quarta-feira, 8 de maio de 2013

O indispensável equilíbrio da sinceridade

Por Luiz Gabriel Tiago* - 

O homem verdadeiro é aquele que não mente, não inventa e não fantasia em benefício próprio, pois respeita a transparência dos fatos, pensamentos, vontades e sentimentos das outras pessoas que estão ao seu redor, seja na empresa, em casa ou em relação aos amigos.
Ele deve ser capaz de promover a harmonia e o equilíbrio em todos os lugares através de palavras sinceras e oportunas, promovendo a concórdia, em especial por saber a hora certa de fazer comentários e dar opiniões.
Sei bem que essa tarefa não é fácil às vezes, mas se se tornar um hábito, pode trazer uma sensação de transparência e elevar o bem estar na maioria das vezes. 


Empatia x mentira

A preocupação com o “sentir” do outro pode ser decisiva numa relação profissional. A gente precisa aprender, definitivamente, a se colocar no lugar de qualquer um sim, pois somente dessa forma pode entender muitas coisas e respeitar o espaço e individualidade alheios.
Mas todo mundo precisa se preocupar com a forma que tudo é expresso. Pessoas expressivas demais correm o risco de colocar tudo a perder pelo simples fato de não conseguir guardar uma opinião.
A sinceridade pode ser prejudicial se não for usada na hora ideal; a franqueza e verdade devem ser expressas de forma sublime e cautelosa dosando-as com sensatez e equilíbrio.
Nem todos estão prontos para receber uma crítica ou orientação se estiver num momento de tensão. Chamo de “sincericídio” o ato de dizer o que se pensa em qualquer momento e para qualquer pessoa de forma indiscriminada, simplesmente pelo fato de não suportar “segurar” o que sente.
Existem muitas pessoas assim, que confundem a sinceridade com a vontade de explodir em palavras e não conseguir controlar o ímpeto. Seja sensível e tente se colocar no lugar do próximo!

Lembre-se da empatia, predicado indispensável nos dias atuais. Perceba sua importância para os relacionamentos sentimentais e de trabalho também. Muitas empresas já se conscientizaram sobre a importância de selecionar candidatos que sejam capazes de ter um bom relacionamento com outras pessoas. Muitas vezes essa capacidade se sobrepõe à competência técnica e um bom currículo; mesmo porque, é mais fácil capacitar alguém para uma função do que ensinar a lidar com gente. Os treinamentos existem para isso e nem sempre é possível qualificar profissionais para que sejam aptos a manter um trato sadio e harmonioso no trabalho. 

Sinceridade sim

Gostaria de fazer uma colocação sobre os relacionamentos pessoais. A sinceridade dentro de casa ou em qualquer outro tipo de relação pessoal, seja ela entre amigos, namorados, parentes, etc., deve ser um algo a mais e não motivo para brigas, discussões ou rompimentos. Precisamos desse traquejo com o que falamos e, principalmente, com a forma que fazemos isso. As palavras ditas não voltam atrás e podem machucar muito.

Voltando ao ambiente profissional, gostaria de enfatizar essa forma de agir e usar as palavras dos líderes ou qualquer tipo de colaborador. Os líderes precisam agir de forma sutil e contornar os momentos de crise com elegância e boa educação – têm que ser verdadeiros em tudo, mesmo em situações difíceis.
Muitos conflitos no ambiente profissional acontecem porque as pessoas não são preparadas para esclarecer certos assuntos ou discutir problemas de rotina – são imediatistas e não se conformam em ter cautela pra não machucar ninguém. 

Saber falar e usar de bom senso são características natas de um bom líder. A hipocrisia de todos os dias pode mascarar nossos sentimentos. Não permita que a transparência seja um dos últimos itens em sua lista de prioridades diárias. Por trabalharmos muito sob pressão, acabamos nos esquecendo de coisas importantes como os predicados e valores que sustentam e norteiam nossa conduta. 

O tal do feedback

Também é muito importante saber criticar e dar opiniões sobre diversos assuntos relacionados ao trabalho. Os liderados precisam (muitas vezes) expressar seus sentimentos e conclusões sobre alguns temas corporativos e só o fazem se o líder for capaz e aberto a isso. Não vale à pena insistir numa conversa se não têm a certeza de que serão ouvidos.
E sabe o que acontece nesses casos? As pessoas acabam desabafando com os colegas que, na maioria das vezes não podem ajudar em nada, criam fofocas, a história cresce mais e se espalha pela empresa. De nada adianta ter um profissional super qualificado tecnicamente se o mesmo é um iceberg, que não consegue interagir com as pessoas.

Nem preciso dizer que saber ouvir talvez seja o pilar mais importante da gentileza, predicado indispensável para o sucesso em todos os sentidos na vida. Escutar com atenção é uma habilidade que precisa ser desenvolvida com urgência em todas as empresas e casas do mundo.
Ouvir e falar? Eis a questão. É fundamental saber a hora certa de falar qualquer coisa e, mais ainda, ter discernimento para usar palavras corretas de forma que não magoe, incentive uma represália ou ofenda a pessoa. Talvez esperar algumas horas ou dias para se tocar no assunto seja a atitude mais sensata e gentil a ser tomada.

Em momento algum a mentira é recomendável, muito menos a omissão deve ser considerada primeira opção numa boa liderança, mesmo que saibamos que um líder não toma partido de ninguém e deve ser sempre imparcial. 

Omissão e mentira são a mesma coisa?

Mais uma vez reforço que é importante ter discernimento para não omitir a realidade por muito tempo, pois se descoberta pode causar danos tão prejudiciais quanto os causados pela mentira. Eu, pelo menos, considero a omissão uma forma de mentira ou uma das suas vertentes.
As pessoas devem agir de forma que realmente são, sem usar máscaras ou com hipocrisia, mostrando-se como de fato. Ninguém precisa deixar de ser o que realmente é para agradar os outros, muitos menos fazer o que não gostam.
Vamos usar a sinceridade com aqueles que são queridos e com aqueles que não são também. Sempre digo que “É fácil ser gentil com pessoas educadas e elegantes. O difícil é ser gentil com os grosseirões que encontramos por aí.”.

Nada de desiludir as pessoas com nossas omissões e mentiras, mesmo que essas tenham a intenção de preservar alguém ou não deixar que elas se magoem com a verdade.
Existem formas e formas de ser transparente e claro sem prejudicar qualquer um que seja. O que preferem? Sofrer descobrindo a omissão ou mentira depois ou saber o que realmente acontece no momento certo?
Existem pessoas que dizem que omitem algumas coisas para proteger a paz e não irritar, para poupar o outro, mas essas ideias não justificam a ausência da transparência. É muito doloroso saber de fatos que já aconteceram há muito tempo por esse motivo e você não ficou sabendo, principalmente quando terceiros te contam o que houve realmente. Será que sempre sou o último a saber? Essa questão é instantânea em nosso pensamento.

Para finalizar, sugiro utilizar sempre, em qualquer situação, o bom senso. Somente esse atributo o norteará para o entendimento entre os membros de uma equipe, amigos, parentes e, principalmente, em situações conflituosas, envolvendo comentários maliciosos, mal entendidos e fofocas.


A confiança é construída e conquistada com o tempo; se perdida, pode ser quase impossível recuperá-la.



*Luiz Gabriel Tiago é escritor, palestrante e ministra treinamentos e jogos exclusivos sobre Gentileza Corporativa. Ganhador do Prêmio “Ser Humano 2012”, da ABRH, com o melhor treinamento do Brasil, é autor de dois livros e diariamente dá dicas sobre os Princípios da Gentileza Corporativa em seu site www.srgentileza.com.br

Imagem: reprodução/joséferreira



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