quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mensalão - enquanto isso na sala de justiça...(Parte II)

Eu tinha prometido a mim mesmo que não postaria mais nada aqui no Blog do Guara sobre o julgamento da Ação Penal 470, chamado "mensalão". Acho até que o povo não aguenta mais ouvir falar sobre isso. A grande maioria nem sequer sabe que o julgamento está sendo transmitido ao vivo. Porém, acabo de ler um texto que vem de encontro a alguns pontos que ficaram vamos dizer, não suficientemente claros, aqui dentro da minha "cachola" em relação a este polêmico e importante julgamento.
Visto que já comentei por aqui, fica meio difícil "passar o pano" e seguir em frente. Pois estou convencido que o jornalismo tendencioso que temos hoje, nada difere daquele praticado em um passado recente de nossa história política. Querendo ou não, o comportamento de grandes veículos de comunicação e parte significativa da grande mídia, tem exercido uma forte pressão no consciente coletivo, com reflexos entre os membros da Suprema Corte, no que se refere a este julgamento. 

Como pode um procurador-geral da República revelar tanta anciedade em dar satisfações à imprensa, quando o correto seria assumir uma postura discreta inerente à sua nobre função, dado a relevância política que envolve o caso? O procurador-geral concedeu entrevista afirmando que torce para o julgamento do "mensalão" possa influenciar as próximas eleições. O que dizer então da coinscidência deste julgamento acontecer justamente em ano político?  

Como esta parte da mídia tendenciosa transforma da noite pro dia em herói um ministro do Supremo que até pouco tempo lhe era antipático? Justamente por se indispor com um seu colega de Corte por divergir de seu posicionamento em relação a um outro caso de corrupção de iguais proporções como foi o  envolvimento do banqueiro Daniel Dantas, em intricado processo de desvio de dinheiro público? Quem não lembra que o ministro Joaquim Barbosa, certa vez solicitou ao ministro Gilmar Mendes sair às ruas? 

E uma outra ocasião quando cercado por repórteres, o ministro Barbosa arguíra: "E sobre o outro, vocês não vão perguntar nada?". Recebe como resposta "sorrisos amarelos". "A imprensa nunca deu bola para o 'mensalão mineiro'", diz ele. No fundo, acredito que o digno ministro saiba que há outras "Gothans Citys" carentes de justiça, nas mãos de temerários criminosos que se julgam acima das Leis e de qualquer poder democraticamente constituído.

O ministro se referia ao mensalão tucano, cujo principal pivô da história pode ter pena prescrita. Trata-se do coordenador da campanha  à reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo do Estado de Minas Gerais em 1998. Azeredo também valeu-se das agências de Marcos Valério, a DNA e a SMPB, para financiar suas campanhas. "Diferentemente do mensalão petista, o caso de Minas Gerais não foi para o Supremo porque os réus não foram denunciados por formação de quadrilha. É por isso que Walfrido, diferentemente de Delúbio Soares e muitos outros personagens que não têm foro privilegiado, está sendo julgado em primeira instância. E, em Minas Gerais, o caso não andou". (veja matéria aqui). 

Com o devido respeito à Suprema Corte do país. Os senhores ministros passaram até aqui, a impressão que pouco ou nenhum valor deram á exposição dos advogados de defesa dos réus. E porque tanta reverencia à mídia se o dever primário para com a sociedade do Supremo Tribunal Federal (STF) seria a prática da justiça imparcial, sem a interferência de qualquer outro poder? Como explicar o "vazamento" da dosimetria da pena dos condenados na etapa que trata de lavagem de dinheiro, determinada pelo ministro relator Joaquim Barbosa? O fato foi tratado apenas como um erro de gabinete. E ponto final. Não se discute mais.

Enfim, o julgamento teve um dia importante. Hoje foi julgado o chamado núcleo político dos réus. Nada de novo surgiu. Estranho mesmo seria o fato de haver algum integrante da alta cúpula petista ser absolvido.

Como já havia dito, a espectativa no término deste julgamento é que o Supremo siga intrépido e com a mesma sede de justiça quando do julgamento de outros casos de corrupção igualmente tenebrosos. Aí sim, o povo passará a acreditar que todos são iguais perante a Lei. Independente da sua cor, credo, posição social, ideologia, e opção político-partidária quando for declarado réu.     

O texto a que me referi no início pode ser lido (recomendo inclusive os comentários) neste link:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-moralismo-do-voto-de-celso-de-mello.


Imagem: Google. 

  
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