sexta-feira, 3 de abril de 2020

Mais de 50% das publicações a favor de Bolsonaro são feitas por robôs

No dia 15 de março, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usaram o Twitter para homenageá-lo criando a expressão #BolsonaroDay, que naquele dia entrou nos Trending Topics como um dos dez mais falados no planeta. Horas depois, 1,7 contas contas que publicaram sobre o assunto foram apagadas do Twitter. Só restaram os perfis fakes elogiando Bolsonaro.
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, divulgado pelo jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira (03), mostra que robôs foram responsáveis por 55% das publicações favoráveis ao presidente.

A pesquisa identificou a ação de 23,5 mil usuários não humanos a favor do presidente em um universo total de 66 mil usuários que publicaram a "hastag" naquele dia.  

Segundo o levantamento, é um exército de "bots" e ciborgues criados, cultivados e programados para fazer bombar o assunto que for conveniente para quem os comanda, no exato momento escolhido para o ataque.

A essa tropa somam-se 1,7 mil contas que publicaram sobre #BolsonaroDay e, horas depois, foram apagadas do Twitter. 

O comportamento, segundo a pesquisa, é típico de bots. Antes de sumir, o grupo foi responsável por 22 mil tuítes a favor de Bolsonaro. 

No dia, o #BolsonaroDay entrou nos Trending Topics mundiais do Twitter, ou seja, foi um dos dez assuntos mais falados no globo. 

As informações foram processadas no software com inteligência artificial "Gotcha". O classificador de bots foi desenvolvido nos últimos dois anos pelo Laboratório de Microssociologia e Estudo de Redes (NetLab) da UFRJ, com apoio da startup Twist System. A parceria com o Núcleo de Etnografia Urbana (NEU) da Fesp consistiu em treinar, ao longo de um ano, o algoritmo para funcionar com base em um banco de dados temas relacionados à política brasileira.

O "Gotcha", referência ao termo em inglês para "te peguei", tem funções semelhantes ao americano "Botometer". A ferramenta da Universidade de Indiana é usada para identificar a participação de robôs em redes sociais para conteúdos em língua inglesa.

"Um uso massivo de robôs não quer dizer necessariamente que aquela campanha nas redes sociais está fraca e precisou ser inflada", explica a doutora em Antropologia Social e autora do estudo, Isabela Kalil. "O bot não vota nem adoece de Covid-19, por exemplo, mas influencia a forma como os humanos votam e se previnem ou não diante de uma pandemia".

Imagem: reprodução

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