sexta-feira, 5 de abril de 2013

Repórteres de todo o mundo se juntam para expor as contas secretas dos paraísos fiscais


O artigo com o título acima é de autoria do jornalista Paulo Nogueira, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo (ver abaixo). Trata sobre o vazamento de 2,5 milhões de documentos sobre contas secretas em paraísos fiscais. O exame desses documentos está sendo feito por jornalistas investigativos ligados à ICIJ, pelas iniciais em inglês: International Consortium of Investigative Journalism.

Uma associação de repórteres com base em Washington, EUA. Uma espécie de Wickleakes, porém com função prioritariamente jornalística, e não ativista como este. A ICIJ conta com a parceria dos principais jornais do mundo. Como o Guardian, o Le Monde e o Washington Post. Segundo Nogueira, nenhum jornal brasileiro consta como parceiro da ICIJ.

Informações de seus leitores, dão conta que apenas cinco jornalistas brasileiros, da área investigativa, constam na lista de colaboradores da associação. São eles: Angelina Nunes, Fernando Rodrigues, Marcelo Soares, Claudio Tognolli e Amaury Ribeiro, autor do livro “A Privataria Tucana”. Um dos raros, senão o único profissional da área que comprovou com farta documentação, a corrupção que existiu com as privatizações que aconteceram no Brasil durante o governo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. E a lavagem do dinheiro desviado, através de contas secretas em paraísos fiscais. Bilhões de reais que o povo brasileiro jamais saberá onde foram parar.

O que realmente se verifica na grande imprensa brasileira, com muita frequência, é uma constante produção de factóides de cunho exclusivamente político. E assuntos sem alta relevância para a maioria do povo brasileiro. Como sempre na história do Brasil, os grande meios de comunicação do país se auto-atribuem funções próprias das agremiações partidárias. Raramente se dedicando ao verdadeiro jornalismo investigativo, que trás luz aos fatos. Por ser uma tarefa dispendiosa que exige tempo e paciência, é relegado a um segundo plano. A prioridade é o sensacionalismo e o retorno imediato.  


Abaixo, a íntegra da matéria. 

"Repórteres de todo o mundo se juntam para expor as contas secretas dos paraísos fiscais


2,5 milhões de documentos sobre contas secretas vazam, e a repercussão está sendo mundial — mas não no Brasil.

Ilhas Caimãs

Hoje é um dia glorioso para o jornalismo investigativo nacional.

Um trabalho coletivo de jornalistas investigativos começou a publicar, em escala mundial, 2,5 milhões de documentos vazados sobre contas em paraísos fiscais.
Na origem dos vazamentos está uma associação de repórteres baseada em Washington, o ICIJ, pelas iniciais em inglês: International Consortium of Investigative Journalism.
O ICJI é uma espécie de Wikileaks. A diferença é que o Wikileaks tem uma característica mais ativista, e o ICJI é mais jornalístico. Seus integrantes, 82 espalhados pelo mundo, são repórteres. O pessoal do Wikileaks, a começar por Assange, é ativista.
Estão sendo examinados 250 000 documentos, e as repercussões já estão aí. Na França, um ex-ministro de Hollande colocou a administração deste sob fogo quando se soube que ele tinha uma conta secreta de 600 mil euros na Suíça, coisa que ele vinha negando desde que as primeiras denúncias apareceram na mídia local.
Os vazamentos, segundo o ICJI, alcançam 250 000 contas de pessoas físicas e jurídicas de 170 países.
As revelações estão sendo processadas.
É uma pena que o Brasil esteja ausente deste grande banquete de jornalismo investigativo, mas não é surpresa, dada a atitude deletéria que as corporações de mídia brasileira adotam em relação a impostos. Neste campo, o interesse particular delas vence amplamente o interesse público.
Entre os jornais que firmaram parceria com o ICJI estão o Guardian, o Le Monde e o Washington Post. Pesquisei, e não consegui encontrar nenhum jornal brasileiro.
Mas, uma vez mais: é um assunto de enorme interesse público. Evasão de impostos é, numa palavra, corrupção.
Vale ler um trecho de um artigo de hoje do Le Monde sobre o assunto.

“A exposição de casos individuais, por mais aliciantes que sejam, não deve desviar a atenção da questão de fundo: os paraísos fiscais são uma ameaça para a democracia. Minam o Estado de Direito, apostando na ocultação. São um maná para os defraudadores de todos os quadrantes. Promovem o desvio de recursos públicos, em Estados onde imperam o suborno e a corrupção. Neste mundo de uma criatividade jurídica que parece ilimitada, escondem-se valores colossais por trás de empresas de fachada. Personalidades endinheiradas mantêm aí o equivalente ao PIB conjunto dos Estados Unidos e do Japão.”

Até o momento em que escrevo, 20 horas de Londres, não tinham sido divulgadas informações sobre casos brasileiros.
Fatalmente isso ocorrerá. Mas muito provavelmente não vai ser na mídia tradicional que você saberá."


PS: O fato também foi notícia no jornal Folha de São Paulo e no site da Carta Capital.


Imagem: reprodução/mundogump
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