sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Com Bolsonaro em Moscou, Rússia faz acordo militar com Maduro

Reportagem de Victor Schneider, no Poder360: Enquanto o presidente Jair Bolsonaro prestava visita de Estado à Rússia na quarta-feira (16), o vice primeiro-ministro russo Yuri Borisov anunciou um acordo de cooperação militar com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro em Caracas.

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O governo Maduro não é visto como legítimo pelo Brasil desde janeiro de 2019. O Planalto reconhece o autointitulado presidente Juan Guaidó como chefe de Estado oficial da Venezuela.


O encontro foi relatado por Maduro em seu perfil no Twitter. Chamou a Rússia de "nação irmã" e prestou "total apoio da República Bolivariana na luta em curso para dissipar as ameaças" da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em referência à escalada militar na fronteira russa com a Ucrânia. "A Diplomacia da Paz sempre triunfará na defesa da justiça e da verdade", disse. 


Informações sobre a cooperação militar, assinada pelas partes no Palácio Miraflores, não foram detalhadas pelas chancelaria. 


A posição venezuelana sobre a tensão no Leste Europeu difere da de Bolsonaro, que se absteve de tomar um lado na crise durante encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.


Perguntado sobre sua avaliação sobre a situação ucraniana pelo premiê húngaro Viktor Orbán nesta 5ª feira (16), Bolsonaro disse que "a guerra não interessa a ninguém" e incentivou uma solução pacífica para o conflito, seguindo orientação de não alinhamento do Itamaraty.


Durante a reunião bilateral, Borisov frisou que a Venezuela é um parceiro "estratégico" do Kremlin e disse "valorizar o caráter de aliados" nas interações diplomáticas da Rússia.

"Cada encontro consolida essa aliança. Sigamos juntos rumo ao futuro!", concordou o presidente venezuelano. 


Assista ao vídeo postado por Maduro:


A relação entre Bolsonaro e Maduro é ríspida, com o líder bolivariano se referendo ao presidente brasileiro como "palhaço", "imbecil", "farsante" e "neonazista" durante discurso feito em outubro de 2021.


Bolsonaro é entusiasta da oposição venezuelana e recebeu Guaidó com honrarias de chefe de Estado em Brasília. O presidente da Assembleia Nacional forma um "governo provisório" no país, mas a condição paralela ao governo Maduro divide a arena internacional. Enquanto o Brasil, a União Europeia e os Estados Unidos apoiam Guaidó, o regime herdeiro de Hugo Chávez é chancelado por Rússia e China.  


Rússia se aproxima da América Latina

O encontro é um indício de que a América Latina entrou na órbita da missão diplomática russa nos últimos meses.


Em conversa por telefone em janeiro, Putin parabenizou a reeleição do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega e reafirmou o "apoio inabalável da Rússia" na defesa da soberania do país. O pleito que reelegeu Ortega foi considerado "anti-democrático" pelos Estados Unidos e a União Europeia.

No discurso de posse, Ortega provocou Washington e declarou que os EUA teriam que "mudar com relação à América Latina, porque agora há resistência e consciência de patriotismo." 


No início de fevereiro, Putin recebeu o presidente da Argentina, Alberto Fernandéz, em Moscou. O encontro foi marcado pela proximidade física entre os líderes, diferentemente da distância observada nos diálogos celebrados pelo líder russo com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. Fernandéz ventilou a possibilidade da admissão argentina no BRICS, o que não foi negado pelo Kremlin.


Na 3ª e 4ª (15 e 16/02), foi a vez de Bolsonaro ir à Rússia. O presidente brasileiro definiu o encontro com Putin como "espetacular" e agradeceu pela defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia em organismos multilaterais. A visita foi ofuscada na mídia internacional pela troca de acusações entre a Rússia e o Ocidente quanto a veracidade das alegações de desescalada militar ordenadas pelo Kremlin na Ucrânia.


Já na quinta-feira, Borisov esteve em Havana, onde cumpriu agenda diplomática "frutífera", de acordo com o Ministério de Relações Exterior de Cuba. "O alto nível de convergência que caracteriza as relações históricas entre os 2 países foi confirmado", afirmou a chancelaria cubana.


Além da Venezuela, os 3 governos são malquistos pelo Planalto, que se afastou diplomaticamente de cubanos e nicaraguenses a partir do governo Temer e aprofundou o distanciamento durante o mandato do presidente Bolsonaro. No caso argentino, a relação se deteriorou após o peronista Fernandéz vencer Maurício Macri no pleito pleito presidencial de 2021.


Imagem: reprodução


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