terça-feira, 11 de junho de 2024
sábado, 23 de dezembro de 2023
Faixa de Gaza como presépio: "nem a Virgem, nem José, nem o menino Jesus sobrevivem"
Por Renato Santana, no GGN: O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em mais uma declaração crítica ao massacre perpetrado pelo Estado de Israel contra o povo palestino, comparou a Faixa de Gaza ao presépio natalino, dizendo que milhares de crianças, como Jesus Cristo o foi, morrem ali sob bombas, tiros e escombros.
"Neste momentos há um bombardeio contra bebês, lá onde Jesus nasceu. Agora que vai ser véspera de Natal, milhares e milhares de crianças estão sendo mortas ali mesmo", disse o presidente , que acrescentou: "Poderíamos dizer Jesus filhos, poderíamos dizer propriamente filhos de Deus".
A fala de Petro ocorreu na cidade de Ibagué nesta quinta-feira (21), no qual criticou mais uma vez a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza e comparou aquele território a uma manjedoura. Além disso, questionou o silêncio das "esferas de poder do mundo".
"Estamos vendo como uma bomba cai na manjedoura e nem o burro, nem o boi, nem a Virgem, nem São José, nem o menino Jesus sobrevivem", disse.
E prosseguiu: "estão bombardeando o filho de Deus e ninguém se opõe a isso nas esferas do poder mundial". Para Petro, "estamos todos em silêncio, indiferentes à dor e isso não tem a ver com o estado de espírito de uma pessoa, mas com uma concepção política".
Petro assegurou que esta "concepção política" leva "a humanidade à sua extinção baseada na ganância, baseada em paixões individuais baixa: quem chega primeiro é quem vence e todos os outros são derrotados".
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terça-feira, 21 de novembro de 2023
Vídeo: 'Vamos aniquilar todo mundo', cantam crianças israelenses, clamando pelo genocídio palestino em Gaza
segunda-feira, 16 de outubro de 2023
'Vidas de dois milhões de palestinos estão nas mãos de um governo abertamente racista', diz documentarista Júlia Bacha [vídeo]
sábado, 14 de outubro de 2023
Jornalista da CNN se desculpa por ter propagado fake news dos bebês israelenses
Por Matheus Winck, em O Cafezinho: O governo israelense se retratou após uma declaração feita pelo gabinete do primeiro-ministro na última quarta-feira (11). Na ocasião, foi dito que o grupo Hamas havia decapitado bebês e crianças enquanto estavam no ar. No entanto, nesta sexta-feira (13), o governo afirmou que não pode confirmar tais informações e pediu desculpas pela imprecisão das palavras utilizadas.
A declaração anterior gerou grande repercussão e indignação em todo o mundo. O Hamas, por sua vez, negou veementemente as acusações e classificou a afirmação como uma "mentira descarada".
Agora a jornalista Sara Sidner, da CNN, também se retratou nas redes sociais:
"Ontem, o gabinete do primeiro-ministro israelense disse que havia confirmado que o Hamas decapitou bebês e crianças enquanto estávamos no ar. O governo israelense diz hoje que NÃO PODE confirmar que bebês foram decapitados. Eu precisava ter mais cuidado com minhas palavras e sinto muito."
Yesterday the Israeli Prime Minister's office said that it had confirmed Hamas beheaded babies & children while we were live on the air. The Israeli government now says today it CANNOT confirm babies were beheaded. I needed to be more careful with my words and I am sorry. https://t.co/Yrc68znS1S
— Sara Sidner (@sarasidnerCNN) October 12, 2023
O conflito entre Israel e Palestina já dura décadas e tem se intensificado nos últimos dias, com ataque4s de ambos os lados. A comunidade internacional tem pedido um fim imediato das hostilidades e a retomada das negociações de paz entre as partes envolvidas.
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Plano de Israel trata 1 milhão de palestinos pior que gado de corte. Por Leonardo Sakamoto
Por Leonardo Sakamoto, em sua coluna no UOL: Em um esforço de responder à matança terrorista do Hamas com crimes contra a humanidade, o governo de Israel mandou que 1,1 milhão de moradores da região norte da Faixa de Gaza se desloquem ao sul do território em 24 horas porque o seu exército vai chegar chegando.
Considerando que nem transferência de gado para o abate poderia ser tão rápida, o resultado caótico dessa onda instantânea de refugiados vai ser sofrimento e morte, caso boa parte dos moradores deicida ir. Tal como o sofrimento e morte que esperam boa parte dos moradores que decidirem ficar e encarar a invasão israelense.
Um semovente desavisado dirá "Ah, mas o trajeto do centro da cidade de Gaza até Haffa, ao sul, é de uns 35 quilômetros, mais ou menos o que separa o centro de São Paulo até o condomínio Alphaville, em Santana do Paraníba. Ou seja, os palestinos conseguem fazer isso em algumas horas".
Para além da estupidez de achar que é possível mover 1,1 milhão de almas, incluindo idosos, crianças, pessoas com deficiência, doentes, feridos dos hospitais em um dia, há o agravante de que a população está enfraquecida devido ao aprofundamento do cerco a Gaza. Falta de água, comida, medicamentos. Falta de combustível e eletricidade para descolar toda essa gente.
Como o Egito ainda não concordou com um corredor humanitário para que a população civil saia do território pelo Sul, nem Israel acenou em parar de bombardear para que isso aconteça, o trânsito de mais de milhão de pessoas provocaria, segundo as Nações Unidas, "consequências humanitárias devastadoras".
E como era de se esperar, o Hamas, de forma criminosa, está contraordenando aos moradores do norte para que fiquem em suas casas. Precisam de escudo humano. O cálculo dos cidadãos de Gaza é mais racional, contudo: chegando lá, eu fico aonde? Dormindo e cagando na rua?
Israel tem direito a defender a sua existência e punir o grupo que matou mais de mil pessoas em seu território. Mas o que estamos assistindo não é a reação de um estado que se diz democrático tentando resgatar reféns e prender criminosos, mas de uma punição coletiva aos moradores de Gaza - que não são culpados pelo Hamas.
Punição que tem requintes de crueldade. A Human Rights Watch denunciou que Israel está bombardeando Gaza com fósforo branco, que provoca queimaduras profundas, fritando carne e ossos. As escaras abertas por ele em corpos não cicatrizam facilmente. Era usado até a Guerra do Vietnã, mas uma das Convenções de Genebra condenou seu uso como arma onde existam civis.
Ao mesmo tempo, campos de refugiados e centros de saúde têm sido atingidos pela competente artilharia "cirúrgica" de Israel, que também mata funcionários da ONU.
Não é surpreendente que boa parte do mundo assista calado a um crime de guerra ser construído sob a justificativa de que após a matança hedionda de centenas em um ataque terrorista, o governo de Israel pode tudo. Até cometer terrorismo de Estado.
Provavelmente, se uma ordem esdrúxula de deslocamento fosse dada a 1 milhão de cabeças de gado haveria mais indignação planetária de governos. Mas como são apenas palestinos, toca o berrante e segue o jogo.
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Prefeito investigado por corrupção hasteia bandeira de Israel em Sorocaba
Por Bianca Carvalho, no DCM: A Prefeitura de Sorocaba hasteou a bandeira de Israel em frente ao Palácio dos Tropeiros, o Paço Municipal, na noite desta terça-feira (10). O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) fez questão de explicar a iniciativa por meio de uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Segundo o comunicado da Secretaria Municipal de Comunicação, a ação foi um gesto simbólico de solidariedade em resposta aos ataques terroristas direcionados a Israel na região da Palestina.
O Paço também ganhou iluminação nas corres azul e branca em alusão a Israel.
Falso herói e histórico de corrupção
Manga é um político evangélico conhecido por sua relação com a Igreja Universal e sua afinidade com o governo de extrema-direita de Netanyahu em Israel. Ele já foi desmentido como o "herói" na fake news do resgate dos brasileiros em Israel pelo avião da Força Aérea Brasileira.
O noticiário local, financiado pela prefeitura, exalta os esforções do prefeito, mas o que eles chamam de "força tarefa" para salvar os moradores da cidade é, na prática, contatos e conversas com autoridades através do WhatsApp. Porém, a história colou o suficiente para agradecerem ele em vídeo.
Rodrigo Maia é alvo de outras investigações. A Câmara de Sorocaba abriu três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar irregularidades em contratos nas áreas de saúde e educação. Em maio de 2023, o Ministério Público solicitou o bloqueio de bens do prefeito e o afastamento do secretário de educação da cidade devido a alegações de superfaturamento na compra de Kits de robótica.
Além disso, ele é investigado por incentivar e participar de protestos golpistas que ocorreram após o segundo turno das eleições, o que levou a pedidos de investigação no Ministério Público de São Paulo e no Supremo Tribunal Federal (STF).
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sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Quando Deus vira ajudante do prefeito de Sorocaba. Por Moisés Mendes
Originalmente publicado por Moisés Mendes, em seu blog: O Brasil todo já conhece Rodrigo Manga. O prefeito de Sorocaba, segundo uma mulher que retornou de Israel em avião da FAB, o responsável pelo seu resgate. Ninguém mais foi citado por ela. A chegada do primeiro voo teve show da fé. Talvez a mesma fé de que falava Braga Netto aos acampados nos quartéis depois da eleição de Lula e que faltou aos generais no golpe.
Nunca antes tantos religiosos deram tantos depoimentos num desembarque. Nunca a TV mostrou tantos pastores, pastoras e fiéis falando ao mesmo tempo da fidelidade de Deus aos brasileiros.
O governo Lula, o Itamaraty, a FAB e os estrategistas dos resgates conseguiram ajudar a produzir involuntariamente parte do marketing de guerra da extrema direita.
Os religiosos resgatados agradeciam a Deus, a Jesus Cristo, a Jerusalém e a Israel. E chegou o momento em que uma mulher agradeceu ao prefeito de Sorocaba. Ninguém viu nem ouviu alguém agradecendo a Lula.
Porque Lula estava envolvido em tentar recalibrar o tom da condenação à invasão do Hamas a Israel e, ao mesmo tempo, atacar o bombardeio israelense à Gaza.
Os evangélicos retornados de uma excursão a Israel, a direita da grande imprensa, a extrema direita que adora Ustra, todos assumiram em jogral o comando da situação.
Passamos a ser pautados pelo surto de fascismo pacifista.
Um desses bolsonaristas de uma das CPIs em atividade em Brasília poderia dizer que eles retomaram a narrativa, depois de uma sequência de derrotas desde a elição e do golpe tabajara.
O herói brasileiro era o prefeito de Sorocaba, um militante de extrema direita investigado por suspeita de corrupção e por incitação ao bloqueio de estradas depois da eleição de Lula. O prefeito conta em seu site pessoal que foi dependente de drogas, até ser salvo por sua religiosidade.
Rodrigo Manga é o cara com uma história edificante. E Lula é o presidente acossado pelo que a direita entendia que ele deveria ter dito desde o começo. A direita exigiu um tiro de grosso calibre de Lula na condenação do Hamas.
Fale do terrorismo, cite o nome do Hamas, é o que o jornalismo aliado ao fascismo mandava Lula dizer. Lula foi pautado por Merval Pereira. Todas as pautas da guerra foram sendo ditadas pela direita, e o fascismo mundial foi à forra de tudo o que sofreu desde a guerra do Vietnã.
Essa é uma guerra deles, vencida por eles antes nas redes sociais. Aqui, com a ajuda de Carla Zambelli, a nova pacifista brasileira.
Nunca Israel teve tantos amigos na extrema direita. Gente com vínculos com nazistas juramentados, terrivelmente nazistas, que odeiam negros, indígenas e gays, agora ama Israel e o povo judeu.
A extrema direita pauta até o tom de tentativas de debate, como aconteceu na aula da PUC do Rio com o massacre sofrido pelo professor Michel Gherman. E isso que Gherman se define como judeu sionista.
Adoradores de Brilhante Ustra têm os elementos para o controle das pautas da guerra. Têm crianças, desde que sejam israelenses e não palestinas, têm Jesus, têm Terra Santa e têm fé que pode ter faltado a Braga Netto.
O pacifismo dos adoradores de torturadores está no comando, não só no Brasil. Há o que fazer, enquanto a Globo anuncia no Jornal Nacional que o que acontece em Gaza é um cerco ao Hamas, e não extermínio de palestinos?
Há como tirar o prefeito de Sorocaba do pedestal de herói dos que não se importaram com a falta de aviões para levar oxigênio a Manaus, no auge da matança da pandemia?
Agora, talvez nada possa ser feito. Somente nessa quinta-feira à tarde o The New York Times deu em manchete que haverá um desastre humanitário em Gaza. Coisa que os grandes jornais brasileiros ainda não conseguem fazer.
O jornalismo é incapaz até de esclarecer o que é verdade e mentira na guerra e pode, como no suposto caso das crianças degoladas, estar contribuindo para institucionalizar o uso de fake news também nas grandes corporações de mídia.
É a visão de mundo da direita que orienta o que devemos ver, ler e ouvir. As esquerdas não sabem como lidar com seus vacilos, porque certeza mesmo só o outro lado tem hoje.
A direita está certa de que vai dividir de novo o país ao meio, entre os pró-palestinos e pró-judeus. E que vai ganhar a guerra sempre com o controle da comunicação.
Lula decidiu que o avião presidencial, que ele usa, irá fazer resgates. Mas é a direita que sabe o que dizer no aeroporto no retorno de Israel. Deus traz os peregrinos de volta por intervenção do prefeito de Sorocaba.
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quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Fonte do "bebês decapitados" é colono israelense radical que pregou "aniquilação" de vila palestina
Por José Cassio, no DCM: Após um soldado israelense contar a uma repórter de TV que militantes do Hamas "decapitaram bebês" no Kibutz de Kfar Aza, essa afirmação controversa foi amplificada por Joe Biden, Netanyahu e a mídia internacional. Segundo "relatos", militantes palestinos realizaram "execuções ao estilo ISIS", degolando pessoas, incluindo bebês e animais de estimação. Nenhuma imagem apareceu até agora. As Forças de Defesa de Israel não confirmaram a notícia.
Muitos questionaram a veracidade das alegações, incluindo repórteres que estavam no local. O jornalista Oren Ziv, por exemplo, mencionou que durante sua visita ao Kibutz não viu evidências de tais alegações.
"They chopped heads of children and women," says David Ben Zion, Deputy Commandee of Unit 71 to our @Nicole_Zedek, while reporting from the massacre in Kfar Aza in southern Israel pic.twitter.com/IHSB0ywMbF
— i24NEWS English (@i24NEWS_EN) October 10, 2023
O site Grayzone identificou a fonte da fake news como sendo David Ben Zion, um colono radical e também um comandante do Exército israelense. Zion já incitou tumultos exigindo que uma cidade palestina fosse "aniquilada"
"A aldeia de Huwara deve ser exterminada, este lugar é m ninho de terror e o castigo deve ser para todos", declarou em entrevista.
Ele também é conhecido por suas posições extremistas nas redes. Divulga visões apocalípticas em relação aos palestinos.
"Chega de falar sobre a construção e o fortalecimento dos assentamentos", escreveu no Twitter em 26 de fevereiro de 2023. "Não há espaço para misericórdia".
O tuíte de Ben David foi "curtido" pelo então Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, o que levou 22 juristas a apelar ao Procurador-Geral para abrir uma investigação contra ele por "induzir crimes de guerra".
Huwara foi na época alvo de tumultos violentos por parte de colonos que operavam sob a supervisão de Ben David. Após os ataques, que resultaram no incêndio de dezenas de casa e veículos, bem como em feridos, o Hamas caracterizou o ato como uma "declaração de guerra".
Ben David também prega a destruição de Gaza. Dias depois de Israel lançar a Operação Margem Protetora, o bombardeio de 50 dias contra Gaza que deixou quase 1.500 civis palestinos mortos, ele publicou no Facebook uma fotografia sua e de outros soldados em frente à artilharia. "A nação de Israel está convosco até o fim (de Gaza). Amém", respondeu um seguidor. Ben David, mais uma vez, "curtiu".
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Conflito entre Israel e Hamas provoca discussão entre deputados do governo e da oposição
Agência Câmara de Notícias: A posição do Brasil sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas provocou discussão entre deputados da base do governo e da oposição no Plenário da Câmara. A oposição cobrou uma condenação mais firme do País ao Hamas, que desde sábado (7) provocou quase mil mortes em ataques a cidades israelenses. Com a resposta de Israel, o número de mortos já se aproxima de 2 mil.
A posição do Brasil foi divulgada no domingo (8), em uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um dia depois do início do conflito. O governo brasileiro condenou os ataques contra civis dos dois lados e a escalada da violência. Também reiterou o compromisso com a solução de dois Estados na região, um palestino, além de Israel, e pediu paz.
Os deputados da oposição criticaram a falta de uma condenação mais firme ao Hamas e a classificação do grupo como terrorista. “O ataque covarde, terrorista, bárbaro que aconteceu, do Hamas contra o Estado de Israel, não pode ficar e merecer o silêncio desta Nação. Especial ao presidente Lula, que não deu nome aos bois. Foi um atentado terrorista do Hamas. Não tem que passar mão no terrorista”, disse a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).
A deputada Clarissa Tércio (PP-PE) pediu ajuda militar do Brasil a Israel. “Eu pergunto: qual o motivo de o presidente Lula não ter agido com firmeza e nem sequer citar o grupo terrorista Hamas quando falou dos ataques? Eu pergunto aqui, e o mundo está observando os Estados Unidos enviando ajuda militar a Israel. E cadê o Brasil nisso? Vamos lembrar que os soldados de Israel estiveram aqui no Brasil durante a tragédia de Brumadinho, e eles vieram para nos ajudar. Cadê o Brasil?”, questionou.
Para o deputado Helder Salomão (PT-ES), da base governista, o que o Brasil propõe é paz e diálogo. “Todo ato de violência tem que ser condenado, todo ato terrorista tem que ser condenado. Então o ato praticado pelo Hamas tem que ser condenado. Não há solução para os conflitos se não for por meio do diálogo. Ao invés de enviar armas para o conflito entre Israel e Palestina, os Estados Unidos deveriam enviar uma missão de paz. É o que o governo brasileiro propõe.”
Divisão política
A discussão no Plenário sobre a guerra no Oriente Médio teve também referências à divisão política no Brasil. O deputado Luiz Lima (PL-RJ) criticou o que chamou de posição da esquerda sobre o Hamas e a Palestina.
“Qual a posição que o governo brasileiro tem sobre o Hamas, movimento terrorista? Por que deputados de esquerda visitam a Palestina, um lugar onde não se respeita a liberdade religiosa, onde não se respeita os gays, onde não se respeita a democracia?”, questionou.
O deputado Rogério Correia (PT-MG), por sua vez, condenou ataques a civis e atribuiu parte da responsabilidade pelo conflito a atos do que chamou de ultradireita de Israel.
“O governo tem uma posição muito clara de repudiar qualquer ataque a civis e, nesse sentido, pedir a paz. E é óbvio que lá em Israel a ultradireita, assim como a ultradireita aqui no Brasil, age sempre dessa forma: em tom bélico, em tom de sangue e em tom de opressão. O povo palestino, e não estou falando do Hamas, falo do povo palestino, foi sempre oprimido por este tipo de governo de ultradireita”, afirmou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também condenou ataques a civis e defendeu uma análise histórica do conflito. Ela disse que o Hamas não representa os palestinos.
“Nós temos uma brutal solidariedade ao povo judeu e temos também solidariedade à população da Palestina. O Hamas não é a Palestina, mas isso tudo chegou a este ponto porque Israel nunca reconheceu o Estado palestino. As coisas não chegam a este ponto por acaso. Isso justifica ataques a civis? Não, a nenhum deles. Nem do Hamas e nem de Israel contra a Palestina”, declarou.
A guerra na região começou sábado, com ataques do Hamas a Israel a partir da faixa de Gaza, território palestino ao sul do país, na fronteira com o Egito.
Reportagem: Antonio Vital
Edição: Pierre Triboli
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
Fake news: Mensagens em grupos de WhatsApp e Telegram associam Lula ao Hamas
Por Yurick Luz, no DCM: A empresa de tecnologia Palver conduziu o monitoramento de 41 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram, identificando um expressivo volume de mensagens que estabelecem uma conexão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o grupo palestino Hamas. Esse movimento conspiratório teve início durante o conflito entre Israel e Palestina, e foi respaldado por uma declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Bolsonaro publicou: "Pelo respeito e admiração ao povo de Israel, repudio o ataque terrorista feito pelo Hamas, grupo terrorista que parabenizou Luís [sic] Inácio Lula da Silva quando o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] o anunciou vencedor das eleições de 2022".
Conforme relatório da Palver, o conflito é o tema predominante nos grupos públicos, e discussões relacionadas a ele são amplamente debatidas. No entanto, a declaração de Bolsonaro acerca de Lula teria acrescentado uma dimensão política à repercussão.
Entre sábado (7) e a noite de segunda-feira (9), a empresa identificou 15.195 mensagens sobre o conflito. Das comunicações feitas na segunda-feira que mencionavam Lula, 20,79% faziam referência ao grupo responsável pelo ataque a Israel.
Em algumas mensagens, alega-se que Lula financiou "os ataques ao povo de Israel", acompanhadas por imagens de crianças em situação de vulnerabilidade.
Até segunda-feira, as menções a Bolsonaro nos grupos de WhatsApp e Telegram aumentaram em 49,40%, em comparação com 9,56% para Lula.
As informações forma divulgadas pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.
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terça-feira, 10 de outubro de 2023
Políticos usam conflito entre Israel e Hamas para desinformar e alimentar polarização no Brasil
Reportagem de Luiz Fernando Menezes e Bianca Bortolon, para Aos Fatos: Por meio de publicações falsas ou que tecem associações enganosas, parlamentares e usuários das redes têm usado o conflito entre o Hamas e Israel para alimentar a polarização entre brasileiros. Desde o início dos ataques, no sábado (7), publicações que acumulam mais de 3,5 milhões de interações no Facebook, no Instagram, no TikTok e no X (ex-Twitter) tentar associar o governo Lula (PT) e a esquerda à violência promovida pelo grupo extremista islâmico.
Um dos primeiros posts virais a fazer a associação enganosa foi publicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em nota no X, ele disse repudiar o ataque realizado pelo grupo "que parabenizou Luís (sic) Inácio Lula da Silva quando o TSE o anunciou vencedor das eleições de 2022".
- Pelo respeito e admiração ao povo de Israel repudio o ataque terrorista feito pelo Hamas, grupo terrorista que parabenizou Luís Inácio Lula da Silva quando o TSE o anunciou vencedor das eleições de 2022.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 7, 2023
- Fundado em 1948, por deliberação da ONU de 1947, em sessão presidida… pic.twitter.com/MN71u3YRmZ
O ex-presidente fazia menção a uma mensagem enviada ao petista pelo líder do Hamas, Basim Naim, após o resultado do pleito de 2022. Na nota, que consta no site oficial do Hamas, Naim de fato parabeniza Lula e diz que o presidente "é conhecido pelo apoio forte e contínuo aos palestinos em todos os fóruns internacionais".
Isso, no entanto, não significa que Lula demonstrou apoio aos ataques realizados pelo Hamas. Minutos após a publicação de Bolsonaro, o presidente publicou uma nota em seu perfil no X em que diz ter ficado chocado com o "ataques terroristas realizados hoje contra civis" (veja abaixo). O Itamaraty e o PT também divulgaram notas condenando o ocorrido.
Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas.
— Lula (@LulaOficial) October 7, 2023
O Brasil não poupará esforços para…
O posicionamento do petista, no entanto, não impediu que parlamentares e usuários anônimos replicassem a associação sugerida por Bolsonaro:
- O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, compartilhou o vídeo em que seu pai lê uma nota sobre o caso junto da legenda: "Oremos por Israel e oremos para que a paz reine na região. Todo nosso repúdio ao ataque feito pelo Hamas, grupo terrorista que parabenizou Lula nas eleições";
- Também compartilharam mensagens com teor semelhante os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Carlos Jordy (PL-RJ);
- Desde sábado, publicações com as expressões "Hamas parabenizou Lula" ou "Lula foi parabenizado por Hamas" acumularam ao menos 2,3 milhões de visualizações no TikTok, 300 mil curtidas no Instagram, 22 mil compartilhamentos no Faceboook e 35 mil reposts no X.
- Desinformações já desmentidas sobre a relação de Lula com Israel, como a peça que dizia que o petista teria doado R$ 25 milhões ao Hamas em 2010 ou que teria se recusado a deixar flores no Museu do Holocausto de Israel ao visitar o país também naquele ano;
- Uma foto em que o presidente segura uma camisa do time de futebol da Palestina também tem sido compartilhada junto da alegação de que o presidente estaria "do lado do Hamas". O registro, no entanto, foi feito no Brasil e mostra representantes da Fepal (Federação Árabe Palestina no Brasil) entregando uma camiseta da seleção de refugiados;
- Também voltou a circular a desinformação de que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) teria pedido ao Hamas que ajudasse a libertar Lula enquanto ele estava preso em Curitiba. As peças distorcem uma entrevista à Al-Jazeera em que a deputada apenas afirma que o petista teria sido preso sem provas. Em nenhum momento do vídeo ela convoca qualquer grupo armado;
- Outra foto que tem sido compartilhada como prova da ligação entre a esquerda e o Hamas é a que mostra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) com um cartaz com os dizeres "PSOL com a Palestina". A imagem é verdadeira, mas, além de Boulos ter condenado os ataques violentos, é necessário ressaltar que o Hamas não representa todo o povo palestino e possui adversários internos;
- Também tem circulado a nota de apoio do PCO (Partido da Causa Operária) ao Hamas como uma suposta prova de que a esquerda e o governo estariam de acordo com os ataques violentos. Apesar do partido declarar "apoio crítico" à gestão de Lula, ele não integra sua base e não participou da coligação que o elegeu;
- Carlos Bolsonaro sugeriu que a imprensa - que ele considera"esquerdista" - se recusava a tratar o Hamas como "terrorista" enquanto não tardou a tachar os manifestantes do 8 de janeiro com essa classificação. Na verdade, o G1, veículo citado pelo vereador carioca, classificou o grupo como terrorista em diversas reportagens...