sábado, 4 de outubro de 2025
terça-feira, 23 de setembro de 2025
A onça devorou a águia. Por Miguel do Rosário
Por Miguel do Rosário*: Ao final de um dicurso agressivo e repleto de autoelogios ridículos, Donald Trump mencionou o breve encontro com Luiz Inácio Lula da Silva nos corredores da ONU: "nós nos abraçamos... ele gostou de mim, eu gostei dele... tivemos excelente química". A frase soou como uma capitulação do Calígula do Norte à grandeza moral de Lula.
O constraste foi avassalador. No mesmo salão onde Lula discrusara em defesa da soberania nacional e da democriacia brasileira, o que se viu no discurso de Donald Trump foi um vômito fascista: ataques ao multilateralismo, mentiras sobre ciência e clima, hostilidade contra imigrantes e agressões gratuitas à ONU.
Trump falou para a maioria radicalizada de seu próprio país e usou o púlpito para dar lições de moral a seus vassalos do mundo rico. Chamou a mudança climática de farsa e atacou a política de energia limpa como "piada". Disse que países que investem em energia sustentável são frágeis, guiados pelo polpiticamente correto, e destinados ao fracasso. Transformou a agenda ambiental em arma retórica contra seus adversários, sem qualquer compromisso real com o futuro do planeta.
No tema da imigração, o tom foi ainda mais sombrio. Trump descreveu estranmgeiros como ameaça existencial, insinuando que a resposta de seu governo passaria pela repressão implacável, mesmo à custa da vida de pessoas em busca da sobrevivência. Foi a consagração de uma visão marcada pelo absoluta falta de empatia humana.
Sobre o Brasil, Trump recorreu a falsidades. Disse que o país teria "taxado" os Estados Unidos e anunciou tarifas pesadas como retaliação. Atacou a independência do Judiciário brasileiro, acusando-o de corrupção e perseguição política, em clara afronta à soberania nacional.
Enquanto isso, Lula afirmara, com clareza e firmeza, que a democracia brasileira é inegociável e que o Judiciário brasileiro é independente. Recordou que a condenação de um ex-presidente da República por golpe de Estado constitui um marco histórico na consolidação da democracia e uma lição para o mundo. Denunciou o massacre em gaza, defendeu a paz e reafirmou a soberania dos povos contra imposições unilaterais.
Os dois discrusos acabaram por representar mais uma vitória política do presidente Lula, reforçada pelo sucesso das manifestgações de domingo contra a anistia. Para o deputado traidor Eduardo Bolsonaro, os elogios de Trump ao petista caíram como uma bomba: o único trunfo que restava era a suposta proximidade entre Jair Bolsonaro e Donald Trump. Com o presidente americano sinalizando simpatia e possibilidade de diálogo co Lula, esse trunfo virou pó.
*Originalmente publicado em "O cafezinho"
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Fala de Trump acaba com monopólio de bolsonaristas na Casa Branca; entenda
Por Caíque Lima, no DCM: O discurso de Donald Trump na Assemblei Geral da ONU nesta terça (23) desarmou a estratégia bolsonarista de monopolizar a interlocução brasileira com a Casa Branca. O republicano afirmou que teve uma "química excelente" com o presidente Lula e acabou com a ideia de que apenas Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figeuiredo teria conexão com a Casa Branca.
Essa avaliação foi compartilhada por integrantes do Itamaraty e pela ala pragmática do bolsonarismo, que reconhecem que, com a fala de Trump, Lula não sé se beneficia, mas também o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio, que havia tentado estabelecer uma intelocução com a Casa Branca desde o onício do tarifaço imposto pelos EUA, foi desautorizado por Figueiredo e Eduardo, o que fragilizou sua posição. Nos bastidores do Itamaraty, o contato entre Lula e Trump durante a Assembleia foi visto como um "golaço" para o presidente brasileiro.
"Era meio óbvio que ia dar uma química lá. Não podia ser telefonema, tinha que ser ao vivo", disse um membro do governo ao Blog da Andréia Sadi no G1. A fal de Trump também causou desconforto entre os bolsonaristas, que agora se veem sem uma resposta clara.
O apoio às sanções dos EUA contra o Brasil, adotado por alguns dentro do grupo bolsonarista, agora fica sem respaldo, uma vez que elas eram usadas como um suposto alinhamento completo de Trump às narrativas da extrema-direta.
A fala também reacendeu comparações com a relação a Bolsonaro. Durante uma Assembelia da ONU anterior, o ex-presidente disse ao americano: "Trump, I love you". A declaração, acompanhada de um afago, ficou registrada como um marco do alinhamento ideológico entre os dois.
Publicamente, figuras da extrema-direita, como Eduardo e Figueiredo, têm dito que o gesto do presidente americano foi positivo. Eles acreditam que o republicano fez os elogios para fragilizar Lula nas negociações.
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terça-feira, 29 de julho de 2025
Justiça manda Deltan pagar R$ 135 mil a Lula por caso do PowerPoint
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Trump defende Bolsonaro e Lula responde: "esse país tem lei, dê palpite na sua vida e não na nossa"
Por Patrícia Faermann, no GGN: Donald Trump disse que o processo contra Jair Bolsonaro por tentar um golpe de Estado é uma "caça às bruxas" e o Brasil "está agindo de forma terrível no tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro". "Esse país tem lei. Dê palpite na sua vida e não na nossa", respondeu o presidente Lula.
A resposta do presidente brasileiro ocorre após às ameaças de Donald Trump aos países que apoiarem os Brics (entenda sobre isso aqui). Desta vez, o mandatário dos EUA anunciou, novamente por meio de sua redes social, que os que apoiarem o bloco econômico e uma possível desdolarização teriam que pagar um adicional de 10% de tarifas internacionais.
Mas não só. Trump também divulgou em sua rede, a Truth Social, opiniões a respeito do processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. ignorando todo o processo, com as acusações e provas de atentado e crimes, Donald Trump disse que "o Brasil está agindo de forma terrível no tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro" e que a eleição no Brasil "foi muito acirrada e, agora, ele (Bolsonaro) está liderando as pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político".
Ao ser questionado sobre a ameaça tarifária aos países do Brics e aliados, na tarde desta segunda (7), o presidente Lula disse não considerar "uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet".
"Não queremos imperador. Nós somos países soberanos", lembrou o presidente brasileiro.
"Muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais, sinceramente. Tem outras formas para um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países", disse, ainda. Lula, sobre a ameaça de novas retaliações.
Em seguida, o presidente foi perguntado sobre a defesa de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro no processo de golpe de Estado. Sobre isso, Lula preferiu não comentar o post de Donald Trump, diretamente, mas deu um recado:
"Esse país tem lei, esse país tem regra, esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa."
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[Trump sai em defesa de Jair Bolsonaro e fala em 'caça às bruxas' ; governo Lula reage: "O residente dos Estado Unidos, Donald Trump, fez um gesto ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) em sua rede social, Truth Social. Em um post nesta segunda-feira (7/7), Trump pediu para deixarem Bolsonaro "em paz". Disse que está acontecendo "algo terrível no Brasil" e que está acompanhando "muito de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro".
Trump não menciona o Supremo Tribunal Federal (STF), mas diz que o ex-presidente não é culpoado de nada, que o único julgamento que deveria estar acontecendo é "o julgamento dos votos, chamado de elições". Bolsonaro está inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado em 2022."
(...)
"O governo brasileiro reagiu à manifestação de Trump dizendo se tratar de uma 'interferência' na soberania nacional. "A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aso brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", diz nota, assinada pelo presidente Lula. "Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito", completou."]
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Lula vira o jogo e coloca o Congresso na berlinda no debate do IOF
Redação/O Cafezinho: Um análise do Instituo Quaest sobre o debate do IOF nas redes sociais indica vantagem do Executo sobre o Legislativo. Segundo levantamento, 61% das menções ao Congresso Nacional tiveram tom negativo, enquanto apenas 11% das postagens sobre o governo registraram esse tom. O estudo considerou 4,4 milhões de postagens entre 24 de unho e 4 de julho em plataformas como X, Instagram, Faceboock, YouTube e em sites de notícias. O alcance médio foi de 32 milhões de contas por hora durante o intervalo analisado.
A hashtag #InimigosDoPovo apareceu em cerca de 300.000 menções, presente em 18% das publicações. A expressão "Congresso da mamata" surgiu em 23% dos registros. Hugo Motta foi citado em 8% das postagens, o que evidencia personalização das críticas ao Parlamento.
O volume de publicações cresceu após 25 de junho, data em que o Congresso votou a derrubada do decreto que elevou a alíquota do IOF. A decisão levou o governo a recorrer ao Supremo Tribunal Federal e gerou movimentação de críticas ao Legislativo.
Lula foi citado em 15% das postagens. Dessas, 45% apresentaram apoio, 31% registraram crítica e 24% mantiveram tom neutro. Em casos de crise no INSS e em anúncio do aumento do IOF, ele teve 77% e 76% de menções com tom depreciativo.
O relatório afirma que "Lula não é o foco central do desgaste atual", sinalizando mudança de foco no debate e reposicionamento de narrativa.
Parlamentares alinhados ao governo produziram quase 50% das postagens sobre o tema, enquanto a oposição respondeu por 31,5%. Parlamentares sem alinhamento registraram 18% das publicações.
Em números absolutos, 119 parlamentares aliados geraram 741 postagens, 112 da oposição publicaram 378 vezes e parlamentares de centro contaram 218 publicações.
As postagens governamentais e de oposição receberam 1 000 000 de curtidas cada. O volume de comentários foi de 154 000 para publicações aliadas e de 159 000 para opositoras. Para o instituto, "a oposição saiu enfraquecida, enquanto parlamentares governamentais buscavam manter uma mobilização anti-Congresso".
O levantamento identifica ação de confrontação institucional por parte da base aliada. o relatório descreve uso de " tensão a relação com o Legislativo, usando o tema como instrumento de confronto político contra a oposição e retórica de responsabilização institucional".
O resultado mostra mudança de dinâmica em ambiente que costumava destacar o desgaste ao governo. Ao transformar o Congresso em alvo de críticas, a base aliada conquistou espaço na opinião pública e reforçou presença no debate.
O campo de esquerda saiu fortalecido na disputa de narrativa, historicamente dominada por forças conservadoras, e demonstrou capacidade de impacto real em menções e engajamento nas redes.
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quarta-feira, 2 de julho de 2025
Política: Lula diz que Motta descumpriu acordo e derrubada do IOF foi absurda
terça-feira, 27 de maio de 2025
Rubens Paiva defende Janja contra 'esquerda velha e conservadores'
Redação/O Cafezinho: Em artigo publicado na Folha de S. Paulo em 24 de maio de 2025, o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva apresenta sua visão sobre a primeira-dama Janja da Silva após dois encontros com o casal presidencial. "As suspeitas de que Janja é perseguida pela ciumeira da esquerda velha e de conservadores, que não veem possibilidade de uma esposa influir nas decisões do marido, se confirmaram", afirma Paiva logo no início do texto.
O autor relata que muitos dizem "que ela afastou Lula dos amigos, que o fez parar com hábitos antigos, como beber e fumar charutos com alguns jornalistas, das entrevistas". Porém, segundo Paiva, o próprio Lula explicou que "parou de fumar porque ficou sem ar numa viagem e que quase não bebe, pois quer viver até 110 anos".
Durante visita ao Palácio do Planalto, Paiva presenciou momentos de intimidade entre o casal: "Janja chegou. Dividiram a mesma cadeira, diante de mim." O escritor também destaca a formação da primeira-dama: "Janja me confidenciou que, depois de estudar ciências sociais na Universidade Federal do Paraná, e MBA em gestão social, foi trabalhar na Itaipu Binacional e admitida no curso de um ano da Escola Superior de Guerra."
Esta formação, segundo o texto, foi crucial em um momento histórico: "Janja me contava como teve que, após os ataques de 8 de janeiro, implorar para o governo não assinar a GLO.'' Paiva explica que, caso autorizada, "estaria dada a ordem para os tanques irem às ruas. Seria a institucionalização do golpe militar".
Sobre a relação do casal, Paiva contrasta a imagem de Janja como "cuidadora de um velhinho" com o que testemunhou: "O que se percebe alí é um casal em plena harmonia, sintonia, saudável, feliz. Um parece adivinhar o que o outro pensa. Poe vezes, um completa a frase do outro. O que se vê ali é cumplicidade, com brilho bis olhos e amor."
O segundo encontro ocorreu em 20 de maio, no Palácio Capanema, durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural. Paiva descreve como Lula e Janja interagiram com seu filho: "Lula logo abraçou o menino e elogiou a elegância. Janja, de gozação, fez uma saudação como se ele fosse um príncipe."
O autor menciona o papel de Janja na cultura, trabalhando ao lado da ministra Margareth Menezes para "resgatar artistas que foram massacrados pelo governo anterior". Contudo, lamenta a cobertura da imprensa: "Nas manchetes dos jornais aparecia: "Lula concede a Janja principal horaria por mérito cultural do país", quando na verdade "quem concedeu foi o Ministério da Cultura, não ele".
Um momento significativo relatado por Paiva foi quando entregou um livro ao casal com dedicatória especial: "Discursei, contando que a dedicatória do livro que dei para eles tinha uma só palavra: 'Resistam'. Pelo visto, o amor entre eles resiste ao mau olhado dos invejosos."
Durante o evento, o autor observou a dinâmica do casal: "Lula discursou, Janja lhe dava as folhas, lia antes, checava, deu uma folha errada, ele a corrigiu e sorriu, ela sorriu para mim, como se tivesse feito uma travessura." E acrescenta: "E eram o 'gagá' Lula e a 'metida' Janja que organizavam as fotos como os homenageados, diante da confusão do cerimonial e da imprensa."
Sobre o tratamento dado à primeira-dama pela mídia, Paiva é enfático: "A má vontade com a esposa do presidente se tornou uma verruga jornalística. Se ela viaja com o marido, calculam o gasto, como se ela estivesse passeando com o maquiador." O autor ressalta que "é Janja quem se reúne com a FAO para debater iniciativas contra a fome e a pobreza."
Paiva conclui seu artigo denunciando o machismo presente nas críticas à primeira-dama: "Querem uma primeira-dama reborn, um cabide sem voz, sem ouvido, sem olhos, porque no Brasil mulher não pode ter opinião, nem se meter em conversa dos maridos." E finaliza com um a única palavra: "Resistam!".
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sábado, 26 de abril de 2025
Fernando Collor, o ex-caçador de marajás, quem diria, foi parar na prisão - Por Nonato Guedes
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Treta na extrema-direita: Moro ataca Mario Frias
Por Caíque Lima, no DCM: O senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Mario Frias (PL-SP) protagonizaram uma treta da extrema-direita nesta quarta-feira (12) no X (ex-Twitter). Ex-colegas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, eles trocaram farpas após divergências sobre membros do Judiciário e do Ministério Público.
A briga começou após um post de uma página no X chamada @lavajatobrasil7 chamar Bolsonaro de "traidor" e criticar a direita. Frias compartilhou a publicação e afirmou que "lavajatista é a turma que quer te convencer a dar poderes absolutos a juízes e promotores não eleitos.
"Aquelas pessoas da burocracia que está prendendo mães de família, idosos e trabalhadores. Claro, tudo em nome do combate em abstrato à corrupção. Perca sua liberdade, para fazer feliz um burocrata não eleito", escreveu.
Em resposta, Moro, que é ex-juiz, defendeu a força-tarefa e zombou da carreira de ator de Frias. "A Lava Jato prendeu o Lula, enquanto você fazia papel de palhaço na televisão. Divergências a parte, o adversário é novamente o governo Lula e não a direita", respondeu.
O último papel de Frias na TV foi a novela "Verão 90" (2019), da TV Globo, um ano depois do presidente Lula ser preso.
A Lava Jato prendeu o Lula, enquanto vc fazia papel de palhaço na televisão. Divergências a parte o adversário é novamente o Governo Lula e não a direita. pic.twitter.com/SWmZgbZ5OG
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 12, 2025
O deputado foi secretário de Cultura no governo Bolsonaro e Moro foi titular do Ministério da Justiça na gestão do ex-presidente. Essa não é a primeira vez que Frias se envolve em brigas com ex-colegas.
Recentemente, ele brigou com o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) por conta da disputa pela presidência da Câmara. O partido do ex-ministro do Meio Ambiente apoiou a candidatura de Marcel van Hattem (Novo-RS) e o PL, a de Hugo Motta (Republicanos-PB).
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Bolsonaristas usam medida de Trump para atacar TSE e espalhar fake news; entenda
Publicado por Diário do Centro do Mundo: Aliados de Jair Bolsonaro (PL) aproveitaram o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) por Donald Trump para espalhar teorias da conspiração sobre as eleições de 2022 e questionar a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo levantamento do Instituto Democracia em Xeque, mais de 1,1 milhão de postagens sobre o tema forma publicadas no Brasil, gerando 5,2 milhões de interações nas redes sociais.
Entre as postagens, perfis de bolsonaristas destacaram um depoimento do ex-funcionário do Departamento de Estado Michael Benz. Ele afirmou que a Usaid teria investido "dezenas de milhões de dólares dos contribuintes americanos" para interferir no processo eleitoral brasileiro e favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil", disse Benz. No entanto, não há qualquer evidência que comprove suas declarações, segundo verificações de sites de checagem.
Parlamentares bolsonaristas ampliaram as insinuações nas redes. O deputado Eduardo Bolsonaro publicou no X que "a Usaid fraudou as eleições do Brasil e chamou isso de 'ajuda'".
Tradução: "A USAID FRAUDOU AS ELEIÇÕES DO BRASIL E CHAMOU ISSO DE 'AJUDA" https://t.co/TAdn9bhWR2
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) February 9, 2025
Bia Kissis também fez publicações sugerindo uma suposta interferência.
O @MikeBenzCyber makes shocking revelations about interference in Brazil’s elections in 2022. @Lilipac @KWiswesser USAID financiou a censura no Brasil. Minha denúncia hoje da Tribuna. pic.twitter.com/x9plguZ8Ge
— Bia Kicis (@Biakicis) February 5, 2025
Além dos ataques ao TSE, bolsonaristas passaram a criticar iniciativas brasileiras que, segundo eles, teriam recebido recursos da Usaid.
Os sites Alma Preta e Agência Lupa, além do movimento Sleeping Giants Brasil, foram alvos de acusações, mas negaram qualquer ligação financeira com a agência americana.
O monitoramento das postagens foi feito pelo Instituto Democracia em Xeque por meio da ferramenta Talkwalker, que analisou conteúdos no Facebook, Instagram, UouTube e Telegram.
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terça-feira, 21 de janeiro de 2025
"Nós não precisamos deles", declara Trump sobre o Brasil e América Latina
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: Na sua primeira coletiva de imprensa, após tomar posse como o 47º presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump fez questão de menosprezar o Brasil e as América Latina como um todo. Segundo ele, os EUA "não precisam" dessas nações, enquanto "todo mundo" precisa do seu país.
No salão Oval da Casa Branca, enquanto assinava decretos na tarde de ontem (20), Trump avaliou a relação com o Brasil e países da América Latina como "boa", mas ressaltou: "Eles precisam de nós, mais do que precisamos deles. Nós não precisamos deles, eles precisam da gente. Todo mundo precisa da gente", declarou.
A declaração foi dada em resposta a um questionamento feito pela jornalista brasileira, Raque Krähenbühl, da GloboNews, que incialmente perguntou se os EUA iria responder à proposta de paz na Ucrânia elaborada pela China e o Brasil.
Trump, no entanto, disse desconhecer a iniciativa, em tom de desinteresse. "Acho ótimo, estou pronto para discutir [propostas de paz]. O Brasil está envolvido nisso? Não sabia. Você é brasileira?, respondeu.
Lula torce por uma "gestão profícua" de Trump
Em contrapartida, o presidente Lula cumprimentou Trump, logo após o republicano tomar posse do cargo. "As relações entre o Brasil e os EUA são marcadas por uma trajetória de cooperação, fundamentada no respeito mútuo e em uma amizade histórica", escreveu Lula no X.
"Estou certo de que podemos seguir avançando nessas e outras parcerias. Desejo ao presidente Trump um mandato exitoso, que contribua para a prosperidade e o bem-estar do povo dos Estados Unidos e um mundo mais justo e pacífico", disse Lula.
Já em declaração dada em reunião ministerial na Granja do Torto, em Brasília, o presidente brasileiro disse que torce por uma "gestão profícua" do republicano. "Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore", afirmou. "Da nossa parte, não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a Rússia", completou Lula.
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Lula sanciona regulamentação da reforma tributária
domingo, 12 de janeiro de 2025
Financial Times cita Moraes e diz que Musk e Suckerberg berram e bajulam Trump por fraqueza, não força
Por Kiko Nogueira, no DCM: X e Meta estão sentadas no colo de Donald Trump não por causa de seu penteado combover. Em um artigo do Financial Times, o advogado e escritor britânico David Allen Green diz que essas empresas precisam do apoio dos EUA para combater ações regulatórias, como na União Europeia e no Brasil.
Segundo ele, as big techs "não são tão fortes e poderosas quanto seus torcedores e críticos parecem acreditar. De fato, os provedores de plataformas de mídia social americanos são fracos diante de um obstáculo específico. Pois é a fraqueza, e não a força, que explica seu comportamento recente".
Alguns trechos:
Só porque alguém quer que algo seja regulado, isso não o torna capaz de realmente ser regulado. Se algo é desagradável ou indesejável, a demanda instantânea é que algo seja feito, e que a coisa indesejada possa ser regulada para que não aconteça.
A noção de que tudo o que precisamos para tornar o mundo um lugar melhor é "mais regulamentação" está profundamente enraizada em nossa cultura. E uma coisa pela qual o clamor por regulamentação é feito são as plataformas de mídia social. Se ao menos elas fossem "mais bem reguladas", diz o sentimento popular, então vários problemas políticos e sociais seriam todos resolvidos.
Mas há dois problemas com a regulamentação de plataformas de mídia social. O primeiro vem da própria tecnologia que deu origem a esse fenômeno relativamente recente, mas agora quase onipresente. O segundo é que impor regulamentação eficaz contra plataformas relutantes exigirá ação governamental determinada e inabalável, além de vontade política - a possibilidade da qual as plataformas agora estão fazendo o que podem para evitar.
Basicamente, a mídia social é sobre a capacidade de qualquer pessoa com uma conexão de internet usar uma plataforma online para dizer qualquer coisa que quiser sobre qualquer pessoa para qualquer pessoa. Assim que o que eles querem dizer é digitado - ou gravado em vídeo e áudio - tudo o que eles precisam fazer é pressionar enter e é publicado - ou transmitido - para o mundo. (...)
Como esse balbucio constante seria regulado? Seria possível Ou seria tão fútil quanto tentar regular conversas cotidianas em casa ou na rua?
As plataformas fizeram lobby com sucesso para que a responsabilidade legal fosse incorrida somente se uma solicitação de remoção válida não fosse concedida. E, em qualquer caso, essa abordagem só funcionou quando havia causas de ação jurídica individuais preexistentes: fazia sentido em relação à difamação de um indivíduo específico identificável.
O obstáculo é a regulamentação por jurisdições fora dos EUA - principalmente na União Europeia mas também em outros lugares, como o Brasil e a China
Mas a desinformação em massa e a desinformação muitas vezes não violam nenhum direito privado dos indivíduos. A verdadeira vítima, em vez disso, é o discurso público saudável. Outro desafio foi a informação perigosa em relação à automutilação e ao suicídio. E também a promoção de atividade criminosa, como abuso infantil ou terrorismo.
Esses problemas eram gritantes e exigiam mais do que meros avisos de retirada por parte dos reclamantes. De fato, muitas vezes não haveria reclamantes cientes de tal material, apenas aqueles que buscavam consumi-lo. Vigilância constante seria necessária.
Uma maneira de lidar com isso seria as plataformas de mídia social empregarem sistemas complexos e caros. Isso seria uma imposição de custo imensa para plataformas que queriam principalmente monetizar dados e vender publicidade no verso das postagens de usuários nas mídias sociais. Mas seria uma imposição que as plataformas só aceitariam se não houvesse alternativa. (...)
Figuras impulsivas como Elon Musk, o dono do X (anteriormente Twitter), e tomadores de decisão inconsistentes como Mark Zuckerberg, da Meta, podem nos desviar do que suas empresas estão racionalmente buscando alcançar.
E houve alguns eventos que indicam que tais empresas não são tão fortes e poderosas quanto seus torcedores e críticos parecem acreditar. De fato, os provedores de plataformas de mídia social americanas são fracos diante de um obstáculo específico. Pois é a fraqueza, e não a força, que explica seu comportamento recente.
O obstáculo é a regulamentação por jurisdições fora dos EUA - principalmente na União Europeia, mas também em outros lugares, como Brasil e China. As plataformas de mídia social perceberam que não podem vencer as batalhas com governos estrangeiros e sistemas legais sozinhas. Elas não são poderosas o suficiente para resolver seus próprios problemas. Elas precisam de ajuda.
Um exemplo aqui é como X e outros interesses comerciais dirigidos por Musk passaram pelos movimentos de se opor à ordem do Supremo Tribunal Federal brasileiro para retirar material ofensivo, apenas para capitular e cumprir as obrigações impostas pelo sistema judicial brasileiro e pela lei local.
Essa fraqueza corporativa da ação estatal determinada não deveria ser surpreendente. Em qualquer batalha final, o estado prevalecerá sobre uma corporação pela simples razão de que uma corporação como pessoa jurídica só tem existência legal e direitos na medida estabelecida pela legislação. Aqueles que controlam a lei podem, se quiserem, controlar e domar qualquer corporação em sua jurisdição.
É por isso que, por exemplo, a corporação mais poderosa que o mundo tinha visto até então - a East India Company - foi sumariamente dissolvida pelo parlamento britânico em 1874. É também por isso que o Bell System de empresas de telecomunicações foi desmembrado pela lei e política antitruste dos EUA na década de 1980. As empresas podem ser muito poderosas - mas sempre há algo mais forte do qual elas dependem para reconhecimento legal.
Grandes empresas, portanto, depositam grande confiança em serem capazes de influenciar políticas públicas e legislação. Isso explica o que a Meta fez, por exemplo, com a nomeação do ex-vice-primeiro-ministro pró-europeu do Reino Unido Nick Clegg como vice-presidente de assuntos globais e comunicação. Essa foi uma boa escolha para uma empresa que busca influenciar construtivamente a formulação e implementação da política da UE.
Como demonstra a rendição de Musk e X aos tribunais brasileiros, o poder estatal provavelmente sempre vencerá as plataformas se for testado
(...) A reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos proporcionou à Meta uma oportunidade gloriosa de mudar a cooperação fútil com a UE para o confronto e a coerção. Se a Meta conseguisse colocar o governo dos EUA do seu lado em suas batalhas com a UE e outras jurisdições, então maximizaria suas chances de sucesso.
Em seu anúncio no Facebook desta semana sobre mudanças em várias políticas, Zuckerberg disse abertamente que queira "trabalhar com o presidente Trump para pressionar governos ao redor do mundo. Eles estão indo atrás de empresas americanas e pressionando para censurar mais. Os EUA têm as proteções constitucionais mais fortes para a liberdade de expressão no mundo... A única maneira de pressionarmos contra essa tendência global é com o apoio dos governo dos EUA."
Isso foi listado em sua declaração pré-preparada como a sexta mudança de política, mas era declarante a mais importante - pois também explicava os outros cinco pontos, que incluíam abandonar a verificação de fatos e mover a moderação de conteúdo da Califórnia para um Texas "menos tendencioso". Tudo naquela declaração foi para alinhar o Meta com os valores e prioridades da nova administração. (...)
E não é a única tática a serviço dessa estratégia comercial mais ampla. Os líderes de muitas empresas de tecnologia têm todo o interesse em promover o novo governo dos EUA e em enfraquecer a determinação na UE. Estados-membros com líderes simpáticos a Trump, como a Hungria e Itália, estão sendo cortejados igualmente para que a politica da UE possa ser enfraquecida de dentro.
Os gigantes da tecnologia estão adotando essa estratégia robusta não porque são forte - eles sabem que, como o X no Brasil, não podem enfrentar nenhum governo ou sistema legal determinado em um mercado significativo e vencer. Eles estão fazendo isso porque sabem que são fracos e que precisam de aliados. Seu modelo de negócios depende disso.
E como os modelos de negócios da maioria das plataformas de mídia social exigem engajamento acima de tudo - pois em engajamento não é possível ter mineração de dados, monetização e publicidade - realmente não importa que o engajamento seja gerado e amplificado por desinformação e fake news.
Moderação e checagem de fatos são caras. Se as plataformas de mídia social fossem obrigadas, sob pena de sanção legal, a fazer tal moderação e checagem de fatos funcionarem, então essa seria maneira comercial de avançar. Corporações internacionais tenderão a cumprir com a lei aplicável, e a despesa de conformidade é um custo de negócios.
Mas não ter tais procedimentos e políticas em vigor é muito mais barato e lucrativo. Então, se eles puderem evitar tais obrigações, eles o farão - e se o lobby "suave" não funcionar, então eles procurarão os governos para fazer coerção.
Se a Meta e X estivessem confiantes em evitar as imposições regulatórias da UE, do Brasil e de outros lugares, eles não precisariam apoiar Trump e a nova administração. O fato é de que eles estão fazendo isso aberta e sem pedir desculpas - na verdade, sem vergonha - significa que eles sabem que têm um desafio. Eles sabem que certos governos estrangeiros e sistemas legais são capazes de vencer qualquer batalha regulatória frente a frente.
Pois, como mostra a rendição de Musk e X aos tribunais brasileiros, o poder estatal provavelmente sempre vencerá as plataformas se testado. Mas essa foi uma situação externa: a regulamentação é um fenômeno contínuo, e casos judiciais emocionantes e dramáticos devem ser uma exceção.
As recentes nomeações no nível do conselho da Meta parecem que ela está se preparando para uma batalha, e uma na qual seu atual modelo comercial exige que ela derrote os objetivos de governos estrangeiros. As novas nomeações fazem muito sentido estratégico.
E se essa situação for bem interpretada, com o governo dos EUA intimidando outros estados em benefício das plataformas, essa é uma batalha e uma guerra que as empresas de tecnologia podem vencer - não por como exploram seus pontos fortes, mas por como cobriram suas fraquezas.
A questão agora é se a UE, o Brasil e outros têm determinação e estômago para o que se tronará uma disputa pública multinacional feia. (...)
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domingo, 29 de dezembro de 2024
Eterno golpista, Aécio agora defende "união do Centro" para 2026
Por Diário do Centro do Mundo: O deputado federal Aécio Neves (PSDB), um dos responsáveis pela polarização do país desde que questionou o resultado das urnas após sua derrota para Dilma Rousseff em 2014, declarou que o atual cenário político favorece o fortalecimento do centro em oposição aos extremos que dominaram as últimas eleições.
"Os ventos mudaram. O movimento agora é de migração ao centro, e não mais de fortalecimento dos extremos", afirmou Aécio em entrevista à Folha.
O ex-governador enfatizou que o PSDB deve liderar conversas sem preconceito com partidos que rejeitam tanto o presidente Lula (PT) quanto Jair Bolsonaro (PL), incluindo aqueles que apoiam o governo petista por pragmatismo, mas não por convicção. "Precisamos resgatar as forças que quase me levaram à vitória em 2014. Minha esperança é que os extremos percam força e o entro se consolide como alternativa", disse.
O parlamentar afirmou que, para garantir a viabilidade de um projeto de centro, é essencial evitar falar em candidaturas presidenciais agora, pois isso poderia atrapalhar as negociações. "Vamos avaliar no final de 2025 ou início de 2026 quem será o nome mais forte. Pode ser do PSDB ou não", ressaltou.
o deputado também criticou a polarização política e afirmou que é necessário construir um projeto conciliador. "O eleitorado não pode ser pendular, alternando entre Lula e Bolsonaro sem construir algo concreto. Precisamos oferecer ao Brasil uma alternativa viável e consistente", afirmou.
Aécio também comentou sobre possíveis nomes para 2026, elogiando o governador gaúcho Eduardo Leite. Ela também apontou que Romeu Zema e Tarcísio de Freitas são figuras relevantes.
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sábado, 21 de dezembro de 2024
A tática do 'novo cangaço' é aplicada contra Lula
Por Xico Sá, em sua coluna no ICL: No velho cangaço, bandos como o de Lampião chegavam até a entrada de cidades do sertão e enviavam bilhetes com chantagem financeira aos prefeitos e autoridades. Caso não entregassem dinheiro e alguns bens, teriam a sede dos municípios invadidos. O terror estaria instalado e o poder local cairia em decadência.
O governo Lula parece sob ataque da mesma estratégia dos bandoleiros, em versão moderna de um certo "novo cangaço". Os agentes financeiros da Faria Lima mandam sinais e mensagens (via especulação no dólar) ao Palácio do Planalto. O objetivo é enfraquecer o lulismo para 2026, deixando o presidente longe das metas traçadas na campanha eleitoral de 2022 - a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5 mil seria o melhor exemplo dessas promessas.
A turma do Lira adota algo semelhante com a chantagem política na Câmara dos Deputados: as emendas ou a vida.
A ganância é tamanha que fez o presidente da Câmara driblar a decisão do ministro Flavio Dino (STF) - no seu empenho legal contra a falta de transparência com a grana do orçamento - e adotar um esquema violento para capturar R$ 4, 2 bilhões com a tática cangaceira. As emendas ou a derrota de Lula nas últimas votações importantes de 2024.
Embora tenha a sua imagem mais relacionada ao coronelismo sertanejo, incluindo a paixão pelas vaquejadas, Arthur sente-se em casa na área paulistana da Faria Lima, onde tem no banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, um dos principais interlocutores.
No ICL Notícias 2ª Edição, Eduardo Moreira tratou desse "modus operandi" chantagista do mercado financeiro. "Ninguém faz chantagem para manter o refém. Faz chantagem para negociar", afirmou. " A turma da Faria Lima está esperando o telefone tocar, sabe que o governo agora está dizendo "ferrou', sabe que se o dólar subir a R$ 6,50, a inflação vai subir, a população vai se voltar contra o governo. O governo perde popularidade. (...) Eles agora esperam o telefone tocar, com um sorrisinho na boca, e o governo dizer: "Tá bom, oi que vocês querem? Preciso da sua ajuda".
Nada mais parecido com a velha tática do cangaço. Agora em versão moderníssima, urbana e com mídia própria - a maioria dos veículos que contam a história da economia brasileira pertence aos banqueiros.
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domingo, 15 de dezembro de 2024
PF investiga rastro do dinheiro entregue por Braga Netto no plano de matar Lula e Moraes
Por Naian Lucas Lopes, no Último Segundo: A Polícia Federal investiga o rastreamento do dinheiro utilizado para financiar um plano que visava o assassinato de autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP) e o ministro Alexandre de Moraes. O inquérito apura a suposta participação do general Walter Braga Netto no financiamento de ações extremistas.
De acordo com informações das investigações, divulgadas pelo jornal O Globo, Braga Netto teria entregado recursos ao major Rafael de Oliveira, que seriam usados na compra de celulares destinados à execução de atividades ilícitas.
Relatos indicam que o dinheiro foi entregue em uma sacola de vinho, com recursos supostamente oriundos de setores do agronegócio, conforme depoimento do tenente-coronel Mauro Cid.
A operação, denominada "Punhal Verde Amarelo", detalhou o planejamento de ações clandestinas.
Segundo o relatório, a logística incluía reuniões secretas realizadas na residência de Braga Netto em Brasília, com estimativa de custos de aproximadamente R$ 100 mil, incluindo despesas com hospedagem, alimentação e materiais.
O ministro Alexandre de Moraes destacou, em decisão judicial, que há "fortes indícios e substanciais provas" do envolvimento de Braga Netto no planejamento e financiamento de um golpe de Estado.
A ação incluiria a detenção e possível execução de Moraes, além do assassinato de Lula e Alckmin, candidatos eleitos nas eleições de 2022.
Copa 2022
As investigações também identificaram um grupo chamado "Copa 2022", composto por ao menos seis militares das Forças Especiais. Eles utilizavam alcunhas relacionadas a países, como "Alemanha" e "Argentina", para manter anonimato.
A comunicação era feita por meio de celulares descartáveis habilitados com chips registrados em nomes de terceiros.
No dia 15 de dezembro de 2022, integrantes desse grupo realizaram uma ação clandestina em Brasília com o objetivo de prender ou executar o ministro Alexandre de Moraes. A ação foi frustrada, e os envolvidos presos em novembro deste ano.
Braga Netto foi detido sob acusação de obstrução de justiça. A Procuradoria-Geral da República deverá avaliar a apresentação de denúncia formal contra o general.
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Lula defende presunção de inocência, mas espera punição severa a Braga Netto se general for condenado
Por Camila Bezerra, no GGN: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, neste domingo (15), da coletiva de imprensa no Hospital Sírio Libanês, em que comentou a prisão do general Walter Braga Netto no último sábado. Na Ocasião, Lula defendeu a presunção de inocência, princípio constitucional que lhe foi negado.
"O que aconteceu essa semana, com a decretação da prisão do general Braga, vou demonstrar pra vocês que eu tenho mais paciência e sou democrático. Acho que ele tem todo o direito à presunção de inocência. O que eu não tive eu quero que eles tenham, todo o direito e todo o respeito para que a lei seja cumprida", afirmou o presidente.
No entanto, se condenados pela acusação de tentativa de golpe de Estado a partir do assassinato de Lula, de Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o presidente espera que os envolvidos sejam "punidos severamente".
"Este país teve gente que fez 10% do que eles fizeram e que foi morto na cadeia. Não é possível a gente aceitar o desrespeito à democracia, não é possível aceitar o desrespeito à Constituição e não é possível admitir que, em um país generoso como o Brasil, a gente tenha gente de alta graduação militar tramando a morte de um presidente da República, tramando a morte do seu vice e tramando a morte de um juiz que era presidente da Suprema Corte Eleitoral", emendou Lula.
De alta hospitalar após duas cirurgias na cabeça, Lula afirmou que está voltando às atividades presidenciais com muita tranquilidade, pois tem "compromisso com o país".
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terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Vídeo: Bolsonarista deseja morte de Lula na porta do hospital: "já morreu?"
Por Caíque Lima, no DCM: Nesta terça (10), um bolsonarista foi até o hospital onde o presidente Lula está internado e desejou sua morte. O homem chegou ao Sírio-Libanês, em São Paulo, questionando se o petista "morreu" e reclamando após receber uma resposta negativa.
"Um bicho pra demorar a morrer é ladrão, né? Puta que pariu", afirmou o homem, que ainda não foi identificado. Outros bolsonaristas têm passado na rua buzinando r protestando contra o petista.
Um Bolsonarista ENLOUQUECIDO foi na porta do hospital onde Lula está internado para DESEJAR A MORTE do nosso presidente.
— Pedro Rousseff (@pedrorousseff) December 10, 2024
A extrema-direita é COMPLETAMENTE DOENTIA!!! pic.twitter.com/KpvecCW2ey
O presidente foi submetido a uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça-feira para drenar um hematoma de hemorragia intracraniana. Segundo o hospital, o quadro de saúde do petista "evoluiu bem" na manhã de hoje.
Ele deve permanecer em observação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por 48 horas e está acompanhado pela primeira-dama Janja da Silva. A hemorragia foi causada por um acidente sofrido em outubro deste ano no Palácio da Alvorada, quando Lula caiu no banheiro.
Lula foi examinado na unidade de Brasília do hospital na noite desta segunda-feira (09) e transferido para São Paulo no mesmo dia. O médico Roberto Kalil afirmou que sua volta para Brasília depende da evolução do quadro de saúde, mas que a expectativa é que o retorno ocorra na semana que vem.
A cirurgia, chamada de trepanação, consiste em uma pequena perfuração no crânio para introdução de drenos. O procedimento durou cerca de duas horas.
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O acidente de Lula e as incógnitas da política, por Luís Nassif
Por Luís Nassif, no GGN: As primeiras informações na mídia falam de cirurgia para conter "hemorragia intracraniana", a que Lula foi submetido esta madrugada, uma condição grave que ocorre quando há sangramento dentro do crânio, podendo envolver o cérebro ou os espaços ao seu redor. Sua gravidade depende da localização, extensão do sangramento e da rapidez com que é relevante e tratado.
Para casos simples, como hematomas pequenos ou de evolução crônica (como hematomas subdurais crônicos), há procedimentos mais simples como drenagem guiada por imagem ou endoscopia. Foi a intervenção sofrida por José Dirceu há algum tempo, que não deixou sequelas.
Mas Lula sofreu hemorragia. Portanto, seu quadro é grave embora, em nenhum momento tenha perdido a consciência - segundo um Ministro que esteve com ele até seu translado para São Paulo -.
Nas próximas horas haverá um quadro mais claro sobre o quadro de saúde de Lula. Pode ser que se recupere rapidamente. Mas há riscos concretos de que fique afastado da presidência por um bom tempo, em período de reabilitação. E uma possibilidade - ainda não se sabe qual o nível de probabilidade - de ser obrigado a deixar a presidência.
Nesse caso, o cargo de presidência será ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Alckmin tem características históricas e outras adquiridas no exercício da vice-presidência de Lula mas, principalmente, no comando da NIB (Nova Indústria Brasileira). Tem o mérito de reaproximar Lula da classe industrial. A última visita de Lula e Alckmin à Confederação Nacional da Indústria (CNI) desmanchou décadas de desconfiança. Aliás, uma desconfiança fruto da má informação, já que historicamente Lula sempre foi a favor da atividade produtiva.
Com Alckmin à frente do governo, a NIB irá para o centro das políticas públicas - o que não é mau. Haverá também o jogo tradicional da mídia, de trocar a implicância irracional contra Lula pelo exercício de lisonja, buscando cooptar Alckmin. O mesmo ocorrerá com a classe empresarial, contaminada pela campanha dos jornalões - cujo inacreditável sonho de consumo é o presidente argentino Milei.
Apesar da experiência atual, no entanto, Alckmin é historicamente um tucan0 - ainda que ligado à melhor face do PSDB, o grupo de Mário Covas.
Haverá desafios enormes de manter a coesão da equipe. Alckmin tem a vantagem de um histórico de lealdade, alás, até o limite da ingenuidade - como se depreende das facadas que recebeu de José Serra e João Dória Jr. Mas tem também suas pessoas de confiança, que o acompanharam ao longo de sua carreira.
Certamente manterá Fernando Haddad na Fazenda. E terá boas relações com o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Terá a boa oportunidade de, a partir, da NIB, montar o aguardado Plano de Metas que falta ao governo Lula. Seria a espinha dorsal do governo, que poderia ser tocada por Alckmin, ou, em caso de recuperação de Lula, pelo próprio presidente.
Seja qual for o resultado, haverá uma guerra interna na base do governo, até que se clareie o quadro de saúde de Lula.
Laudo
Às 9 horas a equipe do Sírio Libanês deu uma coletiva com notícias tranquilizadoras sobre a recuperação de Lula.
Nota da redação: Este artigo foi publicado antes da coletiva de imprensa realizada pela equipe médica do Hospital Sírio Libanês, que esclareceu que o termo técnico usado para o procedimento em Lula é "trepanação", uma cirurgia mais simples do que a "craniotomia" que havia circulado primeiro na imprensa. Os médicos explicaram que, no caso de Lula, o coágulo havia se formado entre camadas da meninge, a membrana que envolve e protege o encéfalo, ou seja, não atingiu o cérebro. Leia mais aqui.
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