Política: O xadrez das tacadas financeiras
Por Luís Nassif, no Jornal GGN - Como era de se esperar, há uma corrida do grupo de Temer para dar o maior número possível de tacadas antes de ser apeado do poder. "Tacadas" é o termo utilizado pelo jovem cunhado de Rui Barbosa para definir as jogadas feitas com o erário público e o mercado.

A jogada consiste em aprovar um limite de déficit orçamentário muito além do necessário para ser administrado pelos Ministros.
A estratégia está posta na mesa:
1. Amplia-se o déficit este ano, disponibilizam-se recursos para os Ministros financiarem as eleições municipais para contentar a base de Temer.
2. Mantem-se a Selic no espaço, apesar da economia entrar no segundo ano de recessão profunda, para contentar o mercado.
3. Com as duas frentes pacificadas, montam-se as “tacadas”.
Há as tacadas grosseiras, de uso do orçamento para manobras políticas. E as tacadas sofisticadas, que passam léguas além do conhecimento da Justiça.
Há quatro tipos dessas "tacadas":
Tacada 1 - a venda de ativos.
Tacada 2 - as legislativas, que precisam passar pela Câmara e Senado.
Tacada 3 - as regulatórias, que dependem da caneta do Executivo, mas que, por vezes, precisa o aval do Congresso.
Tacada 4 – as arbitragens entre juros e câmbio.´
Vamos a alguns exemplos de tacadas tradicionais que deverão ser repetidas no interinato e que fazem parte do enorme espólio de ações deletérias contra o orçamento e o país.
Tacada 1 – as tacadas com juros e ativos
A lógica é mais ou menos essa:
1. Quero um rendimento de R$ 1.000,00 por ano por dez anos.
2. A taxa de juros é de 10% ao ano.
3. Quanto preciso investir para ter esse rendimento? R$ 6.145.
Se a taxa de juros subir para 15% ao ano, com mais juros será necessário investir menos para se ter o mesmo rendimento. No exemplo, o investimento cai para R$ 5.019,00.
Essa lógica vale para os preços dos ativos. Quanto maior a taxa de juros, menor o preço do ativo. E a taxa de juros referencial é a Selic.
Exemplo 1 – o preço de empresas
Com a Selic a 8% ao ano, seu valor de mercado será de R$ 67.100.813,99.
Basta a Selic saltar para 14,5% para o valor da mesma empresa, com o mesmo resultado anual, cair para R$ 51.159.076.00 – uma queda de 25%.
Quem ganha – o comprador capitalizado.
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