Política: 'A extrema direita vai encolher muito este ano'. Por Moisés Mendes
Porque Daniel Silveira fez tudo certinho. O deputado é talvez o militante da extrema direita com o melhor roteiro.
Partiu com determinação para cima do Supremo, para assim provar fidelidade a Bolsonaro, aos militares e às bases da extrema direita, e conseguiu ser preso duas vezes.
Silveira atuou politicamente no limite e fez força para ser encarcerado por alguns dias.
Fidelizou seu lastro político, como muitos outros tentam fazer.
A receita á atura com radicalidade, mesmo que sob o risco de uma prisão, porque esse é apenas o custo a ser pago.
A recompensa é o fortalecimento da imagem de valente junto ao eleitorado mais fiel do bolsonarismo e o aumento da possibilidade de reeleição.
Silveira é um deputado medíocre. Foi eleito com apenas 31.789 votos, nas constas da votação de Helio Lopes, o Helio Negrão, escolhido por 345.234 eleitores.
A decisão de afrontar o Supremo contou pontos junto a Bolsonaro. A tática da radicalização foi usada inclusive no Rio Grande do Sul, onde o foco no negacionismo foi a primeira atitude dos parlamentares bolsonaristas.
Mas há uma dúvida que deve atormentar essa gente. A faixa do eleitorado da extrema direita, alargada por Bolsonaro em 2018, permitindo a eleição de 52 deputados pelo PSL, além de outros dos demais partidos do reacionarismo, certamente está mais estreita.
A eleição municipal de 2020 provou que associar o nome a Bolsonaro já não significa quase mais nada. Candidatos a prefeito e a vereador que tentaram repetir a tática de 2018 se deram mal.
A grande expectativa da eleição desse ano passa pelas dúvidas de todos sobre o tamanho do encolhimento da bancada do fascismo. A bancada será menor, com certeza.
Damares e Queiroga conseguirão mandatos? Os militares vão mesmo se candidatar e a quê? Será difícil conquistar vagas, mais difícil do que a extrema direita pensa, e fácil perder cadeiras conquistadas.
Os que tombarem perderão mandato e imunidade e estarão expostos a ações no Judiciário. Muitos dos eleitos em 2018 são criminosos formalmente acusados.
Outros tantos são investigados como bandidos. Quantos deles sobrarão no Congresso? Até Bolsonaro sabe que talvez não sobre a metade dos eleitos pelo PSL.
Imagem: reprodução

Clique aqui para assinar nosso feed. O serviço é totalmente gratuito.
0 comments:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante para agregar valor à matéria. Obrigado.