terça-feira, 28 de outubro de 2025

Economia: 'Reunião Lula-Trump dá largada para negociações comerciais', por Luís Nassif

Por Luís Nassifi, no GGN: O primeiro tempo do jogo Donald Trump x Lula consistiu na jogada (copiada do mercado) chamada de "alavancagem" - conforme descrita no artigo "O CEO Genérico, Trump e a Alavancagem na Política". Consiste em criar fatos que interfiram nas expectativas e, no momento seguinte, nas formulações políticas. Sua lógica era simples:

www.seuguara.com.br/Donald Trump/Lula/negociações comerciais/

   1. Ameaçar o Brasil com tarifas extraordinárias e a Lei Magnitski.

   2. O impacito da decisão deixaria acuado o governo brasileiro e o fragilizaria perante os setores bolsonaristas.

   3. No segundo momento haveria a negociação objetiva, mas com o Brasil em posição inferiorizada.

Foi o tiro na água. A resposta de Lula fortaleceu-o nçao apenas internamente, como mundialmente, como um baluarte da resistência democrática contra a autocracia norte-americana. Sua posição tornou-se mais forte devido ao amadorismo do Eduardo Bolsonaro, incapaz de entender as razões objetivas por trás de Trump: a de que Jair Bolsonaro era apenas um álibi.


A estratégia brasileira foi habilidosa. De um lado, respondeu com soberania à investida norte-americana. De outro, não cedeu à tentação de fechar um pacto com a China. Permaneceu na tradição do Itamaraty, de negociar com os dois lados. OU seja, mostrou que, pela força não cederia, mas estava aberto a conversas.

Trump claramente perdeu o primeiro round. Mas teve a esperteza de perceber o erro e abrir espaço para uma mudança na estratégia de negociação, passando a se valer das mesmas armas de Lula: a substituição da frieza diplomática pelas relações pessoais. 


Esse clima foi aprofundado com Trump expressando admiração por Lula, indicando inclusive a possibilidade de visita aos Estados Unidos.

Com esses gestos, tirou o protagonismo de Lula, como principal lederança anti-Trump. Ficaram amigos desde criancinhas, abrindo espaço, então, para as negociações comerciais propiamente ditas.

Há uma agenda genérica óbiva:

  • Suspensão temprária do tarifaço sobre exportações brasileiras enquanto duram as negociações.
  • Início imediato das negociações bilaterais entre as equipes de ambos os países.
  • Pedido de retirada das sanções aplicadas a autoridades brasileiras pela Lei Magnitsky. 
Mas a prova do pudim estará nas duas negociações cruciais para os norte-americanos: os data centers e as terras raras.


Os temas cruciais


1. Data Centers - Soberania digital

Os pontos fundamentais:  

  • Dilema Central: Investimento tecnológico vs. controle sobre dados sensíveis
  • Solução proposta: Governança compartilhada com salvaguardas de soberania
  • Desafio: Equilibrar atração de investimentos com proteção de dados nacionais (LFPD/ANPD)
2. Terras Raras - Cadeia de valor 

Questão estratégica para a transição energética global:

  • Interesse americano: Reduzir dependência chinesa em minerais críticos
  • Oportuinidade brasileira: Industrialização e agregação de valor local
  • Complexidade: Gestão do triângulo Brasil-EUA-China 

Considerações estratégicas

Para o Brasil, os desafios incluem:

   1. Não alienar a China - principal parceiro comercial e detentor de tecnologia de processamento de terras raras
   2. Garantir transferência tecnológica real - não apenas extração de recursos
   3. Manter soberania regulatória - especialmente em dados e meio ambiente
   4. Aproveitar o momento - negociar concessões recíprocas significativas

Imagem: reprodução/Foto: Ricardo Stuckert/PR

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