A demissão do general Júlio Cesar Arruda e os desdobramentos a serem observados
Outro ponto de atrito teria sido sua resistência em revogar a designação do tenente-coronel Mauro Cida, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro e apontado pelo jornal Metrópoles como o responsável pelas contas do casal no cartão corporativo [link por conta deste blog], como comandante do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais. O Planalto esperava a anulação da nomeação.
Segundo o jornal o Globo, o afastamento do general Arruda já vinha sendo aventado pelo Exército e Ministério da Defesa por questões de saúde. Mas a hipótese caiu por terra com a informação de que a cirurgia eletiva necessária era de baixa complexidade e não atrapalharia seu trabalho no cargo.
O Exército ainda não se manifestou sobre a troca, devendo se pronunciar após o Ministério da Defesa.
O general Tomás Miguel ribeiro Paiva, atual Comandante Militar do Sudeste, é quem assume a função. Paiva defendeu abertamente o processo eleitoral e as funções das Forças Armadas na manutenção da democracia no país.
O especialista em Forças Armadas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Francisco Carlos Teixeira da Silva, teceu algumas considerações sobre o ocorrido. Leia a seguir e, ao final, escute o áudio gravado por ele.
Por Francisco Carlos Teixeira da Silva
A demissão do comandante do Exército foi inevitável e marca a nova disposição do Governo Lula em buscar todos os culpados, seja por ação, seja inação.
No caso do General Arruda houve um notório ato de defesa dos extremistas no dia 8/01 e nessa mesma noite ameaçou autoridades civis, inclusive o próprio Ministro da Justiça.
A proteção a elementos extremistas tornou-se uma constante com a proteção do TC Cid, filho do General Lorena Cid e "chefe" do Gabinete do Ódio de Bolsonaro. Entregar a este elemento o Batalhão de Comandos situado na proximidade de Brasília (em Goiânia) é um desafio a ordem constitucional.
Além disso, o TC Cid é alvo de vários inquéritos por ações antidemocráticas, não poderia assumir tamanho comando.
Da mesma forma, a reunião hoje, no modo remoto, para "discutir a atual situação" é uma ingerência inconstitucional nos assuntos republicanos.
Assim, o Governo Lula explícita uma nova abordagem na questão democrática, abandonando o gradualismo defendido pelo Ministro da Defesa.
Mais do que nunca devemos estar atentos em defesa da Democracia.
Ouça o áudio.
Francisco Carlos Teixeira da Silva - UFRJ.
Hoje [21/01], o ministro da Defesa, José Múcio, fez o anúncio da destituição do general Arruda e sua substituição pelo general Tomás Paiva.
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