Por Fernando Miller, no DCM: As apurações do STF que investigam o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid por suas operações financeiras com dinheiro vivo no gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro mostrarão Michelle como sendo uma das principais destinatárias do serviço do militar. De acordo com a reportagem de Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo no Metrópoles publicada nesta sexta-feira (3), há documentos e mensagens que comprovam que, sempre que precisava de dinheiro, a ex-primeira dama pedia a seus auxiliares que procurassem por ele para resolver.
Com um staff de pelo menos três oficiais, sempre havia alguém pronto para atendê-la nas mais diferentes tarefas, como entregar os recursos em espécie, pagar boletos e outras despesas de cunho particular, dela ou de seus parentes.
Ima dessas despesas pagas com regularidade, por exemplo, era a mensalidade da faculdade de arquitetura de sua meia-irmã, Geovanna Kathleen:
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Boleto da faculdade de arquitetura da meia-irmã de Michelle. Reprodução Metrópoles |
Várias vezes Michelle solicitava a Cid que enviasse recursos que teriam como destinatários finais seus parentes, em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, onde reside sua família. As mensagens eram, em regra, enviadas por WhatsApp, o que facilitou a vida dos investigadores, que atuam sob o desígnio de Alexandre de Moraes.
Na nuvem de dados do tenente-coronel há diversas mensagens que apontam para o rumo que a investigação deve tomar. No print, um assessor pede expressamente para que seja feito um saque no valor de R$ 584,60 para que fosse pago um boleto. Em resposta, Cid disse: "Só peça dinheiro a mando dela!!!". "Eu estou indo pra rua agora qualquer coisa eu passo no planalto e pego."
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Print de conversa em que Cid se prontifica a mandar dinheiro para Michelle. Reprodução |
Eventualmente, o valor era maior. Como mostra essa outra tela capturada, em 11 de janeiro de 2021, houve uma solicitação de que fosse realizado um depósito de R$ 3 mil na conta dela.
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Funcionário acionando Cid para que providencie R$ 3 mil para Michelle. Reprodução Metrópoles |
Esses pedidos, aliás, eram normalmente atendidos por meio de depósitos realizados na conta pessoal da ex-primeira dama, em dinheiro vivo, na boca do caixa, como demostra o comprovante abaixo:
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Imagem/reprodução: Metrópoles |
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[Segredos do Alvorada: "(...) Para além dos já conhecidos estragos deixados para trás, nos quatro anos em que esteve à disposição de Jair e Michelle Bolsonaro, o prédio projetado por Oscar Niemeyer para ser a principal residência da Presidência da República do Brasil foi lugar de confusões barulhentas, assédio moral a funcionários e de transações financeiras pouco usuais que vão ao encontro das suspeitas de caixa 2 reveladas há duas semanas pela coluna e que, neste momento, estão sob investigação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Relatos de quem viveu o cotidiano do palácio nos últimos anos, documentos e outros registros inéditos, como gravações e mensagens de WhatsApp, revelam segredos do período em que a residência oficial foi ocupada pelos Bolsonaros e escancaram a diferença abissal entre o discurso público do ex-casal presidencial e o comportamento adotado longe dos holofotes, por detrás das vidraças do Alvorada.
(...)"]
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