sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Política: grupo de procuradores da Lava Jato em Brasília entrega o cargo em protesto contra Raquel Dodge

Segundo a reportagem de Breno Pires e Rafael Moraes Moura, no Estadão, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sofreu hoje [04/09] a maior baixa na sua gestão na Procuradoria-Geral da República (PGR) com a entrega coletiva de cargos entre procuradores que investigam os casos da Operação Lava Jato, em Brasília.
Além de Raquel Branquinho, braço-direito de Dodge na área criminal, pediram desligamento outros cinco procuradores(as): Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Herbert Mesquita, Victor Riccely e Alessandro Oliveira. No pedido de desligamento, os procuradores e procuradoras  alegaram "incompatibilidade" com o entendimento de Raquel Dodge. De acordo com que apurou a reportagem, o desentendimento da equipe está relacionado com a delação premiada do executivo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.

A reportagem informa ainda que, ao encaminhar o acordo de colaboração premiada para homologação do STF (Supremo Tribunal Federal), Raquel pediu o arquivamento de parte da delação que trazia implicações ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e um dos irmãos do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, conforme informações obtidas, sob condição de anonimato, de fontes que acompanham a investigação.

"Toffoli e Maia articularam nos bastidores uma possível recondução de Raquel Dodge ao cargo, mas o presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que optará por um homem para chefiar o órgão. Raquel Dodge é criticada pelo círculo interno do presidente por não ter, na avaliação deles, priorizado o combate à corrupção na sua gestão, nem destravado acordos de colaboração premiada, além de ter denunciado o próprio presidente e o seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - respectivamente por racismo e suposta ameaça a uma jornalista", diz a matéria

Sobre o caso, o jornalista Josias de Souza escreveu em seu blog: "Raquel Dodge tem final de mandato melancólico" - "Há um mês, o coordenador do grupo [de procuradores que atuam na Operação Lava Jato em Brasília], José de Paula, já havia formalizado uma exoneração com aparência de coroa de flores. José Alfredo puxara o cortejo insatisfeito com o ritmo do velório. Dodge pisara no freio. Mantinha na gaveta desde janeiro, por exemplo, a delação de Lé Pinheiro, da OAS. De repente, Dodge enviou a peça ao Supremo, para homologação. A turma da Lava Jato sentiu cheiro de enxofre. 

"Ao pressentir que Jair Bolsonaro daria de ombros para a lista tríplice dos procuradores, Dodge ofereceu, por assim dizer seus préstimos ao presidente da República: "Estou à disposição, tanto da minha instituição quanto do país, para uma eventual recondução. Não sei se isso vai acontecer." A despeito do apoio que Dodge recebeu de personagens como Rodrigo Maia e Dias Toffoli, sua recondução não aconteceu. "Será um homem", avisava Bolsonaro no alvorecer da semana", disse Josias.

"Há dois anos, Dodge consideraria o oferecimento dos seus serviços ao presidente de plantão como um arranjo político-partidário. Ela dissera ao blog em 2017: "Sou uma dentre os inúmeros procuradores da República que confiam na lista [tríplice] como instrumento que serve de biombo entre uma escolha meramente político-partidária e uma escolha de alguém que possa desempenhar com desenvoltura, com destemor, plenamente as atribuições deste cargo", escreveu o jornalista.

Para os ex-auxiliares de Dodge, a peça sobre a delação de Léo Pinheiro teve o peso de uma lápide. Mas a sensação de fenecimento começou antes, muito antes. As flores, a cal e a laje chegam como derradeiros símbolos de um lento, suave e penoso processo. Dodge tornou-se algo muito parecido com uma ex-chefe do Ministério Público Federal no exercício da chefia", conclui Josias.

Para concluir, replico o que escreveu o jornalista Moisés Mendes, em seu blog, acerca do assunto: "Todos Iguais - A deserção dos procuradores da Lava-Jato, às vésperas do fim do mandato de Raquel Dodge, é o desfecho de um mandato medíocre e frouxo. 
A turma da Lava-Jato na PGR desafia o poder da chefe que vai embora, mas só mostra valentia no momento final. 
É o mesmo grupo que pretendia aliar-se a Deltan Dallagnol para formar a caixinha com os R$ 2,5 bilhões da Petrobras. Não procurem, porque não há mocinho nessa história

[O grupo de procuradores da Lava Jato em Curitiba (chamado República de Curitiba), além da pretensão de criar uma Fundação com os R$ 2,5 bilhões da Petrobras, pretendia também indicar o nome do procurador Deltan Dallagnol, chefe da operação Lava Jato na capital paranaense desde que o juiz Sergio Moro assumiu como Ministro da Justiça de Bolsonaro, para substituir Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República. Pretensão essa, dificultada pelo Conselho Superior do MPF em conformidade com as normas jurídicas. A pretensa criação da Fundação, que buscava e tinha apoio de diversos setores conservadores da sociedade, foi barrada no Supremo Tribunal Federal (STF)]             

Imagem: reprodução/Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

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