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quarta-feira, 27 de março de 2024

O Supremo atropelou direitos dos aposentados, por Luís Nassif

Por Luís Nassif, no GGN: A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de derrubar a chamada "revisão da vida toda" foi temerária por dois motivos. O primeiro, pelo fato dos novos Ministros, Cristiano Zanin e Flávio Dino, terem derrubado os votos dos ministros que se aposentaram e que eles substituíram.

www.seuguara.com.br/Supremo Tribunal Federal/revisão da vida toda/Luís Nassif/

De fato, na primeira votação, em 25 de outubro de 2022, votaram a favor da revisão os Ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Ricaro Lewandowski, Rosa Weber e Gilmar Mendes. Depois, o julgamento foi interrompido por um pedido de vistas do Ministro Nunes Marques.

Na retomada da votação, Zanin e Dino simplesmente ignoraram os votos já dados por Ricardo Lewandowski e Rosa Rosa Weber e votaram contra a revisão. 

Cria-se enorme insegurança jurídica. Basta apenas que um Ministro entre com pedido de vistas aguardando um recém-nomeado que mude o voto anterior.


O que ambos Ministros fizeram foi recorrer a um subterfúgio, uma esperteza. No mínimo, deveriam ter aguardado a causa transitar em julgado para depois apreciar as ADINs (Ação Direta de Inconstitucionalidade). O que se fez foi mostrar que não importa em que estágio está o processo, não importa o resultado das votações anteriores, mudou o quadro, nada mais vale. 

Foi assim com a Lava Jato e foi assim com a revisão da vida toda. Em essência, não há diferença alguma.


O segundo ponto é a rendição à chamada prudência fiscal - ou seja, ignorar direitos dos cidadãos por receio do impacto sobre as contas públicas.

A tal revisão da vida toda só estava acessível a quem requereu a aposentadoria de dez anos para cá, cujos últimos salários foram inferiores à média. Daí, postulavam o direito de calcular todos os salários, mesmo aqueles anteriores ao Plano Real. 


Tratava-se, portanto, de uma porcentagem minúscula dos aposentados. Entidades ligadas a aposentados calcularam um impacto de R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões nas contas públicas ao longo dos anos. Aí aparece a Previdência com a conta absurda de um impacto de R$ 480 bilhões. E a augusta corte aceita esse disparate sem discutir. Da mesma maneira que demoliu os direitos trabalhistas baseado em um engodo repetido exaustivamente pelo Ministro Luís Roberto Barroso: a de que o Brasil tinha mais de 90% das ações trabalhistas do mundo.


Tem sido assim indefinidamente, uma luta tenaz das corporações do Estado para se apossar de fatias cada vez maiores do orçamento. E um cuidado de mãe mineira com o orçamento público, quando se trata de garantir qualquer direito dos anônimos.


Hoje em dia, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, a maior média salarial entre empregados é dos Empregados do Setor Público, militar e funcionário público estatutário, com R$ 5.534,00 na média. A média de empregados do setor privado, com carteira de trabalho assinada, é de R$ 2.854,00.

www.seuguara.com.br/Pesquisa/média salarial/


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sábado, 6 de maio de 2023

As mulheres que votam com os homens contra as mulheres. Por Moisés Mendes

Publicado originalmente no "Blog do Moisés Mendes": Este é o argumento da maioria das 10 deputadas federais que votaram contra o projeto de lei da equiparação salarial entre homens e mulheres: as mulheres serão rejeitadas nas empresas. O projeto, mesmo assim, foi aprovado na Câmara por 325 votos a 36. Mas o raciocínio machista, defendido pelas próprias mulheres de direita e extrema direita, não faz sentido.

www.seuguara.com.br/projeto de lei/salários/mulheres/deputadas federais/

Por que as mulheres seriam discriminadas e mandadas embora? Seriam dispensadas por causa dos salários iguais?

Mas em algum momento homens poderiam ser contratados para os lugares que elas ocupavam? Ganhando a mesma coisa que os outros homens?

Os escravistas do século 19 tinham o mesmo pretexto, diante das propostas de abolição da escravatura. Que os escravos perderiam o 'emprego'.


As mulheres foram contra o projeto que beneficia mulheres porque reproduzem o ponto de vista do macho e do capital, enquanto fazem discursos em sentido contrário. Rosângela Moro, Carla Zambelli e Bia Kicis estavam entre elas.


A gaúcha Any Ortiz, do Cidadania (foto), é da mesma turma. A deputada divulga há muito tempo um vídeo na internet em que defende a educação financeira de crianças nas escolas. Mas não defende a melhoria financeira das mulheres?

No vídeo, ela diz que a educação financeira transforma a vida das pessoas. Só a educação? E os salários não melhoram a vida das mulheres?


Imaginem uma professora lecionando educação financeira aos alunos e tentando convencer, ao mesmo tempo, por que Any Ortiz foi contra a melhoria nos salários das mães das crianças.

Abaixo, a lista de mulheres de direita e extrema direita, algumas que se apresentam apenas como liberais, que decidiram votar contra as próprias mulheres na Câmara:


Rosangela Moro (União Brasil-SP)

Bia Kicis (PL-DF)

Carla Zambelli (PL-SP)

Silvia Waiãpi (PL-AP)

Dani Cunha (União-RJ)

Caroline de Toni (PL-SC)

Julia Zanatta (PL-SC)

Adriana Ventura (Novo-SP)

Any Ortiz (Cidadania-RS)

Chris Tonietto (PL-RJ)


E aqui a lista de homens que votaram contra as mulheres, com a ajuda de 10 mulheres:


Alberto Fraga (PL-DF)

André Fernandes (PL-CE)

Bibo Nunes (PL-RS)

Capitão Alden (PL-BA)

Carlos Jordy (PL-RJ)

Cabo Gilberto Silva (PL-RJ)

Deltan Dallagnol (Podemos-PR)

Dr. Jaziel (PL-CE)

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

Evair de Melo (PP-ES)

Filipe Martins (PL-TO)

General Girão (PL-RN)

Gilson Marques (Novo-SC)

Kim Kataguiri (União-SP)

Luiz Lima (PL-RJ)

Luiz P. O. Bragança (PL-SP)

Marcel Van Hattem (Novo-RS)

Marcio Alvino (PL-SP)

Maurício do Vôlei (PL-MG)

Ricardo Salles (PL-SP)

Rodolfo Nogueira (PL-MS)

Sargento Fahur (PSD-PR)

Sgt. Gonçalves (PL-RN)


Abaixo, o vídeo de Any Ortiz sobre educação financeira:




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sábado, 10 de abril de 2021

Bolsonaro anuncia volta do programa de redução de jornadas e salários e volta a criticar o lockdown

www.seuguara.com.br/governo Bolsonaro/redução de salários/jornada de trabalho/pandemia/
Com o objetivo de evitar a aceleração do desemprego no País, o governo federal retomará o Programa Nacional de Apoio às Microempresas de Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE). Foi o que anunciou o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (10). Um projeto de alteração de dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), foi enviado pelo Palácio do Planalto na última quarta-feira.
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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Senado amplia lista de servidores públicos que ficarão de fora do congelamento de salários

O Senado concluiu, nesta quarta-feira (6), a votação do Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus (PLP 39/2020), que prevê o repasse emergencial de recursos aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal para o combate à pandemia de covid-19. Ao final, os senadores aprovaram a ampliação do número de categorias do setor público que ficarão de fora do congelamento de salários.
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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Proposta de socorro a estados e municípios prevê congelamento de salários até 2021

Por Karine Melo, repórter da Agência Brasil - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), apresentou nesta quinta-feira (30) o texto alternativo à proposta de ajuda  a estados e municípios. Negociada com a equipe econômica, a proposta de Alcolumbre é bem diferente do Plano Mansueto aprovado na Câmara dos Deputados.
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segunda-feira, 6 de abril de 2020

Crédito para pequenas e médias empresas pagarem salários já está disponível nos bancos

Por Kelly Oliveira, repórter da Agência Brasil - O programa de financiamento da folha de pagamento para pequenas e médias empresas foi regulamentado hoje (6) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em reunião extraordinária. Com isso, as empresas já podem pedir o empréstimo aos bancos. Cerca de 1,4 milhão de pequenas e médias empresas, que empregam 12,2 milhões de trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, receberão R$ 40 bilhões de crédito com juros baixos para manter a folha de pagamento por dois meses.
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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Medida Provisória que suspende salários e contratos de trabalho já está valendo

Por Congresso em Foco - O presidente Jair Bolsonaro assinou na noite desta quarta-feira (01) a medida provisória (íntegra) que permite suspender jornadas de trabalho e salários. A matéria tem o objetivo de ajudar empresários afetados pela crise do coronavírus.
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quinta-feira, 26 de março de 2020

Jogadores de futebol no Brasil rejeitam proposta dos clubes em reduzir salários, durante a paralisação dos campeonatos

A Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FNAPF) rejeitou a proposta dos clubes de reduzir os salários dos jogadores em 25%, com atividades suspensas devido à pandemia de coronavírus. A proposta foi enviada nesta quarta-feira (25) pelo presidente do Fluminense, Mário Bitencourt, que é representante da Comissão Nacional de Clubes (CNC).
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segunda-feira, 23 de março de 2020

Leis trabalhistas: Sob pressão, Bolsonaro recua e muda MP que permitida suspensão de trabalho e salário por 4 meses

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) revogou na tarde desta segunda-feira (23), o artigo da MP 927 que permitia que as empresas suspendessem o contrato de trabalhadores sem salário por até quatro meses, publicada no Diário Oficial da União nesta manhã. "Determinei a revogação do art-18 da MP 927 que permitia a suspensão do contrato de trabalho por até 4 meses sem salário", postou o presidente em sua conta no Twitter.
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sábado, 15 de dezembro de 2018

Política: Funcionários de Flávio Bolsonaro na Alerj repassaram até 99% de seus salários

Congresso em Foco - Dados da movimentação financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), indica que ao menos uma assessora depositou quase todo o salário recebido na Alerj, em determinado período sob investigação no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no esquema que engrossou o caixa do filho de Jair Bolsonaro (PSL).
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domingo, 8 de outubro de 2017

Reforma Trabalhista no Brasil frusta empresários nos EUA

Durante uma reunião da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos realizada na semana passada, representantes de empresas globais declararam abertamente sua frustração com a Reforma Trabalhista, proposta pelo governo Temer. Eles estão desanimados, pois esperavam mais reduções de salários e direitos dos trabalhadores brasileiros.
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segunda-feira, 13 de março de 2017

Direitos iguais - charge do Amarildo


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domingo, 30 de outubro de 2016

Salários e concursos: como a PEC 241 pode afetar o funcionalismo público

Via: Último Segundo - "Texto da proposta tem recebido muitas críticas por alterar o financiamento em duas áreas essenciais para o bem-estar da população: saúde e educação - 'Se vai ter cortes na escolas e nos hospitais, por que não nos benefícios dos funcionários públicos?'

Repercusão-PEC 241
Essa é a pergunta que vem se multiplicando nas redes sociais desde que o governo Michel Temer apresentou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que pretende amenizar o rombo nas contas públicas.

Na terça-feira, o texto foi aprovado em segundo turno pelo plenário da Câmara e agora segue para o Senado. Ele estabelece um teto para o crescimento das despesas públicas federais por 20 anos e tem recebido muitas críticas por alterar o financiamento em duas áreas essenciais para o bem-estar da população: saúde e educação.

Mas como a PEC afeta os funcionários do Legislativo, Judiciário e do Executivo? Deputados e senadores não estão incluídos nesse grupo.

Segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, há três tipos de impacto.

O primeiro deles está descrito na proposta: caso o limite de gastos seja descumprido por um dos três Poderes ou por um órgão, o mesmo não poderá conceder aumentos para seus funcionários nem realizar concursos públicos. Outras sanções são impedir a criação de bônus e mudanças nas carreiras que levem a aumento de despesas.

As medidas funcionam como uma forma de punição se a conta não fechar.

Há também consequências que não são citadas na PEC, mas podem vir após sua implementação, como o congelamento de salários e uma discussão maior sobre distorções do funcionalismo público do país.

Salários congelados

De acordo com os especialistas, existe a possibilidade de que, com a aprovação da proposta, os servidores federais deixem de ganhar reajuste e não tenham suas remunerações corrigidas pela inflação por vários anos - mesmo com o cumprimento do teto.

Isso acontece porque o limite é global e vale para todos os custos de um Poder ou de um órgão. Dessa forma, se o Executivo tiver que dar mais verba para as escolas, por exemplo, poderá segurar as remunerações de seus empregados.

Estudantes-professores-contra-PEC 241
Na prática, isso equivaleria a reduzir os salários, porque a inflação - medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - é a desvalorização do dinheiro, quanto ele perde de poder de compra em determinado período. Sem a correção, é como se o pagamento diminuísse, porque o mesmo valor compra menos do que antes.

O congelamento é sugerido por causa do grande peso que os salários têm no orçamento. Em 2015, 20% das despesas do governo federal foram com pessoal. Para efeito de comparação, as chamadas despesas correntes, que incluem os custeios com saúde, educação e ciência, corresponderam a 27% do mesmo total.

O percentual ocupado pela folha de pagamento deve crescer mais com os aumentos concedidos neste ano. Em julho, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que concedeu reajuste de até 41,47% nos salários dos servidores do Judiciário e aumento de 12% para analistas e técnicos do Ministério Público da União.

No entanto, o que mais prejudica as contas públicas é a Previdência desse grupo de mais de 2 milhões de pessoas, das quais 44% são aposentados ou pensionistas.

Mudanças na Previdência

Segundo cálculos do professor de economia da FGV e PUC-SP Nelson Marconi, no ano passado os benefícios pagos a servidores federais somaram R$ 105 bilhões.

Como as contribuições de quem está trabalhando não cobrem esse montante, há um déficit de R$ 92,9 bilhões, próximo ao rombo de R$ 90,3 bilhões do INSS. A diferença é que o primeiro atende 980 mil pessoas e o segundo, 32,7 milhões - é onde estão os profissionais da iniciativa privada.

Com uma participação tão expressiva na crise fiscal do país, o fundador e secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, não vê outra escapatória a não ser mexer no funcionalismo.

"Pela magnitude do problema, não adianta imaginar que o governo pode reequilibrar despesas cortando passagem aérea, vigilância, segurança, como disse nas outras vezes. Dessa vez vai ter que acertar os grandes grupos de despesas."

Esse controle, no entanto, está atrelado a alterações no regime previdenciário, uma das principais fontes de gastos.

"Como os valores de aposentadoria têm evoluído ao longo dos anos, para que o teto funcione e não leve ao corte de outras despesas em saúde, educação e investimento, é preciso acontecer uma reforma da Previdência. Se uma continuar a subir, vai ter que contrair a outra", afirma Marconi.

Para Gil Castello Branco, diante da importância de saúde e educação, que receberam um tratamento diferente nas regras da PEC, os funcionários não devem ser poupados. As duas áreas só entram no teto em 2018.

"A despesa com pessoal não é prioritária. Estávamos discutindo se o orçamento de 2016, corrigido pela inflação, seria suficiente para saúde e educação, e vimos que não. Por isso, veio esse tratamento especial. Se estamos aumentando os gastos ali, não vamos podemos fazer isso com os servidores."

Missão do funcionalismo

Para os entrevistados, a proposta pode levantar uma discussão sobre privilégios no funcionalismo.

Um levantamento realizado pelo professor Nelson Marconi mostrou que empregados da área pública ganham mais do que os da iniciativa privada em todos os níveis de escolaridade. Entre os que têm ensino médio, por exemplo, essa lacuna era, em média, de 44% no ano passado.

Gil Castello Branco, da Contas Abertas, cita os salários altíssimos de algumas carreiras e o sonho dos jovens de entrar em órgãos públicos apenas pela estabilidade como distorções produzidas pelo atual sistema.

"Já houve matérias mostrando garçom do Senado ganhando R$ 15 mil. Há margem, por esses valores estratosféricos, para você rediscutir a estrutura de cargos e salários", diz.

"Em Brasília, por exemplo, há uma distorção grave a ser corrigida quando se observa que o sonho de dez em dez jovens é fazer um concurso público. O jovem quer ingressar numa carreira do Executivo, Judiciário ou Legislativo,

Branco acrescenta que, por já entrarem ganhando muito e não terem progressão de salário, nem avaliação de desempenho, muitos profissionais se sentem desmotivados. E acabam se acomodando.
A estabilidade no cargo, diz a economista-chefe da XP Investimentos Zeina Latif, também seria um ponto a ser discutido. Ela argumenta que, ao ter essa garantia, o profissional deveria começar com um salário mais baixo, para estimulá-lo a se desenvolver.

Segundo Latif, uma saída seria adotar valores do setor privado como "meritocracia e concorrência". Essas práticas, diz, já estão presentes em países como Dinamarca, Reino Unido, Suíça e México.

"Com o teto, a gente vai precisar discutir prioridades e o incômodo em relação a quão caro é o nosso funcionalismo vai ficar mais explícito. Se a sociedade começa a se incomodar com a estabilidade no setor público quando há tanta gente desempregada, a discussão pode se tornar uma pauta política."

Mas os entrevistados se mostram céticos quanto à capacidade do governo Temer de implementar mudanças tendo em vista a pressão dos grupos interessados e da instabilidade política do país.

"Não vão conseguir comprar tanta briga ao mesmo tempo. Não tem estabilidade e não dá tempo", diz Nelson Marconi.

Membros do Legislativo e do Judiciário têm poder de barganha para inviabilizar esse debate e ainda garantir reajustes durante uma crise fiscal, argumenta a coordenadora de Pesquisas do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Patrícia Pelatieri.

Isso porque têm mais autonomia e questões relacionadas a aumentos, por exemplo, são legisladas ou julgadas por eles mesmos.

‘Nem todos são marajás’

Ao mesmo tempo, Pelatieri pondera que o funcionalismo público federal não é homogêneo e acha que é injusto dizer que toda a máquina é inchada.

"Nem todos os funcionários têm tratamento isonômico. Alguns podem ter reajuste mais forte em detrimento de outras categorias. Quem trabalha nos ministérios, na saúde, na educação, não tem o mesmo poder de quem trabalha no Legislativo, no Banco Central, na Receita."

Segundo a pesquisadora, sem espaço para o crescimento da folha de pagamento e com as sanções previstas na PEC, o teto deve levar à redução do número de funcionários públicos, o que poderia afetar ainda mais os hospitais, escolas e universidades do país.

"É uma parte do funcionalismo federal a que tem salários muito mais elevados do que nós, reles mortais. Não dá para colocar tudo num saco de marajás."
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domingo, 6 de setembro de 2015

Em tempos de crise de credibilidade, governantes cortam salários


Por Eduardo Miranda, no Jornal do Brasil – "Visto da perspectiva do déficit do Orçamento de 2016 da União, que será de R$ 30,5 bilhões, o anunciado corte de ministérios pode ter efeito maior para a imagem do governo da presidente Dilma Rousseff e menos impacto financeiro. A economia estimada com a extinção de pastas ficará em aproximadamente R$ 100 milhões ao ano.


Mas, em tempos de descrédito das instituições políticas em todo o mundo, o gesto tem a intenção de ser nobre. Na Espanha, logo após as eleições municipais, seis governantes anunciaram rebaixamento de seus próprios salários. Levantamento do jornal “El País” mostra os prefeitos de Barcelona, Zaragoza e Valência já cortaram cerca de 25% de seus salários. Em Madri, as mudanças foram anunciadas para este mês.

A pressão do orçamento, aliada a deslegitimação da política, chegou ao Brasil. Na semana passada, o prefeito de Florianópolis anunciou corte de 30% no próprio salário e de 10% no de seus secretários. Em Campina Grande, na Paraíba, o prefeito reduzirá o próprio vencimento em 40%.

Para o pesquisador da Casa de Rui Barbosa, o cientista social Julio Aurélio Vianna Lopes, as ações vindas do próprio poder respondem, de certa maneira, às manifestações que se iniciaram em 2013 e tornaram os cidadãos “ativos pela ética”, defende. “A democracia é um regime de persuasão e a eficiência funcional depende da ética. Até mesmo em falsas democracias, sem a ética, o poder corre riscos, como na queda do presidente Mubarak, no Egito”.

Vianna Lopes chama a atenção para o efeito simbólico de governantes que reduzem os próprios salários, apesar da pouca eficácia nas contas públicas que o ato pode ter. Ele afirma, porém, que o senso de percepção do político em adequar seu salário à conjuntura política e econômica não se estende a questões de impacto maior para a sociedade. “Só discutimos o ajuste fiscal economicamente. Ele não foi debatido como pacto ou acordo fiscal”, lamenta.

Para o professor de marketing político Carlos Manhanelli, a redução de salários, no contexto brasileiro, já vem com sinal negativo. “No Brasil, tudo o que vier para prejudicar um político é muito bem visto pela população, enquanto nos Estados Unidos, as pessoas doam dinheiro para seus candidatos. A situação da Espanha não é muito diferente da do Brasil, mas não é tão extremada”, analisa ele, que leciona gerenciamento de campanhas eleitorais em duas faculdades de Madri.

Manhanelli lembra que os fatos negativos sobre políticos ganham mais repercussão, inclusive na mídia, e acabam prevalecendo. "Fala-se pouco dos prefeitos que baixaram salários por conta própria. Lembramos mais da cidade do Paraná em que a população fez pressão e os vereadores tiveram que obrigatoriamente reduzir seus próprios vencimentos", diz ele, em referência ao município de Jacarezinho, onde o presidente da Câmara de Vereadores chamou os manifestantes de "gatos pingados" e acabou tendo que ceder quando os protestos ganharam adesão da população local, em agosto."

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