quarta-feira, 11 de maio de 2022

A participação dos generais Ramos e Heleno na ofensiva contra urnas eletrônicas, segundo a Polícia Federal

Os generais Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno participaram ativamente da ofensiva do governo federal contra o sistema eleitoral brasileiro. A indicação consta em um relatório da Polícia Federal divulgado nesta terça-feira 10 pelo jornal Folha de S. Paulo. O documento revela detalhes do uso da máquina pública pelos dois militares contra o sistema eleitoral brasileiro.

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De acordo com o relatório, Ramos e Heleno atuam desde 2019 em uma ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas. Os depoimentos reunidos pela PF mostram que a ação dos generais culminou na live feita por Bolsonaro em julho de 2021. Na transmissão, Bolsonaro diz que as urnas foram fraudadas em 2014 na eleição de Dilma Rousseff contra Aécio Neves, mas não apresenta provas de sua afirmação. A live levou o ex-capitão ao centro do inquérito das milícias digitais, do Supremo Tribunal.


O primeiro depoimento a indicar a participação dos militares na ofensiva contra as urnas é o de Marcelo Abrieli, técnico em eletrônica que elaborou a planilha de votos usada por Bolsonaro para sustentar sua tese de fraude em 2014. A análise feita pelo técnico é considerada simplória e aponta para um suposto padrão de números na apuração de votos.


No depoimento à PF, Abrieli conta que foi procurado por Ramos em 2019 para que apresentasse sua planilha a Bolsonaro. O encontro teria o tema ‘indícios de fraudes nas urnas’ e aconteceu logo em seguida, com a presença de Ramos, Bolsonaro e mais seis pessoas. Ainda segundo o técnico, outras pessoas teriam informações sobre falhas nas urnas, mas ele diz não se recordar do conteúdo.


“No final de 2019, o general Ramos entrou em contato, por telefone, com o declarante para agendar uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro. Que a reunião teria como tema indícios de fraude nas urnas eletrônicas e que o declarante falaria sobre as informações descobertas em 2014 sobre as eleições”, diz um trecho do relatório da PF.


Além da reunião, ele voltou a falar com Bolsonaro por telefone poucos dias antes da transmissão ao vivo. Novamente o contato foi intermediado por Ramos. De acordo com Adrieli, o coronel Eduardo Gomes da Silva, responsável por apresentar as suspeitas de fraudes na live, também fez uma ligação em que alegou estar trabalhando com Ramos para coletar informações sobre as urnas eletrônicas.


Também consta no relatório da PF um depoimento de Ivo Peixinho, perito criminal da instituição, especialista em crimes cibernéticos e responsável pelos testes nas urnas eletrônicas. Em seu depoimento, Peixinho contou que foi procurado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), comandada por Alexandre Ramagem, amigo do clã Bolsonaro, sob a tutela de Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. As consultas ocorreram entre 2019 e 2020.


Sobre as consultas feitas pela Abin, Peixinho disse que enviou um relatório com todas as atividades da PF sobre o código-fonte das urnas. Sua resposta, segundo o depoimento, não apontava qualquer possibilidade de fraude no sistema. Ainda assim,  ela foi usada na live de Bolsonaro como sustentação para a tese de que as eleições de 2014 haviam sido fraudulentas.


Apesar dos depoimentos, Ramos e Heleno ainda não foram incluídos nas investigações das milícias digitais.


Carta Capital 

Imagem: reprodução/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


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