terça-feira, 4 de novembro de 2014

Breves do Facebook

Pablo Ortellado: “O papa Francisco às vezes me faz lembrar de um comentário da Hannah Arendt sobre o João XXIII: "Como foi que os cardeais deixaram um verdadeiro cristão se tornar papa?"

Maurício Abdalla: “Chamar de comunista um país cuja única reforma agrária foi a das Capitanias Hereditárias é sintoma de alguma enfermidade...”

Bruno Cava Rodrigues: “O governo do PT vem compactuando com o esmagamento sistemático de lutas, protestos, ocupações, organizações, dissidências e agora tem a arrogância de convocar "unidade de esquerda" contra a ocupação das ruas pela direita. Em 2014, é muita incapacidade de ver-se como parte do problema e achar que detém alguma legitimidade para falar em lutas sociais.


Eduardo Viveiros de Castro - Na veia: “Na verdade, costumo dizer o seguinte: dois séculos de guerra bruta não conseguiram fazer o serviço que um pequeno período de democracia está fazendo – o de integrar de maneira absoluta essa diversidade cultural. (...) [E]nfiam lá um monte de representação e dizem: "Essa é do comitê de não sei o quê", "o conselho de mulher", "o de saúde", "de educação". Eles vão esvaziando a identidade desse índio e ele acaba virando uma espécie de uma figura parecida com sindicalista." (Ailton Krenak, 2009)

Rudá Guedes Ricci

UM NOVO CANSEI?

Não sabemos, ainda, se temos um país fervendo em fogo baixo ou se vivenciamos mais um ato juvenil de quem não conseguiu desenvolver o superego político, fundamental para o jogo democrático. O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, que ficou conhecido pelo nome "Cansei", surgiu em 2007 para criticar o governo Lula. A OAB do Rio de Janeiro avaliou ser uma mobilização elitista. Já a seção paulista da OAB foi um dos patrocinadores desta articulação.

Rapidamente, seus membros foram apelidados de "cansados". Forrado de artistas globais, cantores populares, empresários e socialites, rapidamente se revelou um sonho de noite de verão.
A agitação nas redes sociais e em uma ou outra rua de capital brasileira, agora envolvendo jovens de classe média, exigindo impeachment da Presidente da República e até intervenção militar em nosso país teria o mesmo destino? Ontem, tivemos a maior manifestação até agora, envolvendo 2.500 jovens na capital paulista. Imersos nas poucas gotas que caem nos últimos meses em São Paulo, parece partir deste Estado um grito rouco de sentimentos mais atávicos e irracionais pelo exclusivismo do que parte de seus moradores considera seus direitos. Alguns flertaram com a xenofobia no início do primeiro turno das eleições que acabaram de encerrar.

Analisar a dimensão e poder de mobilização desta articulação de direita juvenil não deixaria de ser exercício de futurologia. Mas é possível sugerir que se trata de incapacidade adolescente de lidar com adversidade. No segundo turno, esta ainda pequena porção da juventude paulistana gritou e esbravejou por seu candidato. No dia 22, procuraram colocar alguns na rua entoando a palavra de ordem de junho de 2013 ("Vem prá rua"). Não tiveram a mesma sorte que os mobilizadores do ano passado. Mas continuaram tentando. Postaram provocações e ataques nas redes sociais. A palavra mais usada foi "vergonha". Mas, rapidamente deslizavam para algo mais ofensivo. Imaturos politicamente, não conseguem respeitar o jogo democrático e pressionam por uma nova chance, ,já que se consideram os novos templários da Cruzada do século XXI.

Como o Cansei, este pessoal jovem não compreende que para ter força de mobilização de massas é necessário comer vários quilos de sal. Não basta uma eleição acirrada para colocar milhares nas ruas. Mas uma coisa é certa: se revelam menos cansados que as tias e tios que tentaram algo parecido em 2007.

Hugo Albuquerque – “A manifestação ocorrida agora há pouco na Avenida Paulista precisa ser repudiada. O pedido de intervenção militar e de impeachment consistem em atentados contra a democracia. A presença de mais de mil pessoas é sim preocupante. É hora não só da esquerda se reposicionar - antes que se una na cadeia -, mas também dos setores democráticos como um todo se posicionarem. Soube que o Goldman, felizmente, fez uma declaração contrária, mas é preciso que mais líderes tucanos façam o mesmo. Se essa caixa de pandora for (definitivamente) aberta, sem exageros, pagam caro todas as forças não-autoritárias: a espiral diabólica pode sim engolir o Brasil. O Brasil não é para amadores - e é por meio de coisas pequenas assim que a catástrofe vem.”

Eduardo Viveiros de Castro - Tive de cortar relações com um correspondente aqui deste FB que insistia (e como era insistente...) em denunciar racismo em minhas postagens a respeito das promessas de Dilma Rousseff de "inclusão" dos negros feitas ao mesmo tempo em que silenciava estranhamente sobre a demarcação das terras quilombolas (e indígenas).

O dito correspondente teimava em não entender que o que eu estava criticando era a noção de "inclusão", pois vejo essa palavra como um eufemismo para "treinamento de força de trabalho em vista de maior engrandecimento do capital e maior controle político da massa". Tanto faz que sejam "negros", "pobres", "mulheres" ou "índios" — seja quem for nomeado como alvo de "inclusão", imediatamente desconfio do que se pretende realmente fazer com a categoria em causa. (Lembremos da planejada "inclusão" das mulheres grávidas em um cadastro nacional, e o que isso poderia significar em termos de controle anti-aborto).

Recordo ainda que a querela começou porque citei a incrível carta de Abílio Diniz a Dilma Rousseff sobre a necessidade de "aumentar a produção média do trabalhador". Como o dito correspondente é petista fanático (isto é, malicioso), minha dúvida sobre as verdadeiras intenções (ainda que, e especialmente se, inconscientes) por parte da presidente eleita se transformou automaticamente em eu "ser contra a inclusão dos negros", ~ergo~ em racismo.

A ironia contra Dilma tornou-se, em sua mente distorcida, uma ironia contra os negros. Não vou sequer ridicularizar tal acusação, que já vai se tornando, no caso do dito correspondente, uma verdadeira campanha de difamação. Apenas registro que tirei esse chato de minha vista - que ele vá fazer sua campanha em outra dobra desta rede. Se o virem por lá, por favor não me avisem...”

Rudá Guedes Ricci

MARINA SEM AFETO

“Imagino a raiva de Aécio com esta história montada pela Marina. Eles fizeram tudo certo e montaram o palco para ela. PSB fechado (mais ou menos fechado) e Eduardo Jorge, idem. Família de Campos fazendo capela ao fundo. E o que Marina faz? Joga Aécio aos leões. Foi deslealdade pura. OU diz que apoia ou diz que não apoia. É assim que liderança política faz. Mas criar esta arapuca com condições para se safar do apoio vai compondo uma persona que é difícil de engolir.
Marina não tem afeto por ninguém.”

Publicado originalmente no Unisinos
Imagem: reprodução/mulawka.com

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