quinta-feira, 10 de julho de 2008

Das virtudes e dos vícios

Um importante ensinamento para quem busca viver uma vida reta e fraterna, em comunhão plena com seus irmãos e trabalhando para o bem estar geral da humanidade, pode ser observado no prólogo de um livro intitulado: o Poder Secreto. O autor é um renomado pesquisador da verdade através da história. Seu nome é Armindo Augusto de Abreu. Nesta obra, o autor ex-membro da Escola Superior de Guerra, descreve segundo sua visão peculiar, o sufocante sistema de poder que nos oprime, vigia e nos submete.
Sua visão crítica e por vezes irônica (para quem leu algum de seus textos), aponta nesta obra o que a pouquíssimos seria dado a vislumbrar, sob muitos aspectos. Vamos nos focar então, apenas a interpretar o que fora dito no prólogo dessa instigante obra.

Refere-se aos quarenta dias e quarenta noites (período que para os cristãos é conhecido como “quaresma”) em que pela primeira vez há um confronto entre Satã e o filho de Deus. Sabedor que Cristo penava pelas agruras da fome neste período de jejum, o embaixador das Trevas procura abatê-lo por este lado. Se fores filho de Deus pede às pedras que se transformem em pães – diz, ciente que o homem se degrada sob a angustia das necessidades animais.

Jesus lhe responde: nem só de pão vive o homem, porém de toda a palavra que sai da boca de Deus. Esta é a primeira frase do ministério de Jesus. Segundo o autor nasce aí a primordial fórmula cristã da prevalência do espírito sobre as contingências da matéria. É exatamente aí que se levanta o Egoísmo com suas faces diabólicas: a ambição, a avareza, a inveja, o latrocínio, e a gula.

Diante do silêncio do deserto, recua o Espírito das Trevas, mas fértil e conhecedor da natureza humana, imagina outra perfídia, tenta ferir Jesus na segunda fraqueza humana: a vaidade.
Nas palavras do autor, nenhum sentimento é mais forte do que a vaidade. Quem não se rende pelas vísceras, pode render-se pelo orgulho. O homem, ás vezes, resiste a uma sensação fisiológica, mas cede a uma condição psicológica.

- Se és o filho de Deus (diz o Tentador), lança-te daqui, porque está escrito “que aos seus anjos Deus dará ordens a teu respeito, de sorte que não te firas nalguma pedra...”. Dificilmente um homem escapa a esta cilada. Quase sempre o Espírito do Mal a prepara pela boca dos comensais, dos amigos, dos admiradores.
“Se fosses forte, farias isto ou aquilo”, se fosses inteligente com dizes, resolveria de tal forma”, “ se tivesses poder, não te sujeitarias a tais coisas”, “mostra que não és vulgar”. Tais são as frases que cercam os homens desejosos de aparecer de modo superior e diferente aos olhos do Mundo... - diz o Armindo Abreu.
Resistir à semelhante tentação é estar próximo de Deus, cujo caminho é a humildade, - milagre das fortalezas perfeitas.

Mas, Satã não se dá por vencido, e ataca Jesus pela fraqueza da ambição, que encerra a fraqueza do orgulho e todas as fraquezas matérias – conclui o autor.

Ainda descrevendo sobre os misteriosos ensinamentos daqueles memoráveis 40 dias, menciona Abreu - um último ataque ao poder celestial de Jesus. Por fim, Satã oferece a Jesus todos os reinos da terra, as riquezas, o esplendor, o espetáculo ilusório deste mundo com toda sua opulência e glória de reinados efêmeros, no qual os vassalos de Satanás são detentores das chaves do poder terreno, que se chamam: mentira, traição, ingratidão, crueldade, cinismo e, que abrem todas as portas aos dominadores de um mundo de iniqüidades. Jesus pede a Satanás que se retire. E diz: adorará a Deus de todo teu coração.

Em nossa prosaica interpretação, acreditamos que começa aí a morada dos vícios na mente e coração do homem. No entanto, se pretendemos buscar a mais séria das reflexões, no intuito de submeter nossas paixões e imperfeições e consolidar a busca no caminho das virtudes, é de genuíno valor refletir às palavras contidas no Livro da Lei (L.’. L.’.) em Gálatas Cap. 5, que se refere, salvo melhor juízo, à prevalência do espírito sobre a matéria:

“13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.

14 Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.

16 Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.

17 Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.

18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19 Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,

20 Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21 Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro como já antes vos disse que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.

22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23 Contra estas coisas não há lei.

24 E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

25 Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.

26 Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros”.


Imagem: reprodução/YouTube

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1 Comentário:

Anônimo disse...

Grande amigo Guaraci!

Parabéns pela pesquisa! Ótimo texto, eu ja ouvi falar do livro!!
Continue assim...

S.F.U.

Nilton

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