segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

O berço. Por Luís Jorge Natal

Luís Jorge Natal, em Os Divergentes: João Saldanha foi jornalista esportivo, militante político, botafoguense fervoroso, técnico de futebol e grande contador de casos. Dizem que alguns eram pura ficção e outro, verdadeiros. A ideia aqui não é polemizar, acredite, mas lembrar uns dois ou três deles. E vou me ater ao futebol. Então vamos lá:
www.seuguara.com.br/o ex-presidente Jair Bolsonaro/

1) Copa de mundo de 1996, na Inglaterra: João foi convidado para participar de uma mesa redonda com jornalistas ingleses. Lá pelas tantas, questionaram a honestidade dos juízes (árbitros) sul-americanos. Sem titubear, Saldanha indagou: - Se os ingleses são tão honestos assim, de onde vem a fama de excelência da Scotland Yard? Seguiu-se um silêncio britânico.

2) Copa do mundo da Alemanha, 1974. Outra mesa redonda, o assunto deveria ser futebol. Mas um repórter alemão resolveu cobrar Saldanha o assassinato de indígenas brasileiros. Era o auge da ditadura, combatida com fervor pelo João. Mas o nacionalismo era muito forte também. Não permitiria que falasse do país, e tascou de volta:

- Em quase 500 ano de história, morreram menos índios do que vocês mataram judeus em cinco anos de guerra.

Silêncio no estúdio. 


3) Copa do mundo da Itália, 1990. Outra mesa-redonda futebolística. Questionaram o veterano jornalista sobre as chances de o time italiano ser campeão, já que vinha de campanhas sofríveis e com muita indefinição no elenco. Sem muito lenga-lenga, João Saldanha cravou:

- Quero lembrar que além de toda a sua história, a Itália inventou a máfia.

Mudança brusca de assunto.


Lembro trechos pequenos da trajetória do João Sem Medo para entender a nova cidadania do capitão patriota que abandonou o próprio país. Vai morar no berço do fascismo e da máfia. Uma questão de identidade.

 

Um PS necessário. A Itália é muito mais que isso. E tem bastante crédito civilizatório.

PS 2: Saldanha morreu durante a Copada Itália. PS 3: Narrei as histórias do Saldanha contando com a minha memória. Que pode falhar aqui ou ali. 


VIA

Imagem: reprodução/Foto: Marcos Corrêa/PR


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