sábado, 24 de julho de 2021

Papéis falsos entregam banditismo na compra da Covaxin. Por Fernando Brito

Publicado originalmente por Fernando Brito, em Tijolaço: No Estadão, a revelação das falsificações grosseiras nos documentos entregues ao Ministério da Saúde pela Precisa, intermediária da compra da vacina indiana Covaxin, é mais que bastante para saber que aquela não foi uma negociação normal, mas uma picaretagem bilionária que não poderia ter avançado dentro do governo brasileiro.
www.seuguara.com.br/vacina/Covaxin/Precisa medicamentos/covid-19/

"Colar" arquivos de texto criados pela Precisa sobre documentos da Bharat Biotech, aproveitar carimbos, com erros grosseiros de grafia, tudo isso é estarrecedor e, obviamente, criminoso em si mesmo.


É estranho que o Ministério da Saúde, em tese enganado por estes expedientes sujos, não tenha reagido. Sá a Anvisa que, diante da anulação da autorização da Precisa, disse que está reavaliando o "pedido de autorização de uso emergencial e um protocolo para condução de pesquisa clínica no país" feitos por ela em nome da Bharat Biotech.


Mas como é que estes aventureiros da Precisa chegaram à empresa indiana e financiaram o envio de emissários para Nova Deli e Hyderabad, cidade onde fica a fábrica de vacinas?

A história, se bem apurada, vai se ligar à compra das doses por empresas privadas, entre elas clínicas de vacinação que firmaram contratos com a Precisa e pagaram adiantado por isso.


Era fácil de prever isso, quando se começou, dentro do Congresso a se discutir a badalada "intenção de ajudar" empresas privadas que queriam comprar doses - que no mundo inteiro, pelos fabricantes de vacina, só eram negociadas com governos - para vacinar seus trabalhadores, "doando" uma parcela ao SUS, que adiante, seriam pagas pelo poder público.


Era picaretagem, e isso era possível ver meses antes de ser consumada, quando um grupo de empresários anunciou que estaria comprando 33 milhões de doses para distribuir entre seus funcionários e doações ao SUS.


Quando esta mutreta, que chegou a ser aprovada na Câmara, empacou no Senado, os negócios se deslocaram para que ofertas milionárias e obscuras fossem feitas ao Governo brasileiro, por uma vasta fauna de intermediários: empresários "amigos", "representantes", um reverendo e até um cabo da PM.


Podem estar certos de que negócios deste valor não são feitos por funcionários de quarto escalão ou trambiqueiros rastaqueras. Eles podem estar dando a cara aos negócios, mas não são os "big boss".


Fechar o cerco sobre os falsários da Precisa pode abri caminho para que sejam revelados estes esquemas, que são bem maiores do que crê a nossa ingenuidade diante de bandidos.


Imagem: reprodução


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