abertura do inquérito das fake news em março de 2019. Vale lembrar, contudo, que o inquérito nasceu por ataques a ministros da corte. Foi o ministro Alexandre de Moraes, escolhido como relator, quem desdobrou as investigações como contraponto às ações antidemocráticas do bolsonarismo.


Lula não esquece que Toffoli negou que ele fosse ao velório do irmão, Vavá, em janeiro de 2019, enquanto ele estava preso na Polícia Federal em Curitiba.

O pedido já havia sido negado pela juíza federal Carolina Lebbos, da 12ª Vara Criminal de Curitiba, e pelo desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região - que concordaram com a posição contrária da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A justificativa tosca é de que poderia haver confronto entre apoiadores do presidente e forças policiais. Ou até tentativa de fuga.

Ora, se Lula teve possibilidade de fugir antes de ser preso e não quis, por que tentaria naquele momento?


O caso chegou a Toffoli que autorizou apenas que ele se encontrasse com familiares em uma unidade militar (!) com a possibilidade de que o corpo do irmão (!!) fosse levado até lá antes do enterro (!!!). A decisão também veio em cima da hora. Com isso, o petista agradeceu e desistiu de ira até São Bernardo. Mas ficou a mágoa.

Não liberar Lula para o velório foi uma forma de tortura institucional. Quando é necessário "quebrar" a pessoa, mental e fisicamente, pelo que ela é, pelo que representa e pelo que defende, ela é utilizada como ferramenta, tal como na ditadura. Pois não é apenas um ser humano que se dobra a cada golpe psicológico, mas também uma visão de mundo.


Na época, a decisão judicial foi tão ruim, mas tão ruim que acabou sendo criticada até por inimigos de Lula. Com a repercussão negativa do caso de Vavá, a Lava Jato não cometeu o mesmo equívoco novamente e o liberou para ir ao velório do seu neto, Arthur Lula da Silva, morto aos sete anos de idade, dois meses depois.

Não houve confrontos com forças de segurança, e Lula não tentou fugir, voltando para sua cela. Onde ficaria por 580 dias até que fosse solto e o STF cancelasse a condenação por vícios do processo e parcialidade do juiz e da acusação.


Vale lembrar que o artigo 120 da Lei de Execução Penal permite que todos os condenados possam receber autorização para sair temporariamente da prisão em caso de falecimento de familiares.

Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, contou que Toffoli pediu perdão a Lula pelo episódio na cerimônia de diplomação de Lula, que ocorreu em 12 de dezembro do ano passado, no Tribunal Superior Eleitoral.


Sua decisão que anulou provas obtidas pela força-tarefa da Lava Jato junto à Odebrecht, determinando que sejam apuradas as responsabilidades dos agentes públicos que tenham atropelado a lei, é mais um passo na tentativa de aproximação. 

"Digo, sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e aos próprio STF. Ovo esse chocado por autoridades que fizeram desvio de função, agindo em conluio para atingir instituições, autoridades, empresas e alvos específicos", diz Toffoli, que herdou o caso com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski.


A declaração é verdadeira. Pena que soa como indicativo de uma metamorfose ambulante de acorodo com o governo de ocasião.

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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Maierovitch e os inconformistas de Roma. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, em seu blog: A mais frustrante contribuição ao debate sobre os limites do Supremo foi oferecida pelo jurista Walter Maierovitch. Porque, pela qualidade do autor, teve o poder de abalar expectativas. Maierovitch analisa o caso da agressão a Alexandre de Moraes em Roma, em artigo recente no UOL.

www.seuguara.com.br/Wálter Maierovitch/jurista/agressão/Alexandre de Moraes/

Faz um longa defesa da igualdade de tratamento a todos os cidadãos por parte do sistema de Justiça e conclui que o ministro está sendo, como vítima, privilegiado pelo Supremo.


O jurista enumera as deliberações do STF, a partir do momento em que o tribunal "chama para si a competência do caso Moraes". 

E critica a busca e apreensão na casa dos agressores à centralização de toda a investigação na Corte onde o ministro trabalha.

A argumentação é límpida. Maierovitch não tem o dom do gongorismo da maioria dos colegas juristas. Como também é límpido o desfecho do texto, com a seguinte conclusão: 


"Pelo apurado até o momento, os ataques a Moraes e aos seus familiares não foram 'orquestrados', adrede preparados. Os irrogados agressores desconheciam a presença de Moraes na Itália e nem sabiam de embarque no dia fatídico. Surpreendidos, revoltaram-se e atacaram por puro inconformismo". 

www.seuguara.com.br/Alexandre de Moraes/agressão/

Depois de classificar como graves os ataques dos Mantovani a Moraes e à sua família e dizer que houve "incivilidade e ingresso na órbita do direito criminal", Maierovitch resume o que ocorreu a um gesto acionado pelo inconformismo repentino, num momento de surpresa.

Acerta, porque não há como errar, no enquadramento genérico da agressão, mas pode ter errado na definição do gesto dos agressores. O que aconteceu teria sido um ato de inconformistas, mas não planejado.


No que isso ajuda na compreensão da agressão no contexto de todas as agressões não planejadas não só a ministros do Supremo?

Nada. Zero. Há mesmo a atenuante do fortuito nos ódios inconformistas que se manifestam com ou sem surpresas?


Por inconformismo com alguma coisa, um torcedor do Flamengo jogou uma garrafa num grupo de torcedores do Palmeiras e matou Gabriela Anelli, de 23 anos.

Seu inconformismo poderia ter provocado ferimentos, mas não a morte. E seria apenas inconformismo. Virou um assassinato. 

www.seuguara.com.br/Gabriela Anelli/palmeirense/morte/

Por puro inconformismo pelo assassinato de um colega, policiais da PM de Tarcísio de Freitas invadiram o Guarujá e mataram mais de 10 pessoas. Poderiam não ter matado. Poderiam ter detido os suspeitos.

Por inconformismo, o preparador físico do Flamengo deu um soco na cara do jogador Pedro dentro do vestiário.


Foram inconformados e inconformistas da extrema direita que se reuniram, em novembro do ano passado, em torno de um restaurante em Porto Belo (SC) e expulsaram o ministro Luis Roberto Barroso e a família da cidade às 4h da madrugada.

Por puro inconformismo, em maio do ano passado um grupo de empresários de Bento Gonçalves avisou que o ministro Luiz Fux, presidente do STF, não deveria aparecer para uma palestra na cidade. O que aconteceria se o ministro decidisse ir e enfrentá-los?


Inconformistas estão por toda parte, desde tempos bíblicos. Muitos matam as mulheres por inconformismo moral por impulso, de surpresa, numa discussão.

Foram inconformistas abrigados à porta de quartéis que invadiram Brasília no 8 de janeiro e destruíram instalações dos três poderes.


Fui procurar, como leigo e ainda curioso, onde se encontra a palavra inconformismo em algum texto legal que trate de delitos dos inconformados na política.

Achei aqui, na Lei 7.170, no artigo 20 do título segundo, que relaciona esses crimes e as suas penas: 

"Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos". 


Esse artigo é da Lei de Segurança Nacional, revogada em 2021. A palavra inconformismo, citada na sequência de terrorismo, tinha ali a função do complemento. No texto de Maierovitch, se apresenta quase como um eufemismo contemporizador.

São outras as palavras definidoras das atitudes de inconformados e inconformistas que perseguem ministros do STF em tempos anormais de expansão imparável do fascismo.


Não há hermenêutica numa caixinha capaz de dar conta do significado de tanta agressividade e de tanto ódio, que são ocasionais muito menos fortuitos. Mas juristas são sensatos e cuidadosos.

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Via: DCM


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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Advogados apontam possibilidade de crime de responsabilidade de Bolsonaro

Do Conjur: Antes mesmo do julgamento que condenou o deputado federal Daniel Silveira no Plenário do Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira (20/4), o presidente Jair Bolsonaro já havia anunciado que não aceitaria um resultado desfavorável ao parlamentar - e, de fato, não aceitou. Na tarde desta quinta (21), ele anunciou a publicação de um decreto que concede indulto e graça constitucional ao parlamentar. No entanto, o processo contra Silveira não transitou em julgado, ou seja, ainda cabe recurso.
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

PF diz ao STF que "gabinete do ódio" bolsonarista orquestra milícias digitais

www.seuguara.com.br/gabinete do ódio/milícias digitais/STF/PF/
Por Pedro Zambarda de Araujo, no DCM: Na manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal afirmou que a estrutura do chamado Gabinete do Ódio, grupo que seria formado por auxiliares do presidente Jair Bolsonaro com assento no Palácio do Planalto, é usada por uma milícia digital que atua contra a democracia, diz reportagem de Aguirre Talento e Mariana Muniz no Globo.
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Política: Supremo decide que federações partidárias são constitucionais

Por 10 votos a um, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram pela constitucionalidade das federações partidárias, que têm até o dia 31 de maio para seu registro. Diferentes das coligações, as Federações partidárias se mantém após as eleições tornando os partidos federados como se fossem um partido só.
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Democracia não comporta disputa de "nós contra eles", diz presidente do STF

Por Paulo Roberto Netto, no Poder360: O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, afirmou nesta terça-feira (01/02) que a democracia não comporta disputas baseadas no "nós contra eles". Deu a declaração no discurso de abertura dos trabalhos do Judiciário.
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sábado, 18 de dezembro de 2021

Supremo intima Bolsonaro e Mario Frias a explicarem crise na cultura

Reportagem de Rebeca Borges, no Metrópoles: O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) preste esclarecimentos sobre "atos e omissões ocorridos no bojo das políticas publicas de mecenato, da Secretaria Especial de Cultura e da Fundação Palmares".
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Um ministro terrivelmente suspeito no STF. Por Chico Alencar

Por Chico Alencar*: O astronauta norte-americano Nei Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969, disse uma frase que ficou famosa: "É um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade". A afirmação se tronou conhecida em todo o mundo. Afinal, mais de um bilhão de pessoas assistiram ao acontecimento pela TV.
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

André Mendonça é a vitória dos terrivelmente simplórios e perigosos. Por Moisés Mendes

Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia: Um dos grandes momentos da sabatina de André Mendonça no Senado foi quando o terrivelmente evangélico dirigiu-se a Davi Alcolumbre e reconheceu as gentilezas do inimigo preocupado até com o seu lanche. Mendonça falava e olhava para Alcolumbre com a expressão de quem pensa estar enganando a todos.
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terça-feira, 14 de setembro de 2021

A ditadura imaginária do Judiciário. Por Marcus André Melo

Por Marcus André Melo*, na Folha: Atribuída à Rui Barbosa, a afirmação de que a pior forma de ditadura é aquela exercida pelo poder Judiciário é repetida sem que, aparentemente, ele a tenha proferido. E mais: sem que ela seja consistente com sua visão das instituições. A expressão não faz sentido histórica ou conceitualmente; salvo como hipérbole para algum ativismo judicial e desacertos.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A lenga-lenga da construção de harmonia entre os Poderes é farsa. Por Janio de Freitas

Por Janio de Freitas, na Folha - eles sabem ou não sabem o que dizem - "O descompromisso com a franqueza das atitudes é próprio do político profissional, e uma das suas diferenças essenciais para o militante de ideias que está na na política. Mas a aplicação de vícios do profissional a circunstâncias de alta gravidade, como é o atual ataque à ação legítima do Judiciário, alia-se ao intuito antidemocrático e até o estimula. É o que estão mostrando os presidentes do Senado e da Câmara, com o presidente do Supremo como coadjuvante.
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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Áudio: Senador Kajuru grava Bolsonaro pressionando por manobra na CPI do genocídio

www.seuguara.com.br/Jorge Kajuru/senador/CPI/pandemia/governo Bolsonaro/
Publicado por Charles Nisz, no DCM: Conversa telefônica compartilhada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) mostra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pressionando o sujeito de forma a incluir os governadores e prefeitos na CPI da Covid, cuja abertura foi determinada pelo ministro do STF Luis Roberto Barroso. A ligação ocorreu neste domingo, dia 11.
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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Lenio Streck aponta 4 erros de Kassio Marques ao liberar a abertura das igrejas

Publicado por Fernando Miller, no DCM: Sempre didático, o jurista Lenio Streck apresentou uma thread em seu twitter onde apresentou quatro erros do Ministro Kassio Nunes Marques na decisão que liberou a abertura de templos religiosos.

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'Topa tudo pela toga'. Por Bernardo Mello Franco

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Publicado originalmente no blog do autor: Na disputa por uma cadeira no Supremo, vale tudo para agradar Jair Bolsonaro. Até ignorar a ciência e defender a reabertura de templos no pior momento da pandemia. Na noite de quarta-feira, o procurador-geral da República pediu a derrubada do decreto paulista que suspendeu temporariamente os cultos presenciais. A medida fez parte de um pacote emergencial para tentar frear o avanço da Covid.
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domingo, 4 de abril de 2021

Kassio Nunes libera cultos e missas em todo o Brasil no pior momento da pandemia

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Do Estadão: Enquanto o país enfrenta o pior momento da pandemia do novo coronavírus, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques decidiu autorizar a realização de cultos e celebrações religiosas em todo o País. Indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, Kassio determinou que sejam aplicados protocolos sanitários nos espações religiosos, limitando a presença em cultos a 25% da capacidade do público.
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sexta-feira, 26 de março de 2021

Com medo de prisão, procuradores da Lava Jato querem ir ao Supremo contra processo no STJ

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Do Estadão: Em meio a reveses da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal e acuados com investigação que tramita no Superior Tribunal de Justiça, ex-integrantes da força-tarefa articulam uma ofensiva para se protegerem. Procuradores ouvidos pelo Estadão disseram que temem ser alvo de buscas ou até mesmo ordem de prisão e por isso devem recorrer à ministra Rosa Weber, do STF, para insistir no trancamento do inquérito do STJ.
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