terça-feira, 20 de outubro de 2009

Duzentas histórias verdadeiras.

Em homenagem aos duzentos anos do Banco do Brasil S.A. a revista corporativa bb.com.você, reuniu em livro duzentas histórias escritas pelo próprio funcionalismo ao BIP (Boletim Informativo do Pessoal) entre 1978 e 1988. Muitos colegas naquela época construiram projetos, causos e reflexões ao longo desses dois séculos.

A maioria já deixou os quadros do BB e foram protagonistas e escritores dessa seleção de textos, vindos de todos os rincões do nosso grande Brasil.

Narrativas de "passagens" que se não fossem documentadas, pertenceriam ao Folclore brasileiro. Em pelo menos uma delas fui testemunha ocular. Vale a pena recordar! São histórias verídicas que compoem a  fascinante trajetória do maior patrimonio de uma empresa - seu pessoal.

"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe" - (Charlie Chaplin).

Só mesmo quem está "por dentro da coisa" é que pode opinar com serenidade. Poucos conhecem o outro lado da moeda e podem narrar com legitimidade a verdade que existe por detrás dos fatos. Sem querer entrar no mérito da Instituição como empresa estatal, sujeita a mandos e desmandos dos governos, cujo corpo funcional é taxado, ora como funcionário público, ora como empregado comum de qualquer empresa, ao bem da verdade é bom que se diga que o sucesso de qualquer instituição está intimamente ligado à atuação do seu corpo funcional.
A seriedade do pessoal do BB, apesar de todos os percalsos e crises fez com que a empresa atingisse grandes resultados e expressivos lucros no decorrer de sua história. É esse pessoal que soube sempre manter o otimismo e o alto astral transformando batalhas amargas do dia-a-dia em grandes vitórias. E ainda relatar experiências com muito humor que vieram a enriquecer suas vidas e a  de seus colegas de missão, enquanto construiam uma carreira profissional digna.
Esqueceram as experiências negativas. Olharam sempre o lado bom da vida enquanto alí estiveram.
Os relatos reunidos que resultou no livro "200 anos, 200 histórias", que chegou até minhas mãos através do amigo João Francisco, me lembrou com muita satisfação do pioneirismo, da garra, e do "amor a camisa" daquele pessoal que tinha veia artística e que transformou uma experiência vivida em uma grande história a ser contada para os netos.
Me permitam transcrever a história da qual disse que fui testemunha. A autoria é do amigo, colega, ex-chefe, irmão, Armestrong Nicolau.

Essas máquinas maravilhosas e suas mensagens sutis.

É curioso como as coisas ganham certas dimensões e tornam-se alvo de intermináveis comentários nas cidades do interior.
A nossa querida Imbituva, no Paraná, não foge à regra. E isto ficou evidenciado para nós desde a inauguração da agência. O novo prédio, os primeiros financiamentos, os novos moradores que chegavam com o Banlco, tudo ia servindo de pretexto para encompridar conversas nas rodas de amigos. Não faltavam os mais informados, ou aqueles que confessavam conhecer alguém lá da filial recém-inaugurada. "um deles é meu vizinho, alugou casa ao lado da minha, me convidou para um cafézinho na agência."
Não foi de modo diferente quando enltrou em uso a nova autenticadora eletrônica de documentos, serviço pioneiro na praça.  notícia se espalhou. Em pouco, não havia quem não quisesse dar uma passada no Banco para pelo menos uma espiadela na "maravilhosa máquina". Um mais afoito arriscou o palpite (erradamente, há de se convir): "São os chamados computadores. Fazem de tudo." Outro retrucou, enérgico: "essas máquinas modernas estão tomando o lugar do homem em toda a parte."
Com o tempo, acabaram descobrindo que a máquina não tinha vindo para tomar o lugar de ninguém, mas para ajudar os funcionários em suas tarefas. E Imbituva voltou à vida normal, rotineira.
O mesmo não acontecia dentro do Banco. E isto por obra e graça da maltida poeira - um sério problema em toda a região de Imbituva -, que diariamente teima em se esparramar pelos móveis da agência, para terror dos funcionários e principalmente da nossa encarregada da limpeza.
Assim, aconteceu um dia que, cansado de ter que diariamente limpar o pó de sua autenticadora, o caixa por ela responsável decidiu recorrer aos préstimos da faxineira. Pediu-lhe então que, quando da limpeza da bateria, retirasse a capa de sua máquina e fizesse "uma limpeza parcial da mesma".
No dia seguinte, a surpresa foi geral. Não só a autenticadora do colega, mas todas as outras máquinas estavam imaculadamente limpas. "Milagre!", gritou um deles. "Um anjo bom passou por aqui, aliviando os caixas dessa tarefa matinal", falou o outro. A resposta veio mais tarde, com a chegada ao Banco do vigia que presenciara o trabalho da faxineira. Ao levantar a capa da máquina, a mulher deparou-se com o encerramento diário da autenticadora, carimbado e rubricado pelo seu supervisor. Fula da vida, virou-se para o vigia: "Veja só. Apesar de toda a dedicação, nunca estão contentes com o serviço da gente. Eu faço o que posso para limpar tudo, mas não sabia que era também para limpar as máquinas. Mas olhe, é minha obrigação sim, está tudo escrito aqui, e até assinado pelo chefe: limpeza total diária."
O resultado foi que, a partir daí, passamos a ter as máquinas mais limpas da cidade. Mas como a necessária ressalva: não era mais preciso deixar o recado por escrito. Ela sabia muito bem de sua obrigação. O que a faxineira não sabia nem desconfiava era que ali não havia nenhum recado. Mas a ficha-detalhe com os dizeres "limpeza de total diário."

                                      - Narrativa publicada no Boletim (BIP) nº 202, em fevereiro de 1986. 

PS: por coinscidência do destino, um dos caixas, é este ser que vos fala.
       Quer acrescentar um testemunho? Fique a vontade.

             
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2 comments:

Anônimo disse...

como faço para conseguir esse livro das duzentas historias contadas por antigos funcionários?

GUARACI CELSO PRIMO disse...

O livro é um trabalho da equipe editorial do bb.com.você. E-mail: bbcomvoce@bb..com.br - Fone: (61) 33101189 ou 3310-3556.
Grato pelo comentário.

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