Transformar a política em guerra total só produz vencidos, por Fernando Brito
O governo Bolsonaro, a rigor, é o corolário de um processo que se iniciou há seis anos, quando se começou a colocar a demagogia moralista no lugar da política. Melhor dito, foi o corolário, porque já passamos para a fase em que o moralismo vai se tornando Inquisição e desejo de extermínio do que se considera pecador, herege, blasfemo.
Não é só nas hordas bolsonaristas que isso acontece, embora entre estes isso aconteça de uma forma furiosa, tão crescente que chega a ser preocupante.
Acontece, também, na ânsia de Rodrigo Maia de se cacifar politicamente como "representante do mercado", conduzindo o Parlamento com um atropelo inaudito, nesta reta final, para a aprovação da reforma da Previdência.
No outro poder da República, o Judiciário, há um impensável nó em que se faça o que é seu óbvio dever, o de normalizar um processo judicial criminosamente pervertido, cuja única "justificativa" é a condenação ideológica e a condenação - essencialmente política - de um ex-presidente que, queira-se ou não, é a referência de um terço dos brasileiros.
Não é difícil ver que está aí boa parte da ruína brasileira.
Ainda que tivéssemos uma liderança política capaz de conduzir o país em alguma direção, seria impossível fazê-lo.
E o país não andar, paralisado por um clima de briga de rua, é aquela ruína a que me referi.
A condução da política e de toda a vida social pelo ódio, opção evidente deste governo, é a barreira mais forte que se coloca a qualquer pretensão de recuperação econômica.
Todos os caminhos que se apontam são os da destruição e demolir só é sábio quando se tem um projeto de construção.
Não há projeto para o país, não há projeto senão o de esperar que tudo possa acontecer sozinho.
Somos uma terra arrasada, a qual se espera que se mais queimarmos e queimarmos, torne-se fértil.
Só para o mato do abandono.
Por Fernando Brito, no Tijolaço
Imagem: reprodução

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