terça-feira, 5 de abril de 2022

Com medo de perder ação movida por Lula, Dallagnol criou fundo em 2017

Está no Migalhas: Em 2017, o ex-procurador e ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, criou um fundo com valores recebidos por suas palestras com o objetivo de pagar eventuais condenações na Justiça, como a que o obrigou a indenizar o ex-presidente Lula em R$ 75 mil pela apresentação do PowerPoint. Quem afirma isso é a defesa do petista em petição protocolada no STF na última semana.
www.seuguara.com.br/Lula/Dallagnol/ação judicial/fundo/Lava Jato/power point/

No documento, os advogados de Lula, do escritório Teixeira Zanin Martins Advogados, apresentaram mensagens obtidas na operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de diversas autoridades da República, e pediram o compartilhamento dos diálogos com o STJ. O pleito foi atendido nesta segunda-feira, 4, pelo ministro Ricardo Lewandowski.

"O que Deltan Dallagnol hoje denomina como 'decisão injusta' do STJ, em verdade, já era por ele esperada desde 2016", diz a defesa do ex-presidente.


Entenda

Em 14 de setembro de 2016, Dallagnol apresentou um PowerPoint para explicar o teor da primeira denúncia contra Lula, envolvendo o tríplex do Guarujá/SP.

No dia 15 de dezembro daquele ano, o petista acionou a Justiça de SP pedindo indenização pelos danos morais sofridos. Lula alegou que Dallagnol teria agido de forma abusiva e ilegal em rede nacional ao utilizar demonstração gráfica para apontá-lo como personagem de esquema de corrupção.

Neste mesmo dia, de acordo com as mensagens apresentadas pela defesa de Lula ao STF, Dallagnol foi aconselhado por pessoas próximas a constituir um "fundo" para fazer frente às despesas com futuras derrotas em ações judiciais movida em razão de suas ações.

www.seuguara.com.br/Dallagnol/Operação Spoofing/Migalhas/

Já em 2017, as mensagens indicam que Dallagnol constituiu o tal "fundo financeiro" com numerário oriundo do pagamento de palestras.

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Ainda no mesmo ano, em conversa com uma procuradora, Deltan teria dito, ipsis litteris: "Cá entre nós (não conte nem pra sombra rs), o fundo é um meio de nos protegermos contra as ações de indenização que vieram/virão".

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Segundo a defesa de Lula, a estruturação desse fundo contou, inclusive, com a consultoria de um funcionário da Receita Federal.

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No documento ao STF, os advogados de Lula defendem que Dallagnol sempre teve "plena ciência das ilegalidades dos seus atos, tanto que há anos reservou a quantia necessária para a satisfação da indenização em tela mediante cláusulas específicas em seus contratos de palestras".

Por isso, pediram que tais diálogos - extraídos da Spoofing - possam ser compartilhados com o STJ, nos autos do REsp 1.842.613, no qual Dallagnol foi condenado ao pagamento de R$ 75 mil a Lula. O pedido foi acatado pelo ministro Ricardo Lewandowski nesta segunda-feira, 4.


"Espécie de estelionato"

Ainda na mesma petição, a defesa do ex-presidente diz que Dallagnol teria induzido pessoas a lhe fazerem Pix para bancar a condenação contra Lula, e que a conduta "flerta, em tese, com uma espécie de estelionato".

Imagem: reprodução/Arte Migalhas)


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