Nico, o língua preta
Nico era filho de uma lavadeira. Talvez esteja aí o segredo para que
este velho jovem tenha adquirido o péssimo hábito de falar da vida alheia. Reza o folclore brasileiro,
que antigamente lavadeiras enquanto batiam as peças de roupa na pedra a
beira do rio, batiam também suas línguas inescrupulosamente. Coisa feia.
Mas, Nico não se dá conta de sua deficiência de caráter. Seus comensais
sempre estão a lhe aliviar a barra.
Alegam não haver maldade nesse
comportamento. Nico, somente cria em sua mente, deformada pela má
educação que recebera, uma outra versão, distorcida e fantasiosa, dos
fatos reias que acontecem no cotidiano da vida das pessoas. Aliás, como
sempre fez a mídia manipuladora brasileira ao longo do tempo. Implacável, flagrantemente partidária e ultra-direitista, sem dar crédito à imparcialidade. Relega a um segundo plano seu objetivo primordial, que seria a propagação de
informações esclarecedoras como deveria ser.
Nico, diferente da mídia
despudorada. Não tem maldade em seu coração, sequer más intenções em sua mente. Age
na maioria das vezes equilibradamente, para se divertir, curtir com a cara
dos incautos. Toma cuidado para não magoar, nem ofender. Mas não se preocupa muito em ferir suscetibilidades. É apartidário, não tem formação acadêmica. Vangloria-se
que sua escola foi o mundo. Que segundo os grandes sábios da
humanidade que por aqui passaram, é a maior e melhor das universidades
existentes no mundo. Desde que o Grande Arquiteto do Universo em sublime
momento de inspiração, se é que precisava, resolveu criá-lo.
Na verdade, Nico se ufana de ter tido sorte no mundo. Inteligente, se
diz conhecedor de segredos só revelados aos escolhidos pelos deuses do
Olimpo. Mais uma da fantasiosas ideias, produzida em seu subconsciente
no decorrer de seus 50 e poucos anos de vida.
Nico língua preta, não é pessoa de promover o mal, e não tem grandes vícios. Porém, sempre vê seu semelhante como um ser inferior,
incapaz de raciocinar, de chegar a qualquer estágio de discernimento.
Daí a sua audácia em criar a sua própria versão dos fatos para iludir
pessoas comuns, sempre com a intenção equivocada de levar alguma
vantagem. De sentir-se o gás da Coca.
Exclusivamente para satisfazer seu ego, Nico só pensa
em si próprio. Acredita piamente ser detentor de uma
superioridade que os outros jamais chegarão a
possuir. Pensa, mas demonstra não ter certeza, que é um ser diferenciado. Desses que a ciência da psicologia
não hesitaria em diagnosticar como paciente paranóico, um caso de
patologia incurável. Como se não bastasse tudo isso, tem a mania de trollar o
próximo, quando de suas incursões pela Internet. Tendo inclusive, como alvo favorito, os blogueiros
sinceros, postando comentários idiotas e agressivos. Tão somente pelo simples prazer de
irritar o autor da matéria e os demais comentaristas. Tumultuar o
ambiente é com ele mesmo. Só pra ver o circo pegar fogo, e depois rir
sozinho. Como fez o louco Nero ao tocar fogo em Roma.
Entretanto, todos sabemos que indivíduos como Nico, vivem felizes por
aí. Convivendo impunes, imunes, e muitas vezes idolatrados por certos
grupos de pessoas em todos os setores da sociedade. É comum encontrar
tipos como Nico no mundo da política. Disfarçados por aí, entre líderes
comunitários nas favelas, em comunidades carentes e indefesas. Sem
saber que ele próprio é um pobre carente, de dignidade, de
amizade verdadeira, de respeito, de credibilidade. Apenas um indivíduo de língua solta,
preta, e maldizente. Segue inconsequente, sem consciência da extensão do mal que possa produzir suas versões factuais espúrias sobre a realidade. Resultando, a princípio, em risos, outras vezes em indignação.
Vigiai! Muitos de nós possuímos um resquício da língua
preta de Nico. Alguns, um pouco menos, outros um pouco mais.
Imagem: ErikaHeidi.

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