Política: consórcio da Lava Jato foi trampolim para extrema direita, diz professor nos EUA
Publicado originalmente no Conjur - Com o discurso de combater a corrupção, a auto proclamada operação "lava jato", consórcio formado a partir da 13ª Vara Federal de Curitiba, enfraqueceu a democracia e o Estado de direito e reproduziu estratégias adotadas por populistas e líderes iliberais, que buscam minar as instituições em benefício próprio.
Esse discurso, potencializado pela imprensa, ganhou as ruas e acabou por favorecer a eleição do presidente Jair Bolsonaro.
A análise é de Fabio Sa e Silva, professor de estudos brasileiros na University of Oklahoma, nos Estados Unidos, a partir de pesquisa que codificou 194 entrevistas concedidas por membros da "lava jato" e pelo ex-juiz Sergio Moro de janeiro de 2014 a dezembro de 2018, somando mais de mil páginas de conteúdo. O estudo foi publicado no último dia 10/10 no Journal of Law and Society.
Em entrevista à DW Brasil, Sa e Silva afirma que as entrevistas indicam que os operadores tinham uma "gramática política" estruturada, que incluía pressionar pela mudança de normas em benefício da própria força-tarefa, classificar os que resistiam a alterações como inimigos do povo e contornar a lei quando necessário para alcançar objetivos políticos.
Para ele, a retórica dos integrantes indica que eles "estão muito mais próximos da ideia de identificação e perseguição do inimigo do que propriamente da contenção de arbitrariedade no exercício do poder, que é a chave do liberalismo".
O professor da University of Oklahoma identifica na força-tarefa um discurso iliberal, conceito aplicado a líderes que enfraquecem as instituições e regras que garantem a limitação do exercício de seu poder, e aponta ser "difícil negar que a luta anticorrupção serviu como plataforma para a extrema direita no Brasil".
Via: DCM
Imagem: reprodução/Foto: Agência Brasil/C Antunes
[Ex-procurador da Lava Jato pede "Fora Bolsonaro": "Falando em "corrupção evidente nos gabinetes" da família Bolsonaro e da guerra criada pelo mandatário para proibir a vacina chinesa, o ex-procurador da Opração Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, que foi um dos líderes da força-tarefa de Curitiba, pediu "Fora Bolsonaro" em coluna, publicada no Uol, nesta sexta (23). "A saída de Bolsonaro do poder é uma obrigação moral. Seja pela sua não reeleição ou, a via mais urgente, pelo impeachment, que existe para dar uma solução para situações em que haja um crime de responsabilidade. E deixar que brasileiros morram por opção política é sim suficiente para isso", escreveu."]
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