sexta-feira, 24 de abril de 2020

Política: Bolsonaro age nos bastidores da Câmara dos deputados para dar sustentação ao seu governo

Para formar uma base de sustentação parlamentar ao seu governo, a estratégia de Bolsonaro envolve a eleição para o comando da Câmara dos deputados, hoje exercido por Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu desafeto. Com a oferta de cargos, que vão de diretorias do Banco do Nordeste a secretarias em ministérios, o presidente tenta atrair políticos do chamado Centrão. E também construir uma candidatura para futuramente assumir o cargo exercido por Maia.
Nos bastidores, Bolsonaro age para impulsionar a campanha do deputado Marcos Pereira (SP) e tornar viável a candidatura do aliado. Vice-presidente da Câmara, Pereira comanda o Republicanos. O Partido abriga a bancada evangélica, principal avalista de Bolsonaro no Congresso, no qual se filiaram temporariamente o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, enquanto o Aliança pelo Brasil não consegue as assinaturas suficiente para fundar novo partido.

O preferido de Bolsonaro para assumir no lugar de Maia, em fevereiro de 2021, o vice-presidente da Casa Marcos Pereira é pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e um dos candidatos do Centrão ao comando da Câmara. Outro candidato que conta com a simpatia do presidente, é o deputado Arthur Lira (AL), líder do PP e réu em processo por corrupção passiva. A ideia de Bolsonaro é observar a viabilidade dos dois candidatos e qual será mais fiel ao seu projeto. 

Rodrigo Maia e o presidente do Seando, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não poderão concorrer à reeleição, uma vez que a Constituição impede de presidentes da Câmara e do Senado sejam reeleitos aos cargos na mesma legislatura. No entanto, antes da crise do coronavírus, havia articulação política nesse sentido. Alcolumbre, por exemplo, já havia encomendado parecer jurídico nesse sentido. Por outro lado, Bolsonaro está convicto que precisa construir uma alternativa a Maia, que como atual presidente da Casa tem a incumbência de autorizar ou não qualquer pedido de impeachment. 

Na alternativa paralela em busca de apoio, Bolsonaro decidiu apressar a entrega/oferta de cargos a partidos do Centrão, conforme reportagem do Estadão. Porém, impôs a condição de que os candidatos não podem ter trabalhado em administrações do PT. Além disso, a informação é de que o Planalto irá monitorar as redes sociais de todos.   

Na estratégia de Bolsonaro, que afirmou antes de ser eleito condenar a "velha política" do "toma-lá-da-cá", o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e da Paranaíba (Dodevasf), que era do DEM, deverá passar para as mãos do PP de Lira e do senador Ciro Nogueira (PI). Pelo que ficou acertado, o PL de Valdemar Costa Neto ficará com o Banco do Nordeste. Ao PL, o governo também prometeu a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, cargo responsável pelas estratégias de combate ao coronavírus. Ao Republicanos, foi ofertada uma secretaria dno Ministério do Desenvolvimento Regional.   

Seguindo o plano de acertos para fortalecer sua base de apoio, Bolsonaro receberá o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, e nesta quinta-feira (24) terá uma audiência com o prefeito de Salvador, ACM Neto do DEM. Porém, ao participar de manifestação que defendia o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro atacou o que chamou de velha política. "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil", disse ele, diante do Quartel-General do Exército, em Brasília. 

Para o deputado Efraim Filho, líder do DEM na Câmara, as divergências devem ser esquecidas. "Falar em intervenção militar, por um lado, e impeachment, por outro, é um desserviço para o Brasil. Já temos crise de saúde, crise econômica e uma nova crise política não seria vem-vinda", afirmou. Já para o presidente do MDB, Baleia Rossi, "não é hora de disputa política nem de discursos agressivos". "Precisamos de um pacto de união nacional para enfrentar a covid-19", avaliou. 

Fonte: Diário do Nordeste c/Estadão
Imagem: reprodução/ilustração de Paula Cardoso/Folhapress

[Fumaça, tosse e os negócios de sempre: "Ao prestigiar ato pró-golpe, Bolsonaro joga na confusão enquanto seus generais palacianos negociam verbas e cargos com o Congresso". "Ao atacar a "velha política", o presidente se antecipou a críticas justamente no momento em que retoma o toma-lá-da-cá com o Congresso]

[MDB recusa oferta de cargos de Bolsonaro: O MDB já teve um integrante no governo de Bolsonaro como ministro da Cidadania: o deputado Osmar Terra (a princípio especulado para assumir o Ministério da Saúde), além de outros cargos de segundo escalão em autarquias. "O presidente do partido e líder na Câmara, o deputado Baleia Rossi afirmou nesta quarta-feira(22), que o MDB não pretende fazer indicações para cargos no governo Bolsonaro", e que "a proposta de emplacar apadrinhados do partido na administração federal é um tema que não deve circular na Bancada"]

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