Por Luís Nassif, no GGN: o banzé montado em cima das declarações de Lula - invocando o Holocausto como um maneira de radicalizar as críticas contra o genocídio de Gaza - tem o claro intuito de desestabilizar o governo. Não há outra explicação para esse carnaval no qual colunistas se vestem com as lantejoulas da adjetivação forte para aparecerem na passarela da mídia. Perto desse show de vaidades vazias, o BBB parece uma reality de pessoas maduras.
Os fatos centrais são deixados de lado:
O genocídio de Gaza, que vitima mulheres e crianças, destrói escolas, universidades e hospitais e deixa clara a intenção de expulsar 2 milhões de pessoas de Gaza
A inércia do mundo ocidental, a ponto de dezenas de países interromperem ajuda humanitária porque supostamente se descobriu que meia dúzia de funcionários da ONU seriam simpáticos ao Hamas.
A humilhação que a chancelaria de Israel submeteu o Brasil (o Brasil, sim seus viralatas!) ao levar o embaixador brasileiro ao museu do Holocausto e gravar a humilhação a que ele foi submetido.
Com raras exceções, vira-latas mesmo! Na linha de frente, colunistas sem nenhuma noção sobre soberania nacional, sobre os rituais da diplomacia, analfabetos em geopolítica, colocando-se como um professor Girafalaes arrotando lições a Lula e deixando passar em branco o ataque à soberania nacional perpetrado pela chancelaria de Israel. Atrás, o coral dos colunistas secundários aplaudindo a comissão de frente, rápidos em engrossar o cordão dos puxa-sacos, porque conta pontos junto às respectivas empresas de comunicação. No meio, vozes minoritárias tentando exercitar um mínimo de jornalismo.
Qual a intenção dessa tentativa clara de desestabilizar o governo Lula? O fator Milei. Não bastou o desmonte do estado, perpetrado a partir de Michel Temer. Não bastaram as 700 mil mortes na pandemia, a tomada do poder pelas milícias de Bolsonaro e pelos golpistas de Braga Netto. Não bastaram o desmonte de estatais, as negociatas com refinarias. Agora se quer o fim da saúde pública, da educação pública. E o holocausto serve de álibi.
Não bastam as concessões ao mercado, o arcabouço fiscal e a missão impossível do déficit zero, o extremo cuidado do BNDES para tirar leite de pedra e montar fundos de investimento com capital privado, a reconstrução da saúde e da educação. Dia desses, dois dos jornalões saíram com editoriais criticando os gastos brasileiros com... educação!
No mundo: O Brasil ocupa a 45ª posição entre 178 países, em gastos com educação como proporção do PIB, de acordo com o Relatório Mundial de Competitividade 2023 do IMD.
Na América Latina: O Brasil ocupa a 6ª posição entre 18 países, de acordo com o Panorama Social da América Latina 2022 da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Na OCDE: O Brasil ocupa a 36ª posição entre 38 países, de acordo com o Education at a Glance 2023 da OCDE.
E os jornalões criticando os gastos com educação.
Depois, abriram manchetes para o pedido de impeachment de Lula pelo partido Novo, por ter enviado uma ajuda humanitária brasileira ao departamento da ONU que ampara as vítimas da Gaza!
E porque isso? Porque querem uma Petrobrás privatizada, querem o fim do ensino público, querem o fim do SUS, dos últimos bancos públicos. E não se envergonham de compor uma frente com garimpeiros, milicianos, militares golpistas, pastores neopentecostais que se apropriam das verbas assistenciais.
Repito o artigo de ontem à tarde, no auge das manifestações contra Lula:
Há um conjunto de elementos para se acreditar em uma tentativa de pacto entre o crime organizado, o garimpo e igrejas neopentecostais para reorganizar a aliança que elegeu Jair Bolsonaro.
Os indícios são muitos:
O importante "De olho nos Ruralistas" mostrou as conexões históricas entre Valdemar da Costa, presidente do PL, e o garimpo. O artigo foi reproduzido no ICL. O mesmo fez a UOL.
Há tempos, Aldo Rebelo vem defendendo, junto aos militares, a exploração do garimpo na Amazônia como um ato de afirmação nacional. Hamilton Mourão já criticou o controle do garimpo em terras yanomami. General Heleno autorizou garimpo em Roraima. A Polícia Federal confirmou o boicote do Exército em ação contra o garimpo no Pará. A PF prendeu um general três estrelas que extorqui garimpeiros. Em 2020, o Ministério da Defesa proibiu uma ação do Exército contra o garimpo.
leve-se em conta que o garimpo - e o jogo de bicho - forma os setores oferecidos aos membros dos porões, quando veio a redemocratização.
No momento, há um movimento que pretende formar uma frente PL-MDB-PSD entre outros para fazer oposição a Lula. Segundo a Folha, o MDB lotou de lideranças a posse de Aldo como Secretário do prefeito Nunes de São Paulo. S e essa frente se consolida e elege o sucessor de Arthur Lira - com David Alcolumbre como presidente do Senado - acaba o governo Lula e qualquer pretensão de normalização democrática.
Na outra ponta, o hoje inexpressivo Roberto Mangabeira Unger, reeditando os velhos vendedores de Bíblias do Velho Oeste, coloca seu projeto de país nas costas e sai vendendo - agora, para o próprio Bolsonaro.
E a mídia avança em dois temas nítidos. O primeiro, a hiper-dramatização da fala de Lula, comparando Gaza ao Holocausto. Só a Folha de hoje traz 11 (onze) matérias sobre o tema.
O segundo tema são os ataques diários dos jornalões - especialmente nos editorais - a Alexandre de Moraes. Jornais, como o Estadão, que saudaram a prisão preventiva de Lula, hoje utilizam o garantismo como arma de guerra contra o Supremo. Mesmo sabendo que Alexandre foi o grande defensor da democracia, inclusive correndo riscos de vida. Não fosse sua coragem e firmeza, Bolsonaro e seus militares certamente já teriam imposto censura à imprensa. Mas a imbecilidade brasileira é galopante.
É mais do que hora de Lula construir pontes políticas como a sociedade. O caminho é óbvio: um pacto de desenvolvimento e de governabilidade com a indústria e a produção - por tal entendendo-se a extrema rede de federações empresariais (da economia real), cooperativismo, agricultura familiar. A política industrial tem que ser conduzida diretamente pelo presidente da República.
Ou Lua se movimenta rápido, encontra uma marca para seu governo, reconstrói alianças com setor privado - depois da destruição das empreiteiras pela Lava Jato -, ampara-se no poder político das indústrias. Ou, em breve, o Brasil voltará aos caos e à destruição que caracterizaram o governo Bolsonaro. O antipetismo visceral fez a mídia bosonarar novamente.
Por Moisés Mendes, em seu blog: Este é cada vez mais o Brasil de Tim Maia. O sujeito inelegível tirava fotos sorridente ao lado de nazistas, como essa acima [abaixo] com a deputada alemã Beatrix von Storch, no Palácio do Planalto, em julho de 2021.
Ex-assessores do inelegível pregavam supremacismo no governo, com ostentação, e estão sendo processados como neonazistas.
Evangélicos bolsonaristas, adoradores do inelegível amigo de nazistas, passaram a se comportar como se fossem judeus e adoradores de Israel.
Um fascista judeu convoca agora evangélicos contra Lula. O fascistão genocida Benjamin Netanyahu, amigo do inelegível, que é amigo de nazistas, também ataca Lula.
Já não se sabe mais o que é nazista, bolsonarista, antissemita e judeu sionista de extrema direita, porque todos se misturam em torno do inelegível.
E no meio disso tudo está o neopentecostal pobre e reacionário que se considera judeu, mas judeu rico.
E quem se espanta diante dessa aparente confusão, com todos na mesma foto, corre o risco de ser chamado de antissemita.
Só por mostrar que amigos de nazistas se dizem amigos de Israel e dos líderes judeus sionistas que se orgulham por serem amigos de inelegíveis fascistas amigos de nazistas.
(O título desse texto é uma referência a uma declaração antológica de Tim Maia sobre os paradoxos do Brasil. "Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita")
A equação do presidente Lula com Flávio Dino e Ricardo Lewandowski significa uma aposta na formação de uma aliança de governabilidade do Executivo com o STF. É uma tentativa de substituir a inconfiável e fracassada governabilidade congressual tentada com Arthur Lira, o líder do sistema parlamentar de achaque e extorsão.
As dificuldades e impasses criados pela Câmara dos Deputados no primeiro ano de governo evidenciaram a necessidade de Lula buscar uma saída para contornar a correlação de forças hostil no Congresso. A saída escolhida foi a formação deste bloco de poder com o STF. Se dará certo ou não, o tempo dirá.
No jogo contínuo de chantagens e ameaças, Lira sempre aumenta o preço do apoio prometido. Ele sinaliza que continuará cobrando do governo um preço cada vez mais impagável para, ao fim e ao cabo, acabar não garantindo a aprovação dos projetos que integram o programa eleito em 20 de outubro de 2022.
lula começou o governo cedendo três ministérios para partidos que apoiaram Bolsonaro na eleição e que, juntos, possuem pelo menos 140 deputados federais - dente eles até o União Brasil, de Sérgio Moro e quejandos.
Não foi preciso muito tempo para o governo perceber que a concessão de espaços não seria suficiente para garantir a aprovação de projetos. Lira desdenhou dos ministérios, não reconheceu os nomeados como aliados seus, e avisou que para receber os votos parlamentares, o governo precisaria entregar verbas do orçamento secreto.
Depois de alguma relutância, Lula turbinou o valor das emendas parlamentares até atingir o valor de quase R$ 50 bilhões em 2024. Assim mesmo, o governo continuou sendo derrotado na Câmara.
Lira, então, alertou que não bastaria aumentar as verbas de emendas e entregar ministérios sem a anuência dele. O governo precisaria abrir espaço na Esplanada para indicações do Centrão combinadas com ele.
Outra vez, e também não sem relutância, Lula cedeu e demitiu Ana Moser e Daniela Carneiro para atender Lira.
Depois, porém, de um breve espasmo de lealdade de Lira, a realidade bateu à porta: Lira subiu a aposta e pediu ainda mais. Ele alegou que além de verbas, ministérios, de mais verbas e de mais ministérios, o governo deveria entregar a CEF, além de cargos apetitosos em estatais.
Mais uma vez, e não sem um lingo tempo de demora enquanto era pressionado por novos reveses impostos por Lira na Câmara, Lula demitiu a presidente da Caixa, Rita Serrano, e entregou para o Centrão, que criou sete vice-presidências para lotear inclusive com o PL, partido de Bolsonaro.
Depois disso tudo, no entanto, o bloco extorsionário e achacador liderado por Arthur Lira ainda se diz "independente", podendo votar contra o governo - como aliás, fez o ministro da Agricultura Carlos Fávaro.
Petulante, Lira agora ameaça não tramitar na Câmara nenhuma pauta de interesse do governo enquanto Lula não demitir o ministro Alexandre Padilha, da SRI [Secretaria de Relações Internacional], e assumir a interlocução direta com ele.
Lira deixa claro que está entrincheirado no lado da oposição e das forças que ameaçam a democracia. As ausências dele na posse do ministro Lewandowski e na solenidade dos três Poderes de rememoração do 8 de janeiro confirmam isso.
O bloco de poder do Executivo com o STF é uma reação a essa realidade, e tem caráter defensivo; é uma barreira para tentar conter a ofensiva oposicionista liderada por Lira e instrumentalizada pela extrema-direita.
Flávio Dino, com atributos políticos e jurídicos reconhecidos, se credencia para desempenhar o papel de "líder do governo" Lula no STF, enquanto o ex-presidente da Suprema Corte Ricardo Lewandowski sedimenta a relação política e institucional entre Executivo e Judiciário.
Este eixo de governabilidade foi reforçado, ainda, com a adesão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o compartilhamento da indicação do PGR Paulo Gonet com os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Lula abdicou de indicar para o cargo o procurador defendido pelo PT para prestigiar os aliados de toga.
Esta aliança inédita entre os poderes Executivo e Judiciário para a governabilidade nasce com duas vulnerabilidades.
Por um lado, prescinde de mecanismos de participação popular de deliberação sobre políticas do governo e controle do orçamento que poderiam construir canais de sustentação popular do governo para contra-arrestar a força oposicionista no Congresso.
E, em segundo lugar, legitima o discurso de vitimização da extrema-direita tanto bolsonarista quanto lavajatista, que se diz perseguida pelo STF/TSE e prejudica pela usurpação das prerrogativas legislativas retórica que funciona como apito para a matilha fascista.
Os novos embates estão à vista. O contencioso a respeito dos vetos presidenciais à LDO será primeiro teste, e neste processo Lira não hesitará em abrir mais uma crise política e institucional.
Por Luís Nassif, no GGN: Peça 1 - O entendimento sobre desenvolvimento - Duas coisas chamaram a atenção em Lula, na nova inauguração da refinaria Abreu e Lima (RNEST). A primeira, o seu discurso. A presença da multidão, as imagens de mocinhas e rapazes humildes, chorando enquanto cantavam o Hino Nacional, inspirou um discurso de Lula, como não se ouvia há tempos.
Teve espaço para desabafos, em relação à campanha ignominiosa que sofreu, mas na maior pare do tempo foi recheado de princípios políticos, econômicos e sociais da mais alta relevância - embora dito com a linguagem simples de um homem do povo. Essa é a mistura imbatível: princípios que parecem ser de um senso comum mas que, somados, definem um projeto de país como nenhum outro governante ousou fazer.
Mostra a profunda empatia como o povo, com a geração de empregos, com a mudança na vida das pessoas, com o meio ambiente, com os princípios fundamentais da neoindustrialização. Depois, uma defesa enfática do desenvolvimento - visto como um processo de construção do país, com espaço para o social, par o setor privado e para o Estado.
Segundo: o discurso contrasta com a política do seu primeiro ano de governo, absolutamente submissa aos 3 emes - mídia-mercado-militares - e amarrada ao Centrão.
Peça 2 - a herança da lava jato
Hoje em dia, apenas pessoas ignorantes ou de má fé - como Demétrio Magnolli -, para tratarem as informações sobre a influência dos Estados Unidos na Lava Jato como teoria conspiratória.
Na série "Lava Jato Lado B" detalhamos como se deu essa influência.
Aliás, em 27 de fevereiro de 2021 enviei o documentário a Gaspar Estrada. No dia 10 de abril ele publicou reportagem no Le Monde com as mesmas conclusões do documentário. Mas me garantiu, via mensagem do Twitter, que não teve tempo de assistir o documentário. Que seja! Mas a coincidência mostra os fatos disponíveis, pra quem se dispuser a ir atrás.
Orientada pelo Departamento de Estado, o tiro da Lava Jato foi certeiro, ao mirar os seguintes alvos:
1. Liquidando com as empreiteiras nacionais, não apenas matou a competição com empreiteiras americanas no exterior mas, principalmente, desequilibrou totalmente o jogo político, especialmente no Congresso. As empreiteiras eram o único setor que se contrapunha ao lobby do mercado.
2. Tentou liquidar com os instrumentos de financiamento interno, como o BNDES.
3. Atirou de modo fulminante na parceria da Marinha com a França, para a construção do submarino nuclear, ao atingir simultaneamente o Almirante Othon, o governo francês - através das denúncias contra o presidente Nicolas Sarkozy - e a Itaguaí Construções Navais (ICN), parceria entre o grupo Novonor e a empresa francesa Naval Group. Othon foi atingido por denúncias que eo então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, recebeu diretamente de Leslie Caldwell, procuradora adjunta da Divisão Criminal do Departamento de Justiça.
E Sarkozys por denúncias colhidas no Brasil pelo procurador suíço Stefan Lenz. Em 2016, Lenz foi demitido do Ministério Público da Suíça. As razões para sua demissão não foram divulgadas oficialmente, mas especula-se que tenha sido devido a reuniões informais que ele teve com autoridades brasileiras envolvidas na Operação lava jato. O inacreditável PGR Janot tentou até contratá-lo como assessor da Lava Jato. Após sua demissão, Lenz fundou um escritório de advocacia em Zurque e ofereceu seus serviços para clientes brasileiros.
4. Por orientações de procuradores norte-americanos, a Lava Jato poupou o sistema financeiro, mesmo sabendo que a lavagem de dinheiro ocorria através dos bancos. Poupou, inclusive o banco BTG, tão influente no governo Lula quanto a Odebrecht. A alegação era de que denúncias contra bancos poderiam desestabilizar a economia. As investigações da lava jato revelaram que o sistema financeiro brasileiro era amplamente utilizado para lavar dinheiro de corrupção. A única punição foi a um banco de São Paulo, de baixíssima penetração.
O golpe do impeachment completou o ciclo, ao quebrar as pernas do BNDES, dar autonomia completa ao Banco Central e amarrar os gastos públicos com metas de gastos, que só não estipulava limites ao pagamento de jutos da dívida pública.
Em cima de tudo, surge o Centrão, como força política maior., e as bancadas do agro, do tiro e das religiões.
Peça 3 - o desequilíbrio político
Se Lula tem certeza sobre os fundamentos básicos de funcionamento do Estado e da iniciativa privada, por outro lado tem uma cautela ampla em relação aos setores com potencial de desestabilizar a política.
A cautela já se manifesta no Lula 1 e 2, mas ampliou-se agudamente no Lula 3 - justamente em função do enfraquecimento substancial do poder político do Executivo.
O dilema de Lula é claro. Há pouco espaço no orçamento, e na política, para as políticas públicas. Ele optou, então, por ceder a todos os setores com algum poder político ou armado - Igrejas, PMs, Forças Armadas, Polícia Federal, empresas com isenção na folha de pagamentos, mercado etc -, e tirar o espaço de todos os setores alinhados com ele.
Os setores beneficiados jamais apoiarão seu governo; os prejudicados são da sua base de apoio, eis a questão.
Cada concessão política mina sua imagem junto aos setores que o apoiam. O caso mais ostensivo de temor reverencial é a não retomada da Comissão de Mortos e Desaparecidos, deixando dezenas de mães morrendo sem saber o destino dos filhos. E também a recuperação dos salários da Polícia Federal e de outras forças de controle, em contraposição ao congelamento das verbas das universidades e do salário dos professores.
Lula tentará compensar esse desgaste avançando nas brechas. Do mesmo modo que fez no primeiro e segundo governo. Mas lá, o boom das commodities abriu espaço para os gastos atenderem a todos os setores.
A reinauguração da Refinaria, no entanto, mostrou que nem o desastre Jair Bolsonaro foi suficiente para conferir um mínimo de bom senso à imprensa. Uma medida totalmente racional - o aumento da capacidade de refino do país, para economizar divisas e aumentar a segurança energética -, e a ampliação da refinaria para produzir, também, energia verde, foi tratada como crime de lesa-pátria. Todas as besteiras foram levantadas, de argumentos ambientais - como se os refinados importados não afetassem a natureza - à lembrança da Lava jato.
O discurso único dos comentaristas da Globonews foi a prova cabal da ordem unida - ou seja, ordem de cima, acatada por quem tem juízo. O restante da mídia veio atrás, em cima de slogans tão superficiais e preconceituosos como o artigo do Joel Pinheiro da Fonseca. Começou um ensaio de "delenda Lula", mostrando que Lula desenvolvimentista ainda é tratado como risco maior do que o bolsonarismo trescloucado.
Peça 4 - Lula 3, ano 2
Agora, Lula 3 viverá seu grande desafio. Promete sair pelo país, defendendo seu legado. Suas armas são as seguintes:
-Tentará obter apoio do setor industrial como o lançamento da política industrial nesta semana.
- Tem um conjunto de medidas de estímulo fiscais a novos investimentos e linhas do BNDES que estão sendo organizadas, com juros abaixo da Selic.
- A Petrobras voltou a ser um centro importante de investimentos públicos, permitindo a reconstrução da cadeia do petróleo - incluindo portos e estaleiros - sem as restrições fiscais impostas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.
- Tem a parceria com a rota da seda, da China, e com o banco dos Brics, para financiar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
- O papel do Supremo Tribunal Federal e da procuradoria Geral da República, que, através do levantamento das irregularidades das emendas parlamentares poderão coibir um pouco o apetite estrondoso do Centrão.
Na contramão, há os seguintes fatores negativos:
- A manutenção de taxas de juros proibitivas para a economia, com a maior parte do orçamento sendo consumida para pagamento de juros da dívida interna.
- A invasão dos produtos chineses, cada vez mais presentes na economia.
- As restrições orçamentárias, que o obrigarão a encarar, ainda no primeiro trimestre, a necessidade de cortes orçamentários.
- Um Congresso totalmente subordinado a interesses setoriais e corporativos.
- A impaciência cada vez maior de seus apoiadores históricos.
E, no final da linha, as eleições municipais.
O final do jogo é imprevisível, assim como é imprevisível o comportamento do nosso Ronaldinho da política - Lula. Em 2010, Dunga não levou Ronaldinho, alegando que ele não tinha comportamento adequado para um jogador de seleção. A razão era mais banal. No final dos anos 90, em um Grenal, Ronaldinho humilhou Dunga. No final, o Brasil foi eliminado nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010. Dunga foi demitido após torneio e Ronaldinho nunca mais foi convocado para a seleção brasileira.
Idiossincrasias e falta de foco na vitória continuam sendo os principais fatores de atraso do país. Resta saber se, em 2024, Lula conseguirá superar a maldição de Dunga e voltará a marcar gols.
247: O comentarista Demétrio Magnoli, da Globonews, insultou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comparou a Jair Bolsonaro, acusando-o de propagar fake news. O motivo: Lula apontou, no discurso de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, a participação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na Lava Jato - o que já foi demonstrado historicamente.
"Essa é uma lenda urbana, há anos difundida pelo PT, mas não tem nenhuma base factual, é fake news. [...] É o 'padrão Bolsonaro' de reduzir, de rebaixar a palavra presidencial ao estatuto de papo de bêbado em boteco", disse Magnoli.
Rapidamente, Magnoli foi desmascarado nas redes sociais. Confira:
Não, não é uma lenda urbana. Foi inclusive tema de uma ótima matéria do jornal francês Le Monde Diplomatique, que é renomado por seu jornalismo de qualidade. É claro que ninguém espera que a Globo, que foi cúmplice desse processo, admita. Mas "lenda urbana" é a qualidade dessa… pic.twitter.com/Jq7xWYBxvJ
Demétrio é um mentiroso compulsivo. É uma informação pública que agentes da Lava Jato passaram por "treinamento" no departamento de Estado dos EUA e posteriormente enviaram informações ao governo dos EUA clandestinamente.https://t.co/r1RD7C6SeJ
Congresso em Foco: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou neste sábado que as regras para filiação partidária serão alteradas a partir de fevereiro. As mudanças vêm depois de uma suposta fraude para a filiação do presidente Lula (PT) no Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro. Com as novas regras, para a filiação de uma pessoa será necessário um novo fator de confirmação, a partir do e-Título, a versão digital do título de eleitor.
"Todas as pessoas que operam o Filia com uso de senha passarão a utilizar também o e-Título para conformar o acesso ao sistema", diz nota do TSE.
A implementação das novas regras deixará o Sistema de Filiação Partidária (Filia) fora do ar até fevereiro. "O objetivo é aperfeiçoar os mecanismos de segurança já existentes e tornar cada vez mais protegidos os dados de eleitores filiados a partidos políticos no Brasil", afirma o tribunal eleitoral.
Na última quinta-feira (11), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, mandou a Polícia Federal investigar a suposta fraude na filiação de Lula no PL. Para o tribunal, há indícios de falsidade ideológica.
O TSE afirmou que o sistema de filiação partidária funcionou normalmente e que "não houve ataque ao sistema ou falha em sua programação. O que ocorreu foi o uso de credenciais válidas para o registro de uma nova filiação falsa."
Na certidão de filiação partidária de Lula, revelada pelo jornal O Globo, consta que o presidente teria se filiado em julho de 2023. Lula estaria vinculado ao diretório municipal de São Bernardo do campo, onde ele mantém residência. O cadastro da filiação foi feito em outubro.
A inserção de filiados é feita pelos partidos, a partir dos dados das pessoa que pediram filiação. Um representante da cada partido mantém uma senha de acesso ao Sistema Filia.
Redação/Brasil de Fato: O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, elogiou o presidente Lula da Silva e afirmou que não há comparação com Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada durante uma entrevista ao jornal O Diário, de Mogi das Cruzes, em dezembro de 2023. O recorte da entrevista viralizou nas redes sociais nesta sexta-feira (12). O vídeo original alcançou 20 mil pessoas no YouTube.
No comentário, Valdemar afirma que Lula é melhor no relacionamento do que Bolsonaro. Valdemar elogiou os governos anteriores do petista e disse que ter José Alencar como vice de Lula naquele período foi muito bom para o partido.
"Bolsonaro não é uma pessoa igual a nós. Não tem comparação. O Lula é um camarada do povo. O Lula é completamente diferente do Bolsonaro. Completamente diferente, e é um fenômeno, porque chegar onde ele chegou. Ele foi bem no governo também, e elegeu a Dilma [Rousseff] depois. É completamente diferente o Lula do Bolsonaro", explicou.
"Bolsonaro não é uma pessoa igual a nós. Não tem comparação. O Lula é um camarada do povo. O Lula é completamente diferente do Bolsonaro. Completamente diferente, e é um fenômeno, porque chegar onde ele chegou. Ele foi bem no governo também, e elegeu a Dilma (Rousseff] depois. É completamente diferente o Lula do Bolsonaro", explicou.
Valdemar também explicou que Lula tem prestígio e é mais conhecido pela população brasileira por ter disputado mais vezes a presidência da República.
"o Bolsonaro tem 1 mandato só. O Lula, quando foi eleito presidente, foi eleito na quarta tentativa dele par a Presidência da República, sendo que ele já tinha tido uma tentativa para o governo do Estado também".
O dirigente do PL também atribuiu ao empresário José Alencar a vitória de Lula nas eleições de 2002 e o descreveu como um político de direita. "Aquilo foi muito bom para a gente. O José Alencar ajudou muito a gente e nós fizemos parte do governo", recordou.
Estão me atacando usando uma fala minha sobre o Lula que está fora de contexto. A esses, deixo um recado: Quem não tem lealdade e fidelidade, tem vida curta na política. Sou leal ao Bolsonaro e fiel aos meus princípios. Quem me conhece sabe que minha palavra não faz curva.…
Por Felipe Pontes, repórter da Agência Brasil: O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal (PF) investigue uma suposta fraude na filiação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu adversário político.
Na decisão, Moraes disse ser “fato notório” que Lula é filiado ao PT, partido do qual é fundador e presidente honorário. Ao ordenar a apuração, o ministro disse haver a “existência de indícios de crime a partir da inserção de dados falsos em sistema eleitoral”. Em nota, o TSE disse que “há claros indícios de falsidade ideológica”.
Pela regras da Justiça Eleitoral, cabe aos próprios partidos registrar a filiação de seus membros, por meio do acesso ao sistema eletrônica Filia. Após apurações internas, o TSE disse ter constatado que o registro de Lula no PL foi feito com o uso da senha de uma das advogadas do partido. O acesso dela foi cancelado, informou a corte.
Na certidão de filiação partidária de Lula, primeiro revelada pelo jornal, consta que o presidente teria se filiado ao PL em julho do ano passado, vinculado ao diretório municipal de São Bernardo do Campo, onde ele mantém residência. O cadastro da filiação foi feito em outubro.
O TSE afirmou que o sistema de filiação partidária funcionou normalmente e que “não houve ataque ao sistema ou falha em sua programação. O que ocorreu foi o uso de credenciais válidas para o registro de uma nova filiação falsa.”
À imprensa, o PL encaminhou nota da empresa Idatha, contratada pela legenda para fazer o gerenciamento de dados junto ao sistema Filia. A companhia disse estar totalmente à disposição para esclarecer o ocorrido e acrescentou que o acesso ao sistema de filiação é feito por meio de senha nacional fornecida pelo TSE e de posse da delegada nacional do partido.
“É crucial ressaltar que todo o fluxo de qualquer eventual filiação é registrado no sistema, o qual mantém informações e documentos auditáveis, estando todos os lançamentos disponíveis para averiguação das autoridades competentes”, complementa a nota.
Por Alexandre Aragão, em Aos Fatos: No ato no Congresso que marcou o primeiro aniversário do 8 de janeiro, o tema da desinformação foi citado nos discursos dos chefes dos três Poderes e do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes - que voltou a criticar a falta de regulação das redes, "um dos grandes perigos modernos da democracia", segundo ele.
Por Camila Bezerra, no GGN: A jornalista Julia Duailibi, apresentadora da GloboNews, disse em entrevista exclusiva ao jornalista Luís Nassif, do GGN, que não acredita que haverá punição para militares envolvidos no atentado à democracia que ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023.
Segundo Julia, as instituições estão inclinadas ao "apaziguamento" com as Forças Armadas. Por outro lado, na visão da jornalista, há um "empenho" em encontrar os financiadores e mentores por trás da tentativa de golpe de Estado.
"A minha impressão - e eu posso estar errada - mas as conversas que tive e tenho até hoje me mostram que há uma tentativa e apaziguamento. O que eu sinto é que está todo mundo meio 'não vamos mexer nisso, não' [é o que dizem] em off. 'Vamos esperar um pouco, foi muito estresse. As instituições passaram por momento muito crítico, vamos esperar'. Agora, sinto que há um empenho muito grande na questão dos financiadores e mentores. Se vai andar a investigação para além dos executores que já estão presos, acho que vai ser na direção dos financiadores e mentores."
Julia concedeu entrevista exclusiva ao programa TVGGN 20 Horas, da canal TVGGN [assista abaixo] na noite de segunda (8), para comentar a estreia na GloboNews do documentário "8/1 - A democracia resiste".
A produção, que tem Julia Duailibi e Rafael Norton na direção, conta os bastidores da reação do poder civil na tarde do domingo, 8 de janeiro de 2023, quando uma horda bolsonarista invadiu os prédios dos Três Poderes, em Brasília, pedindo intervenção militar contra a posse de Lula, e deixando um rastro de destruição sem precedentes.
Para compor o documentário, Julia teve acesso a mais de 500 horas de gravação de imagens de câmeras de segurança, que foram casadas com entrevistas exclusivas. O documentário "8/1 - A democracia resiste" será exibido na próxima quarta-feira (10), na Rede Globo (canal aberto), após o programa Big Brother Brasil - BBB24.
Bastidores da crise
Uma das histórias resgatadas no documentário de Duailibi foi o papel de protagonista do secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, que mesmo sendo um civil assumiu o comando da tropa que guardava a segurança da sede do MJ, de onde trabalhavam os ministros Flavio Dino, Gonçalves Dias (exonerado meses após o atentado) e José Múcio, em meio à crise. o documentário também mostra como e por que Capelli foi nomeado interventor federal na segurança do Distrito Federal naquela mesma noite.
A produção mostra ainda a curiosa história de dois funcionários da equipe de segurança do governo Lula, que tomaram as medidas necessárias para impedir que o gabinete presidencial fosse invadido pelos bolsonaristas. No documentário, um deles explica que seu objetivo era impedir que um golpista sentasse na cadeira hoje ocupada por Lula, pois seria uma imagem chocante para a opinião pública. Por isso, tiveram essa preocupação de resguardar o gabinete a qualquer custo.
Ganhando tempo
Na análise de Julia Duailibi, o golpe não teve êxito por uma série de fatores combinados, desde o papel dúbio de Jair Bolsonaro - que deixou o País em 31 de dezembro de 2022, antes da posse de Lula - como também pela falta de consenso entre as Forças Armadas sobre a ruptura democrática.
"Há militares que reconhecem que se o golpe fosse bem sucedido, o Brasil ficaria isolado no cenário internacional, havia essa reflexão. [Entre os militares] Há conservadores que são legalistas. Houve falta de organização e comando do Bolsonaro, que foi embora. Tudo isso levou a, de fato, não ter um apoio majoritário para que virassem o jogo", pontuou Duailibi.
Ainda sobre os militares, Julia comentou na entrevista ao canal TVGGN sobre a resistência que o comando militar impôs à entrada da polícia no acampamento dos bolsonaristas na capital federal. Os militares alegaram que se os policiais entrassem para cumprir a ordem de desmobilizar o acampamento e prender os golpistas, haveria risco de violência e morte. Com isso, Lula aceitou a ideia de cercar o acampamento e prender todos os manifestantes na manhã do dia seguinte.
Apesar da hipótese de violência ter sido a justificativa oficial dos militares para resistir à entrada da polícia no acampamento no dia 8/1, há informações de bastidor dando conta de que, na verdade, o que os militares queriam era "ganhar tempo" para remover seus familiares do acampamento e impedir que fossem presos.
"Está na cara que eles ganharam tempo para sair. Tinha familiar de gente importante que ia, frequentava [esse acampamento]. O presidente chegou a mencionar em uma das entrevistas que a mulher ou filha do Villas Boas frequentava acampamentos [golpistas]. Então, eram parentes de gente de importância e relevância das Forças Armadas [ali dentro]. É uma teoria que se tem , mas não temos as imagens para comprovar."
Por Miguel do Rosário, em O Cafezinho: Bizarro! Ao invés de atacar os golpistas e terroristas do 8 de janeiro, Ciro Gomes vem às redes agredir o presidente Lula por organizar um ato ("igualmente desonesto", segundo ele!!!) para marcar um ano de vitória dos democratas. É muito timing perdido. Quadros do PDT, partido de Ciro, mais uma vez estão profundamente constrangidos.
Confira as respostas e encontrará alguns dirigentes partidários, além de inúmeros ex-militantes do próprio Ciro, reagindo com asco.
Esses quadros do PDT não são fanáticos, bitolados e analfabetos políticos como parece ter se convertido um setor crescente de "turma boa", e por isso sabem que esse tipo de posição dúbia, oportunista, causa uma enorme repulsa no eleitorado progressista.
O eleitor reacionário, bolsonarista, não vota no PDT, odeia o trabalhismo, e vê Ciro Gomes apenas como um idiota útil que produz vídeos contra Lula que eles adoram usar em suas redes.
Essa posições ambíguas, ressentidas e sobretudo equivocadas de Ciro não são apenas autodestrutivas. Elas prejudicam todos que estão próximos a ele, e a seu partido.
Não espanta que 90% de seus aliados no Ceará, incluindo todos seus irmãos, além de seus aliados mais próximos (Mauro Benevides, por exemplo), tenham se distanciado ao máximo de Ciro, e até mesmo mudado de partido.
Entretanto, o mais patético é que Ciro agride todo o campo democrático, e aí, quando vem a reação, quando o campo que ele atacou PRIMEIRO, quando este campo rebate, com dureza com que a democracia sempre trata os cretinos, ele agita a carta do vitimismo. Diz que é "vítima" de violência política.
Ontem mesmo estava tentando surfar na história absolutamente ridícula da "conspiração Mynd8" do bolsonarismo ensandecido.
Os ciristas vem atacando artistas como Caetano Veloso, por ter feito a campanha Tira Gomes. Será que eles ignoram, ou só fingem ignorar que Caetano foi antes atacado de forma asquerosa por Ciro numa entrevista? (Ciro insinuou que Caetano vendera seu voto em troca de lei Rouanet, insinuação que passou lançar contra toda a classe artística em suas entrevistas).
Atacam Tico Santa Cruz. Atacam o senador Cid Gomes. Atacam Marina. Atacam furiosamente o próprio PDT. Não são críticas, são sempre ataques baixos, contra a honra e contra a integridade dos outros.
Tornam-se uns blackblocs do ressentimento, completamente desgovernados, alternando um esquerdismo radicalizado, infantil, sectário, a um moralismo doentio e uma arrogância baseada em delírios insanos de uma suposta (totalmente inexistente, na verdade) "superioridade intelectual".
E acabam, invariavelmente, abraçando historietas bolsonaristas, como essa da Mynd8, entre outras.
O lado bom é que a própria democracia brasileira sabe se defender do cretinismo. Os 3% de Ciro no primeiro turno de 2022, e a implosão do PDT Ceará, são respostas democráticas aos ataques violentos de Ciro ao bom senso, à boa política, e sobretudo a esse antológico pacto antifascista que derrotou Bolsonaro e recolocou o Brasil no caminho do desenvolvimento, da modernização e da recuperação dos nossos valores democráticos (que incluem cordialidade, o respeito e o decoro, virtudes que infelismente Ciro parece não ter mais).
Leia a íntegra da postagem!
Os atos de vandalismo e de depredação do patrimônio público, ocorridos por insubmissão política aos resultados eleitorais, devem ser punidos exemplarmente, principalmente a partir dos grandes responsáveis pelo seu financiamento e motivação. Não é o que está acontecendo. Explorar…
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: O jornal O Globo publicou uma entrevista com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que repercutiu fortemente nesta semana. Na entrevista, Haddad rebateu algumas críticas que tem recebido do POT por causa das políticas econômicas, e mostrou preocupação com a formação de uma liderança petista à altura de suceder Lula em 2020 - já que o presidente foi colocado como candidato natural à reeleição em 2026.
Na visão do cientista político da UnB, Thiago Trindade, a entrevista sinalizou apoio do grupo Globo a Haddad na disputa presidencial, já que a direita e centro-direita ainda não dispõem de um nome com projeção e força suficientes para garantir a derrota da ultradireita bolsonarista. Ao mesmo tempo, segundo Trindaade, Globo coloca lenha na fogueira e fomenta as divergências entre Haddad e o PT.
"A entrevista me pareceu uma sinalização muito clara de O Globo tentando anunciar o candidato deles. É evidente que, nessa altura do campeonato, não vai ter ninguém da direita ou da centro-direita que seja competitivo contra o bolsonarismo. Eles não querem alguém da extrema-direita, e estão dizendo que o candidato deles é o Haddad", argumentou Thiago Trindade.
A entrevista de Haddad ao jornalão, publicada nesta terça-feira (2), foi tema de conversa entre Trindade e o jornalista Luís Nassif, no programa TVGGN 20 Horas, exibido no canal do Jornal GGN no Youtube [assista abaixo].
Segundo o analista, a falta de um nome forte à direita, combinada com a saída de Flávio Dino - que seria um potencial sucesso de Lula - do governo para ocupar uma cadeira na Suprema Corte, justifica os esforços da mídia corporativa em criar desde já um possível sucessor para Lula. Por outro lado, Haddad também tem caído no gosto da mídia burguesa por ter alcançado êxito em sua agenda política e econômica em 2023.
"Haddad está fazendo sobretudo um programa de governo competente, mas é um programa sobretudo voltado para Faria Lima", disse Trindade. "Aonde a gente quer chegar com essa discussão de déficit zero? No que vai progredir, do ponto de vista do combate à extrema-direita, com essa discussão? Vale lembrar que essa pauta foi levantada pelo Paulo Guedes, em janeiro de 2019, no Fórum Econômico Mundial de Davos. Essa é uma pauta colocada pela extrema-direita e não deveríamos estar dando eco", opinou.
"O Haddad está fazendo um bom trabalho, mas a questão é: um bom trabalho para quem? Quem ganha com essa política econômica? Por que a Faria Lima gosta dele? Por que o Globo quer que o Haddad seja o candidato do PT para 2026?", questionou o cientista politico.
Dificuldades petistas
Para Trindade, a fatídica entrevista ainda expôs o racha interno no Partido dos Trabalhadores sobre a área econômica, além de mostrar que toda força política ainda está depositada na figura do presidente Lula.
"A entrevista me Pareceu uma tentativa, na verdade, de acirrar ainda mais os conflitos internos no PT", pontuou.
Não à toa, horas depois, figuras importantes dentro do PT foram às redes criticar os posicionamentos de Haddad em relação ao déficit zero, como o deputado federal Lindbergh Farias e a própria presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann. Ela negou que o "PT acha tudo errado" na área econômica e criticou Haddad por antecipar discussão sobre sucessão de Lula.
Li com bastante atenção a entrevista @Haddad_Fernando ao @JornalOGlobo hoje. A resolução do PT não fala que “está tudo errado, tem que mudar tudo”.
Pelo contrário, o Governo teve muitos acertos na área econômica, mas o déficit zero não é um deles.@LulaOficial superou todas as…
Para Thiago Trindade, o debate dá o tom sobre a falta de candidatos fortes para consolidar a base democrática no país pós-Lula.
"A extrema-direita tem quadros. Por mais que [Jair] Bolsonaro tenha ficado inelegível, o bolsonarismo não está morto e eles tem quadros por todos os lados. Já o campo democrático está dependendo do carisma de uma pessoa só: Lula", pontua.
"Na minha avaliação, o Flávio Dino era um quadro muito relevante para pensar a sucessão de Lula, seja em 2030 ou mesmo em 2026. O PT precisa começar a trabalhar isso", agora que Dino já é uma opção no campo democrático, acrescentou Trindade.
Para o analista, embora o trabalho de Haddad seja valoroso, ele não acumula todos os elementos de um candidato ideal. "Haddad é um quadro muito importante do PT, teve trabalho reconhecido na prefeitura de São Paulo, também fez um trabalho competente no Ministério da Educação. Agora, o PT tem que pensar num quadro que seja mais competitivo para vencer a extrema-direita", opinou.
Publicado originalmente por Moisés Mendes, em seu blog: Quando Lula disse que 2024 será o ano da pacificação, ele não sugeriu, de jeito nenhum, que os brasileiros saiam por aí erguendo bandeiras brancas para os chefes da fabricação e da disseminação do ódio. Não há trégua com essa gente. É inimaginável que alguém possa chamar um líder fascista para um chá da tarde, em nome o fim de desavenças que vão muito além das diferenças políticas.
O que Lula disse é que devemos tentar pacificar relações de convivência, incluindo as institucionais, depois de quatro anos de crueldades, agressões e violências bolsonaritas.
Com os líderes, com as vozes de comando do bolsonarismo, não há conciliação possível. Lula não disse, mas não precisa dizer que chefes impunes das engrenagens do ódio não são contemplados pelo seu apelo.
Mesmo assim, os jornalões tentaram jogar o presidente contra a própria ideia da conciliação, com o pretexto de que ele havia atacado seu antecessor, dias antes da fala de Natal, definindo-o como facínora.
Alguém pode imaginar que Lula enviaria um emissário com recados de conciliação para Bolsonaro? Para Sergio Moro? Para Braga Netto? E que deixaria de chamá-los pelo que são?
Não há conciliação com os que comandaram a estrutura negacionista da pandemia. os que sonegaram vacinas e mataram milhares, propagaram difamações e mentiras e incentivaram a violência contra gays, trans e indígenas.
A pacificação proposta por Lula renova a tentativa de distencionamento de conflitos cotidianos em ambientes familiares, de trabalho e de vizinhança, por mais que a maioria dos seguidores de Bolsonaro considere essa pacificação improvável.
Mas a conciliação não pode ser usada contra os que combatem o fascismo intermitente. Não há pacificação onde houver a mínima insinuação de que as penas para os criminosos da extrema direita podem ser atenuadas.
São inconciliáveis, de um lado, as prerrogativas e as obrigações de quem deve buscar reparação por quatro anos de arbitrariedades, e de outro, os interesses de quem se nega a reconhecer que foi arbitrário.
Não teremos distensão se houver afrouxamento da vigilância diante das violências do bolsonarismo, que persistem e são reproduzidas por seus imitadores com mandatos no Congresso.
Não são conciliadores os que continuam agredindo o Supremo e mesmo os que, por covardia, decidiram silenciar e insinuar que agora estão no mesmo barco e submissos às ordens do comandante Lula.
Esses, os que falaram e agiram muito durante quatro anos contra a democracia, mas estão quietos depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro, serão excluídos desde já de qualquer aceno pela pacificação.
O emudecimento deles é parte da tática dos que tentam sobreviver como extremistas fingindo-se de mortos. As eleições municipais podem ressuscitá-los, com todo o estoque de ódio armazenado desde a derrota para Lula
Por Francisco Fernandes Ladeira, no GGN: Um ano sem cercadinho. Um ano sem Gabinete do ódio. Um ano sem "cuestão", "talquei" e "no tocante". Um anos sem ministra que diz ter visto Jesus na goiabeira. Um ano sem chanceler que acredita em "globalismo". Um anos sem ministro de Meio Ambiente que defende "passar a boiada" na Amazônia. Um ano sem MEC atuando contra a Educação. Um ano sem ministro da Economia dublê de Caco Antibes.
Um ano sem ataques a professores vindos do Palácio do Planalto. Um ano sem assessor da Presidência que faz gesto supremacista. Um anos sem motociata (estilo Mussolini na Itália fascista). Enfim, um ano sem o desgoverno Bolsonaro.
Como diz um famoso canto de torcidas de futebol: "O Brasil voltou!". Temos presidente de novo. Com Lula, voltamos a ser respeitados internacionalmente. Deixamos a "Terra Plana" e retornamos à "Terra Geoide". Vacinas não mais transformam pessoas em jacarés. Nazismo voltou a ser de extrema direita (e não "de esquerda"). Ciência e universidade voltaram a ter mais credibilidade do que o grupo do zap (com direito a aumento no valor de bolsas de estudo de mestrado e doutorado da Capes e do CNOq). Não por acaso, o assunto mais buscado do ano no Google foi, justamente, a posse do presidente Lula para seu terceiro mandato. Só isso já foi suficiente para 2023 ser um ano (bem) mais tranquilo do que os anteriores.
Não que o bolsonarismo tenha desaparecido. Longe isso. Logo em 8 de janeiro, os seguidores do "mito" saíram dos grupos de WhatsApp para tentar um golpe de Estado em Brasília, sob a alegação de "fraude" nas urnas na eleição presidencial do ano passado. Deram com os burros n'água. Outro revés para a extrema direita foi a inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante um evento com embaixadores em julho de 2022 (no qual as urnas eletrônicas, sem provas de que elas não seriam seguras).
Como não poderia deixar de ser, indivíduos ligados à extrema direita (anônimos, famosos e "quase " famosos") protagonizaram situações esdrúxulas ao longo do ano. No podcast "O Poder nos Bastidores", o jornalista esportivo Rica Perrone relatou, com orgulho, que ofendeu um entregador de aplicativo. O empresário Alexandre Correa culpou o PT por sua falência financeira e pelas agressões à esposa, a apresentadora Ana Hickmann.
Em depoimento prestado ao Tribunal Regional Eleitoral do paraná, o ex-juiz Sergio Moro cometeu erros crassos de português. Por sua vez, Bruno Monteiro Aiub, mais conhecido com Monark, abandonou o Brasil, alegando ser "perseguido" pelo ministro Alexandre de Moraes (para tristeza de seus amigos do PCO). Já o influencer Renato Cariani foi alvo de Operação da Polícia Federal por tráfico de produtos químicos usados para produzir crack. Típico "cidadão de bem".
Se, por aqui, o saldo político, entre altos e baixos, foi positivo, no cenário internacional a situação foi muito pior, com a intensificação do genocídio do povo palestino por parte do Estado de Israel e do aumento das tensões entre Azerbaijão e Armênia na região de Nagorno-Karabakh.
Na América do Sul, tivemos a eleição de Javier Milei para a presidência da Argentina, a rejeição da população chilena à proposta de uma nova Constituição, a eleição de Daniel Noboa como o presidente mais jovem da história do Equador e o referendo venezuelano sobre a criação de um estado em Essequibo. Na África, a onda de golpes militares de caráter nacionalista e anticolonial trouxe esperança de tempos melhores. Já no continente europeu, os destaques dos noticiários foram a continuidade da guerra Rússia/Ucrânia, a adesão da Croácia à zona do Euro, o falecimento do filósofo italiano Antonio Negri e o ataque a tiros em uma tradicional universidade de Praga, que deixou mortos e feridos.
No universo tecnológico, 2023 foi marcado pelo avanço da Inteligência Artificial (IA), considerado o "termo mais notável do ano" pelo dicionário britânico Collins. Nos esportes, as "pipocadas" da seleção brasileira feminina na Copa do Mundo e do Botafogo no Campeonato Brasileiro foram os assuntos mais comentados. Por outro lado, Bia Haddad apresentou um desempenho positivo em competições internacionais de tênis (algo que não ocorria desde a época de Maria Esther Bueno).
No cenário cultural, tivemos a bem-sucedida turnê dos Titãs como a formação clássica da banda, o novo disco dos Rolling Stones, o sucesso de público e as polêmicas envolvendo o filme "Barbie" e as perdas de Rita Lee´, Tina Turner e Carlos Lyra.
Conforme dados divulgados pelo Google, neste ano, as personalidades mais pesquisados pelos brasileiros no principal site de buscas na internet foram:
Kayky Brito, Larissa Manoela, Ana Hickmann, Daniel Alves e Sidney Sampaio. Entre os acontecimentos mais procurados virtualmente, estiveram a Copa do Mundo Feminina, o submarino desaparecido da empresa OceanGate Expeditions com cinco milionários a bordo, a Guerra em Israel e Gaza, o Eclipse solar e o terremoto na Turquia ocorrido em fevereiro.
Outros destaques do ano foram a onda de calor no Brasil, o transplante cardíaco do apresentador Fausto Silva, o recorde de casos de ataques em escolas brasileiras, a (merecida) outorga do título "doutor honoris causa" aos Racionais MC's, aprovada pelo Conselho Universitário da Unicamp, a CPI dos Atos Antidemocráticos, as ofensas xenófobas contra paulistas feitas pela chefe da Assessoria Especial do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé, o afundamento da mina da Brasken em Maceió, a aprovação da privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a escolha de Dilma Rousseff como "Mulher Economista de 2023" por "legado e expertise", as indicações de Zanin e Dino para o Supremo Tribunal Federal, a promulgação da Reforma Tributária e o esvaziamento de manifestações bolsonaristas país afora (que fase!).
E assim finalizamos o primeiro ano do terceiro mandato presidencial de Lula sem igrejas fechadas, sem perseguição a cristãos, sem bêbes recebendo mamadeiras eróticas, sem banheiro unissex, sem Kit-gay, sem doutrinação comunista nas escolas, sem marxismo cultural, sem ideologia de gênero e sem confisco de propriedades privadas. Quem sabe, em 2024, a ditadura comunista do PT, enfim, seja implantada.
parafraseando a grande pensadora contemporânea Lívian Aragão, mais conhecida pelo aposto "filha do Didi", no próximo ano (bissexto), todos teremos 366 dias para aumentar nossa produtividade. O sol nascerá para todos. Nessa lógica meritocrática, só não vai ter um feliz 2024 quem realmente "não sair do lugar" e "não se esforçar o suficiente".
Por Victor Nunes, no DCM: A revista britânica The Economist anunciou sua escolha para o "País do Ano" de 2023, destacando três nações que conseguiram retornar à moderação após períodos tumultuados: Grécia, Polônia e Brasil.
No contexto brasileiro, a publicação enfatiza a transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o cargo após quatro anos marcados pelo que a revista descreve como "populismo mentiroso" sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Críticas a Bolsonaro
Bolsonaro é criticado por disseminar teorias conspiratórias, apoiar práticas ambientais questionáveis e incentivar atos golpistas, referindo-se aos eventos de 8 de janeiro deste ano.
A The Economist destaca que, sob o governo Lula, o Brasil rapidamente restaurou a normalidade e obteve uma redução significativa no desmatamento da Amazônia, chegando a quase 50%.
No entanto, a revista ressalta que o desempenho do Brasil foi prejudicado pelas relações diplomáticas de Lula, especialmente com líderes controversos como Putin e Maduro. Devido a essas questões, o Brasil acabou perdendo o título de "País do Ano", que foi concedido à Grécia.
No cenário grego, a revista lembra que, há uma década, o país enfrentava uma crise econômica devastadora, mas hoje, sob um governo de centro-direita reeleito em junho, demonstra a capacidade de implementar reformas econômicas significativas, reconstruir o contrato social e exibir um patriotismo contido.
A Grécia é citada como um exemplo de que, mesmo à beira do colapso, é possível adotar reformas sensatas e, ainda assim, obter sucesso nas eleições, demonstrando uma notável recuperação ao longo da última década.
Por João Filho, no Intercept/Brasil: "Se é verdade que eu tenho sorte, o povo deveria me eleger para sempre", brincou Lula ao lembrar dos críticos que colocam os avanços do seu governo unicamente na conta da sorte. O Estadão não achou graça e deu a seguinte manchete: "Lula falou em se 'eleger para sempre'; veja cinco países em que os presidentes 'não saem'".
Sem nenhuma preocupação em ser fiel ao fato, o jornal da família Mesquita transformou uma piadinha em uma possível ameaça de instauração de uma ditadura comunista. Eles não acreditam nisso, claro, mas sabem que a manchete vai gerar cliques entre os bolsonaristas que precisam que o fantasma do comunismo esteja sempre rondando para manter o rebanho unido e com medo.
Não importa que Lula lidere um governo de coalizão com partidos de esquerda e de direita sem causar qualquer ameaça ao sistema de produção capitalista e à ordem democrática. A extrema direita, alimentada por veículos como o Estadão, continuará tratando essa ficção como a sua tábua de salvação, já que não há sequer um projeto para apresentar para o país. Seu único projeto é combater um comunismo que está sempre à espreita.
Enquanto brincam de caçar comunistas que não existem, o governo Lula chega ao fim do seu primeiro ano de mandato tendo avançado em seus projetos mais importantes, mesmo com um Congresso majoritariamente conservador. 2023 chega ao fim com melhora em praticamente todos os índices econômicos, recuo no desemprego e aprovação da reforma tributária.
Ainda tivemos a retomada do prestígio diplomático brasileiro no mundo, a reversão da queda da vacinação infantil. a ampliação do Bolsa Família e a volta do Minha Casa Minha Vida. Lembremos que este é um governo que assumiu terra arrasada graças a um projeto de destruição do estado liderado por um governo fascistóide de negacionista, que passou o mandato desrespeitando as instituições, fazendo ameaças golpistas e "combatendo o comunismo".
No oitavo dia de trabalho, Lula teve que lidar com bolsonaristas destruindo os prédios dos Três Poderes em uma tentativa de golpe de estado. O novo governo chegou com a missão de reconstruir o país em todas as áreas, recuperar o tecido democrático e, mesmo com tantos obstáculos, obteve sucesso no primeiro ano.
A aprovação da reforma tributária é um símbolo dessa reconstrução do país e da retomada do respeito entre as instituições democráticas. Todos os governos das últimas três décadas tentaram reformar o sistema tributário brasileiro, mas nenhum conseguiu. Paulo Guedes, por exemplo, dizia que a reforma tributária seria a mais importante para o país, mas seu presidente estava muito ocupado enfiando a faca no pescoço da democracia. Já Lula e Haddad, com habilidade política, costurou a aprovação da reforma com a ajuda dos parlamentares da oposição.
A reforma aprovada não é exatamente a que o governo queria, mas foi a possível. Foi fruto de intensa negociação com Câmara, Senado, estados e municípios. As previsões de que seria impossível Lula governar com um congresso majoritariamente de direita caíram por terra. Eis aí o comunista autoritário que nos governa!
A sessão solene de promulgação da reforma tributária forneceu o simbolismo desse novo momento do Brasil. Enquanto os políticos mais boçais do bolsonarismo xingavam o presidente, demonstrando o costumeiro desprezo pela democracia, Lula fez um discurso elogioso a seus opositores e enalteceu o papel dos presidentes da Câmara e do Senado. A cachorrada fascistóide latiu bastante, mas a foto que ficará para a história é a vitória da política sobre a antipolítica.
E já que falamos de Paul Guedes, lembremos de algumas previsões furadas que ele e sua turma da Faria Lima faziam sobre o futuro governo Lula. O ex-ministro disse que o Brasil viraria uma "Argentina em seis meses" e uma "Venezuela em um ano e meio". Passado um ano, estamos aqui vendo o PIB crescer, a inflação sendo controlada, as agência de risco melhorando nossa classificação e o Brasil saltando da décima primeira para a nona posição no ranking da maiores economias do mundo. Tudo isso acontecendo e o Estadão preocupado com a sanha autoritária desse comunista que que se perpetuar no poder.
Mas não foram só os bolsonaristas que previram os caos com a eleição de Lula. O marcado financeiro e seus faria limers entraram em pânico com a eleição do presidente "comunista". Assim como o seu guru Paulo Guedes, os barulhentos agentes o mercado previam um cenário de caos completo na economia: aumento da inflação, disparada do dólar, aumento da taxa Selic, o risco Brasil dispararia e o PIB cairia.
Chegamos ao fim do primeiro ano com absolutamente todas essas previsões se concretizando - só que ao contrário. Isso para não falar da Bolsa de Valores, que vem batendo recorde atrás de recorde, atingindo a máxima histórica.
No Twitter, um perfil dedicado a desmascarar as mentiras do bolsonarismo, fez um compilado das previsões furadas que os faria limers fizeram no início do primeiro mandato. É um deleite assistir os profetas do apocalipse sendo espancados pelos fatos.
As previsões furadas dos militantes do mercado sobre o governo Lula. Assista! pic.twitter.com/nCwnySGS94
É claro que nem tudo são flores. Há custos em compor com um congresso cuja maioria é de oposição. Muitas concessões ruins para o país acabam sendo feitas para acomodar alguns interesses. Como diria Ciro Gomes, "A democracia é uma delícia, mas tem seus custos". Mas é assim que funciona o jogo democrático. Os custos de não jogar esse jogo são muito altos, como vimos nos quatro anos da tragédia bolsonarista.
Considero que Lula cometeu muitos erros também. A escolha de Cristiano Zanin para o STF e a demora para enquadrar militares golpistas que rondam o governo, por exemplo, são alguns deles. Mas poder apontar esse tipo de erro é um alívio para os democratas que assistiram nos quatro anos anteriores a democracia sendo destruída com requintes de crueldade. Que os próximos anos continuem assim, com o governo avançando enquanto a caravana do apocalipse segue latindo contra o comunismo.