terça-feira, 18 de agosto de 2020

"É o país da hipocrisia", diz médico do hospital que realizou aborto em criança de 10 anos

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Jornal GGN - Olímpio Barbosa de Moraes Filho, diretor do Cisam, hospital responsável por acolher e realizar o abroto na menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio no Espírito Santo, afirmou em entrevista à BandNews, nesta segunda (17), que o Brasil é o "país da hipocrisia" e que a defesa à vida feito hoje por conservadores é "uma falácia".

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"A classe alta procura o aborto com maior frequência do que a classe desfavorecida. O Brasil é o país da hipocrisia. A defesa da vida é uma falácia. Se consideram que o embrião tem vida, deveriam estar nas portas das clínicas de reprodução humana, que descartam milhares de embriões", disparou.


Na entrevista, Olímpio afirmou que nunca passou pela situação registrada na noite de domingo (16), quando cerca de 200 pessoas foram ao Cisam, em Recife, para protestar contra ou a favor do precedimento realizado na memina, que engravidou após estupros recorrentes do tio de 22 anos, que está foragido.


A Justiça de Espírito Santo autorizou o procedimento na criança, mas os médicos do Estado se recusaram a realizar o aborto. Ela precisou ser transferida para Recife. Nas redes sociais, militantes anti-aborto como Sara Winter espalharam o nome da menina e a localização do hospital para provocar confusão.


"O mais importante é que ela não queria. Você obrigar uma criança a uma gravidez força é uma tortura. Ela já foi violentada por vários anos. Não colocaria novamente essa criança em outro estado de violência", disse o médico.


O diretor do Cisam, o hospital de referência em saúde da mulher no Recife, ainda comentou que a unidade realiza cerca de 50 interrupções de gravidez por ano., Segundo ele, os casos envolvendo crianças são mais "raros" ali. 


A menina tomou um remédio no domingo para paralisar o coração do feto com 22 semanas e hoje pela manhã tomou outra medicação para ajudar nas contrações para expulsar o feto via parto natural.


Imagem: reprodução

[Como Damares comandou a campanha de violência contra a criança que engravidou depois de estupro: "O encontro da intolerância religiosa com a direita brasileira produziu um novo marco de violência: contra as crianças e adolescentes, mas também contra o Sistema Único de Saúde. O uso político do caso da menina de dez anos que engravidou começou no governo federal, se espalhou nas redes bolsonaristas até que, enfim, se converteu em palanque para deputados estaduais e vereadores".


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