Política: 'Bolsonaro decreta silêncio sobre Pazuello'. Por Fernando Brito
Assim, não se sabe se o comando do Exército cumpriu o seus dever de abrir processo disciplinar sobre o fato de Eduardo Pazuello ter ignorado o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército e ter atendido o chamado direto do presidente da República para participar do ato político dos motociclistas do Rio de Janeiro.
Está evidente que o ato disciplinar oculto deixa de ser um ato disciplinar porque, sendo escondido, não é capaz de disciplinar alguém.
O general Paulo Sérgio Nogueira tem completa autonomia legal e administrativa para abrir uma apuração de infração disciplinar de Pazuello, sem precisar de autorização presidencial ou mesmo de Braga Netto. As informações são de que, após consulta ao Alto Comando do Exército, já o fez, com três dias de prazo, como manda a lei, para a apresentação de defesa.
A "ordem" do Planalto, porém, anula na prática a decisão e faz ao Exército o pior dos males: o disse-me-disse, a intriga, a incerteza.
Nada pior que estar sendo tratada como "secreta" ima eventual advertência por ato praticado publicamente, transmitido pela televisão.
Serve apenas para tornar a transgressão impune e a punição inútil, porque "abafada".
Isso só ocorrerá se com uma punição de advertência simples, restrita aos boletins internos reservados e, assim, sem o exemplo para tropa.
Imagem: reprodução/Foto: Marcelo Frazão/Agência Brasil
[Bolsonaro proíbe Defesa e Exército de se manifestarem sobre ato com Pazuello: "Jair Bolsonaro proibiu nesta segunda-feira (24) que o Ministério da Defesa e o Comando do Exército se manifestem sobre a participação do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, contrariando as regras sanitárias, no ato político de apoio a Bolsonaro.
(...) Mais cedo, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, decidiu abrir um processo disciplinar contra Eduardo Pazuello. Além de provocar aglomeração e dispensar o uso de máscara para proteção contra Covid-19, Pazuello ignorou estatuto que proíbe a participação de militares da ativa em manifestações politicas."]
Se um general da ativa não respeita o Exército e seus regulamentos, quem respeitará?
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) May 24, 2021
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