O que está por trás do acordo bilionário de Neymar com a Arábia Saudita
Além do valor pago ao PSG, as partes acordaram cerca de 100 milhões de euros por temporada com o craque brasileiro. Os valores divulgados não são oficiais, mas há fontes como o UOL informando que o montante total, após 2 anos de contrato, pode chegar a R$ 1,7 bilhão - o que daria um renda mensal aproximada de mais de R$ 70 milhões.
As críticas esportivas
Nas redes sociais, brasileiros questionam a decisão no ponto de vista esportivo, já que a Liga Saudita tem um nível de competividade abaixo do futebol europeu.
A liga saudita sequer está entre as 50 maiores ligas do futebol. Para os fãs de Neymar, a transferência tira o jogador do cenário de protagonismo.
Direitos Humanos
Outros comentários destacam as graves violações aos diretos humanos praticados pela Arábia Saudita. O país continua a ser um dos poucos do mundo que não aceitam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Porém, o clube que Neumar jogou nos últimos seis anos, o PSG, é propriedade de um fundo de investimentos bancado pelo Qatar, outro país do Oriente Médio com graves violações de direitos apontados pela ONU. Ou seja, a relação do jogador com o dinheiro de ditaduras não é novidade.
A ditadura saudita
As questões que têm atraído fortes críticas incluem a posição extremamente desvantajosa das mulheres dentro da sociedade saudita, a discriminação religiosa e a falta de liberdade religiosa e política.
Um caso emblemático é do jornalista Jamail Khashoggi, que foi assassinado em 2018 no consulado saudita em Istambul, após ter sido torturado e esquartejado ainda em vida.
De acordo com o El País, um relatório dos serviços de inteligência dos Estados Unidos aponta que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman, é o responsável pelo crime.
Bin Salman, o trilionário rei da Arábia Saudita, é dono não só do novo time de Neymar, como também do time de futebol mais rico da atualidade, o NewCastle, que assim como o PSG, é um dos mais famosos da liga europeia.
A estratégia saudita
Segundo o Site Globo Esporte, o reino saudita, comandado por Mohammed Bin Salman, comprou no total quatro clubes na Liga do país: Al-Hilal, Al-Nassr, Al-Ittihad e Al-Ahli.
Em julho deste ano, os clubes apresentaram craques mundialmente famosos do futebol, como Cristiano Ronaldo, jogador do Al-Nassr, também com um contrato bilionário.
O investimento foi feito pelo Public Investments Fund (PIF). O fundo soberano é um dos maiores do mundo, com ativos totalizando mais de R$ 1 trilhão. A fortuna é fruto do montante arrecadado pela reserva de petróleo do país.
A agenda 2020 da ONU aponta como objetivo zerar o uso de combustíveis fósseis. O fundo tem como objetivo investir no que eles chamam de visão 2030, para diversificar as fontes de receita, que são dependentes do petróleo. A compra dos clubes, os jogadores milionários fazem parte dessa diversificação.
Sportswashing
Os investimentos do fundo soberano que trouxeram maior retorno midiático para a Arábia Saudita estão no esporte. Além do futebol, há a compra de categorias da Formula 1 e dos direitos do maior campeonato de golfe do mundo.
O termo sportswashing (limpeza através do esporte) é utilizado para explicar como países ou corporações se utilizam do esporte para abafar violações dos direitos humanos numa tentativa de melhorar sua imagem.
Um caso recente é o da Copa do Mundo realizada no Qatar, país com graves violações de direitos das mulheres e LGBTs. País que é do do PSG, o clube que vendeu Neymar aos sauditas.
O uso de grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo, grandes prêmios de Formula 1, campeonatos de golfe e grandes nomes do meio esportivo como propaganda positiva para o país configuram sportswashing.
É para esse projeto de limpeza de imagem da ditadura saudita que Neymar aceitou emprestar sua imagem, ao assinar o contrato com o Al Hilal.
Imagem: reprodução
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