Múcio sobre atos golpistas: 'Todos serão punidos, sem exceção'
"Todos serão punidos, sem exceção", disse Múcio à reportagem. "Vamos virar a página. Esperamos que, agora, possamos inaugurar um novo tempo."
As palavras de Múcio procuram traduzir um sentimento que norteia toda a cúpula do governo e que, segundo o ministro, também deve orientar os novos comandos das Forças. A expectativa é de que, de agora em diante, haja distanciamento entre o papel do Executivo, a quem cabe governar o País, dos militares, que devem se voltar exclusivamente para suas funções institucionais, como a proteção e monitoramento das fronteiras e garantia da soberania nacional.
A queda do comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, não foi um ato determinado especificamente por Lula, segundo pessoas próximas à cúpula do governo. O presidente estava contrariado desde o dia 8 de janeiro com as atitudes de Arruda e fez questão de deixar isso claro para José Múcio. O pedido de sua demissão, porém, não partiu do petista. Foi Múcio que, após não ver outra forma de resolver o assunto, resolveu colocar um ponto final no episódio e demitir Arruda pelo o que classificou como "fratura na confiança".
Múcio, apesar disso, mantém uma boa relação com Arruda, que passou por uma cirurgia neste domingo e se encontra em bom estado de saúde.
A expectativa do ministro em reinaugurar uma nova fase entre o Palácio do Planalto e o Quartel General do Exército começa a tomar forma nesta próxima terça-feira, 24. O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, já anunciou que fará uma reunião com a cúpula militar, para tratar dos rumos e prioridades da Força.
Há uma expectativa clara de que novas acusações venham à tona envolvendo nomes de militares, a partir das investigações que estão em curso.
No caso do agora ex-comandante Arruda, a demissão ocorreu após uma sucessão de atos que, no entendimento do governo Lula, se devem à insubordinação, em confronto direto às determinações do governo federal.
Primeiro, Lula obteve informações de que há fortes indícios de que o Comando Militar do Planalto, ligado ao Exército, falhou significativamente na contenção dos ataques de 8 de janeiro ao Palácio do Planalto. Depois, o presidente recebeu a informação de que houve resistência direta do Comando do Exército em permitir a prisão de golpistas no acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General em Brasília, na noite da invasão e depredação. Tanques chegaram a ser utilizados para travar a entrada da Polícia Militar.
A situação ficaria completamente insustentável após a resistência do então comandante Arruda em exonerar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como "coronel Cid". Fiel escudeiro de Jair Bolsonaro e ajudante de ordens do ex-presidente, Cid foi nomeado para chefiar o 1º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Houve pressão para que essa nomeação fosse cancelada por Arruda, o que não ocorreu. Na manhã do sábado, 21, Múcio conversou com o general e o dispensou do cargo.
Imagem: reprodução/Foto: José Cruz/Agência Brasil

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