quarta-feira, 2 de maio de 2012

Corrupção: os principais alvos da CPI do Cachoeira podem revelar muito mais

As investigações da Policia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo, revelaram muito mais que o esquema ilegal e o meio fraudulento de ganhar dinheiro de Carlinhos Cachoeira. O empresário está preso na Penitenciaria da Papuda (DF). As operações da PF mostram que o bicheiro montou uma vasta rede de apoio politico, onde a figura principal era o senador Demóstenes Torres. Se Cachoeira resolver falar tudo que sabe na CPI, muita gente vai dançar bo-ni-to.

Juntos, Cachoeira e Demóstenes, eram responsáveis pelo mais novo e escabroso escândalo de corrupção do país, e estão no topo da lista dos alvos principais da CPI ora instalada no Congresso Nacional. A PF descobriu ainda, que Cachoeira montou um esquema de espionagem com Arapongas de sua confiança. O grupo produzia vídeos e gravações que comprometiam vários políticos importantes. 

Carlinhos Cachoeira, tinha interesses também em outras áreas. As investigações mostram que ele tinha contatos com a maior empreiteira do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal, a Delta Construções. Os grampos incluídos no inquérito revelam que o presidente da empresa, Fernando Cavendesh, amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral, que faz parte da mesma patota de amigos do proeminente senador Aécio Neves, cogitado para se candidato da oposição a Presidência do Brasil no próximo pleito, e que indiretamente teve seu nome envolvido nas ações de Cachoeira. Cavendesh, diz nas gravações que, com 30 milhões, pode obter com políticos o contrato que quiser para a Delta. As movimentações financeiras da empresa demonstram pagamentos feitos a empresas de fachada, inclusive a um irmão de Carlinhos. De uma conta, de uma dessa empresas, o contador de Cachoeira sacou R$ 8,5 milhões. E outras coisitas mais.
 
Demóstenes Torres, o senador incorruptível, ex-integrante e ex-líder do DEM (Partido dos Democratas), ao qual também pertencia seu colega expurgado da política, o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, e até então implacável inimigo dos corruptos e corruptores do Partido do Governo anterior e atual, era uma espécie de Lobista de Cachoeira. As investigações comprovam dezenas de conversas entre os dois. As conversas eram feitas através de rádios-telefones do tipo Nextel, comprados em Miami por Cachoeira, para dificultar os grampos. Demóstenes o tratava como "professor", e Cachoeira chamava-o de "Doutor". "Há várias e graves menções a Demóstenes. Os dois são flagrados negociando mudanças em projeto de lei para regulamentar jogos. Demóstenes ainda negocia uma obra do PAC a ser tocada pela Delta, afirmando ter convencido o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, a dar preferência para a empreiteira. Cachoeira pede a Demóstenes que impeça a convocação de Fernando Cavendish, da Delta, em uma comissão do Congresso" - conforme menciona o repórter, Eduardo Militão, em matéria para o site Congresso em Foco. 

Os holofotes da CPI, certamente estarão voltados para esta importante dupla do atual  cenário de corrupção na politica brasileira. Mas, há várias personalidades e outros eminentes políticos que deverão "abrilhantar" esta Comissão Parlamentar de Inquérito com seus depoimentos. O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), deverá explicar nomeações de apadrinhados políticos, nomeados por Cachoeira em seu governo, conforme mostram os grampos telefônicos da PF. O Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), é mencionado nas gravações onde os interlocutores dizem que Agnelo pediu encontro com Cachoeira. Os diálogos sugerem que o grupo do empresário pagou propina a servidores do governo de Brasília para que a Delta recebesse pelos serviços prestados por empresas com as quais tinham contrato. As gravações da Policia Federal revelam ainda, que os Deputados Federais, Rubens Otoni (PT-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Jovair Arantes (PTB-GO), Sandes Júnior (PP-GO), Stepan Necerssian (PPS-RJ), mantiveram relações perigosas com Carlinhos Cachoeira. Este último (ex-global), disse ter emprestado R$ 175 mil para compra de um apartamento e ingressos para os desfiles das escolas de samba do Rio, e que já devolveu o dinheiro. 

Deverão ser ouvidos na CPI, dois importantes Arapongas que prestavam serviços para Cachoeira, Idalberto Matias, ex-sargento, e Joaquim Thomé, ex-policial federal. Matias, fonte de alguns jornalistas de Brasília, costuma prestar serviços de arapongagem para policiais, promotores e procuradores do Ministério Públlico. Foi colaborador da Operação Satiagraha, chefiada pelo então Delegado da PF, Protógenes Queiroz. Protógenes, hoje deputado federal (PCdoB), foi quem conseguiu assinaturas para outra CPI que está no forno. CPI da Privataria, que promete trazer a tona os escândalos das privatizações do governo FHC, objeto do livro - A Privataria Tucana. O livro de autoria do repórter investigativo, Amaury Riveiro Jr. que bateu recorde de vendas, mas que curiosamente não repercutiu na grande mídia mas ganhou espaço considerável na Blogosfera e nos meios alternativos de comunicação, como as redes sociais.

De acordo com a Operação Monte Carlo, Idalberto Matias, fez interceptações e escutas ilegais para Cachoeira em parceria com Joaquim Gomes Thomé Neto. Pelo que consta, o ex-sargento já prestou serviços para Cachoeira em outras ocasiões. Foi ele que produziu o grampo (veja o video reportagem neste post) que deu início à CPI dos Correios, precursora do famoso escândalo do "mensalão" (em fase final de julgamento no STF), trazido à tona agora pelos políticos de oposição, justamente por envolver adversários políticos condenados pela CPI instalada naquela ocasião, e desviar a atenção da opinião pública.

Por outro lado, os petistas do Governo querem uma investigação da Revista Veja, com base nos trechos dos inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo, que mostram uma relação entre o chefe da sucursal da revista em Brasília, Policarpo Júnior, e Carlinhos Cachoeira. Segundo a matéria de Militão, citada acima, tudo indica uma relação profissional entre jornalista e fonte. Mas os petistas suspeitam que vídeos e gravações usadas pela revista em suas matérias de denuncia de corrupção, desde muito longe, tenham como fonte os Arapongas de Cachoeira. Outros canais de notícias afirmam que há sim, ligações suspeitas entre Cachoeira e a revista Veja, conforme reportagem do Jornal da Record . Outros jornalistas são citados nos inquéritos.

Quem acompanhou o escândalo do "mensalão" exclusivamente pela Revista Veja, deve lembrar das chamadas sensacionalistas para as seguidas denúncias envolvendo os adversários políticos do senador Torres. Ou seja, os principais elementos do PT (Partido dos Trabalhadores), que compunham o Governo do então presidente Lula, condenados pela CPI com o mesmo nome. Sabe-se agora, quem pautava as matérias fornecendo vídeos e gravações era o próprio Cachoeira, através dos seus Arapongas. Cujas ações constam dos inquéritos da Policia Federal. 

Eis que a corrupção muda seu curso. Não porque ela não existisse do outro lado. Era porque a imprensa não denunciava como fazia com um só segmento político, e agora está envolvida no esquema, mesmo que a princípio inocente. Quando reportava-se ao outro lado, fazia discretamente de modo que não repercutisse tanto na opinião pública. Desta feita, a Policia Federal entrou com mais força ainda. Se naquele caso revelou um rio de lama, comprova agora que o caso Demóstenes revela uma Cachoeira de lama, com novos elementos que deverão compor a nova CPI. 

Consideremos que esta seja igualmente abrangente. Que ela consiga alcançar e penalizar todos os elementos envolvidos, direta ou indiretamente. Quantos, desta vez, conseguirão livrar a pele, como muitos daquele primeiro grande escândalo de corrupção? Ratos fogem pelos buracos. Neste, e no outro caso, pelos buracos da Lei. Logo reaparecem, no próximo capítulo da triste história politica deste país, tão carente de reais instrumentos de punição. Os que não tiverem meios de escapar, encurralados pelas evidências inquestionáveis, ficarão aguardando decisão do Supremo por alguns anos. É aonde vão parar os casos mais escabrosos de corrupção, aparentemente insolúveis.                    


Fonte das informações: Congresso em foco. 
Imagem: BasilioCarneiro.      
       
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1 Comentário:

Eduardo disse...

Facil falar de Arruda... esse Demostenes ta metido com Agnulo só pode.. deve tudo ter sido armação pra tirar Arruda do GDF....

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