Como todos vieram a saber, no último dia 10 teve início a greve dos servidores ligados à área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Por precaução, sem mesmo avaliar a extensão e consequências da paralização, a presidenta em exercício do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), Letícia Fardas, editou no mesmo dia, um ato administrativo. Este ato de numero 43/2012, suspendia o expediente na sede e nos cartórios eleitorais em todo o estado, em virtude da greve dos policiais. A greve foi esvaziada em três ou quatro dias depois de deflagrada. Logo que terminou a longa greve dos policiais no Estado da Bahia, onde a segurança virou um caos, com ocorrência de vários assassinatos, e tanto transtorno trouxe aos cidadãos baianos.
Ocorre que o programa Band News FM, comandada pelo jornalista Ricardo Boechat, recebe um telefonema informando que o TRE-RJ havia sido fechado devido a greve. Sem saber do ato da presidente em exercício, Boechat iniciou duras e injustas críticas aos servidores do tribunal. Muitos nem sabiam da suspensão do expediente. O laureado jornalista, sem sequer consultar a administração do tribunal, já foi exigindo que os funcionários tivessem o ponto cortado. Desandou um comentário infame, sugerindo que os servidores seriam todos uns vagabundos e sanguessugas do Estado.
Indignados com o comentário contundente de Boechat, desclassificando a categoria, representantes do Sindicato do Trabalhadores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro (Sisejufe), de imediato tentaram contato com o programa para os esclarecimentos necessários. Depois de várias tentativas, os representantes e o presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves, conseguiram entrar em contato com a produção do programa. No entanto, foi negado o direito de voz, já que o programa jornalístico é transmitido ao vivo. Apenas foram recebidos fora do ar, e os ouvintes ficaram com as falsas informações sem saberem da real verdade sobre o assunto.
Diante disso, o Sisejufe divulgou
nota de repúdio à Rede Band News FM e ao jornalista Ricardo Boechat pelo seu comentário absurdo e equivocado, que tão somente desinformou o cidadão e prejudicou a classe diante da opinião pública. Desta feita, Boechat, tido como articulista sensato e respeitado no meio jornalístico, pisou feio na bola. E eu queimei minha língua, pois teci rasgados elogios ao
comentário acertivo e imparcial que o jornalista fez quando da
cagalhopança promovida pela justiça e o governo tucano do Estado de São Paulo, por ocasião do mandado de desocupação da favela do Pinheirinho em São José dos Campos. Um ato igualmente precipitado, arbitrário e ditatorial que manchou para sempre o governo daquele Estado.
A atitude de Ricardo Boechat, em relação ao fato que envolveu os servidores do TRE-RJ, deixou a impressão que, ora o jornalista sobe em cima do muro, e ora desce para o lugar errado. Ferindo os princípios básicos do jornalismo, como isenção, verdade e imparcialidade, foi precipitado e cometeu uma injustiça. Prova que nem tudo que se ouve e se escuta nos meios de comunicação merece crédito sem questionamentos.
Fonte: JusBrasil