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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Curtas & Boas

Em edição especial do "Curtas&Boas", o blog do Guara procedeu uma garimpagem sobre as notícias e os fatos vinculados na internet sobre o estarrecedor acontecimento na capital do Estado do Paraná. O cerco policial formado a mando do governador Beto Richa (PSDB), na Assembléia Legislativa (Alep), nesta quarta-feira (29), resultou em um massacre violento aos professores do Estado. Tão logo não será esquecido.
Em greve, os educadores do Paraná apoiados por algumas classes de outros servidores estaduais, promoveram uma manifestação pública contra a votação do Projeto que altera a Previdência estadual. Na tentativa de ajustar as contas públicas, com este Projeto o governador pretende lançar mão do "Fundo Financeiro sustentado pelo Tesouro Estadual, que está deficitário, retirando dele 33 mil aposentados, e transferi-los para o Fundo de Previdência do Paraná, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário". Os professores viram nessa atitude uma ação temerária, anti-democrática e autoritária, que fere os seus direitos adquiridos. Com a intervenção no Fundo previdenciário, a classe teme não conseguir, no final da carreira se aposentar com dignidade, depois de tantos anos de trabalho dedicados à Educação.

O que se viu foi uma verdadeira praça de guerra instalada em frente ao prédio da Assembléia, no Centro Cívico da capital paranaense, que durou aproximadamente duas horas. Bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, chato de água e até cachorros foram usados pelos batalhões militares. Que a mando do governador, vieram de várias cidades com o objetivo de conter os manifestantes, proibindo o acesso às galerias da Alep. 

Há notícias que o número de feridos girou em torno de 200 pessoas, incluídos alguns policiais. Um verdadeiro ato de intolerância, despotismo e incompreensão do governador Beto Richa, que não pode encontrar justificativa razoável pela violência e truculência utilizadas contra os professores. Nem mesmo entre a maioria dos paranaenses que o reelegeu para o cargo. Não é possível a qualquer cidadão de bem concordar com uma atitude extrema como essa. Muito menos com o estilo reacionário de governar instalado no poder central do Estado. Justamente quando há consciência coletiva que é através da educação, que a coletividade em geral vislumbra uma saída para a diminuição da violência. E a vê como um instrumento importante para a escolha mais assertiva dos nossos governantes. 

Foram 31, os parlamentares que formaram fileira com o governador neste intento injusto de sacrificar a honra e a dignidade de uma classe tão imprescindível de valorização pela sociedade. Em um corporativismo pernicioso, que visa atender exclusivamente seus próprios interesses, trabalharam contra a democracia e indiretamente contra o povo. Quantos milhares dependem da Educação Pública? Certamente serão lembrados em novo pleito. 

Profundamente lamentável, é que esse acontecimento aterrador promovido pelo chefe do Poder Executivo no Paraná e seus comensais apaniguados, tenha acorrido à porta do dia do trabalho, a ser comemorado amanhã por grande parte da humanidade, em quase todo mundo. Que decepção, sentimento de revolta e amargura sentirão os educadores e suas famílias. Todo paranaense e todos os cidadãos  brasileiros deveriam estar indignados, e sentindo-se envergonhados com o que aconteceu no Estado do Paraná. Como deveras, estão. 

O fato teve repercussão mundial. Vamos ao resultado da garimpagem:

Protesto em Curitiba termina com 170 manifestantes e 20 policiais feridos

reprodução/EBC
"Pelo menos 170 manifestantes, na maioria professores, ficaram feridos no confronto com policiais militares em Curitiba na tarde de hoje (29) em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, no Centro Cívico. Eles receberam os primeiros socorros no prédio da prefeitura da cidade e na sede do Tribunal de Justiça, que ficam nas proximidades do local. Desses, pelo menos 45 foram levados para unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e hospitais da região.
A confusão acabou depois que choveu forte no local. Os manifestantes, que saíram de várias cidades do Paraná, continuam na praça, onde planejam os próximos passos da paralisação. O protesto reuniu professores dos ensinos fundamental, médio e superior. A maioria das universidades públicas do Paraná é estadual.
Sete pessoas foram presas, segundo a Secretaria de Segurança Pública, “por envolvimento direto nos ataques aos policiais”. O governo do Paraná atribiuiu o confronto a “manifestantes estranhos ao movimento dos servidores estaduais”. Matéria completa::

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"Por Dimitri do Valle no Jornalistas Livres.”A série de explosões começou a ser ouvida pouco antes das três da tarde. Quem estava a distâncias que chegavam a seis quilômetros, por exemplo, conseguia ter uma ideia clara de que as coisas no Centro Cívico, a praça dos três poderes do Paraná (mais a Prefeitura de Curitiba), não estavam para brincadeira. Os estrondos eram resultado da ação violenta de policiais militares contra servidores públicos, a maioria professores da rede estadual. 
Na segunda-feira, com o registro de escaramuças entre PMs e servidores, mas em escala menor do que a de hoje, o fatídico e já histórico 29 de abril, os deputados já haviam aprovado em primeira votação, por 31 votos favoráveis contra 21 o tal pacotaço, encaminhado pelo governador Beto Richa (PSDB) para melhorar as finanças do Estado, cujos balanços festejados por ele mesmo durante sua campanha à reeleição, no ano passado, apontavam para uma contabilidade em céu de brigadeiro."
"No entanto, à medida em que as bombas, os cães, as balas de borracha e os cassetetes caíam sobre os manifestantes armados apenas com gritos e palavras de ordem, deputados preocupados com a onda de violência que se desenrolava na praça principal, em frente a Assembleia, batizada de Nossa Senhora da Salete (trágica ironia), chegaram a sair do prédio para pedir calma aos policiais." 

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Postado por Daniela Martins no Blog do Kennedy - "Parece cristalino o abuso policial ocorrido ontem na manifestação de professores em Curitiba. Pior: houve recusa do governador Beto Richa (PSDB) em interromper a repressão após uma conversa com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. 
Em qualquer conflito em que haja participação de policiais, cabe a eles ter o equilíbrio para o uso necessário da força. Alguns policiais tiveram esse equilíbrio e se recusaram a atacar com violência os manifestantes. Mas a maioria não agiu assim. O trabalho dos policiais civis e militares é sempre difícil, mas esse massacre mostra, no mínimo, falta de preparo para lidar com manifestantes." Clique aqui para ler o artigo completo e ouvir o comentário do jornalista Kennedy.

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"Ontem o Brasil viveu um dos episódios mais chocantes da história da luta dos professores em defesa da educação e dos seus direitos. A bárbarie perpetrada em Curitiba pelo governador Beto Richa e o seu secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, com centenas de educadores feridos, demonstra o quão violento é o braço político-judicial que se arma a partir do Paraná com o objetivo de endireitar o país.

Francischini é o símbolo mais caricato dessa troika. Ela se tornou secretário de Segurança do Paraná depois de ter virado símbolo nacional de uma guerra ao PT e aos direitos humanos na internet. Com uma ação muito bem coordenada na rede, esse inexpressivo delegado foi se tornando ícone daquela gente que desfilou no dia 15 de março fazendo selfies com a PM e portando faixas de intervenção militar.
A estratégia deu certo e lhe rendeu 160 mil votos, praticamente 3% do total do estado, o que é bastante para um candidato a cargo proporcional. E já em dezembro de 2014 Beto Richa nomeou-o secretário de Segurança Pública.
Até aquele momento o governador do Paraná era o bom moço que tinha sido reeleito no primeiro turno e que se vendia ao Brasil como eficiente administrador público. Já havia quem o recomendasse como uma opção tucana, inclusive, para disputar a presidência da República."

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Violência e massacre na capital do Paraná foi assunto também nos jornais internacionais


"O The New York Times destaca o número de 150 professores feridos. O El País, principal jornal da Espanha, destaca que mais de 150 professores ficaram feridos no protesto. O Daily Mail, da Inglaterra, informa que mais de 100 pessoas foram feridas. A rede de televisão americana Fox News e a rede latino americana Telesur também destacaram a violência." Fonte: gazetadopovo.

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Cadeirante para na frente da Tropa de Choque da Polícia Militar do Paraná durante o protesto desta quarta-feira, 29 (Imagem: Rodrigo Pinto)- reprodução/Pragmatismopolítico

"A Polícia Militar de Curitiba informou que 17 policiais foram presos nesta quarta-feira, 29, por se recusarem a participar d cerco aos professores que estavam nas proximidades da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para acompanhar a votação do projeto que autoriza o governo estadual a mexer no fundo de previdência dos servidores do Estado."  (Fonte: pragmatismopolítico- clique aqui para ver fotografias e vídeos do massacre)

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Carlos Eduardo Gabas, ministro da Previdência Social: recado direto para o governo do Paraná. Reprodução/gazetadopovo/foto: Gustavo Lima
"Ministro Carlos Gabas sugere que governo do estado deveria ter esperado por parecer da pasta antes de tentar aprovar nova legislação." - Por André Gonçalves, correspondente da Gazeta do Povo - "O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, disse nesta terça-feira (28) que o órgão vai cassar o certificado de regularidade previdenciária do Paraná, caso considere ilegal a mudança na Paranaprevidência que será votada nesta quarta (29) pela Assembleia Legislativa.
Se isso ocorrer, o estado fica impedido de receber transferências voluntárias da União e de realizar novos empréstimos nacionais e internacionais. As declarações ocorreram em entrevista após audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados." 

Leia aqui a matéria completa onde consta a opinião do idealizador da ParanáPrevidência.

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Professores e alunos tentam invadir sede do governo no PR

Manifestantes se posicionaram em frente à sede do governo-Foto: Janaína Garcia/Terra  

"Com gritos de “Richa fascista”, professores e alunos tentaram invadir o Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado do Paraná, nesta quinta-feira. Os manifestantes estavam, em sua maioria, vestidos de preto e tentaram passar por dois portões do palácio, que fica quase em frente ao prédio da Assembleia.

Os manifestantes foram contidos por seguranças do local. Depois de o ato dos professores contra o reajuste previdenciário no Centro Cívico se tornar uma batalha, alunos resolveram se juntar ao protesto aos gritos de “professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo”." 

A matéria é de responsabilidade de Janaína Garcia, publicada no Site Terra, página Brasil-seção Cidades. Clique aqui para ler.

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Até a próxima e bom feriado a todos.


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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Protestos: pesquisa da USP mostra força da desinformação

Há muita gente que não dá credibilidade às pesquisas, principalmente se elas são encomendados por determinados institutos, cada qual com parâmetros próprios e diferentes pontos de localização dos entrevistados. Normalmente, essas pesquisas são conduzidas ao sabor do momento político, ou de acontecimentos que mobilizem a opinião de parte da sociedade, com algum manifesto público. No entanto, dizem os especialistas, elas dão suporte científico aos fatos e revelam questões particularmente importantes.

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sábado, 14 de março de 2015

A marcha dos insensatos e a sua primeira vítima (II)


Mauro Santayana, para o Jornal do Brasil

- “Muitos brasileiros também vão sair às ruas, no domingo, por acreditar - assim como fazem com relação à afirmação de que o PT quebrou o país - que o governo Dilma é comunista e que ele quer implantar uma ditadura esquerdista no Brasil. Quais são os pressupostos e características de um país democrático, ao menos do ponto de vista de  quem acredita e defende o capitalismo?
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Protestos: Boatos inunduam as redes sociais

Segundo levantamento da Scup, empresa especializada em monitoração de redes sociais, as menções no Twitter, WhatsApp e Facebook, que mais aumentaram nos últimos dias foram: "exército" (495 menções), "infiltrados" (152 menções), "confisco de dinheiro" e "poupança" (326) e "Venezuela" (2.305), em contexto ligado à manifestação deste domingo (15). 

"Lula promete atacar com exército quem for às ruas dia 15 de março pelo impeachment a Dilma" e "pessoal orem pelo Brasil, pois há especulações de que podemos entrar numa gerra civil por causa do impeachment da Dilma, dizem que o PT conta com a ajuda do exército do MST, o presidente da Venezuela já falou que está junto com Dilma, até falam que alguns dos médicos Cubanos que a presidente contratou na verdade são agentes pra defender o PT" são exemplos de mensagens identificadas pela Scup.

Venezuela também está em alta, segundo a monitoração: "A Venezuela é o Brasil amanhã!" "Se não acho sabão, uso detergente e se tem sabão é bom fazer render. #ForaDilma."


Muitas mensagens alertam para "infiltrados que irão tentar causar tumulto" na manifestação de domingo. "Leve um apito, se achar um comunista infiltrado, apite" e "Não esqueça de levar sua Carteira de Trabalho no #VemPraRua15deMarco e aponte direto para o petista infiltrado. Ele sairá correndo."

"É preciso acompanhar as redes sociais para identificar assuntos com potencial de viralização, como é o caso dos boatos", diz Fabio Santos, gerente de marketing do Scup. "Quando o momento é crítico, a chance de boatos pipocarem e se tornarem algo real é multiplicada, ainda mais quando compartilhado em redes com alto potencial de engajamento e por usuários com perfis de influenciadores."

As informações são do Jornal do Comércio. Clique aqui para ler a matéria completa.


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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Greve, protestos e manifestações dos caminhoneiros contra o governo continuam

Protestos, manifestações e bloqueios de estradas pelos caminhoneiros voltaram a acontecer nesta sexta-feira. A reunião do governo federal no último dia 25 com entidades representativas da classe surtiu pouco efeito. No Sul, crescem o número de estradas estaduais bloqueadas e alguns conflitos com a polícia militar já foram registrados. “Governo negocia com as pessoas erradas”, disse Ivar Schimidt, um dos líderes do Comando Nacional dos Transportes.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Governo e caminhoneiros chegam a acordo que pode acabar com protestos


- "Após reunião no Ministério dos Transportes, que durou toda a tarde e noite dessa quarta-feira (25), governo e caminhoneiros chegaram a um acordo que pode acabar com os protestos nas rodovias federias. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, que participou da reunião, a proposta apresentada pelo governo foi acatada pelos representantes da categoria presentes à mesa de negociação.


Pela proposta, o governo promete sancionar a Lei dos Caminhoneiros sem vetos, prorrogar por 12 meses o pagamento de caminhões por meio do Programa Procaminhoneiro e a criação, por meio de negociação entre caminhoneiros e empresários, de uma tabela referencial de frete. Nesse item, os representantes dos caminhoneiros pediram que o governo atue na mediação com os empresários.

O presidente da CNTA considerou que o acordo trouxe ganhos históricos para a categoria. Segundo Diumar Bueno, os caminhoneiros tiveram conquistas efetivas na mesa de negociação. “Diante da gravidade que se encontra o país neste momento, nós pedimos a sensibilidade dos caminhoneiros de liberar as rodovias pelas conquistas que tiveram aqui”, disse Diumar, ressaltando no entanto que não poderia garantir o fim dos bloqueios.

O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, ressaltou após a assinatura do acordo que ele só será cumprido sob a condição do fim dos protestos. “Só vai ser cumprido o que nós combinamos na hora que for liberadas as estradas”, ressaltou. “Eu acho que a partir de agora as estradas jáestão sendo liberadas”, completou."

Fonte: Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil
Edição: Aécio Amado

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domingo, 11 de janeiro de 2015

Manifestação histórica reúne 3,7 milhões de pessoas na França contra o terrorismo

Domingo foi marcado por manifestações contra o terrorismo em toda a França. Em Paris, 1,5 milhão de pessoas saíram às ruas e se juntaram a 50 líderes de Estado, na Praça da República. Em todo o país, 3,7 milhões participaram dos atos em repúdio aos atentados ocorridos na capital francesa. Gente de todas as idades, de diferentes credos e ideologias manifestaram solidariedade aos que morreram nos ataques terroristas que chocaram o país e o mundo. Também relembraram os valores da República: liberdade, igualdade e fraternidade.
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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Movimentos convocam protestos em São Paulo durante abertura da Copa

- Ao menos duas manifestações públicas ganharão as ruas de São Paulo amanhã (12), dia em que a cidade sedia o jogo inaugural da Copa do Mundo. A partida entre Brasil e Croácia terá início às 17h na Arena Corinthians. Os protestos estão marcados para bem antes, às 10h, e ocorrerão na zona leste, mesma região onde fica o estádio conhecido como Itaquerão. Haverá ainda duas manifestações localizadas: uma no centro e outra a menos de quatro quilômetros da arena. No entanto, nenhuma promoverá passeatas.

A frente Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa realiza nesta quinta-feira seu décimo protesto em São Paulo. As mobilizações tiveram início em 25 de janeiro, dia do aniversário da cidade, e já sofreram intensa repressão policial. Na ocasião, o estoquista Fabrício Proteus Chaves, de 22 anos, foi alvejado por policiais militares com dois tiros à queima-roupa. Em outro protesto organizado pelo grupo, em 22 de fevereiro, a PM empregou uma tática conhecida como kettling, cercando os manifestantes e prendendo mais de 200 pessoas antes mesmo de que qualquer crime tivesse sido cometido.

“Todos nossos atos contaram com uma força repressiva do Estado muito grande”, lembra Rafael Padial, membro do Território Livre, um dos coletivos que compõem a frente. “Não esperamos nada diferente para essa nova manifestação.” Apesar da brutalidade, Padial reafirma a contrariedade do grupo com a realização da Copa no país. “O Brasil tem um milhão de prioridades anteriores ao torneio. A gente precisa resolver os problemas dos trabalhadores e da juventude antes de querer organizá-lo”, pontua, comentando sua decepção com o início dos jogos. “É um descalabro.”



O militante espera que entre três e cinco mil pessoas compareçam ao protesto de amanhã, número bastante superior aos manifestantes que atenderam às últimas convocações do coletivo. “Há menos gente em nossas marchas”, admite. “Elas deixaram de sair às ruas por causa da repressão. Pouca gente aguenta uma violência policial tão grande. E a presença ostensiva da PM em nossos protestos, desde o início, foi uma estratégia para esvaziá-los.” Padial comemora, porém, a resistência dos que continuam protestando contra a Copa.

Na convocatória, os organizadores prometem se concentrar na estação de metrô Carrão, na zona leste, e caminhar em direção à Arena Corinthians. Padial pondera, porém, que a intenção é marchar apenas até o bloqueio formado pela polícia, que delimita a área de exclusão – exigida pela Fifa – de pouco mais de um quilômetro em torno do estádio. “Não vamos ultrapassar o cordão policial”, atesta. “Gostaríamos de chegar até os portões do Itaquerão, seria legítimo, mas sabemos que o aparato repressivo é descomunal. Infelizmente, vamos nos manter dentro do que eles permitem.”

A manifestação convocada pela CSP-Conlutas tampouco tem a intenção de furar o bloqueio das autoridades. A central sindical se concentrará às 10h na sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, nas imediações da estação Tatuapé, na zona leste. O local escolhido para iniciar a marcha demonstra uma das razões principais da mobilização, que vai além das queixas relativas à organização da Copa do Mundo. “Iremos exigir a readmissão dos 42 trabalhadores que perderam seus empregos devido à greve no Metrô”, afirma Atenágoras Lopes, membro da executiva nacional da CSP-Conlutas.

“Vamos criticar também os gastos de R$ 30 bilhões em dinheiro público com a Copa, reivindicar melhores serviços de saúde, transporte, educação, moradia e reforma agrária”, continua o dirigente. “Mas não é um protesto contra a Copa: ser contra o futebol é ser contra um patrimônio cultural do povo brasileiro. Não queremos confronto – por isso marcamos nosso ato na parte da manhã, bem antes do jogo. Atitudes individuais de rebeldia acima do interesse coletivo não contribuem com nossos objetivos.”

Expectativas

Os Advogados Ativistas, que têm acompanhado – e defendido – manifestantes contrários à Copa desde o ano passado, e denunciado violações de direitos promovidas pela Polícia Militar, ainda não conseguem prever como as autoridades se comportarão amanhã. “Como será a primeira manifestação durante o torneio, é uma grande incógnita. Também ocorrerá num feriado, e num horário diferente das marchas anteriores”, explica Igor Leone, membro do grupo. “No entanto, estamos receosos quanto ao comportamento da PM na zona de exclusão. E também quanto ao emprego das tropas militares, que não têm experiência em lidar com protestos.”

Insistentemente procurado pela RBA, o capitão Sérgio Marques, chefe do comando especial da PM paulista criado para a Copa do Mundo, não respondeu às solicitações de entrevista. Mas o coronel do Exército Ricardo Carmona, membro da Coordenação de Defesa de Área de São Paulo, explicou à reportagem que os homens das Forças Armadas apenas atuarão na contenção de manifestantes após pedido expresso do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e autorização da presidenta Dilma Rousseff.

“Nesse caso, há um efetivo de 1.700 homens de prontidão para atuar em operações de garantia da lei e da ordem assim que forem acionados”, conta. “Mas não acreditamos que será necessário. Confiamos na capacidade dos órgãos de segurança pública paulistas em conter as manifestações. Os protestos não nos causam preocupação especial aqui em São Paulo.”

De acordo com o oficial, outros 2.300 homens das Forças Armadas auxiliarão na preservação das chamadas “estruturas críticas” para a realização do torneio: antenas de telecomunicações, redes de energia elétrica, abastecimento de água, portos e aeroportos. “Temos uma tropa que já está protegendo esses pontos, e tropas em condições de ocupá-los em caso de ameaça de interrupção dos serviços.” O coronel Carmona afirma que os militares não atuarão em caso de greve nos transportes públicos ou bloqueio de ruas – “a não ser das vias utilizadas pelos cerca de 20 chefes de Estado que virão para a abertura da competição”, pontua.

Em nota, a Defensoria Pública de São Paulo anunciou que acompanhará manifestações durante a Copa do Mundo, visando coibir abuso aos direitos da população. Entre os dias 12 de junho e 13 de julho, uma comissão estará disponível para receber denúncias de violações de direitos humanos relacionadas ao evento, com atenção especial para o respeito à população em situação de rua, aos trabalhadores e trabalhadoras informais e outros grupos vulneráveis.

Inclusão 
 
Crítico da organização do torneio há três anos, o Comitê Popular da Copa de São Paulo não sairá às ruas amanhã. “Não temos intenção de inviabilizar os jogos”, salienta Vanessa Ramos, membro do coletivo, que, em vez de sair em passeata, como no último 15 de maio, resolveu organizar uma Manifesta Junina na Favela do Moinho, no centro da capital. “Como a Fifa tem um espaço de exclusão, decidimos fazer um espaço de inclusão para chamar atenção às violações de direitos na cidade.”

“A Favela do Moinho é simbólica”, explica Vanessa. “Fica no centro de São Paulo, é alvo de especulação imobiliária e várias ameaças de despejo, e continua resistindo, até mesmo a incêndios.” A militante lembra que a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) construiu um muro em volta da comunidade, e que as promessas feitas por Fernando Haddad (PT), que visitou o local durante sua campanha, ainda não se materializaram. “É nossa Faixa de Gaza”, compara, “e mostra que há zonas de exclusão permanentes na cidade, sobretudo exclusão de direitos”.

O Comitê Popular da Copa é contrário à ideia de que o torneio começará amanhã. “Já começou faz tempo, desde quando o país foi escolhido para sediá-lo”, define Vanessa. “A eleição do Brasil pela Fifa foi uma mostra do tipo de desenvolvimento que está sendo implementado por aqui: um desenvolvimento excludente, em que muitos pagam a conta para poucos terem o privilégio de usufruí-lo.” Entre os reveses enfrentados pela população nos últimos anos, Vanessa aponta a morte de operários na construção e reforma de estádios, as remoções forçadas e as limitações ao trabalho de vendedores ambulantes, além do incremento nos aparatos de repressão.

“Houve muito mais retrocessos que avanços”, lamenta a militante, anunciando que a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) deve divulgar um dossiê de violações logo após o torneio. Vanessa, no entanto, enxerga algumas vitórias populares. “Pese às ameaças de despejo, a Favela da Paz, que existe há mais de 20 anos e fica a 800 metros do Itaquerão, ainda está lá. A ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), localizada a menos de quatro quilômetros do estádio, também. E, pelas negociações recentes com o governo federal, deve permanecer, com a construção de moradias populares.”

O terreno localizado nas proximidades da arena também será palco de um protesto amanhã, quando seus ocupantes devem organizar uma Copa do Povo. “Já que a Fifa optou por excluir do seu grandioso evento a maior parte da população do país, o MTST resolveu organizar por conta própria um evento realmente popular”, anuncia o movimento em sua página no Facebook. Haverá jogos das “seleções” dos metroviários, garis, professores, estudantes e rodoviários, além de atividades culturais com críticas aos organizadores da Copa Jérôme Valcke (secretário-geral da Fifa), José Maria Marin (presidente da Confederação Brasileira de Futebol), Ronaldo Fenômeno e Joana Havelange.

Imagem: reprodução/cbnfoz


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sábado, 17 de maio de 2014

Copa no Brasil não pode ficar refém da política, nem de protestos violentos

Existe um dito popular que diz: religião, futebol e política não se discute. Como diria aquele famoso personagem humorístico de um programa de TV, há controvérsias. Estes são temas que estarão permanentemente vivos na mente das pessoas, exclusivamente dos brasileiros. Dois deles, futebol e política, aflorados no momento com a realização da Copa do Mundo no Brasil.
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