sábado, 31 de agosto de 2013

A política exercida com interesse próprio, em público e nos bastidores

Certa ocasião, disse um político profissional. Se quer ter sucesso na carreira política, três coisas você não pode deixar de fazer: prometer sempre, fazer alianças mesmo que te desagradem e ser esperto. Pois no mundo da política, honestidade é uma virtude muito pouco praticada.
Certamente, esperteza conta muito nesse mundo e em outros campos da atividade humana. No entanto, não significa necessariamente um sinal de legítima inteligência. Assumir ser honesto no universo da política, é uma atitude por vezes arriscada. Miseravelmente equivocada, quando deveria ser assertiva. Candidato com esta característica está fadado a quebrar a cara logo de saída. Infelizmente é a realidade da política brasileira atualmente.

Realidade que pode e deve mudar, na eminência da reforma política que está para acontecer mesmo sem atender plenamente a expectativa popular. Por ora, o sistema político brasileiro ainda permite a prática de uma política rasteira. Permite que políticos profissionais ajam com certa licenciosidade para atender prioritariamente seus interesses pessoais, em detrimento do bem da coletividade. Não todos, mas a grande maioria age dessa forma. 

Diria mais, a desfaçatez do mal político prevê um corporativismo nocivo. Que consiste com que todos os membros de uma mesma agremiação tenham um procedimento uniforme, para acobertar crimes ou ações espúrias de corrupção praticadas por seus comensais. Um fato recente ocorrido na Câmara comprova isso. O deputado, Natan Donadon, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumprindo pena atrás das grades, ficou livre da cassação do seu mandato por força dos votos de seus pares. 

Uns, covardemente nem apareceram para votar. Outros votaram contra. Alguns se manifestaram a favor e um grupo se privou do voto de cassação do "colega". No mínimo um ato indecoroso, desonesto para com àquela casa de leis e para com os cidadãos que representam. Sem considerar que a postura dos parlamentares, deixou no ar um cheiro de golpe, comum no meio. Já que filiados a partidos de apoio ao governo federal votaram contrário a cassação do deputado condenado. Preste atenção! O tal do voto secreto nas questões de ordem no Congresso Nacional tem que acabar! É uma das revindicações da sociedade. 

Vamos além. O político que conseguiu seu curral eleitoral, depois de algum tempo na labuta, reina soberano na atividade mesmo que tenha cometido ações fora da lei para conseguir chegar lá. Ele, quase sempre possui um diferencial importante. Não raro, é dono ou tem ingerência em uma empresa de comunicação e informação que atinge um certo número de pessoas, que fatalmente se transformam em seus eleitores. Uma concessão de canal de TV ou emissora de rádio-difusão, que no Brasil comumente está nas mãos de políticos, é um um instrumento lhes concede certos privilégios em relação aos seus adversários.

É através da gestão direcionada para seus fins políticos, que eles formam certos conluios com outros grupos de interesses comuns. Qual sejam, os de se locupletarem no poder utilizando a influência que esses instrumentos exercem junto ao público em geral na formação de opinião. A estratégia neste caso, é construir uma imagem política positiva do candidato que lhe dará uma força adicional para estar sempre em evidência. E sempre na frente dos adversários quando de uma campanha eleitoral.

A prática comum é a utilização de subterfúgios duvidosos, que consiste em  lhes atribuir virtudes que não possuem, feitos que nunca realizaram. Com o intuito exclusivo de manipular a opinião pública. Isto é, fazer parecer o que o candidato não é, para iludir o eleitor. A postura de determinados setores da mídia em geral quando de uma campanha política, nos comprova isso. 

Como meio influente no consciente coletivo, quando deveria ter uma participação imparcial no processo democrático, determinados setores dos meios de comunicação assumem ares de um partido político. Justamente por ter no comando um político, ou um candidato a cargo público. Por conseguinte, não se pode esperar que tudo o que é divulgado seja a mais cristalina verdade.

Assim, na hora de reunir os fatos para o cumprimento do dever de bem informar os cidadãos, separa o joio do trigo e divulga o joio. Isto é, tudo o que de negativo para prejudicar o adversário político visando derrubá-lo. Observe que a mídia, sistematicamente blinda seu(s) escolhido(s) parceiros e criminaliza implacavelmente seus oponentes.

A ideia nasce nos bastidores, obedecendo a vontade de quem está secretamente no comando. Geralmente, um candidato político. A ação direta é sempre a desconstrução da imagem do opositor, mesmo que para isso se tenha que criar novos factoides. Nunca uma pauta para um debate produtivo de ideias, visando o bem comum. Assim caminha a classe dos homens públicos, que de público não tem nada, mas bastante de privado.  


Imagem: reprodução/internet


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