segunda-feira, 26 de março de 2018

Política: Beto Richa se despede do governo sem deixar saudades

Ex-governador será lembrado por beneficiar ricos e agredir trabalhadores. A renúncia de Beto Richa (PSDB) é um alívio para os paranaenses. Após sete anos à frente do Paraná, o governador não deixará saudades. Sem nunca ter sido líder ou ter tido visão de futuro, ele algora tenta carreira solo no Senado Federal, imitando o colega de perfil e desconfianças iguais, Aécio Neves.

Beto Richa deixa o povo marcado, mas não por ações positivas. O seu segundo mandato, por outro lado, acentuou suas debilidades enquanto gestor público com uma pitada de sadismo contra os servidores. Em pouco mais de dois anos, ele viu ruir sua popularidade que o fez reeleger no primeiro turno em 2014, ganhar o governo em 2010 e a Prefeitura de Curitiba. Richa transformou o Estado em um balcão de negócios.

O filho de José Richa, ou quem manda no governo, praticou sucessivos aumentos na conta de luz e água dos paranaenses. Sua po´lítica sempre foi onerar o cidadão para distribuir lucros e dividendos para acionistas privados e especulação financeira. Nunca foi preocupação do seu governo garantir água e luz barata aos paranaenses, tampouco ampliar programas sociais que melhorassem as condições de vida no campo.

Esse modo de operação foi utilizado na questão dos pedágios. Se o seu antecessor abriu uma batalha contra as concessionárias, Beto Richa convidou os empresários para a sala de jantar com banquete pago pelos motoristas. Não à toa, os pedágios paranaenses são os mais caros do país. Não há justificativa que se aceite para que a ida ao litoral custe quase vinte reais enquanto que Santa Catarina, em pedágio federal e mais praças, não chegue a dez reais. A única explicação plausível, como está sendo apurado no fim do seu mandato, é superfaturamento e corrupção. 

Aliás, essas devem ser as obras mais lembradas pelos paranaenses. A de um governador que sempre teve em sua órbita o ilegal e o imoral. Seja nas investigações na Receita Federal, na Operação Quadro Negro, do primo distante que fraudava licitações, ao nepotismo de empregar parentes e proteger suspeitos e condenados pela justiça como Ezequias Moreira e Cássio Taniguchi.

Beto Richa é político para ser lembrado justamente para que as suas decisões não sejam esquecidas. Recordar que por mesquinharia da derrota eleitoral, ele deixou de repassar recursos para o transporte de Curitiba apenas para dificultar a vida do ex-aliado Gustavo Fruet (PDT). Aporte que voltou com o novo aliado, Rafael Greca (PNN). Ou ainda ter fresco na memória os atrasos dos convênios em saúde e educação, resultando em obras inacabadas em unidades de atendimento e escolas.

É possível que Beto Richa se eleja senador. Mas ele sofrerá uma anti-campanha feroz dos servidores estaduais. Onde ele for entregar seu santinho, do lado terá uma professora, um agente penitenciário, uma enfermeira entregando panfleto que expões o saque do Paraná Previdência, o Massacre de 29 de abril de 2015 e o congelamento de salários, a tentativa do fechamento de escolas, as viaturas da Polícia Militar sem gasolina, dos ataques aos tralhadores rurais. Se essa campanha obtiver sucesso, Beto Richa não será eleito para fazer o que mais gosta: viajar. 

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Manoel Ramires 
Imagem: reprodução/Foto: Ricardo Almeida/ANPr

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