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sábado, 9 de dezembro de 2023

Política: 'A ignorância da esquerda diante do perigo evangélico'. Por Adriano Viaro

Por Adriano Viaro, no DCM: Não raro, me pego discutindo acerca do avanço neopentecostal. Questões de ordem política e jurídica, como fascismo e lavajatismo, são tidas como mais relevantes do que as questões religiosas. Vêm e vão pesquisas, sobre a aprovação do governo, e o "item de fé" passa batido ou pouco analisado.

www.seuguara.com.br/envangélicos/política/esquerda/

Anotem: não imposta o que o governo faça ou vier a fazer, o evangélico de direita, ou extrema-direita, dirá que está ruim ou péssimo. "Mas, professor, e a comida na mesa?". Ela não influencia em absolutamente nada. Ninguém quer comida que foi posta pelo diabo ou seu representante. Ou nós admitimos que o envangelistão dita razões políticas a partir da fé - e entendemos que isso perpetua os índices de ruim ou péssimo nas pesquisas -, ou iremos soçobrar em nossas próprias tentativas de combate ao avanço neopentecostal.


Para além dos índices revelados pelo IBGE - lembrando que o recorte religioso ainda permanece com dados de 2010, ou seja, 42,2 milhões de evangélicos, o que nos leva a uma previsão de mais de 55 milhões nos resultados ainda a serem apresentados (Datafolha apresentou mais de 60 milhões) -, temos ainda a influência nas redes.


Neste ponto, os líderes evangélicos "não fascistas" ocupam as posições 9, 10 e 12, entre os 12 mais influentes no país. Estes três pastores, juntos, possuem 5 milhões de seguidores. Por outro lado, os neopentecostais, somados, possuem 113 milhões. Estamos falando de um alcance 22 vezes maior do que os progressistas. E o que fazemos com isso? Nada, afinal de contas, "a fé não é mais importante".


Deixo uma pergunta aos meus pares: quantos cultos foram acompanhados e monitorados por estes que dispensam a importância da manipulação e da doutrina evangélica na vida política de suas ovelhas? Hum? As últimas pesquisas apontaram que 54% dos evangélicos jamais votariam na esquerda.


Os demais se dividem entre os que talvez votariam e os que votariam de fato. Mas não para por aí, outra pesquisa aponta que nas últimas duas décadas o crescimento de templos evangélicos atingiu a apavorante marca de 225% ! Ou n´s acendemos o alerta ou será tarde demais. Eu, honestamente, estou cansado de tentar alertar.

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A esquerda se articula para enfrentar o neofascismo, por Arnaldo Cardoso

Por Arnaldo Cardoso*: Prestes a completar dois meses a posse de Lula na Presidência do Brasil, o novo governo brasileiro, além da missão extraordinária enfrentada com coragem ao derrotar o golpe de Estado deflagrado em 8 de janeiro e, logo em seguida, reverter a crise humanitária vivida pelos Yanomami face à exploração criminosa de seu território, todos os recursos tem sido empregados na tarefa de remover o entulho fascista produzido pelo governo Bolsonaro e promover sinergias de ministérios e demais órgãos do Estado para a implementação de políticas públicas dirigidas à reversão de situações críticas como a fome, o déficit habitacional, o desmonte do sistema público de saúde, os diversos crimes ambientais que agravam o quadro das mudanças climática e suas consequências, além de restabelecer os princípios norteadores da política externa brasileira que, historicamente, serviram para promover o Brasil como ator internacional respeitável e capaz de interagir positivamente na cena internacional em favor da paz, dos direitos humanos, da justiça social e da liberdade.

www.seuguara.com.br/esquerda/noefascismo/Arnaldo Cardoso/

Depois da traumática experiência vivida no Brasil, com a chegada em 2019 da extrema direita no comando do país, a compreensão do fenômeno em sua dimensão internacional, uma vez que lideranças similares e com claras articulações, ganharam crescente espaço em países como Estados Unidos, Hungria, Polônia, Itália, Inglaterra, França, Alemanha, Áustria, Holanda, entre outros, a cooperação internacional entre forças democráticas se afirma como urgente e essencial para frear a escalada do fascismo no século XXI. 


Tem merecido a atenção de analistas brasileiros a realidade política italiana desde a eleição antecipada de 25 de setembro passado, quando a deputada e líder do partido neofascista Fratelli d'Italia, Giorgia Meloni, venceu o pleito e assumiu o comando do país. Desde então, com um governo formado por expoentes da direita e extrema direita, personalidades com históricos vínculos e declaradas afinidades com o passadfo fascista do país, ações e discursos tem convulsionado o debate político na Itália como o recente episódio em que jovens estudantes de ensino médio de um colégio de Florença foram espancados na frente da escola por um grupo de jovens militantes da ala juvenil de partido de extrema direita.


O silêncio do governo diante do episódio deplorável viralizado nas redes sociais por meio de um vídeo, foi quebrado por uma carta pública escrita e divulgada pela diretora do colégio alertando sobre a ameaça da escalada fascista. A reação do governo veio através de declarações do Ministro da Educação, Giuseppe Valditara, criticando a carta da diretora, acusando-a de politização do episódio e ameaçando-a de punição.

As forças de esquerda e progressistas no Parlamento, na imprensa e na sociedade civil condenaram as declarações do ministro e muitos pediram sua demissão. Giorgia Meloni manteve o apoio ao seu ministro. 


Para analistas brasileiros, a série de ações e declarações de membros do governo de extrema-direita na Itália, como defesa de armamento dos cidadãos, ataques à jornalistas e artistas, declarações misóginas e homofóbicas, políticas repressivas à imigrantes, negacionismo diante de problemas sociais, entre outros, produzem uma inevitável sensação de déja vu. Os contextos podem ser diferentes, mas as práticas da extrema direita são muito similares, denotando coesão de valores em escala internacional.


Observar com atenção as estratégias da esquerda e de progressistas, nos planos institucional e social, na Itália e outros países, para enfrentar governos eleitos e lideranças de extrema-direita - no atual caso italiano, com substancial apoio popular -, afirma-se como importante exercício político para o enfrentamento do problema que se configura como um dos mais sérios na atual quadra da história das sociedades democráticas.


Neste domingo, 26, na Itália, ocorrerá uma votação plenária inédita, para escolha do(a) novo(a) dirigente do Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, segunda principal força política  no país. A disputa está centrada em dois candidatos do partido, Stefano Bonaccini (56) e Elly Schein (37). Ele, mais à direita, foi governador da rica região da Emilia Roagna, ela, mais à esquerda, foi deputada no Parlamento Europeu e tem forte apoio de lideranças jovens do partido, ambientalistas e defensores dos direitos humanos. Cada um se apresenta como mais apto para conduzir as mudanças no Partido expressas no documento "Manifesto Per Il Nuovo PD" produzido em 2020.


Andrea Pissauro (38), italiano natural de Roma, PhD pela Universidade de Oxford, acadêmico da Universidade de Birmingham, ativista político junto ao Manifesto di Londra, dirigiu-se hoje aos italianos progressistas com as seguintes palavras (tradução livre), que nos ajudam a compreender a importância dessa eleição.


"Neste domingo, pela primeira vez na vida, participarei da eleição para escolha do(a) Secretário(a) do Partido Democrático e aproveito para lembrar que todos os cidadãos progressistas podem fazê-lo.

Votarei em Elly Schlein que conheço há alguns anos, assim como todo o Manifesto di Londra a conhece, cujo caminho ela acompanhou ao longo dos anos compartilhando ideais de justiça, solidariedade e democracia.


Vou fazê-lo consciente dos enormes problemas da esquerda italiana em todas as suas articulações. Problemas que vêm de longe e são profundos. Problemas, entre outros, de credibilidade, organização e cultura política. Para resolvê-los serão precisos anos de trabalho paciente de uma geração de militantes, gestores e intelectuais. 

Não acho que uma única pessoa consiga resolver todos estes problemas rapidamente, mas acho que com a Elly a liderar o Partido Democrático, daremos um passo na direção certa e em direção a um método melhor de lidar com eles. Acho que sim, por pelo menos três razões.


1) Ela é uma pessoa confiável de de claras posições de esquerda. O seu caminho nestes anos é claro e consistente com as suas ideias de justiça social e climática, que ela nunca pôs em negociação. Mostrou que sabe operar em diferentes níveis institucionais, a começar pelo Parlamento Europeu. A sua eleição tornará tanto o Partido Democrático como a esquerda como um todo, mais credíveis e, portanto, mais fortes. 


2) Sabe cuidar de uma organização. Nas ocasiões que tive a oportunidade de vê-la operando, ela prestou atenção e escutou os militantes, valorizando e apoiando as iniciativas da base. Ela tem uma forma humilde de se apresentar, não parece pensar que sabe tudo e parece capaz de tirar o melhor partido da inteligência coletiva de uma comunidade política.


3) Ela é a pessoa certa para unir a esquerda e relançar a oposição. A Itália não se converteu à direita. Meloni venceu eleições em função das divisões do campo progressista. Elly é uma pessoa capaz de unir, sabe dialogar e confio que pode dar força a um campo progressista renovado que oferece à Itália uma chance de um governo orientado para a justiça e solidariedade para muitos e não para poucos.


Por tudo isso, e por muito mais, espero que amanhã sejamos muitos a dar uma boa guinada de esquerda, ecológica e feminista ao Partido Democrata votando em Elly Schlein, e elegendo a primeira mulher a liderar um grande partido de esquerda na Itália!"


Vejamos como nossos companheiros italianos reorientam as forças progressistas para enfrentar o neofascismo. Que não sofram como nós, a trágica experiência de quatro anos de um governo de extrema direita cuja recuperação dos estragos custará muito trabalho e recursos, sem falar das milhares de vidas perdidas.

Particularmente aos italianos, a própria história deveria ser uma fonte permanente de alerta sobre o que não deve ser repetido. Bom que a esquerda pareça disposta a reconhecer seus erros e agir para corrigi-los. A gravidade do momento exige isso.


*Arnaldo Cardoso, sociólogo e cientista político (PUC-SP), pesquisador, escritor e professor universitário. 

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Infiltrados alimentam 'guerra fria' entre direita e esquerda após ataques

A reportagem é de Gabriela Soares, no Lupa: Após os ataques golpistas, grupos de esquerda e de direita no Telegram intensificaram a estratégia de se infiltrar em chats de adversários políticos para coletar informações. De um lado, o foco é mapear quem os esquerdistas apontam como responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Do outro, até forças-tarefas foram montadas para ajudar na identificação de financiadores e golpistas.

A disputa virtual, em um clima de "guerra fria", também resulta em outros efeitos colaterais, como cautela e desconfiança, que cresceram nos grupos enquanto temores da presença de "espiões" se reservaram ambos nos lados.


O Google Trends mostrou que, entre os dias 9 e 10 de janeiro, houve um pico nas buscas pelos termos "infiltrado" e "infiltrados". A ferramenta Crowdtangle revelou que o mesmo padrão se repetiu no Facebook e no Instagram.      

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Postagens públicas no Instagram com os termos "infiltrados" e "infiltrado", de 1º a 17 de janeiro/2023. Foto: reprodução 

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Postagens públicas no Facebook com os termos "infiltrados" e "infiltrado, de 1º a 17 de janeiro/2023. Foto: reprodução

E não foi apenas o termo que se potencializou. Em grupos de Telegram, usuários têm buscado, literalmente, infiltrar-se nas conversas de seus respectivos antagonistas, atuando como informantes nessa guerra de narrativas.

Nos grupos de esquerda, forças-tarefas forma formadas para acessar chats golpistas, coletar provas e identificar os responsáveis pelos ataques em Brasília. Em alguns grupos monitorados pela Lupa, uma das investidas foi apelidada de "Operação sexta-feira 13" - data que, além de carregar a fama de ser dia de azar, também faz alusão ao número de Lula nas urnas.

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Reprodução/Lupa

Nesses grupos, circulam, ainda, orientações para realizar a devida captura de provas. Umas das técnicas sugeridas foi a de "printar" as postagens e arquivá-las por meio de plataformas como o Archive.today e o Wayback Machine

Os conteúdos eram separados em tópicos que compunham linhas de investigação. Entre os alvos dessas forças tarefas, estavam cenas de vandalismo e informações sobre financiadores e organizadores dos atos.

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Reprodução/Lupa

Em uma estratégia semelhante, grupos de direita se articulavam para obter informações. Mensagens enviadas em grupos golpistas alertavam sobre os mutirões que buscavam identificar os responsáveis pela depredação na capital federal. "monitorando de perto", disse o administrador de um dos chats sobre a possível presença de infiltrados no espaço.

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Imagem/reprodução: Lupa

"Hoje eles vão começar a entrar nos grupos em massa", alertou uma outra mensagem enviada junto de informações vazadas de grupos de esquerda.

O anonimato proporcionado pelo Telegram - que permite a ocultação do número telefônico - é um aliado nessa "guerra fria virtual", mas também inimigo de ambos os lados. Nos grupos, é difícil identificar quem é quem, o que facilita o trabalho dos "espiões" e dificulta saber quem é realmente confiável.


Em um dos grupos golpistas monitorados pela Lupa, um dos administradores publicava diariamente uma lista de nomes de possíveis espiões para excluí-los do chat. Ele, inclusive, buscava acessar grupos de esquerda para coletar nomes e bani-los.

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Imagem/reprodução: Lupa

Os grupos de esquerda, também cientes do monitoramento, adotaram a mesma estratégia de vigilância, além de terem compartilhado medidas de segurança para evitar a identificação. 
"Nenhum dado sensível foi vazado, mas temos que tomar cuidado porque chamamos muita atenção", orientava uma das mensagens.

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Imagem/reprodução: Lupa

Tese sobre infiltrados cresce também fora das redes 


No dia 12 de janeiro, durante um café da manhã com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse estar convencido de que a porta do Palácio do Planalto "foi aberta" para que os golpistas entrassem. "Teve muita gente conivente. Teve muita gente da Polícia Militar conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro coniventes", argumentou na ocasião, sinalizando a possibilidade de envolvimento de "infiltrados" golpistas.


Em resposta, o governo tem articulado mudanças, principalmente em áreas ligadas à segurança presidencial. Na quarta-feira (18), por exemplo, 13 militares foram dispensados do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). No dia anterior, 40 militares que cuidavam da administração do Palácio da Alvorada já tinham sido exonerados. 

O discurso de responsabilização de infiltrados, contudo, já vinha sendo utilizado havia dias por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como mostrou uma reportagem da Lupa. A tese de que infiltrados de esquerda foram os responsáveis pela depredação dos prédios dos três poderes começou a ser propagada em 9 de janeiro, dia seguinte aos atos golpistas. 


Seguindo essa linha, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, votou contra o decreto do presidente Lula de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal até 31 de janeiro. Em seu perfil no Twitter, Flávio publicou um vídeo em que reforça a tese de que infiltrados aproveitaram a situação para "sujar a reputação de quem estava lá de maneira pacífica".


Outros parlamentares, como o vereador da capital paulista Fernando Holiday (Republicanos-SP) e o deputado estadual do Rio de Janeiro Alexandre Freitas (Podemos), também endossaram o discurso. 

Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado nas eleições de 2022, chegou a fazer um pedido de investigação contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). Segundo Ferreira, Dino sabia que os ataques ocorreriam e foi omisso. O pedido, porém, foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de indícios criminais que justificassem a abertura do inquérito.


Editado por: Leandro Becker e Bruno Nomura


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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Eleições 2022 - Bolsonaro à Fox News: "Se esquerda voltar, nunca mais deixará o poder no Brasil"

Por Henrique Rodrigues, no Forum: Jair Bolsonaro não consegue parar de pensar em derrota iminente que se avizinha na disputa eleitoral de outubro e não cessa o discurso de uma nota só sobre "os males da esquerda". Desta vez, o presidente foi com a cantilena para cima do jornalista norte-americano Tucker Carlson, da Fox News, espécie de porta-voz da direita ultrarreacionária norte-americana. No entanto, o radical brasileiro parece ter errado na dose e acabou "confessando" algo que não soou muito bem nos ouvidos de seus fanáticos seguidores.
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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Eleições 2022: 'O foco é Bolsonaro, estúpido. A Globo não é candidata a nada'. Por Paulo José Cunha

Por Paulo José Cunha*: Desde que surgiu a dicotomia direita x esquerda, lá na Revolução Francesa, no Século 18, quando a Assembleia Nacional se dividia entre apoiadores do rei à direita, e os simpatizantes da revolução à esquerda, que existem duas expressões: "a" direita e "as" esquerdas. Pelo simples fato de que a direita, moderada ou radical, sempre está unida em torno de seus interesses, sobretudo os patrimonialistas. Enquanto as esquerdas se digladiam entre suas diversas correntes e dificilmente se unem em torno de um objetivo comum.

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domingo, 27 de março de 2022

Como derrotar o bolsonarismo nas redes sociais? Uma crítica construtiva às esquerdas em 2022

O jornalista e escritor Cesar Calejon tem dedicado seus últimos anos de trabalho a pesquisar a ascensão do bolsonarismo no Brasil. Ele tem lançado luz sobre um debate primordial para a campanha eleitoral de 2022: como as forças democráticas podem driblar o domínio do "gabinete do ódio" de Jair Bolsonaro nas redes sociais?

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terça-feira, 8 de março de 2022

Direita ou esquerda? Por Luiz Claudio Romanelli

Por Luiz Claudio Romanelli*: Seguimos gastando tempo com uma discussão sobre qual o rumo político a seguir, para esquerda ou à direita. É um debate estéril, simplório e anacrônico. De modo geral, o conceito de direita e esquerda, surgido na Revolução Francesa, está deixando de representar ideologias (stricto sensu) e passa a significar uma posição ou lugar na sociedade. Num gesto simples é fácil apontar, em qualquer linguagem, quem está de um lado ou de outro.
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Política e religião: Para Igreja Universal, quem é cristão não vota em partidos de esquerda

Reportagem de Judite Cyprestre, no Metrópoles: Um texto publicado pela Igreja Universal em seu site oficial, nesta segunda-feira (24), chamou atenção por dizer aos seus fiéis que quem é cristão não vota em partidos de esquerda. O grupo de Edir Macedo é apoiador do governo Jair Bolsonaro (PL).
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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Política: Bolsonaro "convoca" esquerda para panelaço em pronunciamento de fim de ano

Mateus Maia, no Poder360: O presidente Jair Bolsonaro "convocou" a esquerda a fazer um panelaço durante seu pronunciamento de fim de ano em cadeia de rádio e TV nesta segunda-feira (27). A mensagem, que já foi gravada, irá ao ar em 31 de dezembro. Bolsonaro declarou que seus opositores devem promover o ato para comemorar "3 anos sem corrupção".

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sábado, 3 de julho de 2021

Política: à procura de um candidato, o centro abre diálogo com a esquerda

www.seuguara.com.br/política/centro/esquerda/
No grupo de WhatsApp chamado "Derrubando Muros", por quase duas horas na tarde de ontem, discutiu-se a conjuntura brasileira e a necessidade de união das forças políticas que queriam derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições do ano que vem.
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segunda-feira, 10 de maio de 2021

A pergunta incômoda: o que está acontecendo com os jovens? Por Moisés Mendes

www.seuguara.com.br/Juventude/pergunta incômoda/
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia: As esquerdas, dentro e fora de partidos, movimento sociais, sindicatos, entidades estudantis e todas organizações militantes da democracia têm alguns constrangimentos que não conseguem resolver. São os déficits de organização, resistência, narrativa e de comunicação tratados (ou ignorados) hoje quase como tabus.
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quinta-feira, 19 de março de 2020

Vídeo: 'O dia em que a esquerda se uniu a bolsonaristas arrependidos para gritarem juntos: "Fora, Bolsonaro!"

"O repórter Joaquim de Carvalho mostra como foi o dia em que a esquerda e eleitores arrependidos de Bolsonaro se uniram para exigir que o pior presidente da história deixe os brasileiros em paz e volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído".
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sábado, 2 de novembro de 2019

Ditadura militar: atentados de direita fomentaram AI-5

El País/Brasil - Cinquenta anos depois do ato que sepultou as liberdades democráticas no país, a Pública obtém documentos que provam que foi a direita paramilitar, e não a esquerda, que deu início a explosões de bombas e roubos de armas. Documentos inéditos, guardados há meio século nos arquivos do Superior Tribunal Militar (STM), jogam luzes no cenário que levou ao recrudescimento da ditadura militar, com a edição do AI-5 (Ato Institucional número 5) em dezembro de 1968.


Depoimentos de personagens, relatórios oficiais e uma infinidade de papéis anexados a processos que somam cerca de 10 mil páginas, ao qual a Pública teve acesso, demonstram que o AI-5 fez parte de um plano para alongar a ditadura com atentados a bomba em série, preparados no final de 1967 e executados até agosto do ano seguinte por uma seita esotérica, paramilitar e de extrema direita.

Até esse momento, episódios de ação armada da esquerda, que também ocorreram, eram apontados como causa para a decisão dos militares de endurecer o regime.

Comandadas por um líder messiânico a serviço da linha dura do governo militar, as ações terroristas da direita, que chegaram a ser atribuídas, equivocadamente, às organizações de esquerda, segundo apontam as investigações, tiveram como estratégia aquecer o ambiente como preparação do "golpe dentro do golpe", o que daria ao regime uma longevidade de mais 17 anos.

Na cadeia de comando do grupo se destacam um general da reserva Paulo Trajano da Silva, que se dizia amigo pessoal do então presidente-ditador Artur da Costa e Silva, e, na linha de frente do plano, um complexo personagem, Aladino Félix, conhecido como Sábado Dinotos, líder da seita, mentor e também autor dos atentados.

Formado por 14 policiais da antiga Força Pública (como era chamada à época a Polícia Militar de São Paulo), todos seguidores de Aladino Félix, o grupo executou 14 atentados a boma, furtou dinamites de pedreiras e armas da própria corporação, além de praticar pelo menos um assalto a banco, plenamente esclarecido. Foram os pioneiros do terrorismo, e os responsáveis pela maioria das ações terroristas registradas no período - um total de 17 das 32 contabilizadas pelos órgãos policiais.

Primeiros atentados foram de direita - A evidência de que foi a direita que tomou a frente nas ações que serviram de pretexto para o fechamento do regime aparece pela primeira vez num relatório do delegado Sidney Benedito de Alcântara, assistente do Departamento de Ordem Policial de Social (Dops), sobre o inquérito em que a polícia esclarece os crimes a partir de prisões ocorridas em meados de agosto de 1968. Com data de 18 de dezembro, cinco dias depois da edição do AI-5, o delgado afirma que os atentados da direita "começaram bem antes do atual terrorismo de esquerda", numa referência ao início da fase mais acirrada dos conflitos aramados que marcaram a fase mais dura da repressão política.

(...)

Os alvos principais dos atentados, cuja autoria o grupo de Aladino Félix assumiria, forma justamente os órgãos que depois centralizaram a repressão contra a esquerda em São Paulo: o II Exército, cujo QG ainda funcionava na rua Conselheiro Crispiniano, o prédio do Dops, instalado então no largo General Osório, e o QG da Força Pública, na praça Júlio Prestes, todos na região central.

O grupo explodiu também bombas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), no oleoduto de Utinga, em prédios onde funcionavam os setores de alistamento da PM (era Força Pública) e de varas criminais da capital (Lapa e Santana) e em pontilhões e trilhos que davam acesso à estrada de ferro que ligava o litoral e os subúrbios da região metropolitana ao centro da capital.

As ações de esquerda, porém, que mais tarde se alternariam com as da direita, se iniciaram apenas em 19 de março de 1968, com a explosão de uma bomba que feriu três estudantes na biblioteca do consulado dos Estados Unidos, no Conjunto Nacional, na avenida Paulista. O atentado mais grave, que matou o soldado Mário Kozel, sentinela do QG do II Exército, já funcionando no Parque Ibira puera, só ocorreria em 26 de junho do mesmo ano.

(...)

As suspeitas de que a cúpula do regime militar sabia dos atentados da direita em São Paulo são reforçadas por um relatório do SNI de agosto de 1969. Numa retrospectiva sobre o papel da Força Pública, então com 36 mil homens livres do "micróbio vermelho" e, portanto, "força antirrevolucionária" a favor do regime, o agente dez que o grupo de Aladino Félix tinha a intenção de levar todo o arsenal dos 350 homens que integravam o antigo Departamento da Polícia Militar e que a autoria do atentado ao QG da Força Pública foi encoberta por oficiais graduados da corporação, supostamente mancomunados com as ações paramilitares.

Clique AQUI para ler a íntegra da matéria.

Imagem: reprodução

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sexta-feira, 29 de março de 2019

Xadrez das contradições do pós-impeachment, por Luis Nassif


"Vou tomar emprestado do governador Flávio Dino uma metodologia para análise de cenários: a análise dos desdobramentos do golpe a partir das contradições que vai gerando e de seus efeitos sobre os principais atores políticos. A partir desse insight, o Xadrez do momento torna-se particularmente instigante.
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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Redes sociais: como as milícias virtuais usaram o "Vovô da Slime" como arapuca contra a esquerda

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil - "Hoje é o dia mais feliz da minha vida", contou Nilson Papinho, 72 anos, em um vídeo que viralizou e fez dele o grande youtuber do momento. Nilson finalmente havia conseguido fazer a sua slime - uma massa que estica e puxa adorada pela criançada. Papinho mora no interior de São Paulo com esposa e filho, leva uma vida simples. Há 11 meses, ele grava vídeos para seu canal, onde costuma mostrar o seu café da manhã, as árvores do seu quintal, as plantas do seu jardim, os passarinho que o visitam. São altas doses de fofura por vídeo. Não tinha como o vovô youtuber não cair nas graças do país.
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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Política: Na esquerda, quem tem vergonha na cara não vai à posse de Jair Bolsonaro

Publicado originalmente no blog Tijolaço, por Fernando Britto - Vejo muita gente boa reclamando da ausência do PT, PCdoB e PSOL na posse de Jair Bolsonaro. Alguns, até, contraditoriamente, sugerem que se deveria ir com cartazes de protesto. Francamente, isso seria portar-se da mesma forma que estes chatíssimos trolls fazem nos blogs de esquerda, fazendo provocação e facilitando conflitos, desejados ou não.
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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Que tempos são estes?


Por Fernando Horta - É errado supor que o passado não pode ser modificado. Entre 1945 e 1950, foram feitas pesquisas na França, perguntando a quem os franceses atribuíam a vitória na segunda guerra. A resposta de mais de 70% da população francesa era de que os responsáveis pela vitória sobre os nazistas haviam sido os comunistas, soviéticos e franceses. Após 1960, as mesmas pesquisas revelavam que mais de 68% dos franceses acreditavam que a segunda guerra havia sido ganha pelos norte-americanos.

Que tempos são esses-Fernando Horta-GGN
Este é um caso de reconfiguração do passado. Milhões de dólares despejados num processo de propaganda ideológica reorganizava as memórias de todo um continente, virtualmente apagando o esforço de guerra feito pelos soviéticos em sua luta contra os fascistas. Este processo é tão violento que hoje há ainda quem acredite que a URSS é ameaça para o mundo ocidental. A quem acredite que o comunismo ameaça o Brasil.

Isto nos serve para perceber que as elites sabem muito bem como jogar com a propaganda. Sabem como reconstruir memórias, criar e atacar símbolos. Além dos imensos recursos materiais que os detentores da riqueza mundial têm ao seu dispor, eles entendem este processo de dominação ideológica de forma muito mais apurada do que a esquerda.

A Lava a Jato foi designada desde 2012, pelo menos, para reescrever a História do Brasil. O objetivo principal não é acabar com a corrupção, não é entregar riquezas brasileiras a estrangeiros ou destruir o governo Dilma. Todos estes pontos são e foram secundários. O objetivo é lutar pela memória dos últimos catorze anos. Como o período entre 2002 e 2014 será lembrado? Será um momento virtuoso do Brasil em que conquistamos autonomia política externa pelo pagamento de dívidas e forte desenvolvimento, acabando com a fome e redistribuindo riqueza? Ou será um período de aparelhamento perverso do Estado com destruição da economia por uma corrupção nunca antes existente e que colocou o país em uma crise pelos vinte anos seguintes?

Impossibilitados de lutar contra o passado, opositores políticos de Lula resolveram apagar completamente o governo da história. Reescrevendo a narrativa através dos golpes institucionais, se reorganiza o pensamento elitista de que “o povo não sabe governar”. O interrogatório de Moro a Lula, na semana passada, expressa exatamente isto. Das cinco horas de interrogatório, o juiz usou três horas para suas perguntas, e quase todas remetiam ao início do período entre 2002 e 2010. Por isto a mídia é tão importante. Nada tem a ver com o combate à corrupção, que pode ser feito sem alarde e seguindo os preceitos legais. Mudar a história não pode ser feito em silêncio, em gabinetes de juízes ou desembargadores. É preciso horas em jornais diários, construindo a narrativa da terra arrasada.

Infelizmente, neste jogo, uma parte da esquerda cai como um pato amarelo. Talvez por ingenuidade ou por tentarem amealhar votos, parte da esquerda tem feito exatamente o mesmo papel de desconstruir o período entre 2002 e 2014. Começam por pejorativamente chamar de “lulismo” e, em seguida, colocam-se ombreados com a direita a exigir prisão de A ou B e declarar que tudo não passou de um “populismo irresponsável”. Não vou entrar aqui na discussão historiográfica sobre os absurdos desta tese. O fato é que quando a esquerda se une para atacar o “lulismo” ela joga um papel gratuito. Papel que o capital pagou alguns milhões de dólares para grupos como MBL e outros fazerem.

Precisamos entender duas coisas: primeiro, todos aqueles que culpam o “lulismo” pelo não desenvolvimento de alternativas de esquerda durante este tempo, o fazem para não reconhecer o seu próprio fracasso eleitoral. O fato é que nenhuma figura de esquerda hoje faz mais de 10% de intenções de voto sozinha. E não se pode nem acusar Lula que, a bem da verdade, colocou TODAS as lideranças que o apoiaram em postos de governo. Desde Cristóvão Buarque, até Marina Silva, todos participaram do primeiro governo. Se fizeram guinadas à direita ou se não conseguiram andar pelas próprias pernas, isto é outro problema. Luciana Genro não conseguiu passar para o segundo turno nas últimas eleições, em Porto Alegre. Freixo, mesmo com todo o apoio que recebeu no Rio, não conseguiu eleger-se. Haddad da mesma forma. Mesmo o novo “nome de ouro” da esquerda, Ciro Gomes, não faz mais votos que Bolsonaro. Ouso dizer que se alguma candidatura emplacasse mais de 10% de votos, Lula não concorreria.

O segundo ponto é compreender que defender Lula hoje, para a imensa maioria da população, não é defender um político que pode ou não ter cometido atos desabonadores. Que pode ou não ter sido beneficiado em alguns negócios. Que pode ou não ter deixado de fazer reformas em nome de uma composição política questionável. Apoiar Lula hoje é defender a própria história. Apoiar Lula é dizer que os últimos catorze anos não foram uma farsa. É lutar pela própria sanidade mental, dizendo que se trabalhou, e muito, neste período para um Brasil mais justo. Lula é, portanto, não mais o metalúrgico Luís Inácio que organizava greves em 1970. Lula hoje significa um período de tempo na vida de cada um. Um período em que o Brasil saiu do mapa da fome, ficou mais rico e menos desigual. Defender o símbolo Lula, não é compactuar com reformismo ou com alianças fisiológicas. Defender Lula é reafirmar os últimos catorze anos da vida de todos e de cada um, dizendo a altos pulmões que eu estive aqui e sei o que aconteceu.

A direita sabe disto, por isto ataca o símbolo Lula e não o metalúrgico Luís Inácio. Por isto precisa de mídia e não de justiça. O fato é que se a direita brasileira tivesse um trunfo destes governaria pelos próximos vinte anos. A esquerda, entretanto, continua se fagocitando. Destruindo seu capital político em troca de nada. Se Lula será ou não candidato em 2018 é secundário. Hoje é preciso lutar pela História dos últimos catorze anos. É preciso dizer que é possível crescer e incluir, que é possível desenvolver e distribuir e que é possível que o povo exerça sim o poder.

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Política - 'O dilema da esquerda na atualidade'

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual: "O ciclo político da Nova República, a partir de 1985, tem produzido sucessivas fases de auge e crise nas principais agremiações partidárias. A herança do bipartidarismo consentido pela Ditadura Militar (1964 – 1985), sem a realização efetiva de uma reforma política estrutural, conforme pleiteado pelo documento Esperança e Mudança, de 1982, terminou parindo no regime democrático o pluripartidarismo sustentado pelo pragmatismo sem conteúdo programático e pelo personalismo oportunista das trajetórias individuais dos mandatos.


O resultado disso tem sido a fragmentação partidária e o troca-troca de políticos no interior dos partidos, cujas consequências são a instabilidade dos governos, a baixa renovação de quadros dirigentes e o descrédito generalizado da população. As mudanças pontuais na legislação eleitoral e partidária seguiram incrementais, cada vez mais favoráveis à manutenção do status quo.
 
Dentro deste contexto, assistiu-se a ascensão e derrocada do PDS (Partido Democrático e Social) que no início da década de 1980 melhor representou os interesses do espectro político da direita. Ao finalizar a transição para a Nova República, o PDS se desconstitui em novas siglas partidárias fragmentadas em variações políticas de direita.
 
Simultaneamente, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) ascendeu rápida e dominantemente no cenário nacional. Mesmo com o mérito da conclusão da Constituição Federal de 1988, o fracasso do governo Sarney (1985 – 1990) interrompeu o êxito peemedebista, com impressionantes denúncias de corrupção, acompanhadas da onda de fragmentação partidária.
 
Neste ínterim, por exemplo, uma parcela política surgida no interior do PMDB transgrediu para a constituição do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) com discurso progressista e prática neoliberal. O sucesso foi imediato, sobretudo a partir do impeachment de Collor de Melo (1990 – 1992), o primeiro presidente eleito, cuja emergência do governo Itamar (1992 – 1994) concedeu o controle econômico ao PSDB, o que se mostrou extremamente favorável à campanha presidencial vitoriosa de FHC (1995 – 2002).
 
Desta forma, a década de 1990 marcou a fase ascensionista peessedebista. Mas a passagem para o novo século 21 se mostrou descendente para o PSDB, com resultados desfavoráveis na economia e sociedade, e diversas denúncias de corrupção derivadas do processo de privatização do setor público brasileiro.

A ascensão da frente política liderada pelo PT (Partido dos Trabalhadores) desde 2002 concedeu forma inédita quatro vitórias eleitoras seguidas. Mas os sinais de fracasso no início do quarto governo petista e que coincidiram com nova onda de denúncias de corrupção e ação efetiva do poder público terminaram sendo acompanhados pelo impedimento do segundo mandato de Dilma.
 
De todo o modo, uma operação política de cunho golpista, alta complexidade e enorme arbitrariedade que se mostrou capaz de promover gigantesco cerco judicial, político e midiático ao PT. Nestas condições, o descenso petista aflorou nas eleições municipais de 2016 e desafia o seu futuro político: repetirá a trajetória descendente anterior dos demais partidos, gerando maior fragmentação nas agremiações políticas, ou se reinventará, consagrando recomposição programática e alinhamento político ideológico no espectro das esquerdas. Este parece ser o dilema que se pode associar entre o invólucro da sigla do PT e o seu conteúdo programático progressista. Quem viver verá."

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VIA

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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Política: ‘Xadrez da grande derrota do PT”

Luis Nassif, em matéria publicada nesta segunda-feira  no site Jornal GGN, descreve  com probidade e esclarecimento, a derrota do PT no último pleito eleitoral para prefeitos e vereadores. O fato foi alardeado pela mídia corporativista brasileira, com o intuito de causar impacto na opinião pública. Segundo o jornalista, quatro peças importantes foram sutilmente movimentadas no “xadrez da política de “delenda PT”. Isto é, uma demanda suprapartidária com o objetivo claro de golpear o Estado de Direito e o Partido dos trabalhadores, de modo a torná-lo inepto para as disputas políticas nas eleições de 2018.



Xadrez da grande derrota do PT

Por Luis Nassif, no Jornal GGN

"As eleições municipais trazem consequências variadas para a oposição e para a situação.

As principais conclusões a serem tiradas:

Peça 1 – a derrota de Fernando Haddad


A derrota no primeiro turno em São Paulo foi a maior demonstração, até agora, da eficácia da política de “delenda PT”, conduzida pela Lava Jato junto com a mídia. Não se trata apenas de uma derrota a mais, mas a derrota do mais relevante prefeito da cidade de São Paulo desde Prestes Maia.

Enquanto Prestes Maia e Faria Lima ajudaram a consolidar a era dos automóveis, com suas grandes obras viárias, Haddad trouxe para São Paulo a visão do cidadão, colocando a política metropolitana em linha com as mais modernas práticas das grandes capitais do mundo. Não houve setor em que não inovasse, da gestão financeira responsável à Lei do Zoneamento, das intervenções viárias às políticas de inclusão.

Teve defeitos, sim. Foi excessivamente tolerante com secretários medíocres, excessivamente personalista, a ponto de impedir que os bons secretários ganhassem projeção, descuidou-se da comunicação e da presença na periferia. E não soube difundir de maneira eficiente as políticas transformadoras que construiu, vítima que foi de um massacre cotidiano da mídia.

Haddad também era o último grande nome potencialmente presidenciável do PT.

Sua derrota sepulta definitivamente as pretensões do PT de ser líder inconteste das esquerdas, acelerando a necessidade de uma frente de esquerdas acordada. E aumenta as responsabilidades sobre o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o do Piauí, Wellington Dias, o do Maranhão, Flávio Dino.

Esse rearranjo exigirá medidas rápidas do PT, a mais urgente das quais será a de eleger uma nova Executiva em linha com os novos tempos, aberta à renovação, aos acordos horizontais, antenada com a nova cultura das redes sociais e dos coletivos. Ou o PT se refunda, ou se tornará politicamente inexpressivo.

Agora, trata-se de aguardar o segundo turno no Rio. Em caso de vitória de Marcelo Freixo, do PSOL, completam-se as condições para a unificação das esquerdas em uma frente negociada, sem aparelhismos, sem pretensões hegemônicas de quem quer que seja.

Peça 2 – o novo desenho do golpe


A vitória de João Dória Jr desequilibra as disputas dentro do PSDB. José Serra já era uma miragem comandado um exército de três ou quatro pessoas. Como chanceler, tem acumulado uma sucessão inédita de gafes. Não há nenhuma possibilidade de se recuperar politicamente.

Aécio Neves ainda se prevalece de sua condição de presidente do partido, mas foi alvejado seriamente pelas delações da Lava Jato – apesar da blindagem garantida pelo seu conterrâneo Rodrigo Janot, Procurador Geral da República (PGR).

Com a vitória de Dória, quem sobe é Geraldo Alckmin e sua extraordinária capacidade de influenciar o homem médio, isto é, o homem medíocre.

Se for adiante a tese do golpe dentro do golpe, com a impugnação total da chapa Dilma-Temer, é provável que se decida colocar na presidência da República alguém com competitividade para se candidatar à reeleição em 2018. Nesse caso, o nome seria Alckmin.

O discurso da anti-política consegue, assim, dois feitos. O primeiro, o de eleger prefeito da maior cidade da América Latina uma pessoa armada dos conceitos mais anacrônicos possíveis sobre gestão metropolitana. E coloca como favorito provavelmente o governador mais inexpressivo da história moderna de São Paulo.

Peça 3 – o desenho das esquerdas


No “Xadrez de Fernando Haddad e a frente das esquerdas” (http://migre.me/v8ftE) levanto a necessidade da explicitação de um padrão de governança das esquerdas, para reconstrução de uma alternativa de poder.

Nos próximos meses, à destruição das políticas sociais do governo federal, corresponderá à destruição das políticas implementadas em São  Paulo pela era Haddad.

O caminho seria construir uma instância de articulação suprapartidária, uma espécie de Conselho de Gestão juntando os principais estados e municípios governados pelos ditos governos progressistas. Os acordos se fariam acima das idiossincrasias das Executivas (especialmente do PT), e em cima de propostas concretas, de implementação de políticas públicas.

Seria a maneira de juntar os vastos contingentes que despertaram novamente para a política, depois de excluídos dela pela burocratização do PT – jovens, intelectuais, especialistas diversos. Nesse caso, Haddad poderia ser o grande articulador, devido à experiência acumulada em seus tempos de Ministro da Educação e prefeito de São Paulo, sua aceitação por jovens e intelectuais.

Peça 4 – o acirramento da repressão


Nem se pense que a vitória de Doria em São Paulo reduzirá a gana repressora.
Nos últimos dias, houve as seguintes ofensivas:
·       Indiciamento de Lula.
·       Prisão de Guido Mantega.
·       Prisão de Antônio Palocci.
·       Novo inquérito contra Lula, para investigar a colocação de uma antena de celular pela Oi, próxima ao sítio em Atibaia. Esses quatro itens precedendo as eleições.
·       Decisão do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região) de consagrar o Estado de Exceção.
·       Demissão de professor de direito no Mackenzie, por artigo contra o golpe.
·       Ameaça de demissão a quem insistir no golpe, formulada por diretor de redação da revista Época.
·       Demissão de José Trajano, comentarista símbolo da ESPN, por manifestações políticas.
  • Afastamento do ex-MInistro Carlos Gabas dos quadros do Ministério da Previdência por ter ajudado no pedido de aposentadoria de Dilma Rousseff
Não há sinais de que essa escalada enfrentará resistências de jornais e jornalistas.

A fragilidade financeira dos jornais está submetendo-os a episódios outrora impensáveis, frente à camarilha dos 6 que assumiu o poder. Em outros tempos, com toda sua dose de conservadorismo, o Estadão se insurgiu contra práticas da ditadura.

Agora, dificilmente.

De grandes monstros tentaculares da estatização, por exemplo, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal se transformaram nas empresas mais admiradas pela mídia.

Na primeira semana após o golpe, a Folha convidou a diretoria da CEF e do BB para almoços sucessivos. E o Estadão inventou um novo prêmio para as empresas mais admiradas. No segmento bancário, deu CEF e BB na cabeça.

O balanço dos repasses publicitários à velha mídia, por parte do Miguel do Rosário, contemplou apenas a publicidade institucional, aquela dos ministérios. Quando se consolidar com os dados das estatais, se verá o desenho da bolsa-mídia.

A ideia do direito penal do inimigo está sendo aplicada em todos os cantos.

Na matéria sobre publicidade nos blogs considerados de esquerda, a Folha encampou a tese de Michel Temer, de que a publicidade somente seria para quem veiculasse notícias de interesse. Ou seja, notícias que atendessem a um público anti-esquerda.

Com o Estado de Exceção explicitamente endossado pelo TRF4, a colunista Mirian Leitão, de O Globo, depois de colocar gasolina na fogueira que fritou Mantega e Palocci, teimou em explicar que não se pode comparar os tempos atuais com os da ditadura. Reviveu a tese da ditabranda. Depois justificou que ela foi torturada etc. etc., o que lhe dá obviamente enorme autoridade moral para explicar que Estado de Exceção não é bem isso e para colocar mais gasolina na fogueira.

Em ambos os casos, fica nítida a pesada herança inquisitorial de uma cultura – a portuguesa – que aceitava toda sorte de inclusão, desde que quem chegasse professasse a fé católica.

Esse será o maior desafio do Brasil moderno: a luta pela volta do estado de direito, independentemente de quem esteja no poder."

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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

“Um país de psicopatas, país de doidos, que confundem religião, política e esporte”

Por Carlos Eduardo, editor do Cafezinho, em 10/08/16 - "Ontem em entrevista ao Uol, a doutora Terezinha Maranhão, mãe da atleta Joanna Maranhão, foi direto ao ponto quando perguntada sobre as ofensas dirigidas à sua filha: “Este é um país de psicopatas, país de doidos, que confundem religião, política e esporte. Minha filha tem opiniões próprias, mas não merece ser ofendida e atacada como foi”.



Sobre os ataques machistas e preconceituosas não há o que dizer. Um completo absurdo sem sentido. Mas quero aqui atentar para outro detalhe, cada vez mais comum no debate político.
Acusar os defensores do governo Dilma, do PT, ou de qualquer coisa que lembre a esquerda de receberem 'mamatas' com dinheiro público.
Abaixo segue um exemplo deste tipo de argumento retirado do Facebook de Joanna Maranhão:

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(Foto: Reprodução/ Facebook)

Primeiro aconteceu com os blogs progressistas. Depois com os artistas que se manifestaram contra o golpe. E ontem vi muitas pessoas acusando Joanna Maranhão de receber algum tipo de 'mamata' ou vantagem com dinheiro público, seja lá o que isto signifique. E a culpa é do PT, claro.

Me espanta o nível de alienação e psicopatia na rede.

Se o Estado não deve financiar a imprensa alternativa, a cultura e o esporte, deve financiar o que afinal? Daqui a pouco vão dizer que bolsa de estudos também é 'mamata' com dinheiro público? O que sugerem os anti-petistas raivosos? Que o Estado continue a distribuir dinheiro somente para os mais ricos, através dos juros mais altos do mundo?

Abaixo a entrevista completa com a mãe de Joanna Maranhã, no Uol.

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Mãe de Joanna fica indignada com ataques à filha: “Um país de psicopatas”


Por Roberto Salim, do UOL

A doutora Terezinha Maranhão é geriatra. Está acostumada a atender velhinhos com problemas inevitáveis na vida de qualquer um. É uma médica dedicada, uma pessoa paciente e uma mãe que se levantava todo dia às quatro da manhã para levar sua filha aos treinamentos de natação, em Recife. A doutora dormia dentro de seu fusquinha, esperava o fim do treino, dava o lanche para pequena Joanna e a levava para a escola. Só depois disso ia para seu consultório na capital pernambucana.

“Criei meus filhos para ter opinião, pois a vida perde o sentido se o ser humano não for autêntico”.
Por ter educado Joanna Maranhão dentro desses princípios, a médica não se conformava nesta terça-feira com as ofensas recebidas pela filha nas redes sociais.

“Este é um país de psicopatas, país de doidos, que confundem religião, política e esporte. Minha filha tem opiniões próprias, mas não merece ser ofendida e atacada como foi”.

A doutora disse que Joanna não dormiu direito, ficou abalada, mesmo sendo forte.

“Foram ofensas pessoais que mexeram com ela. E é óbvio que ela não rendeu o melhor que podia na piscina, se tivesse repetido seu melhor desempenho teria passado às finais”.

Em sua família, doutora Terezinha foi criada para ser guerreira. Um dos ensinamentos da infância: a vida segue, seja qual for a dificuldade.

“E é vida que segue, às vezes se paga um preço alto por ser autêntico, mas faz parte”.

Ela volta para seus pacientes nesta quarta-feira. Joanna fica no Rio até dia 14, acompanhando o judoca Luciano Correa, seu namorado, que está comentando os jogos por uma emissora de TV.

“Se a Confederação de Desportos Aquáticos ou o Comitê Olímpico Brasileiro vão tomar alguma atitude? Eu não acredito. Eles nunca fizeram nada pela minha filha, não vai ser agora que vão agir”."

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