sábado, 28 de dezembro de 2024

Mensagem de fim de ano de um ex-aluno, por Urariano Mota

Por Urariano Mota*, no GGN: A vida está sempre a nos pregar surpresas. Nem sempre trágicas, terríveis, ainda bem. Às vezes é um feliz reencontro, como o desta vez. Há mais de um mês, um jovem me viu no Recife Antigo e preguntou:

www.seuguara.com.br/mensagem/fim de ano/ex-aluno/Urariano Mota/

- Você é Urariano?

- Sim, sou eu - respondi, desconfiado do que viria...

Então ele me disse:

- Fui seu aluno no Colégio Contato. Você mudou a minha vida!

E continuou:

- Você é responsável pelo que eu sou hoje!


Foram duas frases, dois tiros que me deixaram imóvel. Eu, que bebia umas cachacinha na Bodega de Veio, fiquei sóbrio total. Mas sem ação, emocionado e sem palavras.

Então a sua companheira passou um número de celular para Francêsca, minha companheira. Mais tarde, eu lhe enviei corajoso pelo Zap: que ações eu fiz e que palavras teria usado para o seu crescimento como pessoa?

Nesta semana, recebi esta mensagem: 

-

"Caro Urariano, bom dia!

Inicialmente, peço-lhe desculpas por não ter respondido mais rapidamente. É que estava com bastantes prazos e trabalhos acumulados, que me deixaram preocupado, porque tinha viagem de fim de ano com toda família em vista e o recesso judiciário se aproximava.

Você me perguntou quais palavras ou ações suas mudaram minha vida. Tudo ocorreu em 2003, no Contato. Detalhar exatamente as atitudes e palavras proferidas talvez eu não consiga, porém acho que consigo falar sobre o contexto.


Eu costumo dizer que aquilo que somos é decorrente da contribuição direta ou indireta de muitos que passam pela nossa vida. Sua contribuição positiva foi de duas formas: técnica e pessoalmente. Tecnicamente, ensinou o que eu precisava para ter sucesso na redação, explicando como melhorar a escrita, organizar o texto com começo, meio e fim, concatenar as ideias, fazer o texto de maneira lógica, clara, objetiva e simples, mas que atendesse ao que era exigido para aquele momento, aprimorar vocabulário, etc  


Pessoalmente, as indicações de leitura e as conversas literárias e as tratativas/discussões sobre livros, textos e grandes escritores terminaram por, não só, obter sucesso no vestibular, mas influenciaram no curso da minha vida e pude perceber ainda mais a relevância da leitura e do convívio engrandecedor de pessoas como você, do bem e que nos fazem refletir. Neste momento, estou saindo da Hungria para a Escócia e passaremos o fim de ano em Paris. 


Estou dizendo isso porque, para mim, isso representa ser vencedor e feliz. Não que isso isoladamente por si só signifique felicidade, porque esta são momentos e também é um estado de espírito, mas porque era, na realidade, algo inimaginável para alguém que nasceu, foi criado e cresceu na favela, passou por provações e cujos pais passaram fome. Para mim, poder proporcionar isso representa bastante e você também contribuiu nesse sentido. 

Um forte abraço. Feliz Natal.

Radamez Danilo Bezerra da Silva".


Radamez hoje é muito bom advogado. Mas uma de suas maiores conquistas é ter caráter agradecido em meio ao sucesso da profissão e da sua pessoa. Só o bom-caráter manifesta a gratidão. 

Trabalho e saúde, amigo! Que venham novos trabalhos em 2025.

Em Olinda e Paris beberemos juntos um champanhe.


*Urariano Mota - escritor, jornalista. Autor de "A mais longa duração da juventude", "O filho renegado de Deus" e "Soledad no Recife". Também publicou o "Dicionário Amoroso do Recife".

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CBF anuncia criação de canal exclusivo para receber denúncias de manipulação no esporte

A CBF divulgou a criação de um canal exclusivo voltado para receber denúncias de manipulações em competições esportivas no Brasil. O anúncio aconteceu na noite desta sexta-feira e a ideia é assegurar a credibilidade das disputas protegendo essas competições contra práticas irregulares. O programa já está ativo e o canal pode ser utilizado em todo o Brasil através do site da entidade que comanda o futebol nacional.
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Câmara responde STF e não apresenta atas solicitadas por Dino

Priscilla Mazenotti, repórter da Agência Brasil: A Câmara dos Deputados obedeceu ao prazo dado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino e respondeu aos questionamentos feitos quanto ao pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. E informou que não vai recorrer do bloqueio do pagamento das emendas, por entender que a medida deve ser feita pelo Congresso Nacional.

www.seuguara.com.br/Câmara dos deputados/STF/emendas parlamentares/atas/

O prazo terminava às 20h dessa sexta-feira, 27, e agora, cabe ao ministro Dino analisar o documento e dar uma resposta.

É que, no entendimento de Flávio Dino, a Câmara ainda não tinha cumprido as decisões do STF sobre transparência e rastreabilidade no repasse desses recursos.


Na resposta encaminhada pela Casa, o argumento foi o de que não havia previsão legal para que as indicações de emendas de comissão tivessem que ser votadas pelas comissões antes da Lei Complementar nº 210, de 2024, editada para cumprir justamente as regras de liberação dos recursos. Outro ponto foi o de que a liberação das emendas seguiu a tramitação correta de acordo com pareceres dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, da Casa Civil e da Advocacia-Geral da União.


Já sobre a falta das atas das sessões das comissões para aprovação das emendas, a Câmara argumentou que a obrigatoriedade só será aplicada a partir dos orçamentos para os anos seguintes.


Edição: Juliana Batista - Marizete Cardoso

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Seleção dos melhores de 2024, por Percival Maricato

Por Percival Maricato, no GGN: Não há dúvida que o Fogão foi o melhor time do ano, mas cinco na seleção? O Palmeiras que ficou em segundo com apenas um jogador escolhido? - Segundo vários jornalistas do país esta é a seleção de 2024: John (B), Wesley (Fla), Bastos (B), Barbosa (B) e Barnabei (I); Garro (C), Gerson (Fla) e Thiago Almeida (B); Estevão (P) Yuri (C) e Luiz Henrique (B). B é Botafogo, cinco craques, Fla é Flamengo, dois escolhidos, depois tempo P, Palmeiras, I de Internacional e C de Corinthians, cada um com um craque escolhido, o técnico não se discute, é Artur Jorge, do Botafogo.

www.seuguara.com.br/Futebol/os melhores de 2024/Percival Maricato/

Não há dúvida que o Fogão foi o melhor time do ano, mas cinco na seleção? O Palmeiras que ficou em segundo com apenas um jogador escolhido? O Mengo tem dois, mas é justo, pois tem o melhor elenco, furto das centenas de milhões de reais que gastou nos últimos anos. Agora está dispensando o veterano David Luiz. 


Cartolas curvam-se à grana da Arábia Saudita - o país dos sheiks será sede de uma copa do mundo


Os cartolas da FIFA escolheram as sedes das próximas Copas do Mundo juntando países que tem tradição de futebol e reivindicam fazer o torneio em copas únicas, para conseguir nomear a Arábia Saudita sede isolada da copa em 2034, ou seja, mais rapidamente do que se este país fosse esperar a fila andar na forma tradicional. Quem distribui favores sempre ganha.


É muita cara de pau 


A hipocrisia desse tipo de gente é descarada, é gente desse tipo que impediu a Rússia de disputar as Olimpíadas, alegando a invasão da Ucrânia, mas jamais puniu os EUA por suas repetidas invasões a países mais fracos. Os dirigentes sauditas mantém em seu país trabalho escravo de imigrantes que para lá se dirigem para trabalhar em obras suntuosas, pune severamente os que ousam reclamar, apoiam todos os movimentos conservadores da região, sequer mexem um dedo para aliviar a desgraça dos palestinos, submetem as mulheres a todo tipo de degradação, mas e daí?


Um trabalhinho mostra eficiência dos sauditas


Há alguns anos os membros do consulado da Arábia Saudita na Turquia convidaram um jornalista exilado que fazia oposição à família real saudita a visitar o consulado, certamente sinalizaram com algum tipo de conversação que o fez baixar a guarda. Foi e de lá nunca mais saiu, ou então deve ter saído picadinho ou  liquefeito pelo esgoto. O mundo ocidental ficou horrorizado? Nadinha, mas se fosse a Venezuela... A eficiência desse trabalhinho deve ter influenciado na escolha da FIFA.


A Copa de 2026: México, EUA  e Canadá


Em 11 de junho de 2026 teremos início da próxima copa com 48 seleções em 16 cidades desses três países da América do Norte.


E em 2030, será em seis países

Para 2030 a Fifa resolveu fazer a Copa em seis países: Uruguai, Argentina, Paraguai, Espanha, Portugal e Marrocos. Quem pensou que essa decisão seria um novo tipo de modelo, uma fórmula permanente, se enganou, pois em 2034, repita-se, será em apenas um, a Arábia Saudita, que de tradição em futebol não tem nada, mas têm muita grana.

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Jeferson Miola: Lira quer licença total para a corrupção

Por Jeferson Miola, em seu blog: O empenho desmedido de Arthur Lira para liberar o repasse de emendas secretas diz tudo sobre o real interesse do grupo. Não se viu antes um Lira tão mobilizado como agora. Nem nos momentos mais graves  de ameaça democracia e aos poderes da República, como no atentado terrorista ao STF em 13 de novembro, e na descoberta do plano militar-bolsonarista de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Morares. 

www.seuguara.com.br/Arthur Lira/Flavio Dino/charge/Papai Noel/emendas parlamentares/

Como se observa, o que de fato mobiliza Lira, a ponto de ele mover montanhas, são interesses nada nobres.

O presidente da Câmara dos Deputados reivindica uma licença total para a corrupção com emendas parlamentares.


Lira interrompeu o recesso de fim de ano, mobilizou líderes partidários e pediu uma reunião de urgência com o presidente Lula para pressionar o STF a liberar o assalto de fim de ano ao butim de R$ 4,2 bilhões de emendas ao Orçamento da União.

Falta nobreza e republicanismo nessa luta do Lira e da deputadocracia viciada em verbas do orçamento secreto.


Importante ficar claro que o STF não determinou o fim das emendas impositivas, decisão que mereceria todo aplauso, pois tratam-se de verdadeiras excrescências que não existem em nehum outro país do planeta.

O Supremo somente relembrou os congressistas a respeito do critérios legais e constitucionais que devem ser observados no repasse de todo dinheiro público, inclusive aquele originado em emendas parlamentares.


O ministro Flavio Dino apenas determinou - no que foi acompanhado pelo plenário do STF - que o pagamento das emendas precisa observar as diretrizes mais comezinhas da execução de todo e qualquer gasto público numa República: a identificação de autor e beneficiário de cada emenda, a publicidade e a transparência no repasse do dinheiro público, a viabilidade técnica da obra ou serviço, o plano de aplicação financeira e a prestação de contas.


Para Lira, no entanto, esta determinação é inaceitável. Ele reivindica total obscuridade e absoluta falta de transparência e controle sobre o repasse dos R$ 4,2 bilhões que o ministro Flávio Dino corretamente mandou travar, a bom do interesse público.

Ora, por que essa resistência tão feroz e obstinada do presidente da Câmara em cumprir as leis de execução orçamentária aprovadas pelo próprio Congresso?

Por qual razão Lira e seus colegas insistem em ocultar informações elementares, que permitam o rastreamento, monitoramento e fiscalização do dinheiro público? 


Por que, afinal, eles querem esconder até mesmo o nome do/a parlamentar que direciona dinheiro do orçamento nacional e para qual finalidade?

Por que esse medo genuíno com a transparência na execução do gasto público através das emendas parlamentares?

Será por alguma má intenção?

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Leia também: 

Jeferson Miola: Arthur Lira e o sequestro do governo

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Câmara pede que STF revise decisão que suspendeu emendas paralmentares

Pedro Rafael Vilela, repórter da Agência Brasil: Em recurso apresentado ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta sexta-feira (27), a Câmara dos Deputados pediu revisão da decisão que mandou suspender o pagamento de cerca de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão.

www.seuguara.com.br/Câmara do Deputados/STF/revisão/suspensão/emendas paralamentares/

A petição, de 22 páginas, é assinada pelo advogado Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva, que representa a Câmara. No documento, ele rebate a ação proposta pelos partidos PSOL e Novo e pelas entidades Associação Contas Abertas, Transparência Brasil e Transparência Internacional, que alegaram, entre outras questões, que a indicação de mais de 5,4 mil emendas teria ocorrido sem a aprovação das comissões e no período em que as reuniões dos colegiados haviam sido suspensas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entre os dias 12 e 20 de dezembro.


"Com a devida vênia, a argumentação dos peticionantes não corresponde à verdade e revela profundo desconhecimento do processo legislativo orçamentário. Essas informações imprecisas e descontextualizadas impedem a correta apreciação e valoração dos fatos", diz a petição.

No recurso, a defesa da Câmara sustenta que as emendas foram aprovadas pelas comissões ao longo do ciclo legislativo e que o documento nº 1064, que listaria "5.449 emendas", se refere à indicação dos projetos destinatários.


"A aprovação das emendas pelas comissões se dá a partir de sugestões feitas por parlamentares e aprovadas formalmente pelos colegiados. Após a aprovação e sanção, ocorrem as indicações ao Poder Executivo que, de acordo com a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] para o exercício de 2024, não têm caráter vinculante", argumenta a defesa da Casa Legislativa. Na petição, o advogado também cita exemplos e informa o link onde estão registradas as atas de deliberação sobre as emendas.


Sobre a suspensão das atividades das comissões entre 12 e 20 de dezembro, a defesa da Câmara negou que seria uma estratégia para impedir a deliberação dos colegiados, como alegam os autores da ação. "Essa suspensão se deu para possibilitar esforço concentrado às proposições de controle de gastos do Poder Executivo, que seriam votadas pelo plenário da Câmara dos Deputados.


Na noite dessa quinta-feira (26), em declaração à imprensa, o presidente da Câmara dos Deputados defendeu que a liberação das emendas parlamentares têm obedecido critérios estabelecidos pelo Judiciário e os acordos firmados entre Executivo e Legislativo.


Edição: Graça Adjuto

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Após decisão de Dino sobre emendas, Lira convoca líderes em recesso

Reportagem de Gabriel Buss, no Metrópoles: O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou, para a tarde desta quinta-feira (26/12), uma reunião extraordinária com líderes partidários. O encontro foi marcado depois de o ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender o pagamento de emendas parlamentares e mandar a Polícia Federal (PF) abrir investigação sobre o suposto desvio de recursos. 

www.seuguara.com.br/Arthur Lira/convocação de líderes/emendas parlamentares/

O Congresso está de recesso desde segunda-feira (23/12), e todos os políticos estavam fora de Brasília (DF). Porém, depois da decisão do ministro, o presidente da Câmara está retornando à Brasília para reunir as liderança partidárias. Outros políticos devem participar da reunião de forma presencial e também estão em deslocamento.


O encontro vai ser semipresencial, já que alguns parlamentares estão em viagens e devem participar de forma remota. A reunião vai acontecer na Residência Oficial da Câmara dos Deputados, no Lago Sul. o novo episódio envolvendo as emendas amplia mais a tensão entre o Legislativo e o Judiciário.

O ano de 2024 ficou marcado pela tensão entre os dois Poderes. Parlamentares avaliam que o STF "invade" prerrogativas do Congresso, enquanto a Suprema Corte argumenta que apenas exerce seu papel nos momentos em que é acionada.


A decisão de Dino


Ao suspender o pagamento das emendas por meio de decisão proferida na segunda-feira (23/12), Dino citou episódios de mau uso do recurso público, que incluem "malas de dinheiro sendo apreendidas em aviões, cofres, armários ou jogadas por janelas".

O ministro, no entanto, foi além da suspensão dos pagamentos. Ele também determinou à PF a abertura de um inquérito para apurar a liberação do recurso. O magistrado abriu mão do recesso do Judiciário, visto que, com uma investigação em andamento, podem vir à tona mais desdobramentos envolvendo a suspeita de desvio de dinheiro público, o que implicaria novas decisões de Dino em janeiro.


O aumento da tensão entre os Poderes se dá na semana seguinte à aprovação do pacote de corte de gastos, votado na Câmara e no Senado sob o preceito da liberação e do pagamento das emendas parlamentares. Nas últimas semanas, o governo empenhou recursos para garantir que a votação fosse concluída. 


A decisão do STF foi uma resposta a um pedido do Psol, que apontou irregularidades na destinação de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão.

No despacho, o ministro citou  o ofício enviado por 17 líderes partidários ao governo federal solicitando a liberação do pagamento de 5,4 mil emendas de comissão, sem identificação dos autores. A medida foi questionada por diversas ações; entre elas, o pedido do Psol. O partido Novo também havia questionado a ação.  

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Saiba quais foram os pedidos não atendidos pelo Papai Noel. Por Lenio Luiz Streck

Por Leni Luiz Sreck, no Conjur: No ano passado escrevi cartinha ao Papai Noel. Reproduzo parte: Sou Lenio Streck. Avô do Santiago e do Caetano. Professor universitário, constitucionalista, advogado sócio de Streck & Trindade Advogados, fui procurador de Justiça do Rio Grande do Sul durante 29 anos e, vejam só, fui também goleiro. Porteiro. Goalkeeper. Guarda valas. Quase um Yashin, dizem as boas línguas. Eis uma foto dos meus bons tempos de guara-valas.

www.seuguara.com.br/Lenio Luiz Streck/Papai Noel/

Sempre gostei de futebol. Tenho diploma de comentarista de futebol (fui orador da minha turma de formatura - título: "Por uma epistemologia do esporte bretão"; ninguém entendeu, mas acharam bonito!)


Não por menos, quando criança, na minha Agudo, pedia ao Weihnachtsmann, o bom velhinho (ou não), que me trouxesse uma bola e uma camiseta de goleiro. Um cético daria de ombros: Papai Noel não existe; não para uma criança que, de tão pobre, odiava férias (férias significa ficar em casa; ficar em casa significa trabalhar - e trabalho vem de tripalium, instrumento de tortura). É óbvio que Papai Noel não vem, embora até hoje façamos a árvore de Natal. 

Ou será que vem? Não sei. Fato é que eu fui goleiro. Com a bola, a camisa, e até as luvas, que nem imaginava à época.


Pois é; Será que foi o velho Claus quem me deu as luvas e camiseta? Coincidência ou espírito de Natal? Não sei. O que sei é que sou um incorrigível otimista metodológico. Ajo sempre "como se". Pudera: estou já há décadas lutando contra as injustiças do sistema de Justiça. Já perdi muitas, e continuo aqui.

Stoic mujic. Camponês estoico. Eis o meu lema. Cair e levantar. 


Afinal, Papai Noel atendeu ou não?


Meu primeiro pedido de 2023: que as pessoas lessem textos com mais de 15 linhas (o que inclui este).

Papai Noel não atendeu. Piorou. Pesquisas mostram que mais de 70% das pessoas não leem livros. Apenas redes sociais. Drops. No direito é a mesma coisa. Ou pior. Tudo virou inteligência artificial. Agora tem novos robôs. Que são incensados por parte da comunidade jurídica. Viva os robôs. Viva os algoritmos. Viva os totens. Via a súmula 7 (ups).


Meu segundo pedido foi: como houve tentativa de golpe e com tanta gente falando mal da Constituição querendo destruir até cláusula pétrea, pedi que Papai Noel me ajudasse na fundação do movimento salvacionista chamado Unfucking the Constitution (só posso dizer o nome em inglês porque me recuso a dizer palavrões). Ou em francês: Défornication de la Constitution. Já que tem tanta gente querendo fazer o contrário...

Papai Noel não atendeu. Piorou. Estão querendo anistia para os golpistas. Que coisa, não Papai Noel? As vezes penso que Papai Noel não é lá tão progressista...


Meu terceiro pedido: "- Papai Noel, por que tem tanta gente que faz faculdade de Direito e sai odiando a Constituição? Seus professores seriam analfabetos funcionais? Veja isso pra mim, Papai Noel. E depois me conte". 

Papai Noel não me contou. De todo modo, fui atrás da resposta e escrevi - e lancei - o livro Ensino Jurídico e(m) Crise - Ensaio Contra a Simplificação do Direito. E mandei um exemplar para o Pai Natal. Será que ele lerá? Ou Papai Noel foi fagocitado pela agnotologia jurídica? 


Meu quarto pedido: que os não-democratas ajoelhassem no milho.

Nada. Parece que faltou milho e Papai Noel não conseguiu atender meu pedido.

Meu quinto pedido também foi em forma de pergunta: " - Papai Noel, diga-me por que tem tanta gente reacionária no Direito? E na politica? E nas mídias? Em que fracassamos? 

Papai Noel até tentou responder. Mandou um texto feito pelo ChatGPT, cujo modelo tomou emprestado de gente do direito que mora no Instagram. Esse Papai Noel...


Meu sexto pedido: "- que Papai Noel recolhesse todos os celulares cujos WhatsApp fizeram fake news tipo 'o artigo 142 da CF coloca as Forças Armadas como poder moderador".

Bom, essa parte não foi atendida pelo Papi Noel, e, sim, pelo Xandão.

Meu sétimo pedido foi de que advogados e jornalistas não mais fossem desrespeitados.

Deu errado. Principalmente os causídicos estão muito mal. Até o meirinho tira onda com advogado. Advogar continua um exercício de humilhação cotidiana. Tente a invocar os seis incisos do artigo 489 do CPC (315 do CPP). E depois me conte.


Meu oitavo pedido foi emblemático e profético: que os desembargadores e ministros, durante a sustentação oral das partes, não ficassem olhando os seus tablets; e que prestem atenção no esfalfamento do causídico (ou finjam que estão prestando atenção). 

Nessa o Papai Noel foi cruel. Fez o contrário. Influenciou o CNJ a tirar dos causídicos até mesmo o direito a julgamentos em plenário e sustentações orais. Dizem que foi o Pai Natal quem redigiu o esboço da Res. 591. 


Por último, pedi que a delação Sherazade do Cid acabasse.

Bom, ainda não acabou.

É isso. Está ruim a relação com Papai Noel. Deve ser coisa das fake news ou Papai Noel é um avatar. Ou Papai Noel terceirizou para os robôs. Como se faz no Direito. Ou Papai Noel não conseguiu juízo de admissibilidade. Não "conheceram do Papai Noel"...

Feliz Natal para os meus leitores e leitoras que ultrapassaram as quinze linha...!

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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Top 5 brigas do Congresso Nacional em 2024

Congresso em Foco: Câmara do Deputados foi palco de xingamentos, chutes e agressões em 2024 - como que quase todo ano. Enquanto o plenário se ocupou ao longo do ano com projetos de impacto econômico como a regulamentação da reforma tributária e o pacote fiscal, as agressões entre parlamentares ficaram nas comissões da Casa Baixa, ou mesmo nos corredores do Congresso. Veja abaixo a seleção do Congresso em Foco das cinco melhores brigas do ano entre os nossos representantes eleitos pelo voto, com os vídeos para acompanhar. 

www.seuguara.com.br/brigas/Congresso Nacional/2024/

5. Julia Zanatta (PL-SC) x deputados de direita

Um caso de "fogo amigo": a deputada Julia Zanatta (PL-SC), uma da mais oposicionistas da Câmara, revoltou-se contra os colegas da direita que votaram pela proibição de celulares nas escolas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A deputada carregou nas palavras. "Está precisando de menos bundamolismo, de menos frouxidão, para que a gente avance em pautas necessárias firmes e fortes".

O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) foi um dos que se dignou a responder: "A única coisa que eu não fui por toda a minha vida foi bunda mole. Minha história mostra isso".

 


4. Delegado Éder Mauro (PL-AM) X Rogério Corrêa (PT-MG)

O processo do deputado André Janones (Avante-MG) no Conselho de Ética da Casa deu o que falar. Na sessão do dia 5 de junho que arquivou uma representação do PL contra o deputado por suposta "rachadinha, houve uma confusão generalizada, com acusações entre parlamentares da oposição e do governo.

No meio da bagunça, o deputado Rogério Corrêa (PT-MG), que tentava apartar os envolvidos, foi agredido com um chute. Segundo ele, o autor da agressão foi o deputado Delegado Éder Mauro (PL-AM).

Rogério contou o caso por redes sociais, publicando um vídeo da gritaria entre os colegas. Veja abaixo.



3. Glauber Braga (Psol-RJ) X Kim Kataguiri (União Brasil-SP)

A troca de empurrões entre Glauber Braga (Psol-RJ) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP) foi um desdobramento de outra altercação nos corredores da Casa. Kim foi ao deputado psolista após ele expulsar da Câmara um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo com inclinação à direita onde Kataguiri é uma das principais lideranças.

Com os deputados frente à frente, ate4nsão escalou rapidamente. No vídeo da cena, é possível ver que Braga chama Kim de "defensor do nazismo" e faz referência aos "marginais do MBL". Em seguida, os deputados trocam empurrões e precisam ser separados pela Polícia Legislativa. "Baixa a mãozinha", diz Glauber. "Vem fazer eu baixar", responde Kataguiri.



2. Glauber Braga (Psol-RJ) X Gabriel Costanaro (MBL)

E, aqui, a altercação que precedeu a discussão entre Braga e Kataguiri. A cena envolveu um nome que não é deputado, o militante Gabriel Costanaro, do MBL. Os dois trocaram ofensas e acusações. Braga falou de um suposto caso de violência doméstica envolvendo Costanaro, enquanto o militante o chama de "fraco" e faz referência à mãe do deputado: "E tua mamãe?". 

Glauber, em seguida, literalmente expulsa Costanaro da Câmara dos Deputados a chutes e empurrões. Na gravação, é possível ouvir gritos de "deputado, deixa esse mané para lá" e "eles querem isso". Glauber responde: "Mas agora vai ter isso".



1. André Janones (Avante-MG X Nikolas Ferreira (PL-MG)

Notórios desafetos, os deputados André Janomes (Avante-MG) e Nikolas Ferreira (PL-MG) só não chegaram às vias de fato no Conselho de Ética da Câmara porque forma apartados pela segurança da Câmara dos Deputados e por colegas parlamentares. Em vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver que o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) segura Janones em uma gravata, enquanto Nikolas provoca: "Bate aqui, bate aqui". 

Alguns deputados parecem tentar conter a confusão, como Delegado Caveira (PL-PA) e Rogério Corrêa (PT-MG), parecem tentar conter a confusão. Nikolas chama o algoz para a briga: "Vamo láfora". Janones assente: "Só nós dois". O deputado Zé Trovão (PL-SC) atiça: "Bora, Janones, Só vocês dois aqui, ó. Vamo brincar, Janones".



Do lado de fora, Nikolas segue atrás de Janones. Os dois continuam trocando xingamentos. Nikolas segue dizendo: "Bate aqui". Janones chama Nikolas de "vagabundo" e "usurpador da fé". Em cero momento, Janones vira-se e é contido pelas pessoas próximas, entre elas a deputada Jack Rocha (PT-ES). Nikolas pergunta: "Tu não é o machão?".



Diferentemente do que costuma acontecer, esse conflito deu frutos: em 12 de junho, uma semana depois da briga, a Câmara aprovou o Projeto de Resolução 32/24, que permite à Mesa Diretora da Câmara suspender cautelarmente o mandato de deputados federais por até seis meses. Com isso, tronou-se possível tirar um parlamentar da atividade sem o aval prévio da Comissão de Ética da Casa.


O projeto teve o carimbo de Arthur Lira (PP-AL). "Não podemos mais continuar assistindo aos embates quase físicos que vêm ocorrendo na Casa e que desvirtuam o ambiente parlamentar, comprometem o seu caráter democrático e, principalmente, aviltam a imagem do Parlamento na sociedade brasileira", disse o presidente da Câmara. Alguns deputados, porém, alegam que o presidente usou os conflitos para concentrar mais poder na Mesa Diretora da Casa, o que abre espaço para a perseguição de opositores.

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