sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CPI do Cachoeira - uma novela de enredo tenebroso e duvidoso

Para quem acompanha o desenrolar da CPI do Cachoeira tem constatado que ela se transformou em uma novela de quinta categoria. Como comentou o jornalista e analista político Bob Fernandes, para o jornal da TV Gazeta. Até aqui, só serviu mesmo para desmascarar a farsa do probo faxineiro da República, ídolo da mídia partidarizada. O ex-senador cassado, Demóstenes Torres.
Veja abaixo o vídeo e a transcrição do comentário de Fernandes se referindo à entrevista de Paulo Vieira de Souza, também conhecido como "Paulo Preto", à revista Piauí. Paulo foi comandante da a campanha presidencial de 2010, é ex-diretor da Dersa em São Paulo, no governo José Serra. Em resposta a uma das perguntas feitas pela revista, respondeu: "se abrir as contas de Rio e São Paulo, o Brasil cai" (a CPI abriu as contas só de Brasília e Goiás).

Além de tudo, a CPI do Cachoeira revela uma demanda brutal entre parlamentares da oposição e Governo, para ver quem coloca e envolve mais correligionários no processo. Corrupção da grossa. Como grosso é o volume de dinheiro público envolvido, que dele usufruíram criminosamente corruptos e corruptores.

O relator, deputado Odair Cunha (PT/MG), tem sentido na pele a pressão dos oposicionistas, que já o chamaram de "louco", "vingativo", "charlatão" e outras coisas. Principalmente agora, quando foi decidido incluir um editor da revista Veja no relatório da CPI. Não demorou nada para surgir um pacto mafioso em defesa da Veja. Os barões da mídia deixaram de lado a concorrência de mercado e saíram em defesa do editor da revista, Policarpo Jr. Comprovadamente ligado ao principal acusado no escândalo, o Carlinhos Cachoeira. A todo momento surge uma matéria tentando desqualificar o relatório da CPI. 

É possível que o resultado desta Comissão Parlamentar de Inquérito não termine em pizza. Como disse um articulista político, "não existira forno para o seu tamanho". O resultado poderá ser inesperado. Mas para agradar "gregos e troianos" envolvidos, muita coisa ficará inexplicavelmente de fora.




Terra Magazine

 "Se CPI abrir as contas, o Brasil cai”, disse, com razão, Paulo Vieira"

"O enredo da CPI do Cachoeira era poderoso, mas apenas pequena parte dessa novela foi encenada. Enredo com corrupção da grossa. Com uso de dinheiro público, com governadores da oposição e da situação envolvidos e, até, com capítulos de paixão e amor. CPI que teve a habitual musa. No caso, Andressa Mendonça; num sinal dos tempos, a musa é mulher do réu, Cachoeira, que deu nome a essa novela de quinta categoria.
Novela de quinta porque a CPI sequer ouviu o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Aquele das noitadas e festas com guardanapos em Paris e cercanias.
Sérgio Cabral, amigo de Fernando Cavendish. E Cavendish é o dono da Delta, principal locação dessa novela. Uma novela barata mas, ao mesmo tempo, uma novela muito cara.
Até os guardanapos de Paris sabem que a empreiteira tinha obras e estreitas relações em mais de 20 estados. Pegaram Marconi Perillo, governador de Goiás, do PSDB. Entre outros 45, a CPI vai recomendar o indiciamento do tucano.
E preservaram Agnelo Queiroz, governador do PT em Brasília. E, óbvio, as investigações mal arranharam os tentáculos desse polvo esparramado pelo Brasil.
O relatório de Odair Cunha (PT-MG), ainda a ser votado, vai pedir investigação sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de paralisar investigações da Polícia Federal na Operação Vegas, de 2008.
A oposição, mas não apenas, dirá que isso é retaliação por Gurgel ter feito as alegações finais na denúncia do chamado "mensalão do PT".
 
A situação dirá que, ao emitir opiniões eleitorais durante a reta final do julgamento e da última eleição, Gurgel buscava uma vacina; porque sabia que seria investigado. Investigado pelo que governistas, mas não apenas, viram como vistas grossas no caso da Operação Vegas.
 
Paulo Vieira de Souza, também conhecido como "Paulo Preto" desde a campanha presidencial de 2010, é ex-diretor da Dersa em São Paulo, no governo José Serra. Paulo Vieira, que depos na CPI, resume essa novela com uma clareza espantosa. Em entrevista à revista Piaui, Paulo Vieira pergunta:
 
- Por que a CPI proibiu a abertura das contas do eixo Rio-São Paulo? Só vai poder (abrir as contas) de Brasília e Goiás…
 
E Paulo Vieira de Souza, engenheiro que conhece as entranhas do ramo, explica:
 
- Porque se abrir (as contas de Rio e São Paulo), o Brasil cai.
 
Nada mais seria preciso dizer, além de acrescentar que, certamente, contas não apenas de Rio e São Paulo. Mas, diga-se, para alguns feitos serviu a CPI.
 
A CPI que foi do Cachoeira e deveria ser de tantos outros serviu para desmascarar a farsa encenada pelo ex-senador do DEM, agora cassado, Demóstenes Torres.
 
Demóstenes, como se recorda, escalado pelos amigos, e por anos, para o papel de O Probo, O Faxineiro da República.
 
A propósito, da CPI vazou que será pedido o indiciamento e/ou a investigação de um lote de jornalistas, entre eles Policarpo Júnior, da revista Veja.
 
Pedir, vazar que quer, é uma coisa, mas conseguir consenso e votos para aprovar é outra. De qualquer forma, nesse caso todo é de se prever muito pano pra pouca manga.
 
Por fim, mas não por último. Antes de passar a presidir o Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa fez um gesto derradeiro. Determinou que em 40 dias juízes federais ouçam oito testemunhas do chamado "mensalão do PSDB".
 
O Ministério Público Federal (MPF) entende que o "mensalão do PSDB mineiro" foi um esquema que vigorou em 1998, durante a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) para o governo de Minas Gerais.
 
O ex-governador Eduardo Azeredo, hoje deputado federal pelo mesmo PSDB, e outras 14 pessoas foram denunciadas em 2007.
 
Barbosa não dirá isso em público, mas entende existir má vontade, ou ao menos desleixo, para se investigar e julgar o chamado "mensalão tucano". Por isso, gesto tão simbólico. O tempo dirá se tudo quedará apenas no simbólico.
 
Até pela necessidade sentida por Joaquim Barbosa para esse derradeiro gesto antes de assumir a presidência do STF, e da simbologia por ele buscada, pode-se dizer que, nesse caso, o que se teve desde 1998 até agora foi muita manga pra pouco pano.
 
 
Imagem: reprodução/google


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