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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O Banco Central, o ratinho de Pavlov e o homem de Bolsonaro, por Luis Nassif

Por Luís Nassif, no GGN: O que esperar do Banco Central no relacionamento com um governo desenvolvimentista? A ideia do Ministro Fernando Haddad, da Fazenda, não é o confronto, mas o de implementações que transformem o BC em uma instituição minimamente autônoma? Com assim, não é o BC independente? Em relação ao governo, sim; em relação ao mercado, sua posição é de total subserviência.

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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Lula às voltas com o capital financeiro. Por Paulo Nogueira Batista Jr.

Paulo Nogueira Batista Jr., em colaboração para o Tijolaço: Só o Lula mesmo! Imagine, leitor, a eleição de 2022 sem ele na disputa. Estaríamos neste momento diante de mais quatro de desastre e desagregação. Agora, leitor, imagine o dificílimo quadro pós-eleitoral sem Lula. Digo isso sem nenhuma satisfação ou idolatria. A nossa dependência em relação a um só homem é altamente problemática. Muito pior do que a dependência da seleção brasileira jamais foi em relação a Neymar.

www.seuguara.com.br/Lula/capital financeiro/política/

Nietzsche dizia que a capacidade de suportar sofrimento é o que determina a hierarquia. Lula tem essa capacidade em altíssimo grau. E é com ela que estamos contando (de novo!) para tentar superar os imensos desafios pós-eleição. Imensos porque a sociedade brasileira está profundamente degenerada. Não apenas os bolsonaristas estacionados em frentes aos quartéis ou bloqueando rodovias, mas grande parte das camadas dirigentes, do Congresso, do empresariado e da mídia. Há muitas exceções a isso, felizmente, mas o quadro geral é desolador.


O presidente eleito enfrenta, ao mesmo tempo, pelo menos três blocos hostis a ele e ao que ele representa: a extrema direita (rebelada contra o resultado das eleições com apoio de parte das Forças Armadas), a direita fisiológica que domina o Congresso (o chamado Centrão) e, last but not least, o capital financeiro. Este último, referido impropriamente como "mercado", tem estreita ligação com a finança internacional e domina amplamente a mídia tradicional, que em geral vocaliza de modo automático e monótono seus interesses e preconceitos. A direita fisiológica e o capital financeiro são mais hipócritas e disfarçam sua hostilidade, mas ela é real e não deve ser subestimada.


Evidentemente, os três blocos não são estanques. Colaboram com frequência, e não raro ativamente. Aliaram-se, por exemplo, para patrocinar a devastação bolsonarista. Agora tentam inviabilizar ou capturar o novo governo. Estou exagerando? Não creio.

O bloco mais perigoso talvez seja aquele formado pelo capital financeiro e a mídia tradicional. É dele que gostaria de falar um pouco hoje.


Para além do óbvio - o nexo dinheiro/poder/influência - o perigo reside no fato de que boa parte desse bloco embarcou na famosa Arca de Noé do Lula. Em outras palavras, aderiu à frente ampla formada para derrotar o bolsonarismo nas eleições. Agora querem cobrar caro pela sua participação. Era previsível.

Imediatamente depois das eleições, sem dar tempo para a poeira baixar, promoveu-se uma campanha midiática para intimidar e enquadrar o presidente eleito. E a campanha continua. Uma verdadeira inquisição financeira, como notou Luiz Gonzaga Belluzzo.


O mote é a "responsabilidade fiscal" e as supostas indicações que Lula teria dado, depois da vitória eleitoral, de não entender a importância desse princípio. Ora, ora, nada que Lula tenha declarado depois das eleições diverge do que ele disse, repetidamente, durante a campanha. Ou ele não avisou, várias vezes, que não conviveria com o teto constitucional de gastos? E que o enfrentamento da crise social seria a prioridade número 1 do seu governo?


O debate econômico quase desapareceu da mídia tradicional. Há muito tempo. O que se tem, na maior parte do tempo, é a repetição monocórdia de uma mesma mensagem, dos mesmos slogans, transmitidos por economistas e jornalistas a serviço da turma da bufunfa. Não são muito frequentes os lampejos de inteligência ou criatividade. Como dizia Nelson Rodrigues, subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos.


O que está por trás do barulho todo? Em uma frase: o capital financeiro quer povoar o futuro governo Lula de funcionários do status quo. Como Lula não entregou, ou ainda não entregou os pontos, o barulho continua. Temos de tudo: entrevistas, editoriais, noticiário editorializado, opiniões, artigos e, de quebra, cartas abertas ao presidente eleito. O Banco Central já está sob comando do capital financeiro, graças à lei de autonomia,  aprovada durante o governo Bolsonaro. Não é o suficiente, porém, para eles. Querem também o comando do Ministério da Fazenda e tentam induzir o presidente Lula a colocar lá alguém palatável, que não desafie seus interesses e privilégios. Alguém que dance conforme a música.


No entorno de Lula, no campo da esquerda ou da centro-esquerda, há muita gente de alto nível e espírito público. Por outro lado, há também gente ansiosa para agradar e se mostrar "responsável", buscando viabilizar projetos individuais de poder. Instala-se assim uma race to the bottom, um nivelamento por baixo, com algumas pessoas disputando para ver quem se mostra mais confiável aos olhos do capital financeiro e da mídia corporativa.


É a síndrome de Palocci. O que o capital financeiro busca, na verdade, é um novo Palocci, E seus representantes manifestam, abertamente, o desejo de que Lula 3 seja parecido com o Lula 1, isto é, aquele Lula dos anos iniciais de governo, mais dócil, enquadrado, com Palocci na Fazenda e Meirelles no Banco Central. Meirelles era um típico executivo do mercado financeiro, mais ou menos equivalente a Roberto Campos Neto, o atual presidente do Banco Central. Palocci era um político do PT que se viabilizou dando todas as garantias de que nada faria contra os poderes estabelecidos. E copiou descaradamente a política que vinha sendo seguida por seu antecessor, Pedro Malan, o ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso - sem nunca pagar os devidos direitos autorais. Colheu todos os elogios da Faria Lima e da mídia. Deslumbrou-se. E terminou  melancolicamente, na traição mais abjeta. 


Lula prometeu que voltaria "para fazer mais e melhor". Não conseguirá se perder o controle da área macroeconômica do governo. 


Imagem: reprodução


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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Xadrez da chantagem do tal mercado, por Luís Nassif

Por Luís Nassif, no GGN: Peça 1 - o que é o tal mercado - Nem se fale do ridículo do tal mercado fazer subir o dólar e a Bolsa e o movimento refluir no dia seguinte. Foi um vexame maior do que os bloqueadores de estradas. Mas é interessante entender esse jogo de forças. O que a mídia chama de "mercado", que os jornalistas tratam como entidade mítica, impessoal, na verdade trata-se de um clube de operadores -

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sábado, 12 de novembro de 2022

Mercado faz negócio, não política econômica. Por Fernando Brito

Por Fernando Brito, no Tijolaço: O "Mercado" tem todo o direito de não concordar com a política econômica do Governo Lula, embora não tenha, no período de oito anos em que ele governou, nenhum motivo prévio para isso. Mas não tem qualquer direito de pretender que Lula escolha os auxiliares que dividirão com ele a orientação destas políticas de acordo com a vontade dos círculos financeiros.

www.seuguara.com.br/política econômica/Mercado/Fernando Brito/

Acabou o governo Bolsonaro e, com ele, a patética figura de "xerife" da economia - que nem "xerife" era, obediente às vontades do chefe - que Paulo Guedes desastrosamente encarnou.

E a diferença essencial é que a economia é uma questão social, enquanto o que move a cabeça da elite rentista brasileira são negócios, por si de natureza privada, individual ou, no máximo, de segmentos da economia.


Não é papel das autoridades econômicas pensar em "negócios", a não ser naquilo que eles podem contribuir para fazer girar a roda da economia. Elas têm de pensar em desenvolvimento, em todos os campos que este se expressa.


Estamos duas décadas - e várias crises - depois da crença neoliberal de que a "mão invisível" do mercado daria sozinha todas as soluções necessárias ao funcionamento das economias nacionais. 

Muito menos é tempo de o simples corte de despesas - fórmula que vem desde 2016 - represente uma alavanca para a recuperação da economia. Se fosse este o caso, nem estaríamos falando da necessidade de uma retomada.


É preciso que a política econômica do novo governo, em lugar de seguir tocando este "samba de uma nota só" passe a ser um indutor do crescimento econômico, buscando fórmulas de atração de recursos, retomando investimentos paralisados, restabelecendo o potencial do crédito para o consumo, enforcado por níveis recordes de endividamento e que entenda que gastos sociais selecionados, além de bem estar, são uma injeção direta de dinheiro na economia, que regressam em forma de impostos.

O pobre sempre vai ao mercado, mas o "Mercado" nem olha para ele.


Imagem: reprodução/charge: Nando Mota/247


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domingo, 18 de outubro de 2020

Mercado falou pela boca de Maia: sem auxílio em 2021. Por Fernando Brito

www.seuguara.com.br/Rodrigo Maia/auxílio emergencial/

Por Fernando Brito, no Tijolaço - A brutal e imediata reação do mercado financeiro, pela boca de Rodrigo Maia, recusando-se a hipótese de prorrogação do "Orçamento de Guerra" dá ideia do curioso embate que se enfrentará na política.
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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Política: Temer faz megapedaladas e usa empréstimos para pagar gastos correntes

247 - O governo está tomando dinheiro emprestado para honrar despesas do dia a dia, como folha de pagamento de servidores civis e militares, além de benefícios da Previdência Social. A prática é vedada pela chamada regra de ouro, norma que proíbe o governo de se endividar para pagar despesas de custeio. Pela norma, os recursos tomados no mercado devem ser usados em investimentos e amortizações da própria dívida.
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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Política: O xadrez das tacadas financeiras

Por Luís Nassif, no Jornal GGN - Como era de se esperar, há uma corrida do grupo de Temer para dar o maior número possível de tacadas antes de ser apeado do poder. "Tacadas" é o termo utilizado pelo jovem cunhado de Rui Barbosa para definir as jogadas feitas com o erário público e o mercado.



A jogada consiste em aprovar um limite de déficit orçamentário muito além do necessário para ser administrado pelos Ministros.

A estratégia está posta na mesa:

1. Amplia-se o déficit este ano, disponibilizam-se recursos para os Ministros financiarem as eleições municipais para contentar a base de Temer.

2. Mantem-se a Selic no espaço, apesar da economia entrar no segundo ano de recessão profunda, para contentar o mercado.

3. Com as duas frentes pacificadas, montam-se as “tacadas”.

Há as tacadas grosseiras, de uso do orçamento para manobras políticas. E as tacadas sofisticadas, que passam léguas além do conhecimento da Justiça.

Há quatro tipos dessas "tacadas":

Tacada 1 - a venda de ativos.

Tacada 2 - as legislativas, que precisam passar pela Câmara e Senado.

Tacada 3 - as regulatórias, que dependem da caneta do Executivo, mas que, por vezes, precisa o aval do Congresso.

Tacada 4 – as arbitragens entre juros e câmbio.´

Vamos a alguns exemplos de tacadas tradicionais que deverão ser repetidas no interinato e que fazem parte do enorme espólio de ações deletérias contra o orçamento e o país.

Tacada 1 – as tacadas com juros e ativos


A tacada com juros é simples. O preço dos ativos varia de acordo com a taxa de retorno (ou rentabilidade esperada). E essa taxa de retorno se baseia no nível da taxa Selic, fixada arbitrariamente pelo Banco Central.

A lógica é mais ou menos essa:

1.     Quero um rendimento de R$ 1.000,00 por ano por dez anos.
2.     A taxa de juros é de 10% ao ano.
3.     Quanto preciso investir para ter esse rendimento? R$ 6.145.

Se a taxa de juros subir para 15% ao ano, com mais juros será necessário investir menos para se ter o mesmo rendimento. No exemplo, o investimento cai para R$ 5.019,00.

Essa lógica vale para os preços dos ativos. Quanto maior a taxa de juros, menor o preço do ativo. E a taxa de juros referencial é a Selic.

Exemplo 1 – o preço de empresas

Suponha uma empresa que tenha um resultado anual de R$ 10.000.000,00.
Com a Selic a 8% ao ano, seu valor de mercado será de R$ 67.100.813,99.

Basta a Selic saltar para 14,5% para o valor da mesma empresa, com o mesmo resultado anual, cair para R$ 51.159.076.00 – uma queda de 25%.

Quem ganha – o comprador capitalizado.


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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Os bilhões que separam neoliberais de heterodoxos

Por J. Carlos de Assis (*) - "Há uma ignorância generalizada, inclusive na chamada elite culta, sobre o que é neoliberalismo, no Brasil e no mundo. A ignorância se amplia, inclusive nas esquerdas, quando se tenta estabelecer um confronto ideológico entre ortodoxia econômica e heterodoxia. A questão é colocada como numa partida de futebol onde os times são identificados pelos nomes, e nunca pelos jogadores. Na opinião pública em sentido amplo, não se trata de falta de nomes, mas de fetiches que funcionam como instrumentos de manipulação pela mídia.


Se você acha que isso é irrelevante devo lembrar que a candidata Marina Silva, assim como de Eduardo Campos e de Aécio, estabeleciam como pilar da sua proposta econômica presidencial o chamado tripé do câmbio (livre), juros (elevado) e superávit primário (alto). Para quem não sabe, esse tripé está encravado no coração do neoliberalismo e da ortodoxia econômica, que são mais ou menos a mesma coisa. Aposto que milhões de pessoas votaram no tripé. Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem. Milhões voltarão a fazê-lo caso não sejamos competentes para desmascarar essa empulhação.

O que é um ortodoxo, ou neoliberal? É o sujeito que acha que o mercado resolve tudo. Já o Governo, este é apenas um entrave. Os juros estão elevados? A oferta de dinheiro aumenta e os juros caem espontaneamente. O câmbio está supervalorizado? As exportações aumentam e promovem a desvalorização do câmbio. O desemprego aumentou? A oferta de trabalho se expande, pressiona os salários para baixo e isso estimula os empresários a gerarem mais empregos. A palavra mágica para tudo isso é uma só: equilíbrio de mercado.

Isso também se aplica aos preços de bens e serviços em geral. Inflação? Ora, não se afobe. O Banco Central, independente do Governo e atento ao mercado, cuidará de aumentar os juros e a demanda cairá promovendo o equilíbrio dos preços. Em suma:  tudo se resolve pelo mercado. Ao Governo cabe apenas promover o equilíbrio fiscal. O mercado não é apenas um agente eficiente mas extremamente elegante. Não polui a economia com intervenções do Governo. E realiza o desenvolvimento econômico saudável!

O que é um heterodoxo, ou desenvolvimentista? É o sujeito que, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, sabe que as teorias de equilíbrio espontâneo dos mercados são uma farsa. Em síntese, ele advoga câmbio administrado, juros controlados num nível baixo, política fiscal anticíclica (déficit na recessão e superávit no boom), e, regra suprema, uma certa administração dos preços para dar conta de inflação de custos provocada por política monopolistas e oligopolistas das empresas privadas, ou escassez de produtos agrícolas.

Você poderá achar que se trata de diferenças  simples. Grande engano. As diferenças são medidas em bilhões. Por trás dos ortodoxos neoliberais está um exército de serviçais de financistas que ganham bilhões de reais diariamente com a política que defendem,  quando não são eles próprios os financistas ganhadores. Muitos, como Lara Resende, Pérsio Arida, Gustavo Franco, Edmar Bacha, escondem na falsa condição de acadêmicos sua posição real de aves de rapina da economia real, dentro da casamata neoliberal do Instituto Millenium.

Também em termos de rigor teórico o neoliberalismo ortodoxo é um embuste. Sou economista político, não sou matemático. Mas escrevi junto com um dos maiores matemáticos do Brasil, Francisco Antônio Doria, o livro “O universo neoliberal em desencanto”. Na sua parte, Doria desenvolve um conjunto de teoremas que provam matematicamente que mercados não entram em equilíbrio espontaneamente, embora possam fazê-lo por acaso. Como consequência, a doutrina do livre mercado não pode ter caráter normativo – razão pela qual o movimento Aliança pelo Brasil rejeita vigorosamente o neoliberalismo."

(*) J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de “Sete mandamentos do jornalismo investigativo”, Ed. Textonovo, SP, 2015. Este artigo foi publicado no Jornal GGN, em 19/01/2016.
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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Petrobras: com blindagem política no comando, mas com cara de mercado no Conselho de Administração

A presidente Dilma Rousseff surpreendeu com a nomeação do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para o lugar de Graça Foster no comando da Petrobras. Segundo um ministro ouvido pela Agência de notícias Reuters, foi uma solução caseira com o objetivo de blindar o governo do escândalo de corrupção que atinge a estatal. Para equilibrar, sugere um Conselho de Administração voltado ao mercado, disse o ministro sob a condição de anonimato. "À boca pequena", como se costuma dizer.
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terça-feira, 29 de julho de 2014

Política: O “mercado”, que toca o terror na eleição, quebrou o mundo

Por Bob Fernandes*  

O "mercado" não quer Dilma. Isso está nas manchetes há dias, semanas. A Bolsa sobe ou cai a depender de pesquisas mostrarem Dilma em baixa ou em alta. E não só pelos erros do governo Dilma. Em 2002, governo Fernando Henrique, o "mercado" fez terror com a hipótese da vitória de Lula. Qual foi o resultado daquele terror todo?
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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Maior que Libra, cessão onerosa é só da Petrobras. É o horror para o mercado

Fernando Brito, no Tijolaço

- Em plena Copa, uma notícia passa sem o impacto que deveria ter na mídia. Talvez porque seja uma das melhores notícias que se pudesse dar. Como este blog havia informado
em novembro do ano passado, o Governo entregou à Petrobrás, como estava autorizado pelas leis que aprovaram o regime de partilha, aprovadas no final do Governo Lula, quatro das seis áreas de cessão onerosa utilizadas como garantia no processo de capitalização da empresa.



Concentradas no campo de Franco, agora chamado de Búzios, tem entre 10 e 14 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, quase o mesmo que as reservas provadas do nosso país.

Algo como 25% mais do que Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo neste milênio.

Além de Búzios, foram entregues as áreas do entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi, que provavelmente serão  unitizados (reunidos, em linguagem do setor) em uma só área de exploração.

Fora as receitas de impostos, só de lucro líquido para o país – que fica com três quartos do lucro, cabendo um quarto à Petrobras – o campo renderá à educação é a saúde brasileiras algo como 700 bilhões de reais, a preços de hoje.

É uma área capaz de, ao longo de 30 anos de produção, permitir uma extração média de 1,3 milhão de barris diários, ou metade do que tudo o que é produzido hoje no país.

E, curiosamente, a reação do mercado, na negociação das ações da Petrobras, derrubou o valor dos papéis da empresa.

É que isso irá, nos próximos anos, fazer a Petrobras ter de investir – e quase tudo dentro do Brasil – cerca de R$ 500 bilhões.

Ou, para os que gostam de comparações, 20 vezes tudo o que se chama de “gastos” com a Copa. Ou 120 vezes o valor dos empréstimos do BNDES para a construção de estádios.

São pelo menos 20 navios-plataforma, dezenas de sondas, centenas de barcos de apoio e instalações em terra.

Uma imensa máquina de distribuir receita, impostos, indústrias e serviços da cadeia de suprimento necessária.

Aos que estranharam a posição deste blog quando se tratou de leiloar o campo de Libra, à procura de parceiros capazes de injetar capital na exploração do campo de Libra, aí está a resposta do porque.

Era preciso “guardar” a capacidade da Petrobras de explorar estes campos ainda maiores.
E fazê-lo de forma a proteger o patrimônio nacional das tentativas, que não terminam, de entregar essa riqueza ao capital estrangeiro.

No final de 2016, início de 2017, Búzios produzirá seu primeiro óleo comercial e, nos dois anos seguintes, sua produção vai começar a pagar parte deste volume de investimentos.

Em um período de sete ou oito anos depois disso, a extração alcançará o limite de 5 bilhões de barris contratados, em condições mais favoráveis à Petrobras, pois passam a vigir as regras mais pesadas acertadas hoje com o Governo.

Até lá, este dinheiro vai remunerar o crescimento da participação governamental no aumento de capital da empresa, o que tornou possível recuperar parte do pedaço da Petrobras entregue por Fernando Henrique Cardoso, ao vender suas ações na bolsa de Nova York.

Hoje, este assunto se resumirá em pequenas e ácidas matérias nas páginas de economia dos jornais.

Em 20 anos, talvez, meus netos aprendam nos livros de escola sobre esta segunda independência – a econômica – do Brasil.
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Leia também, do mesmo autor: Entreguistas gaguejam com megacampo da Petrobras. A ressureição da era “FHC” morreu de véspera.

VIA

(mais informação sobre o assunto: Fatos e Dados)


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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Crise e Mercado: uma opinião no outro lado da moeda

A Mídia não fala em outra coisa que não a crise financeira ocorrida nos EUA, com respingos na economia de vários países. Descontando a opinião exagerada do presidente Lula, que a chamou de "Marolinha", e o terrorismo da mídia corporativa que às vezes mais confunde que informa, resta-nos como ignorantes mortais nos precaver.
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