segunda-feira, 30 de junho de 2014

Futebol: arbitragem sempre dá o que falar


O desempenho da arbitragem em uma partida de futebol sempre originou polêmicas e discussões. Basta um erro só, mesmo que não muito grave para que o veredito sobre o resultado do jogo seja dado: teve influência direta do árbitro. Só ele tem o poder de manipular para a vitória ou para a derrota de determinada equipe. Certo ou errado? Certos lances na Copa do Mundo no Brasil tem demonstrado que esta "regra" prevalece.
O pênalti duvidoso sofrido por Fred na vitória da seleção brasileira contra a Croácia, rendeu algumas matérias na mídia esportiva que colocaram em dúvida a autenticidade da falta e generalizando críticas à arbitragem da Copa 2014. Tanto que na entrevista coletiva depois do jogo, o técnico Felipão se estressou com os jornalistas, dizendo que a mídia esportiva estava “cornetando” demais o lance do pênalti. Concluiu, que daquele momento em diante a arbitragem da Copa não apitaria mais pênaltis a favor da seleção brasileira. E, visivelmente nervoso,  se retirou da sala.

O técnico brasileiro tem lá suas razões. No entanto, não se pode afirmar categoricamente que a o lance da falta no centro-avante brasileiro tenha sido cem por cento legítimo. Quem está acompanhando par e passo os confrontos pela Copa do Mundo no Brasil, pode constatar que a postura arbitragem sofreu uma uma leve transformação depois dessa polêmica. Percebe-se que muitas faltas próximas ou dentro da área, não estão sendo marcadas. Para ambos os lados. É claro que, no decorrer da competição a maioria dos árbitros ignorou as opiniões extra-campo e age de acordo com as regras. Mas algumas faltas e algumas penalidades máximas marcadas, continuaram a suscitar dúvidas e polêmica.

É o caso, por exemplo, do pênalti marcado contra o México a favor da Holanda, ontem (29), em Fortaleza. Segundo o jornalista inglês Scott Moore, em matéria publicada no DCM, traduzida por Erika Kazumi Nakamura, Robeen merecia ser punido como Suárez. Segundo Moore, o atacante holandês não poderia ter “decolado” daquela forma se o pisão do zagueiro mexicano fosse suficiente forte. O árbitro entrou na simulação de “voo” de Robben e marcou o pênalti que deu a vitória e a classificação para a Holanda, eliminando o México da Copa 2014.

Robben, um dos maiores craques atuando neste Mundial, teria sido melhor ator que Fred? Não houve, neste caso maiores questionamentos por parte da imprensa esportiva. Mas o próprio Robben, segundo o jornalista, admitiu à uma TV holandesa que pelo menos uma vez tentou enganar o árbitro, mas que não foi no lance do pênalti. Errou a arbitragem, ou foi induzida ao erro? Vale lembrar que o árbitro é humano como nós. Portanto, sujeito a erros. Quem determina que tenha que pagar pelo erro é a entidade responsável pela competição. Evidentemente com base em denúncia do clube que se sinta prejudicado. 

Entretanto, são raríssimos os casos em que uma decisão de arbitragem tenha sido revista e mudado resultados. Puxando pela memória, no Brasil um caso de arbitragem fraudulenta ultrapassou a justiça desportiva e foi parar na justiça comum. Sobrou para o “juiz ladrão” e para os clubes, que foram penalizados com perda de pontos. Há muito tempo, também teve um caso manipulação de resultados envolvendo a loteria esportiva, na Itália. Com muita repercussão internacional, cabeças rolaram.

Enfim, exclusivamente no Brasil, as atuações dos árbitros ao longo da história das competições vem de longa data, e criaram fatos que hoje fazem parte do folclore futebolístico. O jornalista Mouzar Benetido, em matéria no blog da BoiTempo com o título Juízes exibidos e outras futebolices, nos lembra algumas delas. Transcrevo alguns parágrafos.  

“Juiz Bola Nossa

Alcebíades Magalhães Dias, o Cidinho, era juiz de futebol de Belo Horizonte e torcedor fanático do Atlético. Manipulou muitos jogos a favor do Galo. Uma vez, em 1949, apitando um jogo entre o Atlético e o Botafogo do Rio, o atleticano Afonso e o botafoguense Santo Cristo disputavam uma bola e ela saiu pela lateral. Ficaram discutindo e Afonso perguntou ao juiz de quem era a posse da bola. Cidinho tirou o apito da boca e respondeu ao atleticano:

- Afonso, a bola é nossa!

Ficou sendo conhecido como Juiz Bola Nossa.

Pantera-Cor-de-Rosa

Quando estudei jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, tinha entre meus colegas de classe o atacante Lance, do Corinthians, o defensor Polaco, do Palmeiras, e o juiz de futebol Roberto Nunes Morgado.
Uns anos depois, Morgado, cheio de trique-triques, fazia umas arbitragens meio malucas, como uma vez que apitou o tempo todo sem entrar no campo, só correndo na lateral. Parecia que tinha pirado.

Num jogo entre São Paulo e Palmeiras, expulsou quatro jogadores do Palmeiras, e começaram a achar que ele tinha mesmo problemas psiquiátricos e chegaram a pedir um laudo médico para que continuasse sendo árbitro.

Em um jogo entre o Vasco e o Ferroviário do Ceará, pelo Campeonato Brasileiro de 1983, expulsou a PM que fazia a segurança na área interna do campo, dando cartão vermelho a ela.
Por causa de seus trejeitos (pelo que contam, inspirados em Armando Marques) e seu porte físico, alto e bem magro, ganhou o apelido de Pantera-Cor-de-Rosa.
Frequentador da Boca do Lixo, contraiu o vírus HIV e morreu de Aids em 1989.

E apareceu o Margarida

O catarinense Clésio Moreira dos Santos se inspirou em Armando Marques, Morgado e outros juízes polêmicos de futebol para criar seu próprio estilo. Além do uniforme todo cor-de-rosa (incluindo as chuteiras) fazia uma coreografia toda especial, criada por ele mesmo, que recebeu o nome de “passo da gazela”, e tornou-se um espetáculo à parte nos jogos em que apitava, na década de 1990. Recebeu o apelido de Margarida, que assimilou bem.

Popularizando a palavra “bicha”

Armando Marques foi um árbitro famoso nas décadas de 1960 e 70. Tinha atitudes polêmicas, como a expulsão de Pelé, quase sem motivo, aparentemente só para ter a glória de ter sido o primeiro (ou será único?) a expulsar o “rei” dos gramados.
Mas o que chamava mais a atenção eram seus trejeitos. Na época, a palavra bicha era sinônimo de gay apenas em São Paulo, e nos jogos do Corinthians no Pacaembu, quando ele entrava no gramado, toda a torcida corintiana gritava: “Bicha! Bicha!”. Assim essa gíria chegava pelas transmissões de TV aos lares de todo o Brasil e se tornou nacional.” 

Vida que segue. A Copa do Mundo no Brasil, está apenas na metade. Certamente muitas histórias serão protagonizadas pelos "homens de preto". Porém, acreditar que árbitros aderem espontaneamente algum conluio para beneficiar esta ou aquela seleção é um pensamento temerário. É como dar crédito à ideia de que uma Copa possa ser comprada, alimentando teorias de conspiração.  


Imagem: reprodução/dagbladet.no

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