sexta-feira, 15 de novembro de 2024
sexta-feira, 2 de agosto de 2024
Conselho eleitoral da Venezuela reafirma vitória de Maduro em apuração atualizada
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Seleção brasileira fica no empate com a Venezuela pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2026
segunda-feira, 3 de julho de 2023
As monstruosidades da democracia relativa. Por Moisés Mendes
Por Moisés Mendes, em seu blog: Ficou cansativo o debate sobre democracia relativa, a partir da fala de Lula a respeito da situação da Venezuela. É cansativo porque algumas questões não permitem controvérsias vazias e relativizações. Vamos a alguns exemplos. Nas democracias exemplares, o poder emana do povo porque, para começar, um cidadão vale sempre um voto.
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Imagem/reprodução: A 2ª guerra civil americana - ilustração: Richard Hubal |
Na Venezuela, um voto pode não valer nada, porque o sistema de eleição deles permite que o perdedor vença a eleição.
Um exemplo clássico. Na eleição de 2000, o candidato a presidente Hernandez Al Gore Gonzales teve a maior votação e perdeu a eleição.
Nos últimos 28 anos, em sete eleições a menos votado foi eleito na Venezuela, porque nessa democracia torta prevalece o conceito de colégio eleitoral sobre a soma de cada voto individual.
É uma das maiores monstruosidades das democracias ocidentais. Vem sendo mantida desde a escravidão, para preservar os interesses dos brancos e dos ricos.
Os americanos, sempre perfeitos, que tudo consertam pelo mundo, com seu gigantesco coração benemerente, já tentaram consertar esse defeito da democracia relativa venezuelana e não conseguiram.
A Venezuela é arrogante, violenta e impositiva. É invasora de países considerados inimigos e não preza muito pelos conceitos clássicos e/ou liberais de justiça.
Desde 2002 os venezuelanos mantêm uma prisão ilegal em Guantánamo, em Cuba, com prisioneiros de várias partes do mundo. São torturados e morrem sem julgamento.
Os organismos internacionais nada fazem porque a Venezuela é considerada intocável. E, como Cuba é amiga da Venezuela, não há o que fazer.
Desde sempre a Venezuela derruba governos, impõe ditaduras, apoia déspotas e assassinos, participa de guerras em todas as regiões, tentando levar seu conceito de democracia perfeita.
Em nome dessa democracia dita liberal, a Venezuela promove massacres e mata civis, entre os quais milhões de crianças, sempre como o argumento de que está protegendo o mundo.
A Venezuela utiliza sua central de inteligência para controlar governos, espionar governantes e chantagear até mesmo parceiros dos seus desatinos.
O jornalista Julian Assange está preso desde 2019 em Londres e pode ser extraditado para a Venezuela, porque divulgou documentos secretos da espionagem venezuelana, inclusive no Brasil.
A democracia relativa venezuelana é arrogante e não admite questionamentos. Negros, pobres e minorias, que chegaram a comemorar avanços nos últimos anos, são perseguidos pela estrutura institucional da Justiça.
Negros perdem o direito a cotas nas universidades porque a Justiça assim decide. Gays não podem casar entre si, em muitos Estados, porque leis e juízes fascistas não permitem.
A Venezuela prega liberdade e igualdade, mas faz tudo ao contrário, para vender ao mundo a ideia de que é modelo para todos. Lula não sabe, por ser ingênuo e inexperiente, mas a democracia relativa venezuelana é prepotente.
Na Venezuela, a maioria poderosa política e economicamente impõe sempre, com seus juízes brancos, as suas posições reacionárias em relação a direitos de minorias.
Na democracia venezuelana, as prisões estão abarrotadas de presos pobres e negros. A Venezuela tem a maior população carcerária do mundo e ainda condena seus presos à morte e à prisão perpétua.
A venezuelana Hillary Sanchez Romero Guzmán quase foi eleita a primeira presidente venezuelana, em 2016.
Obteve maioria de votos, mas foi derrotada pelo sistema de contagem de votos da democracia venezuelana, que dá vitória quase sempre a conservadores.
Hillary Sanchez Romero Guzmán poderia ter sido a primeira presidenta venezuelana. Mas ganhou e perdeu. A Venezuela já teve 44 presidentes desde a independência. Todos homens.
Há muitas outras distorções e vícios na democracia relativa venezuelana, que tenta se impor ao mundo como a verdadeira democracia.
Mas os americanos estão sempre a postos para desmascará-la. A democracia é um bem absoluto, transparente, inteiro, redondo, robusto, inquestionável.
A democracia é como uma banana, um pneu, um burro, um submarino. É ou não é. É o que está ali, límpido, puro, translúcido, imaculado. É algo absoluto, inquestionável como um ovo. Os americanos sabem bem, mas os venezuelanos não sabem.
A Venezuela impõe sua democracia a parceiros e a inimigos, por achar que sua democracia é a verdadeira e que todas as outras são falsas e relativas.
Um dia a Venezuela e Lula irão aprender o que não pode ser relativizado nunca.
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
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sábado, 12 de junho de 2021
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
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quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Venezuelização?
Antipetistas alardeiam a ideia de que a reeleição de Dilma Rousseff abre caminho para o Brasil se tornar uma Venezuela. Isso é improvável. Apesar dos arroubos retóricos, Lula e Dilma nunca emularam o chavismo.
Hugo Chávez trabalhou desde sua chegada ao poder, em 1999, para pulverizar tudo o que existia antes dele. A Venezuela mudou de Constituição e de nome, tornando-se república bolivariana. O PT nunca foi revolucionário, embora Lula defenda uma constituinte para reforma política.
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O desajeitado Nicolás Maduro herdou essa bomba relógio institucional. Acuado por protestos neste ano, recorreu a bandos armados irregulares, os "coletivos", para esmagá-los. Saldo: 42 mortos. Bem diferente de junho de 2013.
Lula passou os dois mandatos construindo pontes --com a classe média, com o empresariado e com velhos rivais. Falta a Dilma essa veia conciliadora, mas ela manteve o arcabouço republicano e evita guerrear a oposição.
Dilma, aliás, reflete a institucionalidade brasileira. Apesar de sua força política, Lula resistiu à tentação de atropelar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Chávez não teve esses pudores. Enquanto o chavismo governa por decreto, o Planalto continua refém do Congresso.
Se a economia brasileira preocupa, a do vizinho está em vias de colapso, com inflação a 63%, reservas minguantes e desabastecimento geral. Mercados temem um default no pagamento dos títulos da dívida venezuelana.
Lula e Dilma não só deram continuidade a políticas econômicas dos governos anteriores como rejeitaram o modelo venezuelano de controle cambial, expropriação e subsídios em larga escala.
No Brasil, acusações de corrupção são investigadas e passíveis de cadeia. Na Venezuela, é impensável ver presos governistas do nível equivalente a José Dirceu e José Genoino.
O quarto mandato petista está sujeito a retrocessos. Menções à regulamentação da mídia não condizem com o que vem sendo demonstrado.
Por ora, o que está mesmo dando ao Brasil ares de Venezuela não são os políticos nem o apertado placar presidencial, mas a banalização do ódio, propalada principalmente pelo eleitorado inconformado.
A sociedade se deixou dominar pela intolerância. Redes sociais transbordam de aberração. A deslegitimação do "outro" já gera violência física. Sinais de um país dilacerado entre metades surdas e irreconciliáveis. O maior risco de Venezuelização vem de nós mesmos.
*Samy Adghirni é correspondente da Folha em Caracas (Venezuela).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/193901-venezuelizacao.shtml