Política: PSDB unifica discurso a favor do impeachment, com adesão de FHC
O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso mudou o discurso em
relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. “"Tirar a presidente da
República não adianta nada. O que vai fazer depois?", questionava o tucano
durante um seminário realizado em março, no Instituto FHC. Ontem (10), o
discurso do ex-presidente foi bem diferente quando se reuniram as lideranças do
principal partido de oposição ao governo Dilma, para unificar o discurso a favor do impeachment.
Até então, alguns integrantes do PSDB não haviam se posicionado claramente, sobre o impedimento da presidente. Ao que parece, o fato do vazamento da carta desabafo que
Michel Temer enviou à presidente e o silêncio do vice-presidente sobre o
assunto, tenha contribuído para a busca dessa uniformidade de pesamento do
partido. Prova de que as articulações em torno da possibilidade de Temer assumir
a presidência, existe.
Consta que o vice-presidente teve encontros com os tucanos na semana passada e
no início desta, antes de se encontrar com a presidente pela primeira vez depois
do caso da carta. Onde a conclusão foi que, presidente e vice passariam a ter
uma relação apenas institucional, sem que Michel Temer se posicionasse a favor
de Dilma no processo de impeachment.
Do Jornal do Brasil – com informações da Agência Brasil – “Os principais líderes
do PSDB reuniram-se na quinta-feira (10) à noite em Brasília. Segundo o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos presentes ao encontro, existem
motivos suficientes para concretizar o impeachment de Dilma Rousseff. O senador
e presidente nacional do partido, Aécio Neves e o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, também participaram da reunião.
A mudança de postura de alguns nomes do PSDB, que ainda não haviam se
posicionado claramente a favor do impeachment - como o de Geraldo Alckmin -
mostra que as articulações em torno de um possível governo Michel Temer
avançaram. No fim de semana e no início desta semana, Temer teve encontros com
tucanos, em meio ao silêncio do vice sobre o andamento do processo de
impeachment.
Em março deste ano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou,
inclusive, que um impeachment "não adiantaria nada".
"Tirar a presidente da República não adianta nada. O que vai fazer depois?",
questionou o tucano na ocasião, durante um seminário no Instituto FHC, na
capital paulista.
Já na quinta-feira, o discurso de FHC foi bem diferente: “Você desrespeitar
reiteradamente a Lei de Responsabilidade Fiscal tendo em vista benefícios
eleitorais, porque houve abundância de uso de recursos para uso em programas
sociais em ano de eleição, é uma razão consistente”, disse FHC. Ele disse ainda
que entende o impeachment como um processo jurídico-político e que um presidente
só pode ser tirado no meio do mandato se houver “clima político”.
“Se esse clima se formar, há razões [para o processo de impeachment]. Se esse
clima não se formar, não há razão que derrube um presidente da República que foi
eleito, que teve voto. Não é um processo simples. Parece-me que o clima atual é
de que o governo está muito paralisado. E um país como o Brasil, com tantos
problemas pela frente, não pode ficar esperando que as coisas se resolvam por
si. Precisa que haja ação política”, avaliou o ex-presidente da República.
Para Aécio Neves o encontro foi o momento para “afinar a orquestra” em torno do
discurso favorável ao processo de impeachment. “Essa reunião é para 'afinar a
orquestra' e estaremos cada vez mais conversando e convergindo no sentimento de
que cabe à presidenta da República dar respostas formais e definitivas às
acusações que lhe são feitas”.
O senador também pediu “serenidade” neste momento, mas disse que há
justificativa jurídica para que o processo de impeachment corra no Congresso.
“Existe um pleno Estado de Direito, os pilares básicos para que essa proposta
fosse colocada em votação existem e nós temos que ter a serenidade para
discuti-la”. Aécio frisou que a petista “deve ter todo direito à defesa”, mas
afirmou que no PSDB há um “sentimento convergente” de que existem razões para a
saída de Dilma da Presidência da República.
Já Alckmin criticou os recorrentes discursos do governo e seus aliados de que há
uma tentativa de golpe no país. “O impeachment está previsto na Constituição
Brasileira e a Constituição não é golpista. Não tem nenhuma justificativa para
vir com essa história de golpe”.
O encontro também teve a presença dos governadores tucanos Pedro Taques (MS),
Marconi Perillo (GO), Simão Jatene (PA), Beto Richa (PR) e Reinaldo Azambuja
(MS). Os senadores José Serra e Cássio Cunha Lima, além do líder do partido na
Câmara, Carlos Sampaio, também participaram da reunião, que durou cerca de uma
hora.
Após um desentendimento com a ministra Kátia Abreu em uma festa ontem, bastante
repercutido hoje na mídia e nas redes sociais, Serra saiu sem falar com a
imprensa.”
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