A renúncia de Ricardo Teixeira e a dúbia postura da mídia brasileira

Na verdade a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já era prevista por boa parte da imprensa, por pessoas públicas ligadas ao futebol, e também pelos amantes desse esporte que faz parte da cultura brasileira. Chega ao fim o reinado de mais de vinte anos de Ricardo Teixeira frente à entidade, que nos últimos meses foi alvo de denúncias graves de escândalos e corrupção. Teixeira, que alegou problemas de saúde para deixar o cargo, não aguentou a pressão da parte nobre da mídia brasileira e largou o osso para seus comandados.

Não pense o ilustre cidadão que tudo pode mudar daqui pra frente. A CBF continua nas mãos de seus comensais e o esquema em benefício de poucos continuará pelo menos até a realização da Copa de 2014. Pelo estatuto, assume o vice, no caso, José Maria Marin, aquele que foi pego embolsando uma medalha quando da cerimônia de premiação aos juniores do Corinthians, campeões da Copa São Paulo. Gesto deletério que demonstra como será a administração que se seguirá. Aliás, continuará sendo, como disse o novo chefe.

Diante deste fato importante, logo agora que o país se prepara para o maior evento mundial do futebol, que certamente entrará para os anais da história, é interessante notar a postura da mídia brasileira. Veja bem que existem duas faces que norteiam as ações dos diversos grupos de comunicação do país. Uma, imparcial, cumprindo seu dever de informar corretamente ao cidadão, direcionando suas ações com base na verdade e na justiça. Outra, tendenciosa, agindo como partido político, quer convencer o público que tudo é normal, minimizando as ações criminosas praticadas pelos comandantes das entidades. Como podemos constatar em relação à administração temerária praticada no principal orgão do futebol do país, sob a batuta do Sr. Ricardo Teixeira. É flagrante a leniência com suas ações inconsequentes. Onde fica claro um conluio pernicioso visando as benesses obtidas com possíveis acordos escusos, e que resultariam em vantagens para ambas as partes.

Enquanto a saída de Ricardo Teixeira provoca reações distintas no futebol brasileiro, os principais canais de TVs abertas do país nos apresentam versões totalmente diferentes em relação ao fato. Vale lembrar, que quando os escândalos de corrupção começaram a rondar a FIFA, em que aparece o nome o presidente da CBF, um único parlamentar teve a ousadia de levantar a voz contra a utilização de dinheiro público no Mundial de futebol de 2014. Em uma reunião da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a Lei Geral da Copa, o ex-craque Romário, hoje deputado federal, criticou veementemente o envolvimento de Ricardo Teixeira, e o secretário-executivo da FIFA, Jérôme Valcke (o mesmo que disse que o Brasil precisava de um chute no traseiro, e acabou ele mesmo levando um chute), em referência aos escandalos de corrupção e recebimento de propina. Conforme denunciado pela mídia estrangeira no ano passado.

Em vista da renúncia do presidente da CBF, enquanto a Rede Record de televisão produz um documentário sobre seu mandato e recentes atos de corrupção frente a FIFA e a CBF (em dobradinha com seu ex-sogro, João Havelange),  as organizações Globo, através de seus principais programas de notícias, promovem um verdadeiro ode global a Ricardo Teixeira. A Rede Bandeirantes correu por fora neste caso. É incrível observar a disparidade da linha editorial apresentada pelas emissoras. No fundo elas pretendem manipular as informações a seu próprio favor. E submeter nosso melhor  juízo sobre os fatos, às suas obscuras versões, e nos impor como verdade absoluta. Confira os vídeos abaixo. 

Imagem: GazetaNews.