Ditadura: Presidente do Tribunal Militar ironiza áudios sobre tortura: "Não estragou a Páscoa de ninguém"
Em sua fala, Luís Mattos afirma que a publicação dos áudios tem por objetivo atacar as Forças Armadas. Também afirmou que ninguém teve o seu feriado da Páscoa afetado por conta da revelação d material.
"Tivemos alguns comentários contra o nosso tribunal, contra a Justiça Militar de uma maneira geral [...] Então, aquilo ali a gente sabe os motivos do porquê que isso tem [...] querendo atingir as Forças Armadas, o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e sem dúvidas a nós, que cuidamos da disciplina, hierarquia, que são nossos pilares [...] nós não temos resposta nenhuma para dar, simplesmente ignoramos uma notícia tendenciosa daquela. Garanto que não estragou a Páscoa de ninguém", declarou o presidente do STM.
“Não estragou a Páscoa de ninguém”, diz presidente do Superior Tribunal Militar na primeira sessão após divulgação de áudios que comprovam torturas durante a ditadura.
— Metrópoles (@Metropoles) April 19, 2022
“Não temos resposta nenhuma pra dar, simplesmente ignoramos”, afirmou Luis Carlos Gomes Mattos. pic.twitter.com/KLkw6NExSv
Áudios mostram que Superior Tribunal Militar sabia de tortura de grávidas na ditadura
Áudios inéditos divulgados pelo historiador Carlos Fico, da UFRJ, através da colunista Miriam Leitão, de O Globo, mostram ministros do Superior Tribunal Militar (STM) falando sobre práticas de tortura durante a ditadura militar em sessões realizadas no período autoritário. Essas gravações mostram que o STM sabia que pessoas eram torturadas pelo regime, incluindo mulheres grávidas. Os registros vieram à tona duas semanas após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colocar em dúvida a tortura sofrida por Miriam Leitão, presa enquanto esteve grávida.
"Quando as torturas são alegadas e, às vezes, impossíveis de ser provadas, mas atribuídas a autoridades policiais, eu confesso que começo a acreditar nessas torturas porque já há precedente", diz o ministro Waldemar Torres da Costa em um dos áudios divulgados neste domingo (17). A gravação é de 13 de outubro de 1976.
Em 24 de junho de 1977, o ministro Rodrigo Otávio Jordão Ramos fala no tribunal sobre a tortura de mulheres grávidas. O ministro narra que Nádia Lúcia Nascimento, presa política pertencente ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), foi forçada a abortar após "choques elétricos no aparelho genital".
"Fato mais grave suscita exame, quando alguns réus trazem aos autos acusações referentes a tortura e sevícias das mais requintadas, inclusive provocando que uma das acusadas, Nádia Lúcia do Nascimento, abortasse após sofrer castigos físicos no DOI-Codi", disse o general.
O militar também narra a tortura sofrida por Lícia Lúcia Duarte da Silveira. "Lícia Lúcia Duarte da Silveira desejava acrescentar que quando esteve presa na Oban foi torturada, apesar de grávida, física e psicologicamente, tendo que presenciar as torturas infligidas a seu marido".
Alguns ministros colocam dúvidas sobre as denúncias com o objetivo de obstaculizar as investigações.
Para escutar os áudios, clique aqui
Imagem: reprodução

Clique aqui para assinar nosso feed. O serviço é totalmente gratuito.
0 comments:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante para agregar valor à matéria. Obrigado.