sábado, 24 de agosto de 2024
quinta-feira, 14 de março de 2024
Quando tínhamos todas as respostas, nos mudaram as perguntas. Por Jeferson Miola
Por Jeferson Miola, em seu blog: Eduardo Galeano eternizou em sua preciosa obra a frase que conheceu num muro pichado na cidade de Quito, capital do Equador, que dizia: "quando tínhamos todas as respostas, nos mudaram as perguntas".
Estamos tateando no escuro e sem entender nosso tempo presente. Confrontamo-nos com realidades complexas e que são inteiramente novas para as atuais gerações não só no Brasil, mas de todas as partes do mundo.
Nos iludíamos, até há pouco tempo, que já tínhamos as respostas para todas as perguntas. Alguns, inclusive, devotos de certas tradições dogmáticas e deterministas, imaginavam possuir certezas absolutas em relação a tudo e ao porvir de um futuro glorioso para a humanidade.
O problema, porém, é que "nos mudaram as perguntas", como avisou o autor [ou a autora] da pichação anônima em Quito, e então ficamos teoricamente e politicamente desequipados, e com enormes dificuldades para decifrar os enigmas do tempo presente.
O reflorescimento dos fascismos no mundo contemporâneo conserva a característica genuína dos fascismos históricos: funciona como uma resposta do próprio capitalismo por meio de formas de gestão violentas e autoritárias da crise capitalista e da barbárie neoliberal neste estágio avançado de financeirização da economia.
A extrema-direita, seja ela fascista ou não-fascista, é a resposta do próprio capitalismo à crise do sistema deflagrada em 2008, e não uma alternativa a ela.
A governança extremista de direita das sociedades nacionais é, portanto, a resposta do próprio capitalismo para renovar e ampliar as taxas de acumulação e de reprodução do capital em moldes autoritários, desdemocratizantes e regressivos.
Este processo vem acompanhado de tremendos retrocessos dos valores universais e das conquistas civilizatórias, com o agravamento do racismo, da xenofobia, do messianismo fundamentalista, do obscurantismo [grifo deste blog] e de outras formas degradantes da miséria humana.
No plano econômico, a extrema-direita responde com as receitas nefastas da austeridade, privatizações, Estado mínimo, exclusão social, necropolítica, teologia da prosperidade, meritocracia, empreendedorismo...
Figuras como Trump, Bolsonaro e Milei encarnam com excelência o espírito desses tempos. Magnetizam multidões ressentidas e encantam corações e mentes - a imensa maioria pessoas pobres atraídas pela demagogia salvacionista que promete acabar com o mal-estar de décadas de promessas neoliberais descumpridas.
Assim como nos fascismos históricos de Mussolini e Hitler, as ultradireitas contemporâneas também são fenômenos com grande adesão de massas. Bolsonaro conquistou 58 milhões de votos na eleição de 2022, votação parelha com a do Lula, o maior líder popular da atualidade.
Bolsonaro é a principal liderança carismática do extremismo brasileiro. Agora inelegível, ele já construiu perante o bolsonarismo a narrativa mítica do mártir perseguido pelo sistema e que será preso pela ditadura do STF com Lula.
Seria imprudente supor que a prisão do Bolsonaro significará o derretimento do bolsonarismo. O bolsonarismo com Bolsonaro inelegível - ou com Bolsonaro preso - continuará potente e forte, tal como aconteceu com o lulopetismo, que não esmoreceu diante da tentativa de assassinato político do Lula e do PT pela gangue da Lava Jato.
É preciso recordar que mesmo ilegalmente preso e vitimado pelas violências dantescas do STF, como a proibição de conceder entrevistas no cárcere, na eleição de 2018 Lula conseguiu alavancar 47 milhões de votos para Fernando Haddad.
A pesquisa do instituto AtlasIntel [10/3] sobre a polarização no Brasil traz informações valiosas. A primeira delas, é de que quase 40% das pessoas [4 a cada 10] se posicionam politicamente em função das abordagens ideológicas - esquerda ou direita -, e escolhem candidatos apoiados por Lula [17,3%], ou por Bolsonaro [20,5%].
Outro dado da AtlasIntel: 32% se consideram bolsonaristas, contra 31,2% que se consideram petistas.
A pesquisa mostra, também, que é a primeira vez, em décadas, que algum outro partido, afora o PT, consegue obter dois dígitos de preferência junto ao eleitorado. Não há antecedentes disso, nem mesmo no auge da polarização PT-PSDB, quando o PT tinha mais de 20 pontos percentuais e o segundo colocado, o PSDB, nunca superou os 5% das preferências partidárias.
Hoje, no entanto, o PL aparece no encalço do PT no segundo lugar, nove pontos percentuais atrás. Enquanto para 34,6% o PT é o partido referido, outros 25,1% preferem o PL.
A extrema-direita está ampliando sua representação na cena politica das nações e nos espações internacionais. E não dá sinais de ser um fenômeno passageiro. Ao contrário, tem jeito de que terá uma permanência prolongada, e se movimenta com ambições hegemônicas.
No Brasil essa situação se complexifica ainda mais devido, pelo menos, a três fatores: o fundamentalismo religioso, a liberdade de manipulação das plataformas digitais na guerra cultural em meio à guerra híbrida, e o anacronismo do país em relação aos militares.
As diferentes pesquisas de opinião recentemente divulgadas convergem na constatação de vários desafios postos para o governo Lula e para a democracia brasileira.
A despeito do tremendo esforço de reconstrução das política permanentes de Estado, de recuperação da economia e ampliação do emprego e da renda, a aprovação do governo não deslanchou, mas até caiu.
É verdade que existem insuficiências e lacunas importantes na comunicação governamental, mas isso não explica tudo.
A simples repetição do modelo sem rupturas antineoliberais e das fórmulas de um "reformismo fraco", nas palavras de André Singer, que deram certo nos governos petistas anteriores, não é garantia automática de que darão certo outra vez nesse novo contexto inteiramente distinto e com requerimentos inéditos.
É preciso encontrar as respostas adequadas para as novas perguntas que surgiram. E urgentemente, para evitar surpresas desfavoráveis nas eleições municipais deste ano.
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domingo, 17 de dezembro de 2023
Bolsonaro ataca Lula e o compara ao Bragantino: "Quase sem torcida". Veja o vídeo
sábado, 14 de outubro de 2023
Prefeito investigado por corrupção hasteia bandeira de Israel em Sorocaba
Por Bianca Carvalho, no DCM: A Prefeitura de Sorocaba hasteou a bandeira de Israel em frente ao Palácio dos Tropeiros, o Paço Municipal, na noite desta terça-feira (10). O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) fez questão de explicar a iniciativa por meio de uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Segundo o comunicado da Secretaria Municipal de Comunicação, a ação foi um gesto simbólico de solidariedade em resposta aos ataques terroristas direcionados a Israel na região da Palestina.
O Paço também ganhou iluminação nas corres azul e branca em alusão a Israel.
Falso herói e histórico de corrupção
Manga é um político evangélico conhecido por sua relação com a Igreja Universal e sua afinidade com o governo de extrema-direita de Netanyahu em Israel. Ele já foi desmentido como o "herói" na fake news do resgate dos brasileiros em Israel pelo avião da Força Aérea Brasileira.
O noticiário local, financiado pela prefeitura, exalta os esforções do prefeito, mas o que eles chamam de "força tarefa" para salvar os moradores da cidade é, na prática, contatos e conversas com autoridades através do WhatsApp. Porém, a história colou o suficiente para agradecerem ele em vídeo.
Rodrigo Maia é alvo de outras investigações. A Câmara de Sorocaba abriu três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar irregularidades em contratos nas áreas de saúde e educação. Em maio de 2023, o Ministério Público solicitou o bloqueio de bens do prefeito e o afastamento do secretário de educação da cidade devido a alegações de superfaturamento na compra de Kits de robótica.
Além disso, ele é investigado por incentivar e participar de protestos golpistas que ocorreram após o segundo turno das eleições, o que levou a pedidos de investigação no Ministério Público de São Paulo e no Supremo Tribunal Federal (STF).
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Minuta golpista na casa de ex-ministro de Bolsonaro - e agora?
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
O fim de um dia que durou seis anos e meio, por Francisco Fernandes Ladeira
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
PL insiste que Bolsonaro faça "último pronunciamento à nação" antes de fugir para os EUA
Publicado por Beatriz Castro, no DCM: O PL quer que Jair Bolsonaro faça um "último pronunciamento à nação", na quarta-feira (28), antes de viajar para Orlando, nos Estados Unidos, onde deve passar o início do próximo ano sem a primeira-dama, Michele Bolsonaro.
Segundo a coluna de Carla Araújo, no UOL, o presidente está sendo aconselhado por aliados para agradecer novamente os 58 milhões de votos que teve no segundo turno das eleições e dizer que a partir de 2023 vai trabalhar na oposição ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, tem insistido para que Bolsonaro quebre o silêncio antes de deixar o Planalto. Mesmo com os apelos de incentivo, que inclui auxiliares militares como o general Braga Neto, Bolsonaro ainda não decidiu se fará ou não um pronunciamento.
O presidente deve viajar para Orlando amanhã. A primeira-dama Michelle decidiu não viajar com o marido já que, de acordo com o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, o casal enfrenta uma nova crise conjugal.
Bolsonaro não vai mais passar o fim de ano no resort do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e decidiu ficar em um condomínio que reúne brasileiros.
O presidente deve viajar com os assessores especiais da Presidência da República Max Guilherme e Sérgio Rocha Cordeiro, além do coronel Marcelo Costa Câmara. Os três foram nomeados para serviço de Bolsonaro após o fim do governo.
Imagem: reprodução