quarta-feira, 6 de julho de 2011

Itamar Franco - alguns fatos sobre sua trajetória política

A morte do senador Itamar Augusto Cautiero Franco, neste sábado, 02/07/11, deixa uma lacuna difícil de ser preenchida no cenário político do país. Internado no hospital Albert Einstein desde o dia 21 de Maio, com diagnóstico de leucemia, no decorrer do tratamento foi acometido por grave pneumonia, que o levou a um enfarto fulminante. Itamar Franco, quando no exercício da presidência do Brasil, foi o precursor do Plano Real. O mais importante Plano Econômico já posto em prática no Brasil. Estabilizando a economia, e colocando um ponto final à crise hiperinflacionária, que chegou a 1.100% em 1992, e superior a  2.500% no ano seguinte.
Itamar Franco nasceu em 28 de Junho de 1930, a bordo de um navio, entre Rio de Janeiro e Salvador. Seu registro civil foi feito na capital baiana, mas cresceu na cidade de Juiz de Fora (MG), origem de sua família. Em 1955, formou-se em engenharia civil, ano em que começou seu interesse pela política. Filiado ao PTB, tentou se eleger vereador em 1958, e a vice-prefeito em 1962, sem sucesso. Chegou à prefeitura da cidade cinco anos depois já filiado ao MDB, após o golpe militar de 1964, quando foi instituído o bipartidarismo.

Foi prefeito de Juiz de Fora entre 1967 a 1971. Em 1972 foi reeleito. Em 1974, renunciou ao cargo para concorrer e ser eleito para seu primeiro mandato no Senado Federal. Na década de 1980, quando o pluripartidarismo é reestabelecido, Itamar Franco, se filia ao PMDB (antigo MDB), e em 1982 é reeleito Senador na chapa de Tancredo Neves, que foi eleito governador.

Pretendendo ser governador, encontra resistências do seu partido, deixa o PMDB e se filia ao PL sendo candidato por esta legenda, em 1986. Foi derrotado pelo candidato Newton Cardoso, do próprio PMDB, pela diferença de 1% dos votos. Volta para seu mandato de Senador, onde ficaria até 1990.
Líder do PL no Senado, dentre as principais votações da Assembleia Constituinte, votou a favor; do rompimento das relações com os países que tinham política de discriminação racial; do estabelecimento do Mandado de Segurança Coletivo; da remuneração de 50% superior para o trabalho extra; da jornada semanal de 40 horas; do turno ininterrupto de 6 horas; do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço; da unicidade sindical; da soberania popular; da nacionalização do subsolo; da estatização do sistema financeiro; da limitação do pagamento dos encargos da dívida externa; e da criação de um fundo de apoio à reforma agrária. Foi contra a pena de morte; o Presidencialismo; e a prorrogação do mandato de José Sarney.

Em 1989, Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas, resolve se candidatar à presidência da República, na primeira eleição direta desde 1960. Convida Itamar Franco para ser seu candidato a vice. Itamar aceita o convite, deixa o PL, e se filia ao PRN partido de Collor, que é eleito. Na vice-presidência, se afasta de Collor, divergindo quanto à política econômico-financeira adotada por seu governo. Critica o processo de privatizações, e a aplicação de fundos resultantes das vendas das Estatais. Em 1992 acontece a reforma ministerial que traz ao governo, ex-colaboradores do regime militar, como: Célio Borja, Pratini de Morais e Ângelo Calmon de Sá. O vice-presidente, desliga-se do PRN. No mesmo ano, após sucessivas denuncias de corrupção, dá-se início o processo de Impechment do presidente. Itamar Franco, assume o cargo até que o Senado concluísse sobre o processo. Collor renuncia.

No ano seguinte, enquanto o novo presidente exercia interinamente o cargo,  e em conformidade com a Constituição brasileira, realiza-se o Plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil. O resultado das urnas apresenta 66% dos votos a favor da República, e 10% à Monarquia; O Presidencialismo recebe 55% dos votos, e o Parlamentarismo 25% dos votos. Em Fevereiro de 1994, o presidente Itamar Franco lança o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda, a partir da idealização do economista Edmar Bacha, quando foi criada a Unidade Real de Valor (URV) para todas as transações comerciais.  Ocasião em que Itamar nomeia para Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que depois seria eleito presidente do Brasil. Esta foi a primeira vez, desde a década de 1920, que um presidente indica e elege seu sucessor. FHC conduz bem o Plano de estabilização econômica, ora implantado por Itamar. Colhe os louros da vitória, que por principio pertenceriam a Itamar Franco. Propõem alterar a Constituição, para ser o primeiro presidente do Brasil a ser eleito para um segundo mandato, e consegue.

Em 1995, Itamar Franco foi embaixador em Portugal e na Organização do Estado Americanos (OEA), nos Estados Unidos. De volta ao Brasil e ao PMDB, tentou  se lançar candidato à Presidência, nas eleições de 1998. Novamente encontra resistência do partido, que prefere apoiar a reeleição de FHC. Decide então, candidatar-se ao governo do Estado de Minas Gerais, e é bem sucedido. De início causa uma crise com o Banco Central, ao decretar moratória para renegociar a dívida do Estado. A suspensão do pagamento durou pouco tempo em virtude das retaliações do governo federal, que suspendeu o repasse de recursos ao Estado.

No início deste ano, Itamar Franco afirmou ao programa GloboNews, em uma série de reportagens com ex-presidentes, que a maioria dos críticos da atualidade, não lembram dos seus feitos. Exclusivamente o fato de o Plano real ser associado apenas a FHC. E faz uma revelação do dia em que chegou a presidência.




Um episódio que marcou seu governo em Minas, foi a retomada do controle acionário, por meio judicial, da estatal elétrica Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que teve parte vendida no governo anterior de Eduardo Azeredo (PSDB). Outro, foi sua reação contundente diante da intenção do governo federal em privatizar a estatal Furnas, o que não foi levado adiante.

Em 2009, pretendeu disputar a sucessão presidencial do ano seguinte, se filiando ao PPS. Em seu discurso de filiação criticou Lula e o PT. Depois, fez críticas também a José Serra, mesmo declarando apoio ao PSDB em 2010. Itamar, apoiava Aécio Neves. Mais tarde, Aécio e Itamar, anunciam candidatura ao Senado. Os dois são eleitos. De volta à Brasília, faz parte da Comissão da reforma política da casa, e continua a ser o político atuante que sempre foi. No Senado, Itamar disparou contra tudo e todos, defendendo o fim do voto obrigatório e a reeleição. Ele defendeu também o veto à possibilidade de retorno ao Planalto de quem já cumpriu dois mandatos. Itamar, sempre fora uma voz sensata ao defender os interesses do povo brasileiro.

 


Em um recente debate, Itamar Franco desabafou: "A vida é essa, a vida e essa. Tudo que se fez se esquece.  Desculpe essa minha insistência, mas eu fico realmente imaginando que eu estou em um outro mundo. A vida me conduziu para cá, Deus deve ter lá seus motivos, mas, enquanto eu estiver aqui, não vou permitir, sinceramente, que se esqueçam da luta no passado, que foi uma luta terrível". 

Fica o exemplo. 
Difícil encontrar, hoje em dia, um político ético, digno e decente, como foi Itamar Franco. 



Com informações: Portal Terra.
                             Delcio Marinho.
Imagem: AmoscaAzul.

         
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