sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Política: 'Crise no BB não é por emprego, é por eleição na Câmara'. Por Fernando Brito

Publicado originalmente no Tijolaço, por Fernando Brito - Há muita hipocrisia nesta história de que Jair Bolsonaro tenha decidido demitir o presidente do Banco do Brasil pelo anúncio de que o banco lançaria um Programa de Demissão Voluntária para 5 mil de seus empregados e fecharia 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento da instituição.
www.seuguara.com.br/Banco do Brasil/governo Bolsonaro/

Bolsonaro não pensou o mesmo quando o BB fechou, sé em 2019, 409 agências e reduziu seu quadro de funcionários em 3.699 trabalhadores.

É claro que a forma e o momento do anúncio das demissões em massa não podiam ser piores, justo num momento de alto desemprego e de agudização da crise na economia.


Os motivos de Jair Bolsonaro são outros, porém: segundo o Estadão, só no dia seguinte ao anúncio do "enxugamento", ele teria recebido reclamações de oito deputados contra o fechamento de agências do BB em pequenas cidades.


É claro que a preocupação do presidente é a de perder votos para seu candidato à presidência da Câmara, Artur Lira, mas há razão para reclamarem, sim, porque embora os bancos estejam em intenso processo de digitalização e atendimento remoto, em muitas cidades o banco é a única agência de fomento econômico disponível e para o atendimento da população.


Além disso, internamente a decisão foi vista como um passo na preparação de uma possível privatização de parte do Banco, o que gera muita reação e contraria o próprio discurso presidencial de que o BB estaria de fora do processo de liquidação do patrimônio público. 


Em 2019, uma portaria fixou em 105,7 mil o limite de funcionários do banco, em março passado reduziu-o para 102 mil e, em novembro, Paulo Guedes cortou o quantitativo para 100 mil. Só que, no final de 2019, o Banco tinha 93.140 e, com demissões (que foram incentivadas) e aposentadorias, é provável que esteja abaixo de 90 mil, agora. Bem menos que uma instituição de porte semelhante, o Itaú, tinha ao final de 2018: 100, 3 mil.


É evidente que a automação dos serviços bancários é algo do qual não se pode fugir, mas a bancarização da população brasileira - o pagamento do auxílio emergencial mostrou o quanto, apesar dos avanços das última décadas, a exclusão ainda é imensa - permite que a expansão dos serviços bancários compense a utilização menos intensiva de pessoal.


Há 10 anos, o Banco seguia esta estratégia e inaugurou agências em áreas abandonadas pelos serviços bancários em comunidades como a Rocinha, Paraisópolis, no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus. 

De lá pra cá, cortou mais de 20% das mais de 5 mil agências que chegou a ter. 

A queda de 4.83% das ações do banco, ontem [13/01], na Bolsa, certamente deram muitíssimo mais prejuízo que qualquer realocação de pessoal.


Imagem: reprodução


[Funcionários do BB pedem revisão de fechamentos de agências e desligamentos: "A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) cobrou a revisão das medidas anunciadas nesta segunda-feira, 11, de fechamento de agências e desligamento de 5 mil funcionários no plano de reestruturação. Em carta encaminhada nesta segunda ao presidente do BB, André Guilherme Brandão, a ANABB diz que as medidas transmitem uma percepção de "cortina de fumaça" para encobrir intenções privatistas em torno do BB.

(...)

Para a entidade, o esvaziamento do BB e o enfraquecimento de sua atuação em áreas chave de negócios comprometem sua solidez e seu papel de banco público. (...) "Uma forma de se desfazer de patrimônio público é ir, gradativamente, enfraquecendo as empresas e comprometendo seu desempenho", acusa o presidente da ANABB, Reinaldo Fujimoto, na carta encaminhada ao BB em que cobra transparência no processo."] 


[Resultado da reunião da Contec com o Banco do Brasil: "Ontem (14), a Contec (Confederação Nacional dos Bancários) reuniu-se com a representação do Banco do Brasil, para negociar uma forma de minimizar os efeitos danosos, aos funcionalismo e à população brasileira, de um modo geral, com relação ao Plano de Reestruturação que prevê fechamento de unidades e Planos de Desligamentos de Funcionários, além, da "desgratificação" dos Caixas Executivos Efetivos.

(...)

A comissão Contec deixou claro aos representantes do Banco, que não aceita e por esta razão, não medirá esforços para coibir a retirada da gratificação de caixa, do pessoal que exerce a atividade de forma efetiva, uma vez que esses colegas, já pautaram sua vida financeira com base na atual remuneração e não podem de uma hora para outra, se verem em dificuldades financeiras, só porque o Banco quer reduzir despesas, mesmo que para isso, tenha que desrespeitar o direito de não redução salarial, previsto em nossa Constituição cidadã."]

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